Produção de mudas de Hymenaea courbaril L. em sementeira e semeadura direta Halano Carvalho Machado¹; Patrícia Aparecida de Souza 2 ; Lucicléia Mendes de Oliveira 3 Pâmela Rodrigues 4 ; Marcos Vinicius Miranda 5 1,4 e 5 Alunos do Curso de Engenharia Florestal; Campus de Gurupi; e-mail: halano_3d@uft.edu.br; pamela_rodrigues@uft.edu.br; viniciusgpi@uft.edu.br 2 Prof(a) do Curso de Engenharia Florestal; Campus de Gurupi; e-mail: patriciaapsouza@uft.edu.br 3 Bolsista PNPD do Curso de Engenharia Florestal; Campus de Gurupi; e-mail:lucicleia@biologa.bio.br RESUMO: O jatobá-da-mata é uma espécie largamente utilizada em composição de reflorestamentos, na arborização de parques e jardins, mas apresenta dormência em suas sementes o que dificulta a produção de mudas. O trabalho teve como objetivo avaliar se os métodos de plantio e o tamanho de recipiente vão interferir na germinação e desenvolvimento das mudas de Hymeneae coubaril L. As sementes da espécie foram submetidas à superação da dormência passando pela escarificação mecânica com lixa para madeira, seguido de embebição durante 48h, para antecipar o processo germinativo. O experimento foi desenvolvido em casa de vegetação da Universidade Federal do Tocantins, Campus de Gurupi. Foram realizados dois procedimentos para a produção de mudas, o sistema de repicagem e o plantio direto para os quais foram utilizados dois tamanhos de sacos, um pequeno (10 x 15 cm) e outro grande (10 x 25 cm). As variáveis avaliadas foram: altura das plantas e diâmetro do caule aos 30, 60 e 90 dias após a emergência das plântulas. Conclui-se que para a produção de mudas de Hymenaea courbaril, a quebra de dormência é de fundamental importância para uma alta taxa de germinação. E que os procedimentos de plantios e os tamanhos dos sacos plásticos para produção de mudas não interfere no crescimento das plantas. Palavras-chave: tamanho do recipiente; jatobá-da-mata; repicagem. INTRODUÇÃO Hymeneae coubaril L. é uma árvore da família Fabaceae e subfamília Caesalpinioideae, também conhecida pelos nomes vulgares, jatobá-da-mata, jatobá, jatai, farinheira, jatobá-miúdo, jatobá-da-catinga, dentre outros. Ocorrendo desde o estado do Piauí até o norte do Paraná, na floresta semidecídua, tanto em solos de alta quanto aqueles de média fertilidade. Utilizada em composição de reflorestamentos, na arborização de parques e jardins, na construção civil e na confecção de móveis (LORENZI, 2008). No entanto, as sementes apresentam dormência o que limita a propagação da espécie, especialmente quando se pretende produzir mudas em larga escala e de forma homogênea, constituindo-se num problema para os viveiristas. Página 1
A dormência se caracteriza como um retardamento da germinação, pois mesmo com todas as condições favoráveis (umidade, temperatura, luz e oxigênio), as mesmas não germinam. Fenômeno utilizado pela planta para germinar na época mais adequada para o seu desenvolvimento e com isso garantir a perpetuação da espécie (CARVALHO e NAKAGAWA, 2000). Nesse sentido, há vários métodos que podem ser utilizados para superação da dormência, os quais variam conforme a espécie. No caso do jatobá-da-mata podem ser utilizados vários métodos como escarificação mecânica (FREITAS et al., 2013) ou acido sulfúrico (BUSSATO et al., 2013). Além da dormência das sementes, outros fatores devem ser considerados quando se pretende produzir mudas, como por exemplo: a forma de plantio e o tipo de recipiente. Há várias formas de produzir mudas de espécies florestais, podendo ser diretamente na sementeira ou através do plantio direto em recipientes, em viveiro. O método de semeadura direta consiste em depositar as sementes em recipientes, os quais a cada dia ocupa mais espaço no viveiro, mas apresenta a vantagem de obter mudas vigorosas e minimizam as perdas ocasionadas por doenças. Enquanto o método da repicagem consiste em realizar o transplante da muda de um recipiente ou sementeira para a embalagem definitiva, porém torna a produção mais cara, além de exigir mais mão de obra (SCHORN e FORMENTO, 2003). Além dessas formas de plantio para a produção de mudas, outro fator que deve ser lavado em consideração é o tipo de recipiente. Os sistemas de produção mais utilizados para a produção de mudas de espécies florestais nativas incluem o uso de tubetes e sacos plásticos de diferentes dimensões, sendo preferível utilizar sacos maiores, em vez de tubetes, por causa das maiores dimensões, a qual possibilita maior sobrevivência e crescimento inicial. No entanto, essa prática pode está ligada a baixa qualidade da muda produzida em tubete ou a falta de conhecimento necessário para produzir muda de qualidade (VARGAS et al., 2011), além disso, o volume do recipiente, altura e diâmetro varia conforme a espécies a ser propagada e o tempo que a muda permanece no viveiro (ENGEL e FERRAZ, 2011). O trabalho teve como objetivo avaliar se os métodos de plantio e o tamanho de recipiente vão interferir na germinação e desenvolvimento das mudas de Hymeneae coubaril L. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido de junho a setembro de 2014, no Viveiro Florestal da Universidade Federal do Tocantins, campus de Gurupi. Para a realização desse experimento foram coletados frutos de L. em árvores matrizes desse campus, cujos frutos foram levados para o laboratório de análise de sementes Hymeneae coubaril para serem beneficiados, feito isso, as sementes passaram pela escarificação mecânica com lixa para madeira, seguido de embebição durante 48h, para antecipar o processo germinativo. Página 2
Foram realizados dois procedimentos para a produção de mudas, o sistema de repicagem e o plantio direto para os quais foram utilizados dois tamanhos de sacos, um pequeno (10 x 15 cm) e outro grande (10 x 25 cm). Para o sistema de Repicagem, onde as sementes foram plantadas em sementeira, com 6 sucos contendo 20 sementes cada. Após foi colocada uma cobertura com resíduo de serragem peneirado para ajudar a manter umidade. As mudas foram transferidas para os sacos plásticos quando atingirem de 3 a 5 cm de altura ou 2 pares de folhas, aos 15 dias após a germinação, utilizando-se os recipientes (10 x 15 cm); (10 x 20 cm), com 4 repetições cada. O outro sistema foi de plantio direto, onde foram utilizados os sacos plásticos, em que as sementes foram plantadas diretamente neles, 4 sementes por saco, 4 sacos de 10 x 15 cm e 4 de 10 x 25 cm, os quais continham a seguinte combinação de substrato: terra de subsolo, solo de cobertura (rico em matéria orgânica) e casca de arroz carbonizada na proporção de 2:2:1,. Logo após a semeadura foi colocado a cobertura com resíduo de serragem peneirado. Durante o experimento, da semeadura até o fim, foi mantido um regime de regas diárias, duas vezes ao dia, que permitiu a manutenção do substrato na capacidade de campo. O critério de contagem das plântulas emergidas foi quando as plântulas apresentaram 1 cm acima do substrato, sendo os dados expressos em porcentagem. As variáveis mensuradas ao longo do experimento foram: altura das plantas e diâmetro do caule, utilizando-se uma régua graduada em cm e um paquímetro digital em mm, cujas avaliações foram feitas aos 30, 60 e 90 dias após a emergência das plântulas. Finalizado os experimentos, os dados foram submetidos à análise de variância pelo programa estatístico SISVAR. As comparações das médias foram realizadas pelo teste de Scott & Knott ao nível de 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO As sementes de Hymeneae coubaril apresentaram taxa de germinação de 90,63%, confirmando que a quebra de dormência foi realmente eficaz e determinante na taxa de sucesso de germinação. De acordo com a tabela 1, observou-se que os procedimentos de plantio, semeadura direta e em sementeira seguido de repicagem não afetaram as características morfológicas das plântulas expressas pela variável altura e o diâmetro do colo, além disso, pode-se constatar que os tamanhos dos recipientes também não afetou o desempenho das mudas de Hymeneae coubaril. Os resultados obtidos para as mudas de Hymeneae coubaril demonstraram que nem a forma de plantio e nem o tipo de recipiente exerceu efeito sobre o crescimento inicial de plântulas da espécie nas condições do estudo. Página 3
De acordo com Bertolini et al., (2010) a altura das plantas de Delonix regia foi afetada pela semeadura com posterior repicagem, havendo um retardamento no crescimento inicial, enquanto que o diâmetro de colo não houve diferença significativa, quando comparados com a semeadura direta. Tabela 1. Médias da altura (H) e diâmetro do colo (DAC) nas mudas Hymeneae coubaril produzidas em diferentes tipos de recipiente aos 60 e 90 dias após a emergência. Tratamentos H DAC H DAC 60 dias 90 dias T1- repicagem SG 18,65 a 3,22 a 20,44 a 4,35 a T2- semeadura direta SG 19,80 a 2,77 a 22,37 a 4,10 a T3- repicagem SP 16,62 a 2,32 a 17,92 a 2,85 a T4- semeadura direta SP 20,72 a 2,95 a 22,22 a 4,07 a CV (%) 32,12 34,50 30,53 33,99 Médias seguidas na coluna com letras iguais não diferem entre si pelo Teste de Scott & Knott a 5% de probabilidade. SG-saco grande; SP- saco pequeno. CONCLUSÃO Conclui-se que para a produção de mudas de Hymenaea courbaril, a quebra de dormência é de fundamental importância para uma alta taxa de germinação. E que os procedimentos de plantios e os tamanhos dos sacos plásticos para produção de mudas não interfere no crescimento das plantas. LITERATURA CITADA BERTOLINI, I.C.; GALLO, J.C.; SILVA, R.D.; SGARBI, A.S.; BRUN, E.J. Crescimento inicial de mudas de flamboyant (Delonix regia (Bojer ex Hook.) Raf.) sob diferentes condições de plantio em viveiro florestal. Seminário: Sistemas de Produção Agropecuária Ciências Agrárias, Animais e Florestais. 2010. Disponível em:http://revistas.utfpr.edu.br/dv/index.php/sspa/article/view/334. Acesso em: 10/09/2014. BUSSATO, P.C.; NUNES, A.S.; COLMAN, B.A.; MASSON, G.L. Superação de dormência em sementes de jatobá (Hymenaea courbaril L.). Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, Mossoró, v.8, n.1, p.154-160, 2013. FREITAS, A.R.; LOPES, J.C.; MATHEUS, M.T.; MENGARDA, L.H.G.; VENANCIO, L.P.; CALDEIRA, M.V.W. Superação da dormência de sementes de jatobá. Revista Pesquisa Florestal Brasileira. Colombo, v.33, n.73, p.85-90, 2013. LORENZI, H. 2008. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Ed. Plantarum, Nova Odessa. p 135. Página 4
SCHORN, L.A.; FORMENTO, S. Produção de mudas florestais. Blumenau: Universidade Regional de Blumenau, Centro de Ciências Tecnológicas, Departamento de Engenharia Florestal, 2003, 55 p. VARGAS, F.S.; EBECHI, R.J.; SCHORN, L.A.; FENILLI, T.AB. Efeitos da mudança de recipiente em viveiro na qualidade de mudas de Cassia leptophylla Vogel, Eugenia involucrata DC. e de Cedrela fissilis Vell. Rev. Acad., Ciênc. Agrár. Ambient., Curitiba, v.9, n.2, p.169-177, 2011. Página 5