AVALIAÇÃO DA REVERSÃO SEXUAL DE ALEVINOS DE TILÁPIAS (Oreochromis niloticus) COM O USO DE VOROZOL EM ESTUFA Autor(es): Apresentador: Orientador: Revisor 1: Revisor 2: Instituição: OLIVEIRA, Plínio Aguiar de; HEIN, Gelson; ALMEIDA, Diones Bender; COSTA, Marco André Paldes da; MOREIRA, Carla G. Alves; SILVA, Janaína Camacho da; TAVARES, Rafael Aldrighi; TEIXEIRA, Felipe; MANZKE, Vitor Hugo Borba; MOREIRA, Heden Luiz Marques Plínio Aguiar de Oliveira Heden Luiz Marques Moreira Carlos Oliveira Amaral Beatriz Helena Gomes Rocha Universidade federal de Pelotas AVALIAÇÃO DA REVERSÃO SEXUAL DE ALEVINOS DE TILÁPIAS (Oreochromis niloticus) COM O USO DE VOROZOL EM ESTUFA OLIVEIRA, Plínio Aguiar de 1 ; HEIN, Gelson 2 ; ALMEIDA, Diones Bender 1 ; COSTA, Marco André Paldes da 1 ; MOREIRA, Carla G. Alves 1 ; SILVA, Janaína Camacho da 1 ; TAVARES, Rafael Aldrighi 1 ; TEIXEIRA, Felipe 1 ; MANZKE, Vitor Hugo Borba 3 ; MOREIRA, Heden Luiz Marques 14 1 UFPEL/ Departamento de Zoologia e Genética e Laboratório de Engenharia Genética Animal. 2 EMATER-PR Toledo, PR. 3 UFPEL/CAVG, Campus Universitário, s/nº. 96010-900 - Pelotas, RS. 4 Professor adjunto do Departamento de Genética e Morfologia/UFPel; Chefe do Laboratóro; Orientador. Centro de Biotecnologia, Campus Universitário, s/nº. 96010-900 - Pelotas, RS. pliniolega@gmail.com INTRODUÇÃO Grande parte das criações de tilápias no Brasil e no mundo fazem uso de populações monossexo macho, por estes apresentarem maiores índices de crescimento e ganho de peso (TACHIBANA et al., 2004), pois as fêmeas utilizam grande parte das reservas energéticas para o desenvolvimento gonadal e reprodução, além de não se alimentarem durante a incubação oral dos ovos e das larvas (GALE et al., 1999; BEARDMORE et al., 2001; PHELPS e POPMA, 2000). As formas de obtenção de populações monossexuais na criação de tilápias nilóticas são muito variadas, indo desde a avaliação visual da papila urogenital (AFONSO e LEBOUTE, 1993), passando pela indução de reversão do sexo, mediante o uso de hormônios esteróides androgênicos (POPMA E LOVSHIN, 1996; GALE et al., 1999 MAIRNARDES-PINTO, 2000; BEARDMORE et al., 2001) até técnicas de manipulação genética nos cromossomos sexuais para a separação dos sexos.
Há um período crítico para a determinação do sexo das células germinativas na diferenciação sexual das gônadas, durante o qual as células germinativas respondem tanto para os esteróides exógenos, como para os endógenos, que são os indutores da determinação do sexo. Geralmente, a eficiência do processo de reversão é avaliada por meio da histologia das gônadas dos peixes (PALLER e GUERRERO III, 2001) Os métodos diretos que empregam hormônios esteróides são os mais difundidos e utilizados, mas já existe uma tendência de utilização das técnicas indiretas e diretas que não utilizam estes compostos. A busca de alternativas ocorre, principalmente, porque há preocupação dos consumidores com os efeitos residuais dos hormônios esteróides com o meio ambiente e a saúde humana. O trabalho teve como objetivo avaliar a ação do Vorozol, um inibidor não esteroidal da aromatase,na reversão sexual de alevinos de tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus), no interior de uma estufa. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na Estação de Piscicultura UEM/Codapar, distrito de Floriano, município de Maringá, no período de 27/03/02 a 26/04/02. Foi utilizada uma instalação do tipo estufa, com cobertura superior de tela sombrite 50% e laterais de lona plástica, para proteção das variações climáticas bruscas e predadores. No seu interior foram distribuídas 15 caixas de cimento amianto com capacidade de 250 litros, e com renovação constante de água por gotejamento. No período final, foram utilizados aquecedores elétricos para manter a temperatura da água. Foram testados cinco tratamentos, com três repetições, distribuídos, aleatoriamente, em cada caixa no interior da estufa. Do final do período experimental, até que os alevinos alcançassem o comprimento mínimo para análise, ocorreram 53 dias. Foram coletados, aleatoriamente, 75 peixes de cada tratamento. O trabalho de retirada, fixação e identificação das gônadas foi realizado no Laboratório de Microscopia do Curso de Engenharia de Pesca da UNIOESTE Campus de Toledo/PR, através da técnica proposta por POPMA e GREEN (1990). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores observados das taxas de sobrevivência foram de 89%, 81,7%, 85,5%, 84,3% e 82,7% nos tratamentos sem medicação (S/MEDIC), metiltestosterona (METILT), 25mg de Vorozol/kg de ração (VZ 25), 50mg de Vorozol/kg de ração (VZ 50) e 75mg de Vorozol/kg de ração (VZ 75) respectivamente. As taxas de gônadas masculinas dos alevinos no tratamento S/MEDIC (controle negativo), onde não foi utilizado produto para reversão sexual, foi de 64,3%; semelhantes ao observado por MAINARDES-PINTO (2000), de 62 a 64%; e superior ao verificado por MELARD, (1995), de 47% em Oreochromis aureus; SHELTON et al. (1978) e PHELPS E POPMA (2000), de 50% no gênero
Oreochromi; bem como MAIR et al. (1995), de 59,13% de machos O. niloticus, na reprodução normal. DESPREZ E MELARD (1998), observaram em Oreochromis aureus, numa temperatura de 27 o C, uma taxa de 63% de machos; e na temperatura de 34 o C, aumentou a taxa de machos para 97,8%. Os resultados encontrados neste tratamento podem estar relacionados às conclusões de SHELTON et al. (1978), ao afirmarem que as proporções de sexo, em diferentes famílias e populações, são variáveis, e a arquitetura genética para o controle do fenótipo sexual pode diferir significativamente, de populações para populações, e que no gênero Oreochromis, a variação genética afeta a proporção sexual. Segundo estes autores, alguns indivíduos nas famílias apresentaram grande divergência, como por exemplo, três famílias com 100% de machos e quatro famílias com 100% de fêmeas. BEARDMORE et al. (2001), citaram que, além da influência da temperatura na proporção de sexos, muitos fatores ambientais, como ph, densidade de estocagem, poluição e outras condições comportamentais, têm implicações e influenciam o fenótipo sexual e potencializam, consequentemente, a proporção dos sexos. Por outro lado, ABUCAY et al. (1999) constataram que a salinidade não mostra efeito significativo sobre a diferenciação sexual; igualmente, BAROILLER E D COTTA (2001), também concluíram que as variáveis ambientais como ph, fotoperíodo e densidade, não se apresentaram como fatores potencialmente influentes na diferenciação sexual em tilápias. No tratamento METILT, que utilizou o hormônio 17 α-metiltestosterona para reverter o sexo das tilápias, a taxa de machos observada foi de 100%, que concorda com os resultados obtidos por MAINARDES-PINTO (2000), de 96 a 100% e RANI (1997), com 100% de machos. Resultados inferiores, de 91,49% de machos, foram obtidos por MAKRAKIS et al. (2000), e de MAIR et al. (1995), com 71,60% de machos. Nos tratamentos VZ 25, VZ 50 e VZ 75, onde foram utilizadas 25mg, 50mg e 75mg de vorozol por kg de ração, respectivamente, os resultados da taxa de reversão sexual foram crescentes no sentido dose/resposta na ordem VZ 50, VZ 25 e VZ 75 dos tratamentos. Estes resultados indicam que o produto teve a ação esperada em inibir a aromatase, permitindo a expressão do hormônio masculino formado naturalmente, em cada alevino, e transformando as fêmeas genéticas em machos fenotípicos. CONCLUSÂO Pelos resultados obtidos neste experimento, conclui-se que o Vorozol atuou na reversão sexual dos alevinos, com os melhores resultados na dosagem de 75 mg/kg ração, sem alterar o desenvolvimento normal dos alevinos. Porém, novas pesquisas fazem-se necessárias para definir uma dosagem que possa reverter 100% dos alevinos e as ações do produto ao ambiente. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABUCAY, J.S.; MAIR, G.C.; SKIBINSKI, D.O.F.; BEARDMORE, J.A. Environmental sex determination: the effect of temperature and salinity on sex ratio in Oreochromis niloticus L. Aquaculture, v.173, p.219-234, 1999.
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