Comunicado 227 Técnico

Documentos relacionados
265 ISSN Junho, 2015 Belém, PA

s u m o s IIII III IIl D1 lii II p A N D Simpósio slicultura NA AMAZÔNIA ORIENTAL: CONTRIBUIÇÕES DOPROJETO EMBRAPAIDFID .:..

Ingá-Poca (Sclerolobium densiflorum) 1

Ipê amarelo. Floresta Ombrófila Mista, Floresta Ombrófila Densa, Floresta Estacional Semidecidual, da Bahia ao Rio Grande do Sul.

Vassourão-Graúdo (Piptocarpha tomentosa) 1

Jonathan Wesley Ferreira Ribeiro 1 ; Adriana Paula D Agostini Contreiras Rodrigues 2 ; Ademir Kleber Morbeck de Oliveira 3 ;

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

importância dos fatores ambientais sobre as características fenológicas das espécies arbóreas

Cereja do Mato. Phyllocalyx involucratus (DC.) Berg; Phyllocalyx laevigatus Berg

Caracterização de Sintomas de Deficiências de Nutrientes em Paricá (Schizolobium amazonicum Huber ex. Ducke)

ANAIS. Trabalhos Completos Aprovados Volume II ISSN: Belém - Pará

Guaricica (Vochysia bifalcata) 1

MANILKARA HUBERI STANDLEY (MAÇARANDUBA), EM UMA FLORESTA NATURAL NA REGIÃO DE PARAGOMINAS, PA 1.

COMPORTAMENTO POPULACIONAL DE CUPIÚBA (GOUPIA GLABRA AUBL.) EM 84 HA DE FLORESTA DE TERRA FIRME NA FAZENDA RIO CAPIM, PARAGOMINAS, PA.

267 ISSN Agosto, 2015 Belém, PA

Espécies arbóreas brasileiras: silvicultura e usos

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Comunicado199 ISSN Colombo, PR

Pesquisa e Treinamento em Manejo, Colheita e Análise de Sementes de Espécies Florestais

Comunicado. Cumaru-Ferro Dipteryx odorata 1. Taxonomia e Nomenclatura. Descrição Botânica. Paulo Ernani Ramalho Carvalho 2

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

ISSN Agosto, Cultivo da Pimenteira-do-reino na Região Norte

ISSN Junho, Boletim Agrometeorológico 2012: Estação Agroclimatológica da Embrapa Amazônia Ocidental, no Km 29 da Rodovia AM-010

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Florestas Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Propagação e nutrição de erva-mate

Ceiba speciosa (A.St.-Hil.) Ravenna

26 a 29 de novembro de 2013 Campus de Palmas

ANAIS. Artigos Aprovados Volume I ISSN:

Acacia dealbata Link. 20 Exemplares no Parque

Unidade Terras Quentes, Acidentadas, do vale do Itapemirim

Uso de Árvores Leguminosas para Melhorar a Agricultura Familiar da Amazônia Oriental Brasileira

Espécies exóticas plantadas em SC

ANAIS. VIII Encontro Amazônico de Agrárias LIVRO XI. Recursos Florestais

FENOLOGIA E SCREENING FITOQUÍMICO DO AÇOITA-CAVALO

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Utilização do método de BDq para planejar o corte seletivo em um floresta de várzea no município de Mazagão-AP

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Taxonomia Vegetal. Iane Barroncas Gomes Engenheira Florestal Mestre em Ciências de Florestas Tropicais. Professora Assistente CESIT-UEA

Danilo Diego de Souza 1 ; Flávio José V. de Oliveira 2 ; Nerimar Barbosa G. da Silva 3 ; Ana Valéria Vieira de Souza 4. Resumo

Plantio do amendoim forrageiro

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Disciplina: BI62A - Biologia 2. Profa. Patrícia C. Lobo Faria. Germinação da semente, morfologia das folhas.

BIOMETRIA DE FRUTOS E SEMENTES DE Randia armata (SW.) DC.

ESTUDO FENOLÓGICO DE ESPÉCIES ARBÓREAS DADOS PRELIMINARES. Garça São Paulo Brasil.

NOTA PRELIMINAR SOBRE EXPERIMENTAÇÃO EM FLORESTAS TROPICAIS *

DISTRIBUIÇÃO DE ASTRONIUM LECOINTEI DUCKE EM RELAÇÃO ÀS DIFERENTES FASES SUCESSIONAIS EM UMA FLORESTA NATURAL NA FAZENDA RIO CAPIM, EM PARAGOMINAS, PA

CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA DE FRUTOS, SEMENTES E PLÂNTULAS DE Chorisia glaziovii (O. Kuntze) E. Santos

II ENCONTRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Issáo Ishimura Eng. Agr., Dr., PqC da Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento em Agricultura Ecológica /APTA

Eliana Aparecida Rodrigues Bióloga formada pelo Unipam e 1 a bolsista do VIII-PIBIC.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA PAISAGISMO E FLORICULTURA PALMEIRAS PROFª. RENATA CANUTO DE PINHO

Curso de Graduação em Engenharia Ambiental. Disciplina: BI62A - Biologia 2. Profa. Patrícia C. Lobo Faria

Análise do balanço hídrico e nutricional em Cedrela fissilis Vell. em diferentes substratos e lâminas de água

Comportamento de sementes de pau-pretinho (Cenostigma tocantinum Ducke) quanto a tolerância à dessecação

Comunicado. Andrea Fernanda Agustini 1 Patrícia Póvoa de Mattos 2 Suzana Maria Salis 3

ISSN Julho, Boletim Agrometeorológico 2013: Estação Agroclimatológica da Embrapa Amazônia Ocidental, no Km 29 da Rodovia AM-010

Resistência à penetração do solo em plantio de castanha dobrasil(bertholletia excelsa Bonpl.) em Machadinho d Oeste, RO

Cerejeira-da-Amazônia Amburana acreana

s u m o s IIII III IIl D1 lii II p A N D Simpósio slicultura NA AMAZÔNIA ORIENTAL: CONTRIBUIÇÕES DOPROJETO EMBRAPAIDFID .:..

Produção Florestal e SAFs

Comunicado 263 Técnico 83

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E VIGOR DE SEMENTES EM PROGÊNIES DE CAMUCAMUZEIRO ESTABELECIDAS NO BAG DA EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL

s u m o s IIII III IIl D1 lii II p A N D Simpósio slicultura NA AMAZÔNIA ORIENTAL: CONTRIBUIÇÕES DOPROJETO EMBRAPAIDFID .:..

ANÁLISE DA CADEIA PRODUTIVA DA ESPÉCIE FLORESTAL DO ASSACÚ (Hura creptans L.) NO MUNICÍPIO DE MANAUS - AM

CARACTERIZAÇÃO DA ESPÉCIE Qualea paraensis Ducke EM FRAGMENTO DE FLORESTA OMBRÓFILA ABERTA NO MUNICÍPIO DE ROLIM DE MOURA, RO

Análise da composição florística de uma Área de Reserva Legal 33 anos após recomposição

Anais do Seminário de Bolsistas de Pós-Graduação da Embrapa Amazônia Ocidental

ASPECTOS BIOMÉTRICOS DE SEMENTES DO Enterolobium contortisiliquum (VELL.) MORONG.

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Botânica Geral. Iane Barroncas Gomes Engenheira Florestal Mestre em Ciências de Florestas Tropicais Professora Assistente CESIT-UEA

Anais da XII Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Ocidental

BOLETIM AGROMETEOROLÓGICO 1996

MANUAL DE CLASSIFICAÇÃO VISUAL

INFILTRAÇÃO DE ÁGUA NO SOLO ARENOSO E ARGILOSO UTILIZANDO O MÉTODO DE ANEL SIMPLES NO MUNICÍPIO DE CONCEIÇÃO DO ARAGUAIA - PA.

ANAIS V ENCONTRO MARANHENSE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

ESTRUTURAS DE MADEIRA

Geografia. Os Biomas Brasileiros. Professor Thomás Teixeira.

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E ESTRUTURA DA FLORESTA SECUNDÁRIA EM UM PERÍMETRO URBANO, BELÉM-PA

ESPÉCIES ARBÓREAS DA BACIA DO RIO MAUÉS-MIRI, MAUÉS AMAZONAS

Chamaecyparis lawsoniana (A.Murray) Parl. 'Elegantissima' 4 Exemplares no Parque

Plantio do amendoim forrageiro

SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA DE SEMENTES DE Delonix Regia Raf. (LEGUMINOSAE - CAESALPINIOIDEAE )

VARIABILIDADE MORFOLÓGICA DE MANDIOCAS BRAVAS E MANSAS DO BAG DA EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL

Método para Estimar a Oferta de Lenha na Substituição de Copa em Cajueiros COMUNICADO TÉCNICO. Afrânio Arley Teles Montenegro José Ismar Girão Parente

Comunicado. Planejamento da exploração em uma unidade de produção de floresta tropical no Estado do Amazonas. Planejamento ótimo da rede de estradas

Valor Econômico Atual ou Potencial Plantas para o Futuro: Região Nordeste

Chamaecyparis lawsoniana (A.Murray) Parl. 51 Exemplares no Parque

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

Biomas terrestres. Gabriela Ferreira 6º ano

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Amaldo Ferreira da Silva Antônio Carlos Viana Luiz André Correa. r José Carlos Cruz 1. INTRODUÇÃO

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Transcrição:

Comunicado 227 Técnico ISSN 1517-5030 Colombo, PR Julho, 2009 Foto: Paulo Ernani Ramalho Carvalho. Faveira-Benguê Parkia multijuga1 Paulo Ernani Ramalho Carvalho2 Taxonomia e Nomenclatura De acordo com o sistema de classificação baseado no The Angiosperm Phylogeny Group (APG) II (2003), a posição taxonômica de Parkia multijuga obedece à seguinte hierarquia: Nomes vulgares por Unidades da Federação: no Amazonas, faveira e paricá-de-terra-firme; em Mato Grosso, bajão; no Pará, faveira-arara-tucupi; e em Rondônia, pinho-cuiabano. Nomes vulgares no exterior: na Colômbia, pachaco; no Equador, guarango; e no Peru, pashaco curtidor. Divisão: Angiospermae Nome comercial internacional: guarango. Clado: Eurosídeas I Etimologia: o nome genérico Parkia é dedicado a Mungo Park, viajante escocês. Ordem: Fabales (Cronquist classifica como Rosales) Família: Fabaceae (Cronquist classifica como Leguminosae) Subfamília: Mimosoideae Gênero: Parkia Espécie: Parkia multijuga Bentham Primeira publicação: Trans. Linn. Soc, London 30: 362, 1875. Sinonímia botânica: Dimorphandra megacarpa Rolfe (1894). 1 2 Descrição Botânica Forma biológica e estacionalidade: é arbórea (árvore), de comportamento sempre-verde ou perenifólio de mudança foliar. As árvores maiores atingem dimensões próximas a 40 m de altura e 100 cm de DAP (diâmetro à altura do peito, medido a 1,30 m do solo) na idade adulta. Tronco: é reto ou um pouco inclinado, quase cilíndrico, às vezes oco na base. O fuste mede até 15 m de comprimento. Extraído de: CARVALHO, P. E. R. Espécies arbóreas brasileiras. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica; Colombo: Embrapa Florestas, 2008. v. 3. Engenheiro Florestal, Doutor, Pesquisador da Embrapa Florestas. ernani@cnpf.embrapa.br

2 Faveira-Benguê Parkia multijuga Ramificação: é dicotômica. A copa é globosa ou ligeiramente em forma de guarda-chuva e densa. Os ramos são semi-erguidos. Casca: mede até 10 mm de espessura. A casca externa ou ritidoma é creme-roxa a cremeamarelada, com forte odor de legume. A casca interna exsuda seiva aquosa, de cor amarelada a roxa. Folhas: são compostas bipinadas, dispostas em espiral, medindo até 50 cm de comprimento; as pinas medem de 10 cm a 15 cm de comprimento e são alternas; o pecíolo é pubérulo quando jovem, engrossado na base, com uma glândula elíptica conspícua na haste; a raque apresenta uma glândula circular nos entrenós; os folíolos medem de 8 mm a 10 mm de comprimento por 2,5 mm a 3 mm de largura. Inflorescências: são dispostas em capítulos globulares eretos sobre a folhagem, com botões cobertos por brácteas rômbicas. Flores: são numerosas, creme-amareladas, aromáticas, com numerosos estames externos. Fruto: legume lenhoso, indeiscente, plano, curvado, medindo de 20 cm a 25 cm de comprimento por 7 cm a 10 cm de largura, estipitado, escuro no amadurecimento, sustentado num pedúnculo erguido. Em cada fruto há cerca de 14 sementes. Sementes: é cuneada, cor-de-vinho, medindo de 3,4 cm a 5,2 cm de comprimento por 1,2 cm a 1,8 cm de largura. Contudo, apresenta uma forma tri-dimensional, de difícil caracterização. Biologia Reprodutiva e Eventos Fenológicos Sistema sexual: essa espécie é hermafrodita. Vetor de polinização: espécie com síndrome de polinização quiropterófila por morcegos. Floração: em agosto, no Acre; em setembro, em Rondônia; de setembro a abril, no Amazonas, e de setembro a maio, no Pará. Frutificação: frutos maduros ocorrem de agosto a fevereiro, no Pará; de novembro a dezembro, em Mato Grosso e em fevereiro, no Acre. Dispersão de frutos e sementes: autocórica, do tipo barocórica (por gravidade). Ocorrência Natural Latitudes: de 17ºN, no México, a 14ºS, na Bolívia. No Brasil, de 1º30 S, no Pará, a 10º30 S, em Mato Grosso. Variação altitudinal: até 450 m de altitude. Distribuição geográfica: Parkia multijuga ocorre na Colômbia, no Equador e no Peru. No Brasil, essa espécie ocorre nas seguintes Unidades da Federação (Fig. 1): Amazonas Mato Grosso Pará Rondônia

Faveira-Benguê Parkia multijuga 3 Fig. 1. Locais identificados de ocorrência natural de Faveira-Benguê (Parkia multijuga), no Brasil. Aspectos Ecológicos Grupo sucessional: espécie secundária inicial. Importância sociológica: apresenta dispersão irregular e descontínua, ocorrendo tanto no interior da floresta primária como na vegetação secundária. Biomas/Tipos de Vegetação Bioma Amazônia Floresta Ombrófila Densa (Floresta Tropical Pluvial Amazônica) de terra firme e a de várzea alta, do Estuário Amazônico. Clima Precipitação pluvial média anual: de 2.200 mm, no Amazonas, a 2.900 mm, no Pará. Regime de precipitações: chuvas uniformes, nos arredores de Belém, PA, a periódicas, no restante da área. Deficiência hídrica: nula, nos arredores de Belém, PA. De pequena a moderada, no Amazonas, no norte de Mato Grosso e em Rondônia. Temperatura média anual: 25,2 ºC (Porto Velho, RO) a 26,7 ºC (Manaus, AM). Temperatura média do mês mais frio: 23,5 ºC (Porto Velho, RO) a 26,0 ºC (Manaus, AM). Temperatura média do mês mais quente: 25,8 ºC (Porto Velho, RO) a 27,6 ºC (Manaus, AM). Temperatura mínima absoluta: 10 ºC. Esta temperatura foi observada em Porto Velho, RO, em 12 de junho de 1985. Geadas: ausentes. Classificação Climática de Köeppen: Af (tropical, úmido ou superúmido) nos arredores de Belém, no Pará. Am (tropical, com inverno seco) no Amazonas e no Pará. Aw (tropical, com inverno seco) em Rondônia.

4 Faveira-Benguê Parkia multijuga Solos Cresce exclusivamente em solos argilosos e aluviais. Tecnologia de Sementes Colheita e beneficiamento: os frutos (vagens) devem ser colhidos diretamente da árvore, quando iniciarem a queda espontânea, ou recolhidos do chão, após a queda. Em seguida, esses frutos devem ser expostos ao sol, para secar e facilitar a abertura manual e a retirada das sementes. Número de sementes por quilo: 110. Tratamento pré-germinativo: as sementes de Parkia multijuga têm forte dormência tegumentar, sendo a testa extremamente resistente à penetração da água. Como as sementes dessa espécie não suportam a imersão em água quente ou fervente, a imersão das mesmas por 16 minutos em ácido sulfúrico (96 % p.a.) supera a dormência dessas sementes. Como método prático, recomenda-se a escarificação mecânica com lixa nos dois lados de maior dimensão; depois dessa operação, imergem-se as sementes em água por período que varia entre 24 e 72 horas. As sementes assim tratadas formam na superfície uma espessa camada de mucilagem. Essa substância tem por fim proteger o embrião durante a primeira fase do período germinativo, garantindolhe o primeiro suprimento em água. Contudo, a escarificação manual, para favorecer a germinação, somente é viável quando são utilizadas pequenas quantidades de sementes (1 kg a 10 kg de sementes), tanto para plantio direto como para a produção de mudas. À medida que a demanda por plantio exige maiores quantidades de sementes (acima de 10 kg), o processo de escarificação manual, de baixo custo, perde sua importância prática e outros testes, mais eficientes, para superar a dormência devem ser aplicados. Longevidade e armazenamento: sementes de P. multijuga apresentam comportamento fisiológico do tipo ortodoxo. Com relação ao armazenamento, elas mantém a viabilidade por mais de 4 meses, quando em condições de sala. Germinação em laboratório: não houve germinação das sementes dessa espécie no claro e no escuro. Outras características: secagem em estufa a 130 ºC por 2 horas ou mais e secagem em forno de microondas, para determinar o grau de umidade. Sementes de P. multijuga podem ser usadas como métodos alternativos rápidos, sendo tão precisos quanto o método oficial a 105 ºC por 24 horas. Produção de Mudas Semeadura: recomenda-se semear diretamente em sacos de polietileno, com dimensões mínimas de 20 cm de altura e 7 cm de diâmetro, ou em tubetes de polipropileno de tamanho médio. A repicagem, quando necessária, deve ser efetuada duas a três semanas após a germinação. Germinação: é epígea ou fanerocotiledonar. Contudo, nessa espécie, os cotilédones são de posição hipogéia. Ao germinar, a plântula forma uma curvatura em crossa; quando liberta-se totalmente dos cotilédones, a planta atinge um comprimento de 10 cm a 15 cm, apresentando a primeira folha embrionária com toda a estrutura das folhas definitivas. A segunda folha surge imediatamente na transição do epicótilo e da folha primária. A emergência tem início de 20 a 40 dias após a semeadura e o poder germinativo geralmente é alto, superior a 80 %. Associação simbiótica: apresenta constatação de nodulação radicular com Rhyzobium. Características Silviculturais A faveira-benguê é uma espécie heliófila ou esciófila, que não tolera baixas temperaturas. Hábito: a faveira-benguê apresenta arquitetura de copa segundo o modelo de Troll, frequentemente encontrado em Leguminosas. Brota da touça ou cepo. Sistemas de plantio: essa espécie é recomendada para plantio misto, a pleno sol.

Faveira-Benguê Parkia multijuga 5 Crescimento e Produção Há poucos dados de crescimento da faveira-benguê em plantios (Tabela 1). Contudo, seu crescimento varia de lento podendo atingir uma produção volumétrica de até 8,40 m 3.ha -1.ano -1 aos 16 anos de idade, no Pará a rápido, atingindo uma produção volumétrica de até 27,50 m 3.ha -1.ano -1 aos 11 anos de idade, no norte de Mato Grosso. Tabela 1. Crescimento de Parkia multijuga em plantios puros e mistos, no Espírito Santo, em Mato Grosso e no Estado de São Paulo. Local Idade (anos) Espaçamento (m x m) Plantas vivas (%) Altura média (m) DAP médio (cm) Classe de solo (a) Moji Mirim, SP (1) 4 3 x 3 100,0 8,61 10,2... Sinop, MT(b) 11 3 x 3 85,4 15,00 23,3... Viana, ES (2) 3 5 x 5 89,0 5,00 12,0... (a) (...) Dado desconhecido, apesar de o fenômeno existir. (b) Dados fornecidos pelo engenheiro florestal Eliazel Vieira Rondon, da Empaer/Sinop, MT. Fonte: (1) Toledo Filho e Bertoni (2001). (2) Embrapa Florestas / Incaper Características da Madeira Massa específica aparente (densidade): madeira leve (0,44 g.cm -3 a 0,52 g.cm -3 ) a 12 % de umidade e densidade verde de 1,09 g.cm -3. Massa específica básica (densidade): 0,40 g.cm -3. Cor: cerne e alburnos indistintos, variando da cor branco-palha à marrom-pálida-amarelada. Características gerais: grã direita a revessa; textura média e brilho moderado. Durabilidade natural: P. multijuga apresenta baixa resistência a organismos xilófagos e baixa durabilidade natural (não durável) em contato com o solo em ambiente florestal. Preservação: essa espécie é moderadamente difícil de preservar, mesmo sob pressão. Secagem: é muito rápida em estufa, apresentando encanoamento e torcimento moderados quando utilizado o programa de secagem 1. Trabalhabilidade: serra: fácil de trabalhar; plaina: fácil de trabalhar, com acabamento ruim; lixa: fácil de trabalhar, com acabamento bom ou excelente; broca: regular de trabalhar, com acabamento ruim. Outras características: os anéis de crescimento são distintos. Produtos e Utilizações Celulose e papel: a madeira dessa espécie é adequada para esse uso. Energia: produz lenha de boa qualidade. Madeira serrada e roliça: a madeira da faveirabenguê pode ser usada em molduras, acabamentos, divisórias, compensados, móveis, caixotaria, engradados, brinquedos e outros. Adquire grande importância junto ao setor madeireiro, por ser leve e de fácil laminação. No Equador, é usada para fazer canoas. Paisagístico: a árvore é extremamente ornamental, principalmente pela folhagem brilhante e pelo porte elegante; pode ser empregada com sucesso em paisagismo, principalmente na arborização de grandes avenidas e praças públicas. Plantio com finalidade ambiental: essa espécie é bastante importante para recuperação de áreas degradadas de preservação permanente, principalmente por seu rápido crescimento. Espécies Afins O gênero Parkia foi descrito por Robert Brown, em 1826. É um gênero pantropical, com aproximadamente 30 espécies, sendo que cerca da metade ocorre nos neotrópicos, de Honduras ao Sudeste do Brasil.

6 Faveira-Benguê Parkia multijuga Referências AMARAL, I. L. do; MATOS, F. D. A.; LIMA, J. Composição florística e parâmetros estruturais de um hectare de floresta densa de terra firme no Rio Uatumã, Amazônia, Brasil. Acta Amazonica, Manaus, v. 30, n. 3, p. 377-392, 2000. THE ANGIOSPERM PHYLOGENY GROUP. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the Linnean Society, London, v. 141, p. 399-436, 2003. AROSTEGUI VARGAS, A.; DÍAZ PORTOCARRERO, M. Parkia multijuga Benth.In:. Propagación de especies forestales nativas promisorias en Jenaro Herrera. Iquitos: Instituto de Investigaciones de la Amazonia Peruana, Centro de Investigaciones de Jenaro Herrera, 1992. p. 69-79. BARROSO, G. M.; PEIXOTO, A. L.; COSTA, C. G.; ICHASO, C. L. F.; GUIMARÃES, E. F.; LIMA, H. C. de. Sistemática de angiospermas do Brasil. Viçosa, MG: Ed. da Universidade Federal de Viçosa, 1984. v. 2, 377 p. BIANCHETTI, A.; TEIXEIRA, C. A. D.; MARTINS, E. P. Escarificação ácida para superar a dormência de sementes de pinho-cuiabano (Parkia multijuga Benth.). Revista Brasileira de Sementes, Pelotas, v. 20, n. 1, p. 215-218, 1998. CARACTERÍSTICAS silviculturais de espécies nativas exóticas dos plantios do Centro de Tecnologia Madeireira: Estação Experimental de Curuá-Una. Belém, PA: SUDAM, 1979. 351 p. CARVALHO, J. O. P. Fenologia de espécies florestais de potencial econômico que ocorrem na Floresta Nacional do Tapajós. Belém, PA: EMBRAPA-CPATU, 1980. 15 p. (EMBRAPA- CPATU. Boletim de pesquisa, 20). CRONQUIST, A. An integral system of classification of flowering plants. New York: Columbia University Press, 1981. 396 p. DUARTE, A. P. Contribuição ao conhecimento da germinação de algumas essências florestais. Rodriguésia, Rio de Janeiro, v. 30, n. 45, p. 439-446, 1978. DUCKE, A. As leguminosas da Amazônia Brasileira: notas sobre a flora neotrópica - II. Belém, PA: Instituto Agronômico do Norte, 1949. 248 p. (Boletim técnico, 18). HALLÉ, F.; OLDEMAN, R. A. A.; TOMLINSON, P. B. Tropical trees and forests: an architectural analysis. Berlin: Springer- Verlag, 1978. 441 p. HOPKINS, H. C. F. Parkia (Leguminosae: Mimosoideae). New York: New York Botanical Garden, 1986. 128 p. (Flora neotropica. Monograph, 43). IBGE. Diretoria de Geociências. Mapa de biomas do Brasil: primeira aproximação. Rio de Janeiro, 2004. 1 mapa; 110 cm x 92 cm. Escala 1:5.000.000. IBGE. Diretoria de Geociências. Mapa de vegetação do Brasil. 3. ed. Rio de Janeiro, 2004. 1 mapa; 110 cm x 92 cm. Escala 1:5.000.000. JESUS, M. A. de; MORAIS, J. W. de; ABREU, R. L. S. de; CARDIAS, M. de F. C. Durabilidade natural de 46 espécies de madeira amazônica em contato com o solo em ambiente florestal. Scientia Forestalis, Piracicaba, n. 54, p. 81-92, dez. 1998. LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 4. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 1, 368 p. PAULA, J. E. de; ALVES, J. L. de H. 897 madeiras nativas do Brasil: anatomia - dendrologia - dendrometria - produção - uso. Porto Alegre: Cinco Continentes, 2007. 438 p. Editor: Ivo Manica. PEREIRA, A. P.; PEDROSO, L. M. Influência da profundidade de semeadura em algumas essências florestais da Amazônia. Silvicultura em São Paulo, 16 A, pt. 2, p. 1092-1099, 1982. Edição dos Anais do Congresso Nacional sobre Essências Nativas, 1982, Campos do Jordão. PINHEIRO, K. A. O.; CARVALHO, J. O. P. de; QUANZ, B.; FRANCEZ, L. M. de B.; SCHWARTZ, G. Fitossociologia de uma Área de Preservação Permanente no leste da Amazônia: indicação de espécies para recuperação de áreas alteradas. Floresta, Curitiba, v. 37, n. 2, p. 175-187, maio/ago. 2007. RAMOS, F. N.; SOUZA, A. F. de; LOUREIRO, M. B.; CRUZ, A. P. M.; ANDRADE, A. C. S. de. Comparação entre métodos de secagem na determinação do grau de umidade em sementes de Parkia multijuga Benth. (Leguminosae Mimosoideae). Revista Árvore, Viçosa, MG, v. 24, n. 2, p. 175-179, 2000. RODRÍGUEZ ROJAS, M.; SIBILLE MARTINA, A. M. Manual de identificación de especies forestales de la Subregión Andina. Lima: INIA; Yokohama: OIMT, 1996. 291 p. Proyecto PD 150/91 Ver. 1 (I). Identificación y Nomenclatura de las Maderas Tropicales Comerciales en la Subregión Andina. Título da folha de rosto: Determinación de 100 especies forestales de la Subregión Andina. SANTANA, J. A. da S.; ALMEIDA, W. da C.; SOUSA, L. K. V. dos S. Florística e fitossociologia em área de vegetação secundária na Amazônia Oriental. Revista de Ciências Agrárias, Belém, PA, n. 41, p. 105-120, jan./jun. 2004. SOUZA, M. H. de; MAGLIANO, M. M.; CAMARGOS, J. A. A.; SOUZA, M. R. de. Madeiras tropicais brasileiras. Brasília, DF: IBAMA, Laboratório de Produtos Florestais, 1997. 152 p. TOLEDO FILHO, D. V. de; BERTONI, J. E. de A. Plantio de espécies nativas consorciadas com leguminosas em solo de Cerrado. Revista do Instituto Florestal, São Paulo, v. 13, n. 1, p. 27-36, 2001. VIEIRA, I. C. G.; GALVÃO, N.; ROSA, N. de A. Caracterização morfológica de frutos e germinação de sementes de espécies arbóreas nativas da Amazônia. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi: Botânica, Belém, PA, v. 12, n. 2, p. 271-288, 1996. Comunicado Técnico, 227 Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Embrapa Florestas Endereço: Estrada da Ribeira Km 111, CP 319 Fone / Fax: (0**) 41 3675-5600 E-mail: sac@cnpf.embrapa.br 1 a edição 1 a impressão (2009): conforme demanda Comitê de Publicações Expediente Presidente: Patrícia Póvoa de Mattos Secretária-Executiva: Elisabete Marques Oaida Membros: Antonio Aparecido Carpanezzi, Cristiane Vieira Helm, Dalva Luiz de Queiroz, Elenice Fritzsons, Jorge Ribaski, José Alfredo Sturion, Marilice Cordeiro Garrastazu, Sérgio Gaiad Supervisão editorial: Patrícia Póvoa de Mattos Revisão de texto: Mauro Marcelo Berté Normalização bibliográfica: Elizabeth Câmara Trevisan Editoração eletrônica: Mauro Marcelo Berté CGPE 7982