Solos do Município de Alenquer, Estado do Pará

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Transcrição:

Solos do Município de Alenquer, Estado do Pará A região Amazônica tem se tornado mundialmente conhecida como palco de uma intensa ofensiva do homem contra biodiversidade, tendo como causa primeira, o processo desordenado de ocupação das terras, que culminou com o quadro hoje existente, de imensa alteração ambiental em algumas áreas, com as conseqüências inevitáveis do desmatamento irracional que avança em forma de um grande arco, desde a parte oeste do Estado do Maranhão, passando pelos Estados do Pará, Mato Grosso, Rondônia e Acre, no oeste da Amazônia. O município de Alenquer está localizado na porção noroeste do Estado do Pará, pertencente à mesorregião do Baixo Amazonas, microrregião de Santarém, entre as coordenadas de 00º22 52 de latitude norte e 02º25 34 de latitude sul, e 53º41 52 e 54º54 13 de longitude oeste, limitando-se ao norte com os municípios de Óbidos e Monte Alegre, ao sul com Santarém e Juruti, a leste com Monte Alegre e a oeste com Curuá e Óbidos, ocupando área de aproximadamente 24.464 km². A exploração desordenada da Amazônia tem causado modificações no ecossistema, por causa especialmente da implantação de atividades agrícolas, florestais e pastorais realizadas em grandes extensões de área, a qual gera, consequentemente, um crescente impacto ambiental. Os efeitos do desmatamento podem ser percebidos, seja das madeiras perdidas com a queimada, seja pela perda de hábitat de diferentes espécies, o que significa perda da diversidade de produtos que a floresta disponibiliza à população local, ou ainda pela sedimentação dos rios, da erosão e da degradação do solo, por causa da retirada da cobertura vegetal. A trajetória de uso da terra apresenta caráter determinista, em face da diversidade de sistemas de cultivos observados em várias partes da Amazônia. Contudo, a maioria destes sistemas agrícolas é mal conduzida, produzindo inevitavelmente fortes impactos sociais e ambientais, que estão diretamente relacionados com as práticas agrícolas adotadas. Dessa forma, a falta de um sistema sustentável, que viabilize a produção de alimentos suficientes para o consumo da família e para manutenção d capacidade produtiva da terra, tem deixado grande parte da população rural sem garantia de uma condição socioeconômica mais estável. Assim, para direcionar estratégias voltadas a um desenvolvimento sustentável à Amazônia, faz-se necessário, através da pesquisa, além do desenvolvimento tecnológico do setor agrossilvipastoril, buscar mecanismos para a medição das questões maiores da região, tais como as relacionadas à preservação do meio ambiente e à utilização racional dos recursos naturais solo, água, flora e fauna com o mínimo de agressão ao ambiente. Neste sentido, merecem destaque as atividades voltadas para realização da caracterização e do mapeamento dos solos, avaliação da aptidão agrícola das terras e o zoneamento agroecológico da área pertencente ao Município de Alenquer, no Estado do Pará, o qual pretende construir para a minimização dos prejuízos da falta de informações básicas dos recursos naturais da Região Amazônica. Este zoneamento agroecológico objetiva servir de instrumento principal no gerenciamento ambiental, a fim de estabelecer parâmetros disciplinares para ocupação racional do solo, manejo adequado dos recursos naturais, assim como indicar estratégias de uso para cada zona.

Este trabalho objetiva realizar a caracterização e o mapeamento dos solos, com vistas ao zoneamento agroecológico da região do Município de Alenquer, na escala 1:250.000 (área aproximada de 24.464 km²). Descrição geral da Área Situação, Limites e Extensão O Município de Alenquer está localizado na porção noroeste do Estado do Pará, pertencente à mesorregião do Baixo Amazonas, microrregião de Santarém, entre as coordenadas de 00º22 52 de latitude norte e 02º25 35 de latitude sul, e 53º41 10 e 54º54 13 de longitude oeste, limitando-se ao norte com o Município de Almerim, ao sul com o de Santarém, a leste com o de Monte Alegre e a oeste com os de Curuá e Óbidos ocupando área de aproximadamente 24.464 km². O Município de Alenquer originou-se a partir de aldeamento dos índios Barés, ou Abares, nos fins do século XVII, fundado pelos padres capuchos na zona da catequese do Rio Curuá, sendo, em seguida, transferido para as margens do Rio Surubiú, braço do Rio Amazonas, ao lado do Lago Itacarará (Roque, 1998). Em 1756, o governador Francisco Xavier de Mendonça Furtado subiu o Rio Amazonas, dando topônimos portugueses às missões religiosas existentes. Foi assim que a localidade de Surubiú passou-se a chamar-se Alenquer (Roque, 1998). Esteve ligada a Santarém até 1848, quando obteve autonomia de município. Pela Lei nº 1.050, de 10 de junho de 1881, Alenquer foi elevada à categoria de Cidade, lei essa snacionada pelo então presidente da Província do Pará, Manoel Pinto de Sousa Dantas (Roque, 1998). Alenquer é uma pequena, mas fascinante cidade, localizada em área privilegiada na Região Amazônica. Dentro de seus limites, há dezenas de belas cachoeiras que variam de pequenas corredeiras até quedas de mais de 70 metros de altura, arquitetura secular em estilos que vão do neoclássico ao barroco, sítios arqueológicos com inscrição rupestre de mais de 11 mil anos. É em Alenquer que está o lugar mais misterioso, místico, impressionante e desafiador do Brasil: a cidade dos deuses amazônicos, ou a cidade de pedra perdida na Amazônia, com formações em arenito que constituem um ambiente onde existem portais, colunas, grutas, capelas e mais uma infinidade de formações que desafiam a imaginação, bem como as leis da gravidade. Conclusões A partir dos resultados obtidos sobre as características físicas, químicas e morfológicas dos solos, aliados aos dados e observações de campo, foi possível chegar às seguintes conclusões: - Na área de Alenquer, dominam os Argissolos Vermelho-Amarelo e os Latossolos Vermelho-Amarelo nas diferentes fases e classes texturais. - As principais limitações dos solos são a baixa fertilidade natural, a acidez elevada, alta saturação com alumínio e a drenagem deficiência de água, a susceptibilidade à erosão e o impedimento à mecanização, em virtude do relevo e/ou pedregosidade em algumas unidades pedológicas.

- A interação múltipla dos tipos de vegetação, classe de relevo, condições climáticas e as características inerentes ao próprio solo, evidenciam a necessidade de geração e utilização, na área em questão, de métodos de manejo e conservação de solos, a fim de minimizar os efeitos erosivos decorrentes do uso do solo. Fonte: Solos do Município de Alenquer, Estado do Pará Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Documentos ISSN 1517-2201 Novembro, 2002 - EMBRAPA.