Aplicação de nitrogênio em videiras na Campanha Gaúcha: produtividade e características químicas do mosto da uva

Documentos relacionados
Produção e composição química da uva de videiras Cabernet Sauvignon submetidas à adubação nitrogenada

Avaliação de Qualidade de Uvas Syrah para Vinificação em Função de Doses de Nitrogênio e Potássio Aplicadas via Fertirrigação

Comunicado 72 Técnico

Comunicado153 Técnico

ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO E PRODUTIVIDADE DE MANDIOCA EM FUNÇÃO DA CALAGEM, ADUBAÇÃO ORGÂNICA E POTÁSSICA 1

QUALIDADE DA UVA SYRAH SUBMETIDA À FERTIRRIGAÇÃO COM NITROGÊNIO E POTÁSSIO: 4º CICLO DE PRODUÇÃO

MANEJO DE IRRIGAÇÃO E FERTIRRIGAÇÃO EM UVA FINA DE MESA EM AMBIENTE PROTEGIDO

Influência de doses de fósforo e de nitrogênio na produção de abobóra híbrida, tipo tetsukabuto, na região norte de Minas Gerais

Comunicado 68 Técnico

Produção Orgânica de Alface e Atributos de Solo pela Aplicação de Composto de Dejetos de Suínos

1 ADUBAÇÃO E MANEJO DO SOLO. George Wellington Melo Gustavo Brunetto

CALAGEM E GESSAGEM DE SOLO CULTIVADO COM ALGODÃO NO CERRADO DE RORAIMA 1 INTRODUÇÃO

AVALIAÇÃO AGRONÔMICA DOS FOSFATOS NATURAIS DE ARAD, DE DAOUI E DE GAFSA EM RELAÇÃO AO SUPERFOSFATO TRIPLO. Resumo

ADUBAÇÃO NPK DO ALGODOEIRO ADENSADO DE SAFRINHA NO CERRADO DE GOIÁS *1 INTRODUÇÃO

Protocolo. Boro. Cultivo de soja sobre doses de boro em solo de textura média

431 - AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE MILHO EM DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTIO EM SISTEMA ORGÂNICO DE PRODUÇÃO

EFEITO DE ADUBAÇÃO NITROGENADA EM MILHO SAFRINHA CULTIVADO EM ESPAÇAMENTO REDUZIDO, EM DOURADOS, MS

Efeito da adubação química, orgânica e organo-química no acúmulo de nitrato em alface produzida no Distrito Federal.

Densidade de brotos e de cachos em cultivares de uvas sem sementes no Submédio do Vale do São Francisco

Capítulo 1 Adubação de pré-plantio e crescimento em videiras

Palavras chave: doses de calcário, ph do solo, formas de manejo, produção.

Comunicado 104 Técnico

EFEITO RESIDUAL DE LONGO PRAZO DA ADUBAÇÃO DE PRÉ-PLANTIO COM TORTA DE MAMONA NA PRODUÇÃO DE AMOREIRA-PRETA

Doses de potássio na produção de sementes de alface.

MATÉRIA SECA E ACUMULAÇÃO DE NUTRIENTES EM VIDEIRAS JOVENS CULTIVADAS EM SOLOS COM DIFERENTES NÍVEIS DE COBRE 1

Protocolo. Dinâmica do K. Dinâmica do potássio em solo de textura arenosa

Continente asiático maior produtor (80%) Arroz sequeiro perdendo área para milho e soja

Influência dos sistemas de condução e porta-enxertos na produtividade e vigor da videira Chenin Blanc durante dois ciclos de produção

ADUBAÇÃO ORGÂNICA E FERTIRRIGAÇÃO POTÁSSICA EM VIDEIRA DE VINHO SYRAH II: COMPOSTOS FENÓLICOS

Prof. Francisco Hevilásio F. Pereira Cultivos em ambiente protegido

Estado nutricional, produção e composição das uvas de Niágara Rosada submetidas à aplicação de composto orgânico

ADUBAÇÃO E CALAGEM EM VIDEIRAS CULTIVADAS EM SOLOS ARENOSOS NO BIOMA PAMPA

LEANDRO ZANCANARO LUIS CARLOS TESSARO JOEL HILLESHEIM LEONARDO VILELA

Universidade Federal de Santa Maria Centro de Ciências Rurais Curso de Zootecnia Disciplina de Manejo e fertilidade do Solo ADUBAÇÃO ORGÂNICA

1 Introdução. Aline de Oliveira FOGAÇA 1 *, Carlos Eugenio DAUDT 1, Fabiane DORNELES 1. Resumo. Abstract

Calagem no Sistema Plantio Direto para Correção da Acidez e Suprimento de Ca e Mg como Nutrientes

Vanderson Modolon DUART 1, Adriana Modolon DUART 2, Mário Felipe MEZZARI 2, Fernando José GARBUIO 3

ESTRATÉGIAS DE APLICAÇÃO E FONTES DE FERTILIZANTES NA CULTURA DA SOJA 1

o custo elevado dos fertilizantes fosfatados solúveis em água

Protocolo. Enxofre. Resposta da cultura da sojaa fontes e doses deenxofre

VII Semana de Ciência Tecnologia IFMG campus

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DO SOLO RELATÓRIO TÉCNICO DE ATIVIDADES

PRODUTIVIDADE DA BATATA, VARIEDADE ASTERIX, EM RESPOSTA A DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO NA REGIÃO DO ALTO VALE DO ITAJAÍ-SC

Impacto Ambiental do Uso Agrícola do Lodo de Esgoto: Descrição do Estudo

18 PRODUTIVIDADE DA SOJA EM FUNÇÃO DA

PRODUÇÃO DA VIDEIRA ISABEL EM FUNÇÃO DE DIFERENTES SISTEMAS DE CONDUÇÃO 1 INTRODUÇÃO

Fertilidade de Solos

TEORES DE CÁLCIO, FÓSFORO E POTÁSSIO EM SOLO CULTIVADO COM AMEIXEIRA E SUBMETIDO À APLICAÇÃO DA MATRIZ FERTILIZANTE MBR

ACIDEZ DO SOLO E PRODUÇÃO DE SOJA EM FUNÇÃO DA CALAGEM SUPERFICIAL E ADUBAÇÃO NITROGENADA EM PLANTIO DIRETO

Caracterização física e físico-química da uva Merlot

002

Adubação nitrogenada em ciclos consecutivos e seu impacto na produção e na qualidade do pêssego

VARIABILIDADE ANALÍTICA DA EXTRAÇÃO DE POTÁSSIO POR MEHLICH 1 DOS SOLOS 1

AVALIAÇÃO DA PRODUTIVIDADE DE MILHO SAFRINHA SOB DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO MAIS FÓSFORO APLICADOS NO PLANTIO

5 ASPECTO ECOFISIOLÓGICOS NO MANEJO DA VIDEIRA FERRAMENTAS PARA O INCREMENTO DA QUALIDADE ENOLÓGICA

Unidade IX. José Ribamar Silva

RELATÓRIO DE PESQUISA 11 17

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2010)

EFICIÊNCIA AGRONÔMICA E VIABILIDADE TÉCNICA DO PROGRAMA FOLIAR KIMBERLIT EM SOJA

DENSIDADE DE SEMEADURA E DOSES DE NITROGÊNIO EM COBERTURA NO TRIGO DE SEQUEIRO CULTIVADO EM PLANALTINA-DF

DOSES DE FERTILIZANTES PARA O ABACAXIZEIRO PÉROLA NA MESORREGIÃO DO SUL BAIANO

Influência do sistema de condução e porta enxerto nos componentes de produção da videira Syrah no 12º ciclo de produção

Teor de N, P e K em alface-americana em função da aplicação de nitrogênio e potássio em adubação de cobertura, nas condições de inverno.

IMPACTO DA APLICAÇÃO DO LODO DE INDÚSTRIA DE GELATINA NA PERCOLAÇÃO DE FÓSFORO E POTÁSSIO EM COLUNAS DE SOLO CULTIVADAS COM MILHO

Uso de Adubação Verde em Videira no Submédio São Fran is o

Acúmulo e exportação de nutrientes em cenoura

AVALIAÇÃO DO USO DO PÓ DE ROCHA NO DESEMPENHO DE DUAS VARIEDADES DE MANDIOCA DE MESA

Protocolo. Programas de Nutrição. Performance de programas de nutrição para incremento de produtividade em solo de textura leve

Protocolo Gessagem. Doses de gesso agrícola e seu residual para o sistema de produção soja/milho safrinha

Redução do ph do Solo e Produtividade da Cultura do Mirtilo Submetida à Adubação Nitrogenada

Trabalho realizado na disciplina de fertilidade do solo, do Curso de agronomia da UNIJUI, sob orientação da professora Leonir Terezinha Uhde.

INFLUÊNCIA DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA E MATERIAL HÚMICO SOBRE A PRODUÇÃO DE ALFACE AMERICANA

ESTUDO DE RELAÇÃO N/K NO CRESCIMENTO E PRODUÇÃO DE CAFEEIRO OBATÃ IAC

Iniciação Científica (PIBIC) - IFMG 2 Professora Orientadora IFMG. 3 Estudante de Agronomia.

Eficiência agronômica de fontes e doses de fósforo no cultivo da soja em solos com diferentes classes texturais

Professora Doutora do Departamento de Estudos Agrários da UNIJUÍ, orientadora, 4

BPUFs para milho em Mato Grosso do Sul informações locais. Eng. Agr. M.Sc. Douglas de Castilho Gitti

ATRIBUTOS DO SOLO, PRODUÇÃO DA VIDEIRA SYRAH IRRIGADA E COMPOSIÇÃO DO MOSTO EM FUNÇÃO DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA E NITROGENADA 1

Fertirrigação com Nitrogênio em Uvas sem Sementes: 1 e 2 Ciclos de Produção

ADUBAÇÃO DO SISTEMA SOJA-MILHO- ALGODÃO

EFEITO DA DESFOLHA E DESPONTE DE RAMOS DE VIDEIRA SOBRE A QUALIDADE DE VINHOS SYRAH ELABORADOS NO SUBMÉDIO DO VALE DO SÃO FRANCISCO NO ANO DE 2011

RENDIMENTO DE GRÃOS E EFICIÊNCIA DE USO DE NITROGÊNIO NA CULTURA DO TRIGO EM DUAS REGIÕES DO RIO GRANDE DO SUL

6 CALAGEM E ADUBAÇÃO

CLAUDINEI KURTZ Eng. Agrônomo, Dr. Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina

III SIGRA Simpósio sobre Gramados 21 a 23 de Março de 2006

Protocolo. Parcelamento do K. Doses e parcelamento daadubação potássica para o cultivo da soja em solo arenoso

AVALIAÇÕES FÍSICO-QUÍMICAS DURANTE A MATURAÇÃO DE VIDEIRAS CULTIVADAS NO RIO GRANDE DO SUL

Avaliação da velocidade de reação do corretivo líquido na camada superficial de um Latossolo Vermelho distroférrico

EXTRAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE NUTRIENTES PELA CULTURA DO SORGO FORRAGEIRO. C. A. Vasconcellos, J. A. S. Rodrigues, G.V.E. PITTA e F.G.

AVALIAÇÃO DO USO DE RESÍDUO ORGÂNICO E ADUBAÇÃO FOSFATADA NO CULTIVO DE GERGELIM (Sesamum indicum L. cv. Trhébua)

PRODUÇÃO DE ALFACE AMERICANA SOB INFLUÊNCIA DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA E DOSES DE MATERIAL HÚMICO

CALAGEM, GESSAGEM E MANEJO DA ADUBAÇÃO EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM Brachiaria ruziziensis

Fertilidade do solo para culturas de inverno

COMPONENTES DE PRODUÇÃO DO ALGODOEIRO EM FUNÇÃO DE CALAGEM E GESSAGEM NO CERRADO DE RORAIMA 1

Termos para indexação: nitrogênio, matéria seca, Brachiaria decumbens, recuperação, acúmulo

CRESCIMENTO INICIAL DE DUAS CULTIVARES DE MAMONA (Ricinus communis) EM DIFERENTES POPULAÇÕES

ADUBAÇÃO DO TRIGO VIII EXPERIÊNCIAS COM N, P, K E S EM SOLOS DE VÁRZEA DO VALE DO PARAÍBA ( 1,2 )

RESPOSTA DE MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM Brachiaria ruziziensis À ADUBAÇÃO, EM DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

G. RATACHESKI 2 ; D.F. MOTERLE 3

Transcrição:

Ciência Aplicação Rural, Santa de nitrogênio Maria, v.37, em videiras n.2, p.389-393, na Campanha mar-abr, Gaúcha: 2007produtividade e características químicas do mosto da uva. ISSN 0103-8478 389 Aplicação de nitrogênio em videiras na Campanha Gaúcha: produtividade e características químicas do mosto da uva Application of nitrogen in grapevines in the campaign of the Rio Grande do Sul: productivity and chemical characteristics of the grape must Gustavo Brunetto I Carlos Alberto Ceretta II João Kaminski II George Wellington Bastos de Melo III Cledimar Rogério Lourenzi IV Vaneila Furlanetto III Afrânio Moraes V RESUMO A aplicação de N na videira, em geral, causa grande impacto na produção e nas características químicas da uva e do seu mosto e, conseqüentemente, no vinho. Este trabalho objetivou avaliar o efeito da aplicação de N na produção de uva e nas características químicas desejáveis do mosto. O experimento foi conduzido na safra 2004/05 em vinhedo comercial de viníferas Cabernet Sauvignon, na Empresa Pernod Ricard Brasil/Almadén, em Santana do Livramento, RS, sobre Argissolo Vermelho distrófico arênico. Os tratamentos constaram da aplicação de 0, 15, 30, 45, 60 e 85kg ha -1 de N. Na maturação, a uva foi colhida e avaliada a produção por planta, por hectare, o comprimento e a largura de cachos, e o peso de 100 bagas. Foram coletadas bagas de uva, sendo uma parte amassada e, no mosto, foram determinados os sólidos solúveis totais, o ph, a acidez total, o ácido tartárico, o ácido málico, os polifenóis totais, as antocianas e o N amoniacal. As bagas restantes foram trituradas e analisado o total de N, P, K, Ca e Mg. Os resultados mostraram que a aplicação de N em viníferas Cabernet Sauvignon não afetou a produção de uva e os componentes de rendimento. Além disso, a aplicação de doses crescentes de N em viníferas Cabernet Sauvignon, de forma destacada, aumentou, no mosto, os valores de acidez total e N amoniacal e diminuiu os valores de antocianas e, na baga de uva, aumentou a porcentagem do total de N e K. Palavras-chave: nutrição mineral de videiras, nitrogênio, produção de uva, qualidade química do mosto, Cabernet Sauvignon. ABSTRACT The N fertilization in vines, in general, causes great impact in the yield and in chemistries characteristics of the grape and your must, consequently of the wine. The experiment was carried out in 2004/05, to evaluate the effect of the N fertilization in the grape yield and in chemistries characteristics of the must of Cabernet Sauvignon vines, at Sandy Typic Hapludalf soil in Southern Brazil, Santana do Livramento. The treatments were 0, 15, 30, 45, 60 and 85kg ha -1 N. In the maturation, the grape was collection and evaluate yield vine, yield hectare, length and width of bunches, and weight 100 berry. Berries were collected, a part mass the evaluate in the must soluble solids, ph, total acidity, tartaric acid, malic acid, total phenols, anthocyanins and N ammonia. The remaining berries were triturated and evaluate total N, P, K, Ca and Mg. The results showed that the N fertilization did not affect the grape yield and yield components. The application of N rates increased in the must the total acidity and N ammonia, and decreased anthocyanins, and in berry increased the percentage total N and K. Key words: grapevine nutrition, nitrogen, grape production, chemical quality of the must, Cabernet Sauvignon. INTRODUÇÃO A aplicação de N na videira causa grande impacto no crescimento vegetativo das plantas, na sua produtividade e nas características químicas da uva e do seu mosto e, conseqüentemente, no vinho. Por isso, tem sido tema de pesquisa em tradicionais regiões vitivinícolas do mundo. No Rio Grande do Sul (RS), maior produtor de uvas para a elaboração de vinhos do Brasil, estudos I Programa de Pós-graduação em Ciência do Solo, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Rua Erly de Almeida Lima, 546, apto 302, Bairro Camobi, 97105-120, Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: gustavobrunetto@hotmail.com. Autor para correspondência. II Departamento de Solos, UFSM, Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: carlosceretta@smail.ufsm.br. III Pesquisador da Embrapa Uva e Vinho, Bento Gonçalves, RS, Brasil. E-mail: george@cnpuv.embrapa.br. IV Curso de Agronomia, UFSM, Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: crlourenzi@yahoo.com.br. V Pernod Ricard Brasil/Almadén, Santana do Livramento, RS, Brasil. E-mail: Afranio.Moraes@pernod-ricard-brasil.com. Recebido para publicação 23.02.06 Aprovado em 30.08.06

390 Brunetto et al. dessa natureza são escassos. Isso porque os primeiros cultivos de videira foram realizados em solos com textura média ou argilosa, com médio a alto teor de matéria orgânica, o que confere alta capacidade de fornecimento de N (DAL BÓ, 1992; BRUNETTO, 2004). Entretanto, com a ampliação de fronteiras agrícolas, áreas de campo natural da Campanha Gaúcha foram incorporadas ao sistema de produção de uvas. Nessas áreas, a videira passou a ser cultivada em solos com textura arenosa e com baixo teor de matéria orgânica, tendo pequena capacidade de suprimento de N. Assim, a aplicação de N passou a ser uma prática de manejo necessária, já que este nutriente tem efeito na produção de uva (GOLDSPINK & GORDON, 1991; BELL & ROBSON, 1999) e nas características químicas da uva e do seu mosto, afetando os teores de sólidos solúveis totais, de ph, de acidez, de ácidos orgânicos, de polifenóis totais, de antocianas e de nutrientes (OUGH et al., 1968; BELL, 1991; BERTRAND et al., 1991; SMART, 1991; SPAYD et al., 1994; SPAYD et al., 1995; KELLER & HRAZDINA, 1998; KELLER et al., 1998; KELLER et al., 1999; KELLER, 2005). Atualmente, no RS, a Comissão de Química e Fertilidade do Solo (CQFS - RS/SC, 2004) indica a dose de N para a cultura da videira a partir do seu teor total na folha completa ou no pecíolo e, na expectativa de produtividade, recomenda a aplicação parcelada durante o ciclo vegetativo-produtivo das plantas. Entretanto, esta recomendação não considera a relação entre a aplicação de N no solo e a produtividade, muito menos sobre as características químicas da uva e do seu mosto. Além disso, a disponibilidade de N do solo às plantas sofre grandes variações pelas alterações das condições de fertilidade do solo e pelas manifestações do clima. Isso motiva a realização de experimentos de campo para a obtenção de informações sobre o melhor manejo do N, harmonizando as produções com a qualidade química da uva e do seu vinho. Este trabalho objetivou avaliar o efeito da aplicação de N na produção de uva e nas características químicas desejáveis do mosto. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado na Empresa Pernod Ricard Brasil/Almadén, no município de Santana do Livramento, RS (Latitude 30 o 48 31 S e Longitude 55 o 22 33 W), região fisiográfica da Campanha, na safra 2004/2005. A área experimental foi instalada em vinhedo comercial, plantado em 1978, de viníferas Cabernet Sauvignon, enxertadas sobre o porta-enxerto SO 4, na densidade de 1.525 plantas por hectare (3,5m x 2,0m) e conduzidas em espaldeira. O solo foi Argissolo Vermelho distrófico arênico (EMBRAPA, 1999) e apresentou, na camada de 0-20cm, os seguintes atributos: areia 822g kg -1 ; silte 115g kg -1 ; argila 63g kg -1 ; matéria orgânica 10g kg -1 ; ph em água 6,1; Índice SMP 7,1; Ca trocável 1,85cmol c dm -3 (KCl 1mol L -1 ); Mg trocável 0,89cmol c dm -3 (KCl 1mol L -1 ); P disponível 40,0mg dm -3 (Mehlich 1) e K disponível 46mg dm -3 (Mehlich 1). Os tratamentos consistiram da aplicação de 0, 15, 30, 45, 60 e 85kg ha -1 de N de forma parcelada: 50% no início da brotação (13/09/2004); 25% na brotação (10/10/2004) e 25% na floração (09/11/2004). No momento da aplicação do N, a vegetação nativa foi eliminada numa área de 0,50 x 0,50m (0,25m 2 ), sendo o caule da videira o centro da área. Posteriormente, a uréia (45% N) foi aplicada sobre a superfície do solo e incorporada manualmente. Em seguida, foi adicionada maravalha com partículas grandes numa camada com espessura de, aproximadamente, 0,5cm, sendo irrigada para diminuir as perdas de N por volatilização. No decorrer do experimento a área de 0,25m 2 foi mantida isenta de ervas daninhas para não afetar a disponibilidade de N às plantas. O delineamento experimental usado foi blocos casualizados, com três repetições, e cada parcela foi formada por quatro plantas com número igual de ramos produtivos, distribuídas ao longo da fila de plantio. Durante a condução do experimento, as videiras receberam a aplicação de fertilizantes (exceto N), conforme a recomendação da CQFS - RS/SC (2004), de fungicidas e inseticidas, e foram submetidas a três podas verdes. Na maturação da uva, foram coletados aleatoriamente quatro cachos no centro da planta e quatro na parte externa, os quais foram pesados e determinados o seu comprimento e a sua largura. Em seguida, foi contado o número de bagas em cada cacho, sendo coletadas bagas no topo do cacho, na parte média e inferior, pesadas e reservadas. Logo após, os cachos restantes nas plantas foram colhidos e pesados. Em seguida, as bagas de uva reservadas de cada tratamento foram separadas em duas partes, armazenadas e refrigeradas. Posteriormente, parte das bagas de uva foi amassada e, no mosto, foram determinados os sólidos solúveis totais, com refratômetro digital de bancada com controle de temperatura; o ph, com potenciômetro digital; a acidez total por titulação com NaOH 0,1N, usando o azul de bromotimol como indicador; o ácido tartárico e o ácido málico por cromatografia líquida de alta eficiência (AUGUSTE, 1979); os polifenóis totais em espectrofotômetro UV/VIS, a 280nm; as antocianas pelo

Aplicação de nitrogênio em videiras na Campanha Gaúcha: produtividade e características químicas do mosto da uva. 391 método de diferença de ph (RIBÉREAU - GAYON & STONESTREET, 1965) e o nitrogênio amoniacal por destilação e titulação (TEDESCO et al., 1995). As bagas de uva da outra parte das amostras foram trituradas e foram determinados os teores totais de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio, segundo metodologia proposta por TEDESCO et al. (1995). Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e, quando os efeitos foram significativos, foram ajustadas equações de regressão, testando-se os modelos linear, quadrático e cúbico pelo teste F, escolhendo-se aquele com significância menor que 5% (P<0,05). RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados de produção de uva e componentes de rendimento mostram que a aplicação de N não aumentou a produção de uva por planta, e por hectare, nem o comprimento e a largura dos cachos (Tabela 1). Entretanto, é importante ressaltar que a produção de uva em todos os tratamentos foi elevada para viníferas Cabernet Sauvignon, conduzidas em sistema de condução espaldeira. A falta de resposta à aplicação de N pode ter ocorrido porque as condições de umidade no solo foram boas e as temperaturas foram amenas durante todos os meses do ano e isso, segundo AGEHARA & WARNCKE (2005), favorece a mineralização da matéria orgânica do solo e a decomposição de resíduos vegetais depositados sobre a superfície do solo nas entrelinhas das videiras, que, neste caso, foram resíduos de plantas de cobertura, de ramos podados e de folhas das videiras. Isso sugere que as quantidades de N disponibilizadas no solo foram suficientes para a produção e para o desenvolvimento das videiras (BRUNETTO, 2004), mesmo em solo com baixo teor de matéria orgânica, 10g kg -1. Assim, a observação de DAL BÓ (1992) de que a diminuição da quantidade de N aplicada na videira deve ser realizada em solos com médio ou alto teor de matéria orgânica, 40-50g kg -1, não é condizente com os resultados deste trabalho. Por outro lado, a aplicação de N aumentou de forma linear o peso das bagas de uva (Tabela 1) e isso pode ser atribuído, em geral, ao aumento da relação polpa/casca da baga, o que esta associado à diminuição dos valores de importantes compostos responsáveis pela coloração do mosto e do vinho, entre os quais as antocianas, como observado na tabela 2 e relatado por KELLER & HRAZDINA (1998) e KELLER et al. (1999). Os resultados de características químicas do mosto da uva mostram que a aplicação de N não afetou os valores de sólidos solúveis totais (Tabela 2), como reportado por BELL (1991). Por outro lado, as doses de N aumentaram, de forma quadrática, os valores de ph do mosto e de ácido tartárico, e, de forma linear, os valores de acidez total e de ácido málico. Os resultados de ácido málico, de ácido tartárico e da acidez total confirmam os dados encontrados por BERTRAND et al. (1991), KELLER et al. (1998) e KELLER et al. (1999), que atribuem isso ao crescimento vegetativo da parte aérea das videiras, que aumenta o sombreamento no interior das plantas, retardando a maturação da uva e a degradação de ácidos orgânicos na baga. Além disso, estequiometricamente não há relação entre o ph do meio e a acidez, pois, enquanto esta depende da concentração de ácidos no meio, o ph é dependente da capacidade de ionização deles. Assim, quando há predominância de ácidos fortes, o ph é baixo, mas a presença de ácidos fracos gera ph mais alto. A aplicação de N não alterou os valores de polifenóis totais, porém os valores de antocianas diminuíram, de forma linear, com o aumento da dose de N (Tabela 2). Os resultados de antocianas estão de acordo com os obtidos por SMART (1991), KELLER & HRAZDINA (1998) e KELLER (2005), e isso, de acordo Tabela 1 - Produção de uva e componentes de rendimento da cultivar Cabernet Sauvignon submetida à aplicação de nitrogênio no solo. Dose Produção de uva Comprimento Cacho Largura Peso de 100 bagas kg ha -1 de N kg planta -1 kg ha -1 cm g 0 12,67 ns 18.097 ns 15,89 ns 7,09 ns 156,63 1 15 14,28 20.387 15,69 6,88 165,26 30 12,87 18.380 15,75 7,27 160,62 45 12,66 18.073 15,48 7,45 175,35 60 13,18 18.821 15,90 7,16 173,30 85 12,53 17.897 15,48 7,11 174,76 CV % 16,53 16,54 14,48 16,98 10,00 ns = não-significativo a 5%; (1) y = 159,096 + 0,2185x (r 2 = 0,10).

392 Brunetto et al. Tabela 2 - Características químicas do mosto da uva da cultivar Cabernet Sauvignon submetida à aplicação de nitrogênio no solo. Dose SST ph Acidez total Ac. tartárico Ac. málico Polifenóis totais Antocianas N amoniacal kg ha -1 de N o Brix meq L -1 g L -1 I 280 mg L -1 0 17,2 ns 3,78 1 42,7 2 1,8 3 3,9 4 19,6 ns 64,3 5 48,75 6 15 17,4 3,94 47,0 2,3 4,5 19,9 55,1 52,50 30 17,9 3,87 52,3 2,7 5,0 20,7 35,3 66,06 45 18,3 3,94 60,0 2,9 5,6 19,9 32,8 78,56 60 17,2 3,85 66,5 2,9 6,1 19,4 28,0 82,44 85 17,5 3,78 72,5 2,9 6,2 20,6 27,5 87,69 CV % 7,12 2,56 14,00 13,70 9,68 9,60 6,85 5,05 ns = não significativo a 5%; (1) y = 3,809 + 0,0057x 0,00007x 2 (r 2 = 0,28); (2) y = 42,309 + 0,3708x (r 2 = 0,66); (3) y = 1,867 + 0,0333x 0,00025x 2 (r 2 = 0,66); (4) y = 4,109 + 0,0282x (r 2 = 0,67); (5) y = 58,049-0,4480x (r 2 = 0,78); (6) y = 49,539 + 0,5053x (r 2 = 0,89). com esses autores, devem-se, primeiramente, à distribuição das antocianas da baga para os ramos e folhas, que tiveram o seu crescimento estimulado pela aplicação de N. Em segundo lugar, a deficiência de luz no interior das videiras, em geral, reduz a atividade de enzimas que regulam a síntese de compostos fenólicos, entre os quais as antocianas. A aplicação de N também aumentou de forma linear os valores de N amoniacal no mosto da uva (Tabela 2), mesma tendência observada na porcentagem de N total na baga da uva (Tabela 3), como encontrado por OUGH et al. (1968) e SPAYD et al. (1994), mostrando que as plantas absorveram o N do fertilizante aplicado, mas que este foi insuficiente para aumentar a produção de uva (Tabela 1). Cabe ressaltar que o aumento de N total na baga e de suas formas no mosto possui correlação positiva e significativa com o crescimento de microrganismos no mosto (MONTEIRO & BISSON, 1991; SPAYD et al., 1995), e isso evita paradas de fermentação. Os resultados dos nutrientes totais na baga mostram que a aplicação de N aumentou de forma linear Tabela 3 - Nutrientes totais na baga da uva da cultivar Cabernet Sauvignon submetida à aplicação de nitrogênio no solo. Dose Nitrogênio Fósforo Potássio Cálcio Magnésio kg ha -1 de N % 0 0,87 1 0,05 ns 0,38 2 0,01 ns 0,01 ns 15 0,90 0,05 0,41 0,01 0,01 30 0,93 0,05 0,42 0,01 0,01 45 0,98 0,04 0,44 0,02 0,01 60 1,02 0,04 0,42 0,01 0,01 85 1,06 0,05 0,39 0,01 0,01 CV% 11,39 22,98 11,45 20,66 21,77 ns = não significativo a 5%; (1) y = 0,8714 + 0,0024x (r 2 = 0,28); (2) y = 0,383 + 0,0021x - 0,0002x 2 (r 2 = 0,15). a porcentagem de N total e de forma quadrática o potássio (Tabela 3). Isso pode ser atribuído ao fato de que, com a hidrólise do grânulo de uréia, ocorre a formação de amônia (NH 3 ), a qual, não sendo volatilizada, reage com moléculas de água, originando amônio (NH 4+ ) e hidroxilas (OH - ), aumentando o ph do sítio. O NH 4+, quando nitrificado, origina moléculas de nitrato, de hidrogênio e de água. O íons hidrogênio diminuem o ph do sítio e, quando adsorvidos aos colóides do solo, liberam cátions correspondentes para a solução do solo, entre eles o potássio. Este é absorvido pelas videiras e distribuído para as partes em crescimento, entre as quais a baga de uva, que, em virtude do aumento do peso com a dose de N (Tabela 1), favoreceu a acumulação de potássio. Convém relatar que o aumento do potássio na baga de uva e, posteriormente, no mosto, potencializa a formação de bitartarato de potássio no vinho, depreciando a sua qualidade química, como relatado por MPELASOKA et al. (2003), em ampla revisão sobre o assunto. CONCLUSÕES A aplicação de nitrogênio em viníferas Cabernet Sauvignon não afetou a produção de uva e os componentes de rendimento. A aplicação de doses crescentes de N em viníferas Cabernet Sauvignon, de forma destacada, aumentou no mosto os valores de acidez total e N amoniacal e diminuiu os valores de antocianas e, na baga de uva, aumentou a porcentagem do total de N e K. APRESENTAÇÃO E AGRADECIMENTOS Parte do trabalho de Tese de Doutorado do primeiro autor. Trabalho realizado com recursos do Conselho nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Embrapa Uva e Vinho.

Aplicação de nitrogênio em videiras na Campanha Gaúcha: produtividade e características químicas do mosto da uva. 393 À Empresa Pernod Ricard Brasil/Almadén, por disponibilizar os vinhedos comerciais para a instalação do experimento. Aos bolsistas de Iniciação Científica Éder Efraim Trentin, Eduardo Girotto, Renan Costa Beber Vieira e Jaqueline Cristine Adorna (UFSM), pelo auxílio na execução do experimento. Aos funcionários do Laboratório de Análise de Solo e Tecido e de Enoquímica da Embrapa Uva e Vinho, pelo auxílio nas análises laboratoriais. Ao CNPq, pela concessão de bolsa aos pesquisadores Brunetto e Ceretta. À Embrapa, pela concessão de bolsa ao pesquisador Furlanetto. REFERÊNCIAS AGEHARA, S.; WARNCKE, D.D. Soil moisture and temperature effects on nitrogen release from organic nitrogen sources. Soil Science Society American Journal, Madison, v.69, p.1844-1855, 2005. AUGUSTE, M.H. Application de la chomatographie en phase liquide à haute pression à l analyse des moûts et des vins. 1979. 135f. Tese (Doutorado em Enologia- Ampelologia) - Université de Bordeaux II. BELL, J.S. The effect of nitrogen fertilization on growth, yield, and juice composition of Vitis vinifera cv. Cabernet Sauvignon grapevines. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON NITROGEN IN GRAPES AND WINE, 1991, Washington. Proceeding Washington: The American Society for Enology and Viticulture, 1991. p.206-210. BELL, S.J.; ROBSON, A. Effect of nitrogen fertilization on growth, canopy density, and yield of Vitis viniferas L. cv. Cabernet Sauvignon. American Journal of Enology and Viticulture, Davis, v.50, p.351-358, 1999. BERTRAND, A. et al. Effects of nitrogen fertilization and graftiong on the composition of must and wine from Merlot grapes, particularly on the presence of ethyl carbamate. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON NITROGEN IN GRAPES AND WINE, 1991, Washington. Proceeding Washington: The American Society for Enology and Viticulture, 1991. p.215-220. BRUNETTO, G. Absorção e redistribuição do nitrogênio aplicado em plantas de videira. 2004. 74f. Dissertação (Mestrado em Ciência do Solo) - Universidade Federal de Santa Maria. COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO - RS/ SC. Manual de adubação e calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. 10.ed. Porto Alegre: SBCS - Núcleo Regional Sul/UFRGS, 2004. 400p. DAL BÓ, M.A. Efeito da adubação NPK na produção, qualidade da uva e nos teores foliares de nutrientes da videira. Revista Brasileira de Fruticultura, Cruz das Almas, v.14, p.189-194, 1992. EMBRAPA - CNPS. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília. EMBRAPA. Rio de Janeiro, 1999. 412p. GOLDSPINK, B.; GORDON, C. Response of Vitis vinifera cv. Sauvignon blanc grapevines to timed applications of nitrogen fertilizers. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON NITROGEN IN GRAPES AND WINE, 1991, Washington. Proceeding Washington: The American Society for Enology and Viticulture, 1991. p.255-258. KELLER, M. et al. Interaction of nitrogen availability during bloom and light intensity during veraison. I. Effects on grapevine growth, fruit development, and ripening. American Journal of Enology and Viticulture, Davis, v.49, p.333-340, 1998. KELLER, M; HRAZDINA, G. Interaction of nitrogen availability during bloom and light intensity during veraison. II. Effects on anthocyanin and phenolic development during grape ripening. American Journal of Enology and Viticulture, Davis, v.49, p.341-349, 1998. KELLER, M. et al. Excessive nitrogen supply and shoot trimming can impair colour development in Pinot Noir grapes and wine. Australian Journal of Grape and Wine Research, Adelaide, v.5, p.45-55, 1999. KELLER, M. Nitrogen - Friend or foe of wine quality. Capturado em 22 nov. 2005. Online. Disponível na Internet http://www.practicalwinery.com/septoct05/septoct05p24.htm. MONTEIRO, F.F.; BISSON, L.F. Biological assay of nitrogen content of grape juice and prediction of sluggish fermentations. American Journal of Enology and Viticulture, Davis, v.42, p.47-57, 1991. MPELASOKA, B.S. et al. A review of potassium nutrition in grapevines with special emphasis on berry accumulation. Australian Journal of Grape and Wine Research, Adelaide, v.9, p.154-168, 2003. OUGH, C.S. et al. Rootstock-scion interactions concerning winemaking. I. Juice composition changes and effects on fermentation rate with St George and 99-R rootstocks at two nitrogen fertilizer levels. American Journal of Enology and Viticulture, Davis, v.19, p.213-227, 1968. RIBÉREAU - GAYON, P.; STONESTREET, E. Le dosage des anthocyanes dans les vins rouges. Bulletin de la Societé Chimique de France, Paris, v.9, n.419, p.2649-2652, 1965. SMART, R.E. Canopy microclimate implications for nitrogen effects on yield and quality. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON NITROGEN IN GRAPES AND WINE, 1991, Washington. Proceeding Washington: The American Society for Enology and Viticulture, 1991. p.90-101. SPAYD, S.E. et al. Nitrogen fertilization of white Riesling grapes in Washington. Must and wine composition. American Journal of Enology and Viticulture, Davis, v.45, p.34-42, 1994. SPAYD, S.E. et al. Yeast growth in riesling juice as affected by vineyard nitrogen fertilization. American Journal of Enology and Viticulture, Davis, v.46, p.49-55, 1995. TEDESCO, M.J. et al. Análise de solo, plantas e outros materiais. Porto Alegre: UFRGS/FA/DS, 1995. 174p.