IGREJA DE CRISTO INTERNACIONAL DE BRASÍLIA ESCOLA BÍBLICA. MÓDULO I - O NOVO TESTAMENTO Aula XII - A Vida de Jesus - Parte I



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IGREJA DE CRISTO INTERNACIONAL DE BRASÍLIA ESCOLA BÍBLICA MÓDULO I - O NOVO TESTAMENTO Aula XII - A Vida de Jesus - Parte I

Introdução É de se esperar que alguém tão importante como Jesus tivesse um grande destaque na literatura de sua época. Ele era observado por multidões, e seus seguidores chegaram a centenas durante sua vida na terra (I Co 15:6), sendo que algumas das testemunhas ainda viviam na metade do primeiro século. Apesar disso, a quantidade de informação sobre ele é relativamente pequena. Além dos evangelhos e de umas poucas alusões espalhadas pelas cartas, a história contemporânea é quase silenciosa a seu respeito. Fontes de Informação Secular Contudo, há algumas referências históricas a Cristo e ao cristianismo que podem ser citadas: Josefus, em seu livro Antiguidades, fala de Jesus como sendo um homem sábio que fez coisas maravilhosas, trazendo para si muitos judeus e gentios. Diz também que Pilatos o condenou à morte influenciado pelos líderes judeus, mas ressuscitou no terceiro dia, como dito pelos profetas, e por isso seus seguidores não o abandonaram, criando a tribo dos cristãos, a qual ainda existia nos tempos de Josefus. Tácito, historiador romano do século II, ao escrever sobre o reinado de Nero, disse que este culpou os cristãos pelo incêndio de Roma, para desviar de si mesmo os rumores de que ele era o culpado. Tácito disse também que Cristo, fundador do cristianismo, foi condenado à morte por Pôncio Pilatos, governador da Judéia, durante o reinado de Tibério, mas que a superstição (sobre a ressurreição de Cristo), que tinha sido suprimida por um tempo, se espalhou novamente pela Judéia e pela cidade de Roma também. Sutônio disse que o castigo de Nero foi infligido aos cristãos, uma classe de homens dedicados a uma nova e danosa superstição. Plínio, correspondente de Trajano, disse em uma de suas cartas, sobre os cristãos que ele encontrara na Ásia, que eles tinham o hábito de se encontrarem antes do sol nascer, em um dia fixo, para cantar hinos a Cristo, como que para um deus, e se comprometiam a um juramento solene a nunca cometerem fraude, roubo, adultério, nunca dizer falso testemunho nem negar uma verdade quando fossem chamados a falar. Luciano, satírico do segundo século, falou de maneira desdenhosa de Cristo e dos cristãos. Ele os conectou com as sinagogas da Palestina e se referiu a Cristo como o homem que foi crucificado na Palestina porque introduziu um novo culto no mundo. Além disso, o primeiro legislador dos cristãos os convenceu de que eles eram todos irmãos, uma vez que negaram os deuses gregos e passaram a adorá-lo, o sofista crucificado, vivendo sob suas leis. Estes relatos foram escritos por homens que eram ignorantes sobre a história do movimento e mostram que o cristianismo já tinha se espalhado no segundo século e que a existência histórica de Jesus é aceita até por seus opositores. A natureza destas referências mostra que ele era visto como um fanático obscuro, a quem o culto alcançou uma proeminência muito maior do que se poderia esperar. No tempo de Nero e no círculo da corte, o cristianismo era visto pelos romanos da mesma maneira que os americanos avaliariam uma importação do xintoísmo japonês. Os Períodos da Vida de Jesus

Uma biografia completa de Jesus não pode ser feita a partir dos evangelhos porque eles não são exaustivos, quase nada é dito dos trinta primeiros anos de Jesus. Dos quatro, Lucas é talvez o mais representativo, embora não fale do ministério inicial na Judéia, mencionado por João. Nenhum deles faz uma descrição física de Jesus, embora alguns fatos sobre sua aparência talvez fossem conhecidos pelos autores. Apenas Lucas fala um pouco sobre sua juventude. Somente João segue uma seqüência cronológica definida, que é traçada pelas alusões às festas a que Jesus compareceu. A ordem da narrativa em cada evangelho não é cronológica, pois cada evangelho tem seu próprio objetivo e organiza seu material pelo efeito ao invés de fazê-lo pela seqüência temporal. Analisando a harmonia da vida de Jesus, notamos que há muitas passagens que se sobrepõem. Muito material aparece três vezes nos sinóticos e ainda são repetidas por João. As seções nas quais os três sinóticos coincidem geralmente são partes narrativas que contam um milagre ou uma parábola. Alguns eventos mais importantes, como o batismo, a tentação no deserto, a multiplicação dos pães, a transfiguração e a semana da Paixão são registradas pelos três evangelhos sinóticos. Lucas e João possuem a maior quantidade de material que não é duplicada nos outros evangelhos. A seção de Lucas 9:51 até 18:14 é única em conteúdo, exceto por algumas passagens que possuem paralelo em Mateus em conteúdo, mas não necessariamente em contexto. A maior parte do Evangelho de João é diferente dos sinóticos, mesmo quando há um paralelismo histórico geral na seqüência. Os evangelhos se ocupam mais em apresentar uma pessoa do que em escrever uma história. O importante não é a completude ou a ordem do registro, mas sua significância. As diferenças entre eles indicam que são suplementares. A concordância de vários trechos reforça a conclusão de que uma grande gama de conhecimento sobre Jesus era parte do ensinamento da igreja primitiva, e que era baseado em informações válidas de testemunhas. Nenhum dos períodos da vida de Jesus é cronologicamente exaustivo, nem mesmo a semana da Paixão, da qual a quarta-feira parece ter sido omitida no registro cronológico. A Geografia da Vida de Jesus A vida de Jesus foi toda na Palestina, um território de pouco menos de 26.000 Km² (um pouco menor do que Alagoas, ou 4,5 vezes maior do que o Distrito Federal). Na infância ele foi levado ao Egito (Mt 2:13-14) e algumas vezes escapou da multidão indo para Tiro e Sidom (Mt 15:21), mas a maioria de suas viagens foram entre a Galiléia e Jerusalém. Não é dito nos evangelhos se ele cruzou para o leste do rio Jordão, mas se cruzou, provavelmente ficou nas cidades às suas margens. A Palestina tem toda sua costa, a oeste, banhada pelo Mar Mediterrâneo. Do Monte Líbano, no norte, até a ponta final do Mar Morto, no sul, são aproximadamente 280 km. Do litoral até o Mar da Galiléia, ao norte, são apenas 45 km. Do litoral até o Mar Morto, ao sul, são cerca de 87 Km. De norte a sul a terra é dividida pelo rio Jordão. Ele nasce aos pés do Monte Hermom e segue em direção ao sul, atravessando o Mar da Galiléia e terminando no Mar Morto. A terra é dividida em quatro grandes áreas: a planície costeira, a região montanhosa, que é acidentada e quase toda estéril, o vale do Jordão, que é uma garganta profunda, e o platô montanhoso a leste do Jordão, que é cercado por um deserto do outro lado. A Planície Costeira Estas quatro divisões provêem a Palestina de uma variedade de climas e recursos materiais. O litoral tinha poucos pontos de embarcação, mas Jope (hoje chamado de Jaffa) e Ptolemais eram portos usados para os barcos no Mar Mediterrâneo. Ao longo da planície litorânea havia a estrada que há muito tempo já ligava o Egito aos reinos do norte e do oriente. O clima ao longo do litoral era temperado e suave e o solo fértil.

A Região Montanhosa A região montanhosa, onde os israelitas viveram desde a conquista da terra sob Josué, era rochosa e infértil. Jerusalém e Samaria eram os dois centros mais importantes. A altitude dava à região um clima moderado, e as principais atividades eram a cultura de uvas, pequenos grãos e gado. Entre o litoral e a região central havia uma planície que os ligava. Por ser a única boa comunicação entre as duas regiões, esta planície era o palco de batalhas entre os exércitos do norte e do sul quando lutavam pelo controle da Palestina. A principal cidade da região era Megido, e deu o nome a Har-Magedon (Armagedon), que significa colina de Megido, o local da última grande batalha (Apocalipse 16:16). A maioria da população morava na região montanhosa. Ao norte ficava a Galiléia, onde Jesus foi criado. A terra era acidentada, mas em alguns lugares os vales davam oportunidade para a agricultura e no lago a indústria da pesca se formou. A planície de Genesaré, às margens do lado oeste do lago, era fértil. Estradas de comércio para o oriente passavam pela Galiléia. Nazaré ficava próxima a uma destas estradas. Muitos romanos e gregos se assentaram ao longo do lago por causa do clima saudável e das oportunidades de negócio. Betsaida, Corazin, Cafarnaum, Magdala (terra de Maria Madalena) e Tiberias ficavam à beira do lago, enquanto Nazaré e Caná ficavam mais no interior da Galiléia. Ao sul da Galiléia estava Samaria, que havia sido o centro do reino do norte de Israel. A região é rústica, montanhosa e menos cultivável do que a Galiléia. A planície de Shechem, onde Jacó se estabeleceu e cavou seu poço (Jo 4:5), abrigava uma população de agricultores. Ao sul da Samaria ficava a Judéia, similar à Samaria em terreno. As terras mais baixas que faziam fronteira com a planície costeira eram regadas por correntes vindas das montanhas e pelos ventos que traziam umidade do Mediterrâneo. A região central da Judéia era muito rochosa para a agricultura e a parte leste era quase toda um deserto infértil. O sul era fértil, mas seco, e praticamente inabitado na época de Jesus. Nos dias atuais a irrigação abriu a região para a agricultura. O Vale do Jordão O vale do Jordão é parte de um vale que começa nas montanhas Taurus no norte, atravessa a Arábia e a parte oriental do Mar Vermelho em direção à África. De sua nascente até o Mar Morto, o Rio Jordão desce mil metros. Na época de Jesus, ele passava primeiro no Lago Huleh, uma pequena porção de água de aproximadamente 5 km de largura, localizado no meio de um grande pântano de juncos. Atualmente este pântano foi drenado para se tornar uma área cultivável, e o Jordão desemboca diretamente no Mar da Galiléia. Do Mar da Galiléia o rio segue um caminho tortuoso até o Mar Morto. A garganta do Jordão é estreita e suas laterais são íngremes. O rio é aumentado por dois córregos, o Jarmuk e o Jabbok. O leito atual do rio tem entre 33 e 65 metros de largura, mas na época das chuvas todo o interior do vale é inundado com água barrenta. Nos tempos antigos não havia pontes, mas o rio podia ser atravessado com o uso de pinguelas em alguns lugares. O Mar Morto era chamado Mar de Sal ou Mar da Arábia (Josué 3:16, II Reis 14:25) no Velho Testamento. Não existe saída para a água, o que faz dele uma bacia gigante onde a água apenas evapora, e sais e minerais têm se acumulado por séculos. A água tem um gosto muito amargo e há tantas substâncias químicas que uma pessoa não afunda nele. O vale onde ficava Sodoma e Gomorra provavelmente ficava ao sul do Mar Morto. Havia alguma agricultura onde o vale do Jordão era largo o suficiente para permitir assentamentos, e o clima tropical ajudava na cultura de frutas e grãos que não cresceriam nas regiões mais altas e frias. O Platô Oriental

Do outro lado do vale do Jordão havia o platô oriental, que se estende até o deserto da Arábia. Em direção ao norte estão as cadeias de montanhas do Líbano e em direção ao sul, às margens do Jordão, estão as montanhas de Moabe e Gileade. Nas ladeiras das montanhas do Líbano se situa Damasco, a cidade habitada continuamente há mais tempo no mundo. A parte norte desta região era conhecida como Ituréia nos dias de Jesus, e o sul como Golanitis. O que era Gileade, mais o norte de Moabe, no Velho Testamento, eram conhecidos como Peréia no tempo de Jesus. As Cidades da Época de Jesus Nos tempos de Jesus a Síria e a Palestina eram ligadas pelo governo e por assentamentos romanos. Os governantes romanos da Síria mantinham um olho na Palestina e intervinham ocasionalmente quando o governo da Palestina não agia com sabedoria. Decápolis era uma região ao sul e a leste do Mar da Galiléia. Originalmente era uma federação de 10 cidades fundadas por falantes de grego. Elas não constituíam uma união política, pois algumas estavam sob o governo da Síria, e outras sob o governo de Filipe. Eles trouxeram para a Palestina uma maneira de viver ocidental, diferente dos costumes hebreus. E embora a maior parte da vida de Jesus tenha sido na Galiléia, é bem provável que ele era familiar com a língua, costumes e crenças dos gentios daquele região. A localização da maioria das cidades por onde Jesus passou é conhecida, enquanto Belém e Nazaré ainda existem. Caná, local do primeiro milagre (Jo 2:1-11), Nazaré, onde ele foi criado (Lc 4:34, Mc 6:3), Corazim e Cafarnaum, onde ele pregava frequentemente (Mt 11:21,23), Magdala, a cidade Maria Madalena (Mt 27:56) e Naim, onde Jesus ressuscitou o filho da viúva, estavam a 40 km uma da outra. A localização de Betsaida é incerta, mas é quase certo que era à margem do lago da Galiléia, a leste do Jordão. A descrição de sua localização em João indica que ela era do lado oposto do lago em relação a Cafarnaum e Tiberias (Jo 6:1, 17, 25). O ministério de Jesus na Judéia era restrito a Jerusalém e a algumas poucas cidades. Betânia, onde ele comeu com Maria e Marta ficava há 1,5 km a leste de Jerusalém, na base do monte das Oliveiras. Efraim, para onde ele se refugiou quando a hostilidade se tornou muito grande, ficava próxima do deserto (Jo 11:54). Betfagé (Lc 19:29) ficava provavelmente perto de Betânia. Emaús, para onde ele estava andando com os dois discípulos após a ressurreição, ficava há 11 km a oeste de Jerusalém (Lc 24:13), na estrada para Jope. E finalmente havia Jerusalém, cujas referências nos evangelhos são muitas.