3as Jornadas de Segurança aos Incêndios Urbanos Universidade de Coimbra- Portugal 28 de Maio de 2013

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Transcrição:

3as Jornadas de Segurança aos Incêndios Urbanos Universidade de Coimbra- Portugal 28 de Maio de 2013 MEDIDAS DE AUTOPROTEÇÃO COMPENSATÓRIAS E TAXAS PELOS SERVIÇOS PRESTADOS PELA ANPC Samuel Silva * Mestre em Seg. Contra Incêndios Urbanos UC Coimbra Portugal João Paulo C. Rodrigues Professor, Universidade de Coimbra, Portugal. SUMÁRIO O regime jurídico de Segurança Contra Incêndios em Edifícios, o Decreto-lei n.º 220/2008 determina as medidas de organização e gestão da segurança contra incêndios, a aplicar quer em edifícios existentes quer em novos edifícios. Nesta comunicação explica-se o conceito de medidas de autoproteção compensatórias explanadas na regulamentação portuguesa de segurança contra incêndios, bem como realiza-se um pequeno estudo sobre as taxas a pagar pelos serviços prestados pela Autoridade Nacional de Proteção Civil. Palavras-chave: autoproteção, medida, compensatória, taxas, serviços. 1. CARACTERIZAÇÃO DOS EDIFÍCIOS Os edifícios e recintos à luz do regime jurídico da segurança contra incêndios são classificados em função das atividades desenvolvidas, possuindo a denominação de utilização-tipo, definida como classificação do uso dominante de qualquer edifício ou recinto. O quadro 1 apresenta as utilizações-tipo previstas no Regime Jurídico de Segurança Contra Incêndios em Edifícios. [1] * Autor correspondente EXACTUSENSU Consultores Associados, Lda. Rua do Pinheiro Manso 551 C. 4100-413 Porto. PORTUGAL. Telef.: +351 226 189669 Fax: +351 226 189669. e-mail: c.samuel.silva@gmail.com 67

Samuel Silva & João Paulo Rodrigues Quadro 1 - Utilizações-tipo I Habitacionais VII Hoteleiros e restauração II Estacionamentos VIII Comerciais e gares de transportes III Administrativos IX Desportivos e de lazer IV Escolares X Museus e galerias de arte V Hospitalares e lares de idosos XI Bibliotecas e arquivos VI Espetáculos e reuniões públicas XII Industriais, oficinas e armazéns Atendendo ao seu uso, os edifícios e recintos podem ser de utilização exclusiva, quando integrem uma única utilização-tipo, ou de utilização mista, quando integrem diversas utilizações-tipo. [1] A figura 1 ilustra um exemplo de uma utilização-tipo mista (piso inferior destinado a parque de estacionamento e piso superior destinado a escritórios). Fig. 1 Edifício de utilização-tipo mista Em matéria de risco de incêndio as utilizações-tipo podem ser classificadas da 1.ª, 2.ª, 3.ª e 4.ª categoria, sendo consideradas respetivamente de risco reduzido, risco moderado, risco elevado e risco muito elevado. Os fatores de risco que condicionam a categoria de risco variam em função da utilização-tipo. O quadro 2 indica os fatores de risco a considerar para cada utilização-tipo, sendo: O efetivo definido como o número máximo de pessoas que pode ocupar em simultâneo um dado espaço de um edifício; Efetivo em locais de risco D ou E é caraterizado como o número máximo de pessoas incapacitadas na perceção ou reação a um alarme (locais de risco D) ou em locais de dormida (locais de risco E) presentes num edifício; Altura da utilização-tipo compreendida como a referência de cota do arruamento acessível a viaturas de socorro e o pavimento do último piso acima do solo suscetível de utilização; 68

Medidas de autoproteção compensatórias e taxas pelos serviços prestados pela ANPC Número de pisos abaixo do plano referência definido como o número de pisos abaixo do arruamento acessível a viaturas de socorro; Densidade de carga de incêndio modificada é caracterizada como a quantidade de calor suscetível de ser libertada pela combustão completa da totalidade de elementos contidos num espaço, incluindo o revestimento das paredes, divisórias, pavimentos e tetos por unidade de área, afetada por coeficientes referentes ao grau de perigosidade e ao índice de ativação dos materiais. Quadro 2 Fatores de Risco para classificação das utilizações-tipo Fatores de Utilização-tipo Risco I II III IV V VI VII VIII IX X XI XII Altura Área bruta Saídas diretas ao exterior locais D, E Coberto/ar livre Efetivo total Efetivo locais D, E N.º de pisos Abaixo do Plano Referência Densidade de carga de Incêndios modificada 2. MEDIDAS DE AUTOPROTECÇÃO Os edifícios devem no decurso da sua exploração ser dotados de medidas de organização e gestão de segurança, designadas por medidas de autoproteção, sendo o Responsável de Segurança, pessoa individual ou coletiva a quem cabe a execução e a implementação das medidas de autoproteção. O quadro 3 indica o Responsável de Segurança em função da utilização-tipo [2]: 69

Samuel Silva & João Paulo Rodrigues Quadro 3 - Responsáveis de Segurança de cada Utilização-tipo Utilização-tipo Ocupação Responsável de Segurança I Espaços comuns Proprietário ou administração do condomínio Cada utilização-tipo Entidade gestora de cada utilização tipo II a XII Espaços comuns às várias utilizações-tipo Entidade gestora dos espaços comuns das várias utilizações-tipo O Responsável pela Segurança pode designar um Delegado de Segurança para executar, implementar e manter as medidas de autoproteção. O Delegado de Segurança age em representação da entidade responsável, ficando esta integralmente obrigada ao cumprimento das condições de segurança contra incêndio. As medidas de autoproteção podem ser descritas como um conjunto de regras e procedimentos que os edifícios devem definir e aplicar durante a sua fase de exploração, devendo estas medidas contemplar [2]: Medidas preventivas, com o intuito de prevenir ou minimizar um eventual incêndio; Medidas de intervenção, com o intuito de mitigar qualquer sinistro e/ou garantir a evacuação rápida dos edifícios, bem com o alerta e receção dos agentes externos de socorro; Registos de segurança, com intuito de garantir a guarda de informação das ações levadas a efeito para garantir a segurança contra incêndios, tais como relatórios de manutenção dos meios de segurança contra incêndios, relatórios dos simulacros, etc.; Formação em segurança contra incêndios com o intuito de formar os ocupantes dos edifícios as ações a executar em caso de emergência; Realização de simulacros com o objetivo de teste das regras de atuação em caso de emergência em contexto próximo das condições reais. As medidas de autoproteção devem ser adaptadas às condições reais de exploração dos edifícios e proporcionadas à sua utilização e categoria de risco. O quadro 4 indica as medidas de autoproteção previstas na regulamentação portuguesa [2]: Quadro 4: Medidas de autoproteção Medidas de autoproteção Forma de execução Observações Medidas preventivas Procedimentos de prevenção Para categorias de risco inferiores Plano de prevenção Para categorias de risco superiores Medidas de intervenção Instruções de segurança simplificadas Para primeira categoria de risco Procedimentos em caso de Para categorias de risco 70

Medidas de autoproteção compensatórias e taxas pelos serviços prestados pela ANPC Medidas de autoproteção Forma de execução Observações emergência inferiores Plano de emergência Interno Para categorias de risco superiores Registos de segurança Caderno de registos de Para todas as categorias segurança de risco Sensibilização para todos os ocupantes Formação em segurança contra incêndio Simulacros Formação específica para os colaboradores com funções específicas nas medidas de autoproteção Realização de simulacros Para categorias de risco intermédias e superiores Paralelamente às regras e procedimentos descritos anteriormente o Responsável de Segurança deve estabelecer uma organização de segurança. A organização de segurança deve contemplar: Funções de rotina/vigilância da utilização-tipo; Organogramas hierárquicos e funcionais cobrindo as várias fases do desenvolvimento de uma situação de emergência. O número mínimo dos elementos das equipas de segurança varia em função da sua utilizaçãotipo e respetiva categoria de risco. O quadro 5 indica o número mínimo de elementos das equipas de segurança em função da utilização-tipo e da categoria de risco [2] Quadro 5 - Número mínimo dos elementos das equipas de segurança em função da utilizaçãotipo e da categoria de risco Utilização Tipo Categoria de Risco Número Mínimo de Elementos da Equipa I 3.ª e 4.ª 1 II 1.ª e 2.ª 1 3.ª e 4.ª 2 1.ª 1 III, VIII, X, XI e XII 2.ª 3 3.ª 5 4.ª 8 1.ª «sem locais de Risco D ou E» 2 1.ª «com locais de IV e V Risco D ou E» e 2.ª «sem locais de Risco D ou E» 2.ª «com locais de Risco D ou E» 6 71

Samuel Silva & João Paulo Rodrigues Utilização Tipo Categoria de Risco Número Mínimo de Elementos da Equipa 3.ª 8 4.ª 12 1.ª 2 VI e IX 2.ª 3 3.ª 6 4.ª 12 1.ª «sem locais de Risco D ou E» 1 1.ª «com locais de Risco D ou E» e 2.ª VII «sem locais de Risco 3 D ou E» 2.ª «com locais de Risco D ou E» e 3.ª 5 4.ª 8 3. MEDIDAS DE AUTOPROTEÇÃO COMPENSATÓRIAS Durante a fase da conceção das medidas de autoproteção os edifícios que possuam poucos meios de segurança contra incêndios devem prever medidas de autoproteção compensatórias. [2] As medidas de autoproteção compensatórias podem ser descritas como um agravar das regras e procedimentos de prevenção e de atuação em caso de emergência previstos para um edifício. As medidas compensatórias devem ser aplicadas aos edifícios, que tenham sido licenciados antes da entrada em vigor do regime jurídico da segurança contra incêndios e que apresentem grandes lacunas em termos de meios de segurança contra incêndios. Como grandes lacunas podemos entender a ausência de compartimentação corta-fogo, inexistência de saídas em número e largura adequadas, falta de sistemas de deteção, alarme e alerta, etc. A título de exemplo apresenta-se um edifício administrativo da segunda categoria de risco que não possui sistema automático de deteção alarme e alerta e rede de incêndio armada do tipo carretel. O quadro 6 indica as medidas de autoproteção exigíveis para o edifício em questão, bem como as possíveis medidas compensatórias a aplicar. [2] 72

Medidas de autoproteção compensatórias e taxas pelos serviços prestados pela ANPC Quadro 6 Medidas de autoproteção Medidas de Autoproteção exigíveis regulamentarmente Registos de segurança Plano de prevenção Procedimentos em caso de emergência Formação em segurança contra incêndios Simulacros de dois em dois anos 3 elementos na equipa de segurança Exemplo de medidas compensatórias possíveis Prevenção Estabelecer rondas periódicas aos locais com maior risco de incêndio Ministrar formação com periodicidade anual Atuação em caso de emergência Elaborar o plano de emergência interno Promover simulacros com periodicidade anual Aumentar o número de elementos da equipa de segurança para quatro ou cinco Ressalva-se ainda, que os edifícios deverão estar dotados de condições mínimas de segurança contra incêndio, ou seja, qualquer edifício deverá possuir no mínimo extintores, sinalética e sistemas de difusão de alarme de evacuação para que se consiga executar com fiabilidade as medidas de autoproteção. 4. TAXAS PELOS SERVIÇOS PRESTADOS PELA ANPC Uma nova face da segurança contra incêndios em edifícios consiste na obrigatoriedade de pagamento de taxas pelos serviços de segurança contra incêndios em edifícios, prestados pela Autoridade Nacional de Proteção Civil. Estão sujeitos a pagamentos de taxas os seguintes serviços: [3] A emissão de pareceres sobre as condições de segurança contra incêndios em edifícios; A realização de vistorias sobre as condições de segurança contra incêndios em edifícios; A realização de inspeções regulares sobre as condições de segurança contra incêndios em edifícios; A realização de inspeções extraordinárias sobre as condições de segurança contra incêndios em edifícios, quando sejam solicitadas pelas entidades responsáveis das utilizações-tipo; As consultas prévias referidas sobre projetos de segurança e medidas de autoproteção; A credenciação de pessoas singulares ou coletivas para a emissão de pareceres e para a realização de vistorias e inspeções das condições de segurança contra incêndios em edifícios; O registo atualizado dos autores dos projetos e medidas de autoproteção de segurança contra incêndios em edifícios; O processo de registo de entidades que exerçam a atividade de comercialização de produtos e equipamentos de segurança contra incêndios em edifícios, a sua instalação e manutenção. 73

Samuel Silva & João Paulo Rodrigues Cada reapreciação de medidas de autoproteção e projetos de segurança contra incêndios em edifícios ou repetição de consultas prévias e de inspeções, por razões imputáveis aos destinatários dos serviços, está sujeita a uma taxa correspondente a 50 % do valor das taxas fixadas. Os valores das taxas são estabelecidos e atualizados automaticamente em 1 de Janeiro de cada ano, por aplicação do índice de preços no consumidor excluindo a habitação, publicado pelo Instituto Nacional de Estatística. O valor das taxas a cobrar em euros ( ), tendo por base os parâmetros do quadro 7 é calculado de acordo com a seguinte fórmula: [3] T = AB*VU (1) Em que: T Taxa; UT Utilização-tipo; AB Área bruta da utilização-tipo (m 2 ); VU Valor unitário dos serviços de segurança contra incêndios em edifícios prestados ( /m 2 ). Nas situações em que o valor da taxa apurado for inferior à taxa mínima correspondente é cobrada a taxa mínima respetiva. O Quadro 7 indica o valor unitário e o valor das taxas mínimas cobradas pela Autoridade Nacional de Proteção Civil por utilização-tipo: [4] Quadro 7 - Valor unitário e taxas mínimas a aplicar por utilização-tipo Serviços Emissão de parecer e consultas prévias Realização de vistorias Realização de inspeções normais e extraordinárias VU Valor unitário e valor das taxas mínimas a aplicar por UT UT I UT II e XII UT III à XI Taxa mínima Taxa mínima Taxa mínima VU VU ( ) ( ) ( ) 0,02 108,03 0,08 108,03 0,11 108,03 0,04 126,06 0,16 216,06 0,22 216,06 0,03 151,95 0,11 162 0,16 162,05 74

Medidas de autoproteção compensatórias e taxas pelos serviços prestados pela ANPC Por exemplo, uma utilização-tipo XII «industriais, oficinas e armazéns», com uma área bruta de construção de 175418,20 tem de desembolsar as seguintes taxas: Emissão de parecer e consultas prévias 175418 x 0,08 = 14033,44 ; Realização de vistorias 175418 x 0,16 = 28066,91 ; Realização de inspeções normais e extraordinárias 175418 x 0,11 = 19295,98. 5. CONCLUSÕES Com a entrada em vigor do regime jurídico da segurança contra incêndio, todos os edifícios, novos e existentes devem elaborar medidas de autoproteção, adaptadas à sua categoria de risco. Os edifícios que apresentem grandes carências a nível de meios de segurança contra incêndios (ativos e passivos) devem prever medidas compensatórias de autoproteção, ou seja, devem reforçar as regras e procedimentos de prevenção e atuação em caso de emergência, de forma a garantir permanentemente as condições de segurança. Relativamente às taxas pagas pelos serviços prestados pela Autoridade Nacional de Proteção Civil, conclui-se que o custo é bastante elevado e tendo em atenção os valores praticados no mercado para a execução das medidas de autoproteção, facilmente se conclui que o custo da análise é muito superior ao custo da elaboração. Com estes valores e tendo em atenção a conjuntura económica e social do país, muitas empresas não se encontram a submeter as medidas de autoproteção para análise. REFERÊNCIAS [1] Decreto-Lei nº 220/2008, de 12 de Novembro Regime Jurídico da Segurança contra Incêndios em Edifícios, Portugal. [2] Portaria nº 1532/2008, de 29 de Dezembro Regulamento Técnico de Segurança contra Incêndio em Edifícios, Portugal. [3] Portaria n.º 1054/2009, de 16 de Setembro Taxas por Serviços de Segurança Contra Incêndios em Edifícios prestados pela Autoridade Nacional de Proteção Civil [4] Despacho n.º 5824/2013, de 06 de Maio Atualização do valor das taxas pelos serviços de segurança contra incêndios em edifícios prestados pela Autoridade Nacional de Proteção Civil 75