Conhecimento de Mulheres a Respeito do Exame Papanicolau. Women s Knowledge about the Papanicoulau Examination

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Transcrição:

Conhecimento de Mulheres a Respeito do Exame Papanicolau Women s Knowledge about the Papanicoulau Examination Lívia Cristina Vasconcelos a *; Déborah Santos Bueno a ; Jéssica Sundare Mendonça Silva a ; Rafaela Ferreira Dias Rios a ; Raquel Aparecida Pessoa a ; Rosilaine Freitas Moreira a ; Heuler Souza Andrade a ; a Universidade do Estado de Minas Gerais, Unidade Divinópolis. MG. Brasil. E-mail: liviacristinavasconcelos@hotmail.com Resumo O câncer do colo de útero - CCU é considerado um problema de saúde pública mundial, com cerca de 530 mil novos casos por ano e 270 mil mortes em todo o mundo. O objetivo deste estudo foi descrever o conhecimento de mulheres pertencentes a um município do interior de Minas Gerais a respeito da prevenção CCU, por meio do exame Papanicolau. Trata-se de pesquisa descritiva, de abordagem quantitativa realizada em Carmo da Mata, MG, em 2015. A amostra foi composta por 93 mulheres cadastradas nas ESF do município, na faixa etária entre 25 e 64 anos. A coleta de dados foi realizada por meio de um formulário aplicado às participantes. Os dados foram analisados e descritos de forma a identificar os objetivos do estudo. A média de idade das participantes foi de 39 anos. A maioria, 65 (69,9%) têm mais de 8 anos de estudo, são casadas ou vivem em união estável. A maioria (96,7%) relatou ter realizado o Papanicolau no último ano. Quanto ao conhecimento sobre o exame, 78 (83,8%) afirmaram ter conhecido através de profissionais de saúde. No que diz respeito ao conhecimento dos fatores de risco para o câncer de colo uterino, 43 (46,2%) tinham conhecimento correto sobre o tema. Percebeu-se que as mulheres do município estudado têm conhecimento significativo em relação ao exame Papanicolau. A utilização do serviço de saúde para prevenção do CCU e o grau de escolaridade da maioria influencia, positivamente, na percepção da importância dessa prática. Palavras-chave: Colo do Útero. Teste de Papanicolau. Saúde da Mulher. Abstract Cervical cancer - CCU, is considered a worldwide public health problem, with nearly 530,000 new cases per year and 270,000 deaths worldwide. The aim of this study was to describe the knowledge of women belonging to a city in the interior of Minas Gerais regarding CCU prevention through Pap smears. It is a descriptive research with a quantitative approach carried out in Carmo da Mata, MG, in 2015. The sample consisted of 93 women registered in the municipality of FHS, aged between 25 and 64 years. Data collection was carried out through a questionnaire applied to the participants. Data were analyzed and described in order to identify the goals of the study. The mean age of participants was 39 years. Most, 65 (69.9%) have more than 8 years of schooling, they are married or in stable relationships. Most (96.7%) reported having performed the Pap test last year. Regarding knowledge about the examination, 78 (83.8%) claimed to have known throughhealth professionals. Regarding knowledge of risk factors for cervical cancer, 43 (46.2%) had correct knowledge on the subject. It is noticed that the women of the city studied have significant knowledge regarding Pap smears. The use of health services for the prevention of cervical cancer and the level of education of most positively influence the perception of the importance of this practice. Keywords: Cervix Uteri. Papanicolau Test. Women s Health. 1 Introdução O câncer do colo de útero CCU é causado pela infecção persistente por alguns tipos (chamados oncogênicos) do Papilomavírus Humano - HPV, sendo considerado um problema de saúde pública mundial, embora sua incidência seja comprovadamente maior em países menos desenvolvidos economicamente. É o terceiro tipo de câncer mais comum entre as mulheres com cerca de 530 mil novos casos por ano e 270 mil mortes em todo o mundo (FERLAY et al., 2015). No Brasil é o terceiro tumor mais frequente entre as mulheres, atrás do câncer de mama e colorretal. A estimativa para 2016 é de 16 mil novos casos no país. A maior incidência da doença está na faixa etária entre os 20 e 29 anos e o maior risco entre os 45 e 49 anos (BRASIL, 2016). Embora seja uma neoplasia causada pelo HPV, alguns fatores de risco para o CCU são bem conhecidos, como o início precoce de atividade sexual, multiplicidade de parceiros sexuais e tabagismo. O Ministério da Saúde preconiza o rastreamento, através do exame Papanicolau, para a faixa etária de 25 a 64 anos de idade. Quando a cobertura desse rastreamento é ampla, a efetividade da detecção precoce de lesões precursoras juntamente com o tratamento na fase inicial da doença tem reduzido em até 90% a incidência do câncer (BINGHAM et al., 2003; NAKAGAWA; SCHIMER; BARBIERI, 2010). O exame Papanicolau consiste no esfregaço de células oriundas da ectocérvice e da endocérvice, que são extraídas por raspagem do colo do útero. Essa estratégia é considerada a mais adequada, prática e de baixo custo para o rastreamento do CCU. Entretanto, segundo o Ministério da Saúde, que adotou esta norma em 1988 propondo o controle do câncer de colo de útero, cerca de 40% das mulheres brasileiras relatam 105

Conhecimento de Mulheres a Respeito do Exame Papanicolau que nunca se submeteram ao exame, devido a dificuldades de acesso aos serviços de saúde e, também, ao desconforto emocional para algumas delas. Problemas como exposição da genitália, falta de conhecimento e orientação sobre os agravos que o CCU pode causar são considerados fatores, que dificultam a procura do exame (FERNANDDES et al., 2009; PIMENTEL et al., 2011). Considerando que o CCU é uma prioridade da política de saúde do país, apresentando elevada incidência e mortalidade e que o exame preventivo oferecido pela rede pública é uma importante ferramenta de prevenção, considera-se importante a análise do conhecimento das mulheres a respeito desta prática, no intuito de identificar fatores facilitadores e dificultadores para a realização deste exame. Presume-se que os resultados poderão nortear o profissional da saúde na tomada de decisão sobre qual a melhor abordagem para instruir essas mulheres e tentar mudar a percepção das mesmas com relação ao procedimento de coleta do Papanicolau e, assim, consequentemente, diminuir o índice de diagnósticos tardios e agravamento da doença. Este estudo buscou descrever o conhecimento de mulheres pertencentes a um município do interior de Minas Gerais a respeito da prevenção CCU, por meio do exame Papanicolau. 2 Material e Métodos Trata-se de uma pesquisa descritiva, exploratória de abordagem quantitativa realizada em Carmo da Mata, Minas Gerais, em 2015. O município está localizado na região Centro-oeste do Estado, possui população estimada em 11800 habitantes (BRASIL, 2015a). O serviço de saúde está organizado em quatro unidades de Estratégia de Saúde da Família - ESF e um Hospital de Pequeno Porte. Os serviços de média e alta complexidade são referenciados ao município polo Micro Regional (BRASIL, 2015b). A amostra foi composta por 93 mulheres cadastradas nas ESF do município em questão, na faixa etária preconizada pelo Ministério da Saúde, ou seja, entre 25 e 64 anos e que aceitaram participar do estudo. O cálculo amostral foi feito a partir dos prontuários das unidades de atenção primária do município, de forma aleatória simples, considerando um nível de confiança de 95%. A coleta de dados foi realizada entre os meses de abril e junho de 2015, por meio de um formulário com perguntas objetivas, adaptado do estudo de Fonseca, Afonso e Cortez (2014) e aplicado às participantes, face a face entre o entrevistador e o entrevistado, tendo ocorrido em ambiente iluminado, privado de ruídos e extravio de informações. O contato com as participantes selecionadas foi realizado previamente e a entrevista agendada nas ESF nas quais estavam cadastradas. Os dados foram tabulados no Microsoft Excel 2015 e descritos de forma a identificar o conhecimento das mulheres acerca do exame preventivo de colo de útero. A pesquisa obedeceu aos preceitos contidos na Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2013), que dispõe sobre pesquisas envolvendo seres humanos. As participantes assinaram o Termo de Livre Consentimento Esclarecido e foram informadas dos objetivos da pesquisa. O estudo obteve autorização da Secretaria Municipal de Saúde e foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UEMG/Divinópolis, sob o parecer nº 918.091, CAAE 39344514.4.0000.5115. A média de idade das participantes foi de 39 anos. A maioria, 65 (69,9%) tem mais de oito anos de estudo. Em relação à situação conjugal, 60 (64,5%) são casadas ou vivem em união estável. A renda predominante foi de um a dois salários mínimos (39,8%), conforme descrito no Quadro 1. Quadro 1 - Características socioeconômicas das mulheres do município de Carmo da Mata-MG, 2015 Variável n (%) Idade 25 a 30 anos 6 6,5 31 a 40 anos 58 62,4 41 a 50 anos 19 20,4 51 a 60 anos 10 10,8 61 a 64 anos 0 0,0 Escolaridade Analfabeto 1 1,1 Fundamental 43 46,2 Médio 50 48,4 Superior 15 16,1 Situação Conjugal Casada ou União Estável 60 64,5 Solteira 29 31,2 Outros 4 4,3 Renda (salário mínimo) Menos de um 3 3,2 Um a dois 59 63,4 Três a quatro 29 31,2 Cinco ou mais 2 2,2 Em relação à atividade sexual, a idade média relatada do início dessa prática foi de 19,7 anos, sendo que 43 (46,2%) das participantes já tiveram mais de um parceiro ao longo da vida. A respeito da frequência do uso de preservativo nas relações sexuais, 36 (38,7%) das entrevistadas afirmaram que nunca o usam. Quanto à frequência de consultas ao ginecologista, 79 (84,9%) relataram ter comparecido nos últimos 12 meses. Noventa mulheres (96,8%) já realizaram o exame pelo menos uma vez na vida, sendo que a maioria, 78 (83,8%), afirmou ter conhecido o exame por meio de profissionais de saúde. Entre as participantes, 79 (84,9%) relataram ter realizado o Papanicolau no último ano (Quadro 2). 106

Quadro 2 - Antecedentes ginecológicos das mulheres do município de Carmo da Mata-MG, 2015 Variável N % Início da atividade sexual Antes de 18 anos 24 25,8 Após 18 anos 69 74,2 Número de parceiros sexuais Um 59 63,4 Dois 25 26,9 Três 6 6,5 Acima de três 3 3,2 Uso de preservativo nas relações sexuais Nunca usam 36 38,7 Usam raramente 32 34,4 Usam na maioria das vezes 22 21,5 Usam sempre 3 5,4 Frequência ao Ginecologista Últimos doze meses 79 84,9 Mais de doze meses 14 15,1 Realizou o exame ao menos uma vez Sim 90 96,8 Não 3 3,2 Realizou o exame no último ano Sim 79 84,9 Não 14 15,1 Como tomaram conhecimento do exame Profissional de saúde 78 83,8 Local de trabalho 2 2,4 Igreja 0 0 Amigos ou parentes 8 8,6 Televisão 5 5,4 Outros 0 0 Em relação ao conhecimento sobre o exame Papanicolau, todas relataram já conhecerem, sendo que 91 (97,8%) o consideram necessário. No que diz respeito ao conhecimento dos fatores de risco para o câncer de colo uterino, 78 (83,9%) tinham conhecimento correto sobre o tema. Quanto ao conhecimento sobre qual a forma mais adequada da mulher se prevenir do Câncer de Colo do Útero, 55 mulheres (59,1%) acreditam que seja a realização periódica do exame preventivo Papanicolau (Quadro 3). Quadro 3 - Conhecimento das mulheres do município de Carmo da Mata-MG, 2015 Variável N % Conhecimento do exame Papanicolau Sim 93 100,0 Não 0 0,0 Consideram o exame necessário Sim 91 97,8 Não 2 2,2 Considera fator de risco para o Câncer de colo uterino Infecção pelo HPV 43 46,2 Multiplicidade de parceiros 26 27,9 Hereditariedade 4 4,3 Uso de absorvente Interno 1 1,1 Tabagismo 5 5,4 Não soube responder 14 15,1 Considera melhor forma de prevenção do câncer de colo uterino Realização periódica do Papanicolau 55 59,1 Evitar a multiplicidade de parceiros 35 37,6 Usar preservativo 3 3,2 No que se refere à preocupação relativa à possibilidade de vir a ter câncer de colo do útero, a pesquisa mostrou que 37 mulheres (39,7 %) têm grande preocupação. Para 62 (66,7 %) das mulheres entrevistadas a chance de vir a desenvolver um câncer de colo do útero, se não realizar o exame preventivo periodicamente, é grande. 3 Resultados e Discussão A faixa etária predominante neste estudo, de 31 a 40 anos, assemelha-se com outros estudos nacionais, que também identificaram menor número de mulheres abaixo de 30 e acima de 50 anos, por considerarem desnecessária a realização do exame (OLIVEIRA; GUIMARÃES; FRANÇA, 2014; CORREA et al., 2012). A escolaridade acima de oito anos de estudo pode ser considerada um fator colaborador para que o conhecimento da maioria das mulheres a respeito do exame Papanicolau fosse considerado positivo. Estudo realizado no Estado da Bahia apontou a baixa escolaridade como fator limitante à adesão ao exame (ANDRADE, 2012). Diferentemente desses estudos, a renda baixa das entrevistadas não influenciou no conhecimento acerca do exame. A situação conjugal da maioria das participantes pode ter sido fator de colaboração para os resultados encontrados. Estudos semelhantes evidenciaram que essa mesma condição está associada com a adesão das mulheres ao exame, seja por influência do companheiro ou pela procura da unidade de saúde para realização de outros procedimentos, o que leva a captação mais fácil desse público pelos profissionais 107

Conhecimento de Mulheres a Respeito do Exame Papanicolau de saúde (KOVAL; RIGANTI; FOLEY, 2006; QUADROS; VICTORAM, 2004). O início da atividade sexual precoce não foi dominante entre as participantes, diferentemente de outros estudos, que confirmaram essa condição como fator de risco importante para o câncer de colo uterino (CIRINO; NICHIATA; BORGES, 2010; NERI et al., 2013). O baixo uso de preservativo nas relações sexuais, apesar da maioria ter parceiro fixo, pode elevar o número de DST, se tornando fator de risco para o câncer. Pesquisa realizado em mulheres esterilizadas mostrou que esse comportamento pode deixar as mulheres vulneráveis a DST e também ao câncer de colo uterino (NICOLAU et al., 2011). Em relação à consulta ginecológica, os resultados evidenciaram que a procura por esse profissional pode estar associada à realização do exame preventivo, haja vista que a maioria das participantes realizou o exame nos últimos 12 meses. De acordo com o Ministério da Saúde, aproveitar as consultas ginecológicas para fazer o rastreamento do CCU têm sido uma boa estratégia para diminuir a morbimortalidade pela doença (BRASIL, 2013). Sobre a forma de conhecimento do exame preventivo, os profissionais de saúde foram apontados como os principais informantes dessa estratégia. Este resultado demonstra que a população tem tido acesso à informação por parte dos profissionais e também à realização dos procedimentos. Estudos realizados em municípios brasileiros identificaram baixa cobertura do exame, evidenciando as dificuldades de acesso à atenção primária (CORREA et al., 2012; BRITO- SILVA et al., 2014). A respeito do conhecimento sobre a existência do exame preventivo, as entrevistadas foram unânimes ao responderem que conhecem o procedimento. Porém, esse resultado não se repetiu para o conhecimento dos fatores de risco e para as formas de prevenção ao CCU. Embora todas tenham assinalado as formas corretas, o tabagismo foi pouco apontado como fator de risco, assim como o uso de preservativo como forma de prevenção. Outros estudos também apontaram resultados semelhantes, indicando que aspectos culturais e condições sociais podem influenciar esse tipo de comportamento (EDUARDO et al., 2012; NASCIMENTO; NERY; SILVA, 2012). 4 Conclusão Percebeu-se que as mulheres do município estudado têm conhecimento significativo em relação ao exame Papanicolau. A utilização do serviço de saúde para prevenção do CCU e o grau de escolaridade da maioria influenciam, positivamente, a percepção da importância dessa prática, embora se tenha identificado algumas falhas na atribuição da relevância de alguns fatores de risco e de formas de prevenção. A atuação da Estratégia de Saúde da Família é fundamental para a adesão do público a esse tipo de ação, haja vista que, 83,3% das participantes tiveram conhecimento do exame através de profissionais de saúde e que, atualmente, a cobertura desse serviço no município é de 100%. Considera-se como fatores limitantes deste estudo o pouco aprofundamento no real conhecimento dessas mulheres sobre o exame CCU, sendo necessários novos estudos para se alcançar conclusões mais precisas sobre o tema. Referências ANDRADE, C.T. et al. A importância de uma base de dados na gestão de serviços de saúde. Einstein, v.10, n.3, p.360-365, 2012. BINGHAM, A. Factors affecting utilization of cervical cancer prevention services in low-resource settings. Salud Pública Méx., v.45:408-416, 2003. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Controle dos cânceres do colo do útero e da mama. Brasília: MS, 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer. 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