Avaliação de Substratos Para Produção de Mudas de Cubiu. Jose Carlos Lopes 1 ; Leandro Torres de Souza 2 ; Leonardo Torres de Souza 2 ; Marcus Altoé 2 ; Sebastião Martins Filho 3 ( 1 Professor do Departamento de Fitotecnia/UFES; 2 Estudante de Iniciação Científica CNPq/UFES; 3 Professor Orientador, Departamento de Engenharia Rural/UFES, Cx.Postal 16, 29500-000, Alegre ES, smartins@cca.ufes.br). RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência de diferentes substratos na produção de mudas de cubiu. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente ao acaso, com quatro repetições. Os substratos avaliados foram: S1. 60% Terra + 20% areia + 20% esterco bovino; S2. 60% Terra + 20% areia + 20% esterco bovino + biofertilizante; S3. 80% terra + 20% esterco de galinha; S4. 80% terra + 20% esterco de galinha + biofertilizante; S5. 70% terra + 30% torta de filtro; S6. 70% terra + 30% torta de filtro + biofertilizante; S7. plantmax; S8. plantmax + biofertilizante; S9. plantmax + osmocote. Os substratos foram colocados em tubetes de 45ml, semeada uma semente por tubete e noventa dias após a germinação foram avaliados o diâmetro do caule, matéria fresca da raiz, matéria seca da raiz, volume de raiz, matéria fresca da parte aérea, e matéria seca da parte aérea. Os melhores resultados foram obtidos nos substratos S2. 60% terra + 20% areia + 20% esterco bovino + biofertilizante; S3. 80% terra + 20% esterco de galinha e S9. plantmax + osmocote. Palavras-chave: Solanum sessiliflorum, maná, desenvolvimento de mudas ABSTRACT Evaluation of substrates to produce cubiu seedlings. This work was development with the objective of to evaluate the effect of different substrates in the Solanum sessiliflorum seedlings production. The experiment was set up in a complete randomized design; with four replications. The substrate utilized were: S1. 60% soil + 20% sand + 20% bovine manure; S2. 60% soil + 20% sand + 20% bovine manure + biofertilizing; S3. 80% soil + 20% fowl-run manure; S4. 80% soil + 20% fowl-run manure + biofertilizing; S5. 70% soil + 30% filter tart; S6. 70% soil + 30% filter tart + biofertilizing; S7. plantmax ; S8. plantmax + biofertilizing; S9. plantmax + osmocote. The substrates were placed in tube of 45 m. The average comparison was the tukey to 5%. Ninety days after the germination were
evaluated the stem diameter, root fresh matter, root drying matter, root volume, aerial part fresh matter and aerial part drying matter. The best results were in the treatments: S2. 60% soil + 20% sand + 20% bovine manure + biofertiling; S3. 80% soil + 20% fowl-run manure and S9. plantmax + osmocote. Key-words: Solanum sessiliflorum, manna, plant development O cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal), ou maná, é uma solanácea herbácea nativa da Amazônia e amplamente distribuída na região equatorial úmida brasileira, peruana e colombiana (Silva Filho et al., 1997). Os frutos são ricos em ferro, niacina (vit. B 5 ), ácido cítrico e pectina (Inn, 1945; Pahlen, 1977; Silva Filho et al., 1996). Por essa razão, são utilizados como alimento e medicamento. Como alimento são consumidos in natura ou nas formas de sucos, doces, compotas, geléias e tempero. Como medicamento, no controle de coceira da pele e para reduzir os níveis elevados de colesterol, glicose e ácido úrico no sangue (Silva Filho et al., 1997). Como toda espécie em vias de se tornar uma cultura visando sua exploração econômica, ainda existe uma série de informações necessárias para ser fornecida aos agricultores interessados em seu plantio. Técnicas de plantio, produção de mudas, espaçamento, adubação e colheita devem ser desenvolvidos para cada região de cultivo, em função das diferentes condições edafoclimáticas. A produção de mudas de boa qualidade é, sem dúvida, um importante fator de sucesso na implantação das lavouras. Além de boa semente, deve-se adotar cuidados no preparo do substrato, uma vez que dele depende também a qualidade das mudas, no que se refere ao vigor vegetativo e desenvolvimento das raízes. Esses fatores irão influenciar decisivamente no índice de pegamento destas a serem transplantadas para o campo, Oliveira e Pereira (1984), citado por Santos et al. (1994). É importante, ainda, conseguir-se um desenvolvimento mais rápido das mesmas, o que pode ser vantajoso, diminuindo os custos com tratos culturais em viveiros e possibilitando o plantio em campo de cultivo durante o período de maior precipitação pluviométrica. Isso pode ser conseguido com a produção de mudas de meio ano, que conta com o poder germinativo máximo das sementes, aliado a uma fertilização equilibrada do substrato. A escolha do substrato deve ser feita em função da disponibilidade de materiais, suas características físicas e químicas, seu peso e custo, quando da sua formulação (Toledo, 1992). Vários são os materiais que podem ser usados para a composição do substrato. Os adubos orgânicos são as fontes mais comuns de macro e micronutrientes, devendo-se levar em consideração também o seu efeito sobre o solo ou substrato nos processos microbianos, na aeração, na estrutura, na capacidade de retenção de água e na regulação de temperatura dos meios (Pons, 1983). Apesar dessas características desejáveis, quando
em teores elevados, pode favorecer a infecção das plantas por fungos, como foi observado por Pompeu Júnior (1980), em porta-enxertos cítricos, que são muito susceptíveis às infecções fúngicas. Atualmente existem no mercado substratos comerciais compostos de vermiculita, casca de pinus, bagacito de cana fermentado e húmus de minhoca (Silva Júnior et al., 1995). O substrato comercial plantmax é um exemplo de produto que está sendo utilizado para formação de mudas de eucalipto, pinus, citrus, maracujazeiro, olerículas, e outras culturas; possui boas características físicas, mas necessita de complementação de nutrientes através de aplicação de solução química (Lopes, 1996). Face ao exposto, este trabalho teve por objetivo avaliar o desenvolvimento do cubiu em diferentes tipos de substrato. MATERIAL E MÉTODOS Inicialmente o experimento foi conduzido em casa de vegetação com tela de sombrite 50%, no Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo (CCA- UFES), em Alegre-ES, utilizando-se sementes de cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal). O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com nove tratamentos (tipos de substratos) e quatro repetições de 25 sementes. Os tratamentos utilizados foram: S1 (60% Terra + 20% areia + 20% esterco bovino); S2 (60% Terra + 20% areia + 20% esterco bovino + biofertilizante); S3 (80% terra + 20% esterco de galinha); S4 (80% terra + 20% esterco de galinha + biofertilizante); S5 (70% terra + 30% torta de filtro); S6 (70% terra + 30% torta de filtro + biofertilizante); S7 (plantmax); S8 (plantmax + biofertilizante); S9 (plantmax + osmocote). O solo, a areia e os estercos foram previamente esterilizados, coados em peneira de quatro milímetros, misturados nos respectivos substratos e condicionados em tubetes de 45ml, colocando uma semente por tubete. A avaliação do experimento foi realizada diariamente a partir da semeadura durante 30 dias, onde foram contadas as plantas germinadas. Com base em 10 plântulas, após 90 dias, foi avaliada a matéria fresca e seca do sistema radicular e da parte aérea. Em seguida, os dados foram submetidos à análise estatística e as médias foram comparadas pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise de variância mostrou diferenças significativas entre os tratamentos para todas as características avaliadas, de acordo com a Tabela 1.
TABELA1- Quadrado médio para diâmetro do caule (DC), matéria fresca da raiz (MFR), matéria seca da raiz (MSR), volume da raiz (VOLR), matéria fresca parte aérea (MFPA) e matéria seca da parte aérea (MSPA) de plântulas de cubiu cultivadas em diferentes substratos. FV DC MFR MSR VOLR MFPA MSPA SUBSTRATO 56,5824 * 3,2933 * 0,03490 * 4,1204 * 2,5921 * 0,04850 * CV (%) 7,315 12,322 16,255 13,919 9,3787 9,770 *significativo a 5% de probabilidade. Na Tabela 2 estão apresentadas as médias das características avaliadas em cada tratamento e comparadas pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade, permitindo inferir que os tratamentos que apresentaram melhores resultados para o (DC), (MFR) e (MSPA), foram S2, S3 e S9. Para a (MSR), os valores mais elevados foram encontrados nos tratamentos S2 e S3. Para o (VOLR), os melhores resultados foram observados nos tratamentos S1, S2, S3, S4 e S9. Já para (MFPA), os tratamentos S2 e S9 se destacaram em relação aos demais. Pode-se inferir ainda que os substratos menos indicado para a produção de mudas de cubiu são o S5 e S6, pois apresentaram resultados inferiores para todas características avaliadas. Por ser uma fonte de matéria orgânica pobre em nutrientes, a utilização da torta de filtro não contribuiu para o desenvolvimento das plantas, nem mesmo na presença do biofertilizante. TABELA 2- Valores médios para diâmetro do caule (DC), matéria fresca de raiz (MFR), matéria seca de raiz (MSR), volume de raiz (VOLR), matéria fresca da parte aérea (MFPA), matéria seca da parte aérea (MSPA), de mudas de cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal) cultivadas em diferentes substratos. Substratos DC MFR MSR VOLR MFPA MSPA S 1 24,300 b 1 16,024 b 1,191 b 16,250 a 18,526 c 2,310 b S 2 30,175 a 18,351 a 1,582 a 18,500 a 26,985 a 3,455 a S 3 28,200 a 18,230 a 1,669 a 17,500 a 23,028 b 3,272 a S 4 25,125 b 15,588 b 1,348 b 15,750 a 16,693 c 2,360 b S 5 20,375 c 9,669 d 0,688 c 9,000 c 7,723 e 0,960 d S 6 19,025 c 9,044 d 0,614 c 9,000 c 7,136 e 0,870 d S 7 22,000 b 11,860 c 0,818 c 12,000 b 13,288 d 1,693 c S 8 22,950 b 13,454 c 0,990 c 13,750 b 13,963 d 1,974 c S 9 27,850 a 20,328 a 1,439 b 19,500 a 27,156 a 3,390 a 1 Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si ao nível de 5%, pelo teste de Scott-Knott. Conforme relata Andrade et al. (2003) a utilização de osmocote nos substratos propicia um melhor desenvolvimento das mudas, contudo, no geral, a sua utilização não apresentou diferenças significativas quando comparado com o substrato S2 e S3, o que significa maior economia na produção das mudas.
Os números apresentados são importantes para a produção comercial do cubiu, pois mostram que substratos de baixo custo podem apresentar resultados semelhantes ao substrato comercial, sendo assim, pode-se indicar, pela viabilidade econômica, os substratos S2 (60% Terra + 20% areia + 20% esterco bovino + biofertilizante) e S3 (80% terra + 20% esterco de galinha) para a produção de mudas de cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal). LITERATURA CITADA INN Instituto Nacional de Nutricion. Composición de los alimentos peruanos. Lima: Ministério de Saludo, 1945. 329p. LOPES, P.S.N. Propagação sexuada do maracujazeiro azedo (Passiflora edulis Sims f. favicarpa Deg.) em tubetes: efeito da adubação nitrogenada e substratos. Lavras: UFLA, 1996. 52p. (Dissertação Mestrado em Fitotecnia). PAHLEN, A.V.D. Cubiu (Solanum topiro Humbl. & Bonpl.) uma fruteira da Amazônia. Acta Amazonica, Manaus, v.7, n. 3, p.301-307, 1977. POMPEU JÚNIOR, J. Porta enxertos para citrus. In: RODRIGUEZ, O.; VIEGAS, F.C.P. Citricultura brasileira. Campinas: Fundação Cargill, 1980. p.279-269. PONS, A. L. Fontes e usos da matéria orgânica. IPAGRO Informa, Porto Alegre, v.26, p.111-147, 1983. SANTOS, L.P.; CARVALHO, M.M.; CARVALHO, J.G. Efeitos de doses de nitrato de potássio e esterco de curral na composição do substrato para formação de mudas de cafeeiro (Coffea arabica L.). Ciência e Prática, Lavras, v.18, n.1, p.42-48, jan./mar. 1994. SILVA FILHO, D.F.; ANUNCIAÇÃO FILHO, C.J.; NODA, H.; REIS, O.V. Seleção de caracteres correlacionados em cubiu (Solanum sessiliflorum Dunal) empregando a análise de trilha. Acta Amazonica, Manaus, v. 27, n. 4, p.229-240, 1997. SILVA FILHO, D.F.; ANUNCIAÇÃO FILHO, C.J.; NODA, H.; REIS, O.V. Variabilidade genética em populações de cubiu da Amazônia. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 14, n.1, p.9-15, 1996. SILVA JÚNIOR, A. A.; MACEDO, S.G.; STUKER, H. Utilização de esterco de peru na produção de mudas de tomateiro. Florianópolis: EPAGRI, 1995. 28p. (Boletim Técnico, 73). TOLEDO, A.R.M. Efeito de substrato na formação de mudas de laranjeira (Citrus sinensis (L.) OSBECK cv. Pera Rio ) em vaso. Lavras: ESAL, 1992. 88p. (Dissertação Mestrado em Fitotecnia).