Universidade Federal do Rio Grande do Sul Instituto de Letras Programa de Pós-Graduação em Letras Linha de pesquisa: Literatura, Sociedade e História da Literatura LIT00073 (04 crédtios) Formas literárias e processo histórico Poesia / Canção Popular Professor: Carlos Augusto Bonifácio Leite Objetivos do curso: a partir de objetos estéticos de naturezas distintas (romances, contos, canções, dramas, filmes etc.) tendo no horizonte A ópera do malandro (1979), de Chico Buarque, estudar a construção da figura do malandro e os modos com que a crítica deu conta dessa figura ao longo de pouco mais de um século da história da literatura brasileira. Das Memórias de um sargento de milícias (1854), de Manoel Antônio de Almeida, e o decisivo ensaio de Antonio Candido, Dialética da malandragem, ao surgimento da Bossa Nova (1958-1959) e os debates correlatos sobre trabalho, ócio, utopia, além das reverberações formais dessa ideologia e seus contrastes, observaremos alguns pontos da história da literatura brasileira em que a figura do malandro e as interpretações dessa figura se tornaram salientes. Formas de avaliação: preparação e apresentação de um dos textos a ser escolhido pela ou pelo estudante e a entrega de um ensaio final, de preferência, relacionado à dissertação ou à tese. Aula 1: Memórias de um sargento de milícias (1854), de Manoel Antônio de Almeida. Dialética da malandragem, de Antonio Candido. Aula 2: Pressupostos, salvo engano, da Dialética da malandragem, de Roberto Schwarz. Espírito rixoso, de Edu Otsuka. Aula 3: Contos machadianos: O machete (1878), Cantiga de esponsais (1884), Um homem célebre (1896) e Trio em lá menor (1896). Machado maxixe: o caso Pestana, de José Miguel Wisnik.
Aula 4: Macunaíma (1928), de Mário de Andrade. O tupi e o alaúde, de Gilda de Mello e Souza. Aula 5: Sambas de Noel: Com que roupa, Gago apaixonado, Eu vou pra vila, Não tem tradução, Três apitos, Quando o samba acabou, Feitio de oração (parceria com Vadico), Feitiço da Vila, Conversa de botequim e Último desejo. Feitiço decente, de Carlos Sandroni. Três apitos: lirismo e violência em Noel Rosa, de Guto Leite. Aula 6: Outros sambas: No tabuleiro da baiana (Ary Barroso), Camisa Amarela (Ary Barroso), É luxo só (Ary Barroso / Luís Peixoto ), Se você jurar (Ismael Silva, Nilton Bastos e Francisco Alves), Antonico (Ismael Silva), Lenço no pescoço (Wilson Batista), Camisa listrada (Assis Valente), Escurinha (Geraldo Pereira e Arnaldo Passos), Acertei no milhar (Wilson Batista e Geraldo Pereira) e Bolinha de papel (Geraldo Pereira). A construção do samba, de Jorge Caldeira. Aula 7: Raízes do Brasil, de Sergio Buarque de Holanda. Aula 8: Sambas de Dorival Caymmi: O que é que a baiana tem?, Samba da minha terra, A preta do acarajé, Você já foi à Bahia, João Valentão e Saudades da Bahia. A Preta do acarajé, de Dorival Caymmi (em Mercadorias, melancolias), de Walter Garcia. Canções de Adoniran Barbosa: Saudosa maloca, Um samba no Bixiga, Samba do Arnesto, Iracema e Trem das onze Aula 9: Os ratos (1935), de Dyonélio Machado. Os ratos: mobilidade, esvaziamento e repetição, de Fernando Gil. Aula 10: Getúlio da Paixão Cearense, de José Miguel Wisnik. Aula 11: Bossas e afins: Chega de saudade (Tom Jobim e Vinícius de Moraes), Desafinado (Tom Jobim e Newton Mendonça), Samba de uma nota só
(Tom Jobim e Newton Mendonça), Garota de Ipanema (Tom Jobim e Vinícius de Moraes), Samba do avião (Tom Jobim) e Brigas nunca mais (Tom Jobim e Vinícius de Moraes). Além das versões de João Gilberto para: É luxo só, No tabuleiro da baiana e Bolinha de papel. Bossa Nova, de Brasil Rocha Brito. João Gilberto e o projeto utópico da bossa nova, de Lorenzo Mammi. Aula 12: E agora, João?, de Homero Vizeu Araújo. Bim bom: a contradição sem conflitos de João Gilberto, de Walter Garcia. Aula 13: Tropicalia ou panis et circensis, de vários compositores. Cultura e política 1964-69, de Roberto Schwarz. Terra em transe, de Glauber Rocha. Aula 14: Canções de Caetano: Irene (1969), Carolina (1969), A little more blue (1971), Maria Bethânia (1971), You don t know me (1972), Triste Bahia (com Gregório de Mattos) (1972), Araçá azul (1973), Pipoca moderna (com Sebastião Biano) (1975), Qualquer coisa (1975), Odara (1977), Um índio (1977), Tigresa (1977), O leãozinho (1977), Terra (1978), Sampa (1978). Cinema transcedental (1979), de Caetano Veloso. Caetano Veloso (em O cancionista), de Luiz Tatit. Verdade tropical: um percurso de nosso tempo, de Roberto Schwarz. Aula 15: Canções de Chico: Olê, olá (1965), Com açúcar, com afeto (1966), Carolina (1967), Sabiá (com Tom Jobim) (1968), Samba e amor (1969), Apesar de você (1970), Construção (1971), Partido alto (1972), Cálice (com Gilberto Gil) (1973), Fado tropical (com Ruy Guerra) (1973), Acorda, amor (1974), Gota d água (1975), Meu caro amigo (com Francis Hime) (1976), Feijoada completa (1977), Até o fim (1978), Pivete (1978). Chico Buarque (em O cancionista), de Luiz Tatit. Olê, olá Sol contra samba. (em Elos de melodia e letra), de Luiz Tatit e Ivã Lopes. Carioca, de Chico Buarque (em Mercadorias, melancolias), de Walter Garcia. Aula 16: Carnavais, malandros e heróis (1979), de Roberto da Matta.
Aula 17 : A ópera do malandro (1979), de Chico Buarque. Bibliografia: ADORNO, Theodor W. Textos escolhidos; consultoria: Paulo Eduardo Arantes. São Paulo: Nova Cultural, 1975. ALMEIDA, Manoel Antônio de. Memórias de um sargento de milícias; introdução de Mamede Mustafa Jarouche. São Paulo: Ateliê Editorial, 2000. ANDRADE, Mário de. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter; apresentação de Luís Augusto Fischer, fixação de texto de Guto Leite, notas de Luís Augusto Fischer e Guto Leite. Porto Alegre: L&PM, 2017. ARAÚJO, Homero Vizeu. E agora, João?, em FISCHER, Luís Augusto & LEITE, Carlos Augusto Bonifácio Leite (orgs.). O alcance da canção. Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2016. BASTOS, Manoel Dourado. Pouco tenho a dizer além do que vai nestes sambas: o sujeito brasileiro e a suspensão da promessa de felicidade em algumas canções do primeiro LP de Chico Buarque in Música Popular em Revista, ano 2, vol. 2., p.7-33. Campinas, junho de 2014. BRITO, Brasil Rocha. Bossa nova, em CAMPOS, Augusto de. Balanço da bossa e outras bossas. São Paulo: Perspectiva, 2008. CALDEIRA, Jorge. A construção do samba. São Paulo: Mameluco, 2007. CANDIDO, Antonio. Dialética da malandragem, em. O discurso e a cidade. São Paulo: Duas Cidades, 1993. GARCIA, Walter. Mercadorias, melancolias: Dorival Caymmi, Chico Buarque, o Pregão de Rua e a Canção Popular-Comercial no Brasil. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2013.. Bim bom: a contradição sem conflitos de João Gilberto. São Paulo: Paz e Terra, 1999. FRANCESCHI, Humberto. Samba de sambar do Estácio, de 1928 a 1931. Rio de Janeiro: IMS, 2010. GIL, Fernando Cerisara. Os ratos: mobilidade, esvaziamento e repetição, em. O romance da urbanização. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1999. HOLANDA, Sergio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. JAMESON, Fredric. Reificação e utopia na cultura de massa ; trad.: João Roberto Martins Filho; revisão técnica: Maria Elisa Cevasco. [arquivo]
LEITE, Carlos Augusto Bonifácio. Três apitos: lirismo e violência em Noel Rosa, em Revista do IEB. São Paulo, 2016.. Figurações da violência na estética tropicalista in O eixo e a roda, v.24. Belo Horizonte, dez. 2015. MACHADO, Dyonélio. Os ratos. São Paulo: Planeta do Brasil, 2004. MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008 (4 v.). MAMMI, Lorenzo. João Gilberto e o projeto utópico da bossa nova em Novos estudos Cebrap, nº34, p.63-70. São Paulo, nov. de 1992. MATTA, Roberto da. Carnavais, malandros e heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro. Rio de Janeiro: Zahar, 1979. MELLO, Zuza Homem de. A era dos festivais: uma parábola. São Paulo: Ed. 34, 2003. OTSUKA, Edu. Espírito rixoso: para uma reinterpretação das Memórias de um sargento de milícias, Revista do IEB, nº44, p.105-124, fev. de 2007. SANDRONI, Carlos. Feitiço decente: transformações no samba do Rio de Janeiro (1917-1933) [2ª ed. ampliada]. Rio de Janeiro: Zahar, 2012. SCHWARZ, Roberto. Martinha versus Lucrécia: ensaios e entrevistas. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.. Pressupostos, salvo engano, da Dialética da malandragem, em. Que horas são?. São Paulo: Companhia das Letras, 1999.. Cultura e política, 1964-1969, em. O pai de família e outros estudos [2ª ed.]. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1992. SEVERIANO, Jairo. Uma história da música popular brasileira: das origens à modernidade. São Paulo: Editora 34, 2008. SOUZA, Gilda de Mello e. O tupi e o alaúde: uma interpretação de Macunaía. São Paulo: Duas Cidades, 1979. TAGG, Philip. Analisando a música popular: teoria, método e prática in Em pauta, vol. 14, nº23, dezembro de 2013. TATIT, Luiz. O cancionista [2ª ed.]. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002. TATIT, Luiz & LOPES, Ivã. Elos de melodia e letra: análise semiótica de seis canções. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2008. TINHORÃO, José Ramos. História Social da Música Popular Brasileira. Lisboa: Editorial Caminho S.A., 1990.
VALENÇA, Suetônio Soares. Aspectos da MPB no séc. XIX: regentes de orquestras do teatro musicado popular em Revista da USP, nº4. São Paulo, 1990. VELOSO, Caetano. O mundo não é chato. São Paulo: Companhia das Letras, 2005., Verdade tropical. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. WISNIK, José Miguel. Getúlio da Paixão Cearense em WISNIK, José Miguel & SQUEFF, Ênio. Música: o nacional e o popular na cultura brasileira. São Paulo: Brasiliense, 2004.. Machado maxixe: o caso Pestana em Tereza: revista de Literatura Brasileira, nº4-5. São Paulo: Ed. 34, 2003.