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Transcrição:

Eixo temático: f) Problemática ambiental, cambio climático y gestión del riesgo Incertezas acerca das mudanças climáticas globais: os alarmistas, os céticos e os modelos de previsão do clima Autores: Francisco Ronnieplex de Moura Cruz*; Letícia Andrade da Silva*; Elisiene de Macêdo Pereira*; Rebecca Luna Lucena* *UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Caicó/RN Brasil. Resumo Este trabalho tem por objetivo principal apontar as principais dúvidas que permeiam as pesquisas voltadas para as mudanças climáticas globais, enfatizando as discordâncias dos diversos prognósticos elaborados pelos modelos de previsão do clima e os pontos mais imprecisos sobre as consequências da mudança do clima sobre a superfície da Terra. Nesse sentido, se tomou por base as teorias propagadas pelas duas principais correntes de cientistas que trabalham a temática das mudanças climáticas globais: a dos alarmistas e a dos céticos. Para a execução desse trabalho, foram realizadas pesquisas bibliográficas tais como, leitura de livros, leitura de relatórios técnicos e artigos científicos, além de análises e interpretação dos gráficos contidos nos mesmos. A análise do material bibliográfico nos mostra que sempre houve variação na temperatura terrestre, mesmo antes do surgimento do homem e em níveis bem mais elevados do que os atuais. As diferentes correntes ou linhas de pensamento dos autores, tanto a alarmista quanto a cética, concordam que a Terra passou por um aquecimento de cerca de 0,6ºC, no século XX, porém há uma grande divergência no que diz respeito as causas desse aquecimento, suas consequências e se ele ainda está ocorrendo. Os alarmistas afirmam que esse aquecimento é consequência do aumento do CO2 na atmosfera provocado pela ação antrópica e que ele ainda está ocorrendo e irá aumentar nos próximos anos. Já os céticos afirmam que o aquecimento atual é um fenômeno natural e que ele já cessou e que, ao contrário do que se divulga, a Terra está passando por um processo de resfriamento na atualidade. Por último, um tema que põe em cheque a confiabilidade de ambas as correntes que tratam das mudanças climáticas globais, diz respeito ao problema da previsão climática, que conforme afirma Miranda (2009), se nós não somos capazes de prever, com alguma precisão, o estado da atmosfera daqui a um mês, será que podemos

saber alguma coisa sobre o clima no próximo século ou no próximo milênio? Portanto, podemos concluir que ambas as linhas de cientistas não podem afirmar com um alto grau de precisão se o que eles defendem irá mesmo acontecer, pois são muitos os fatores e elementos envolvidos na complexidade do clima da Terra, tornando assim previsões precisas ou exatas praticamente impossíveis e deixando o debate, até o momento, apenas no campo das suposições. Palavras-chave: mudanças climáticas globais, aquecimento global, alarmistas e céticos, modelos de previsão do clima, prognósticos imprecisos. Introdução A partir das últimas décadas do século XX e adentrando pelo século XXI, temas como mudanças climáticas e aquecimento global têm dominado não só a mídia no geral, como também têm provocado grandes embates no mundo científico. Partindo desse pressuposto, este trabalho tem como objetivo principal apontar as principais dúvidas e incertezas que permeiam as pesquisas voltadas para as mudanças climáticas globais, enfatizando as discordâncias dos diversos prognósticos elaborados e os pontos mais imprecisos sobre as conseqüências da mudança do clima sobre a superfície da Terra. Assim sendo, ao analisar os dados bibliográficos inerentes ao tema, iremos constatar que não é de hoje que o planeta Terra passa por profundas mudanças em seu clima e que há atualmente duas linhas de cientistas, a cética contrária ao aquecimento antrópico e a alarmista, favorável ao aquecimento antrópico, ambas com teses totalmente divergentes e com argumentos bastante convincentes para assim defenderem com muito afinco seus prognósticos relativos às mudanças climáticas globais, como será exposto mais adiante. Metodologia Para a elaboração e o alcance dos objetivos dessa pesquisa, foi utilizado o método baseado na pesquisa bibliográfica. Este tipo de pesquisa busca explicar um ou mais problemas com base em contribuições teóricas publicadas em documentos como livros, periódicos, revistas, relatórios, etc. (TRALDI &. DIAS, 2006). Nesta pesquisa se utilizaram livros, leitura de artigos e leitura do IV Relatório

do IPCC - Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática / ONU - Organização das Nações Unidas de 2007 (IPCC, 2007), todos abordando temas relativos às mudanças climáticas e seus prognósticos, além da análise e interpretação dos gráficos que trazem números principalmente relativos aos parâmetros temperatura e CO2 e sua relação, contidos nesses materiais. Manchetes de jornais e revistas não científicas não foram trabalhadas nesta pesquisa por serem incontáveis e por muitas vezes não se comprometerem com o rigor científico. Resultados e discussão A análise do material bibliográfico nos mostra que sempre ocorreu variação na temperatura da superfície da Terra e consequentemente da atmosfera terrestre, mesmo antes do surgimento do homem, e existem evidencias de que estas temperaturas estiveram em níveis bem mais elevados do que os atuais (KANDEL, 2007). As mudanças dentro da atmosfera podem ser inteiramente provocadas tanto dentro do sistema Terra-atmosfera, como também por fatores extraterrestres e é importante fazer uma distinção entre variação do tempo atmosférico e variações climáticas, pois só se pode considerar uma mudança climática sobre determinada área, se ocorrerem flutuações climáticas por um longo período de tempo. Uma mudança no clima significa uma mudança na circulação geral da atmosfera, pois dessa o clima depende em última análise (AYOADE, 1996). A atmosfera da Terra como se sabe, é composta em sua maior parte de um conjunto de gazes. Os mais abundantes são: o nitrogênio 78,1%, o oxigênio 20,9%, o argônio 0,0934%, o dióxido de carbono 0,033% e 0,003 de outros gases (OLIVEIRA et al, 2001). Também participam como componentes atmosféricos matérias particulados como poeiras, fuligem, o pólen das plantas, etc. O efeito estufa é um fenômeno natural cuja ocorrência remete a origem da atmosfera e ele decorre da interação dos componentes da troposfera (primeira camada a partir da superfície terrestre), com a energia emitida pela superfície terrestre, a partir da interação da superfície com a energia oriunda do Sol. Esse fenômeno é um dos principais responsáveis pelo aquecimento do ar e consequentemente por manter a temperatura da Terra em níveis adequados para a existência da vida como a conhecemos (TOLENTINO, 1995; TORRES, 2011). A ação desses gases consiste em virtude de os mesmos bloquearem a perda da radiação terrestre para o espaço (por absorção do calor, por exemplo), mantendo-a assim na troposfera e provocando o seu aquecimento (MENDONÇA & DANNI-OLIVEIRA, 2007).

Atualmente existem duas linhas ou correntes científicas de autores que tratam das questões referentes às mudanças climáticas globais: a cética e a alarmista, mas tanto a cética quanto a alarmista concordam que a Terra passou por um aquecimento de cerca de 0,6ºC, no século XX, porém há uma grande divergência entre estes cientistas no que diz respeito a causa desse aquecimento e se ele ainda está ocorrendo. Os alarmistas afirmam que esse aquecimento global, principal motor das mudanças climáticas globais, tão propagado nos meios de comunicação, é consequência do aumento do CO2 na atmosfera provocado pela ação antrópica e que ele ainda está ocorrendo e irá aumentar nos próximos anos (IPCC, 2007). Já os céticos afirmam que o aquecimento atual é um fenômeno natural e que ele já cessou e que pelo contrário, a Terra está passando por um processo de resfriamento na atualidade (MARUYAMA, 2008; MOLION, 2008; ALEXANDER, 2010). Para alguns autores o dióxido de carbono (CO2) é o principal responsável pelo efeito estufa, pois ele é um gás que retém o calor na baixa atmosfera. O pai dessa teoria é o químico suíço Svante A. Arrhenius (1859-1927), porém a teoria mais importante relacionada ao tema foi elaborada pelo cientista inglês Nicholas J. Shackleton (1937-2006), (MARUYAMA, 2008). Mas, também vale lembrar que existem outros gases como o vapor de água, o metano, a amônia, o óxido nitroso, o ozônio e o clorofluorcarboneto que também contribuem para a intensificação do efeito estufa. Além de todos esses gases já citados, ainda existem a nebulosidade e o material particulado em suspensão no ar que são importantes na contribuição do processo do efeito estufa. Todos esses componentes atuam como uma barreira impedindo que toda a energia emitida pela Terra, em forma de onda longa, seja dissipada para o espaço sideral (VEIGA, 2008). O dióxido de carbono (CO2) está presente na atmosfera da Terra desde sua formação, mas tem variado ao longo das eras geológicas. Ainda que alguns autores afirmem que essas variações do CO2 e da temperatura da Terra na atualidade estejam ocorrendo principalmente devido ao incremento da queima de combustíveis fósseis como petróleo, gás e carvão, promovido através da industrialização e do aumento da frota de veículos assim como também em virtude do desmatamento e queimada das florestas (MENDONÇA & DANNI-OLIVEIRA, 2007), outros observam que variações semelhantes ou até maiores já ocorreram em períodos passados quando não existia nenhuma manipulação desses combustíveis fósseis pela ação humana. Diante de toda essa problemática, cientistas do Painel Intergovernamental Sobre Mudança Climática - IPCC, são bastante enfáticos ao afirmarem que a concentração de dióxido de carbono, de gás metano e de óxido nitroso na atmosfera global tem tido um aumento significativo em virtude das

atividades antrópicas desde o ano de 1750, e que em conseqüência disso a temperatura terrestre está aumentando desde então provocando assim mudanças climáticas a nível global (IPCC, 2007). Porém, o IPCC não consegue explicar com nitidez ou pelo menos de forma convincente, pautado na teoria do CO2, porque houve um decréscimo de temperatura a partir do ano de 1947 até 1976. Vale lembrar que esse foi o período pós-guerra e que foi a partir desse momento que começou a haver um maior desenvolvimento tecnológico e com isso uma maior emissão de CO2 na atmosfera, como afirma Molion. Pouco antes disso, mais precisamente entre 1925 e 1946, houve um aumento na temperatura média do Planeta de 0,4 C o qual corresponde a 70% do aquecimento até os dias atuais. Cabe salientar que nesse período era lançado bem menos dióxido de carbono na atmosfera terrestre do que no período posterior, ou seja, de 1947 a 1976 (LINO, 2011). A grande lacuna que separa as duas linhas de cientistas está pautada no fato de os dois grupos terem ideias bastante distintas com relação às origens do aumento da temperatura, pois enquanto os alarmistas colocam toda a culpa do aquecimento pelo qual passou e/ou passa o planeta Terra no século XX e início do século XXI, no aumento do dióxido de carbono provocado segundo eles, como já foi dito, pela ação antrópica (IPCC, 2007) os céticos tem outra visão bem mais complexa do tema, pois para eles os humanos têm muito pouca ou nenhuma influência no aquecimento global (ALEXANDER, 2010), e abrem um leque com vários fatores que podem ter provocado ou estarem provocando esse aquecimento, que como dito anteriormente, é um aquecimento inferior a outros que já ocorreram em períodos passados, muito antes da revolução industrial que iniciou a grande demanda por energia e pelo uso de combustíveis fósseis. Para esse último grupo de cientistas, não se pode deixar de lado a complexidade que envolve o clima na Terra e nos prender a uma única teoria, no mínimo contestável, que é a teoria do CO2. Para os céticos, os principais fatores que influenciam nas mudanças climáticas são: a intensidade da atividade solar, que quanto mais intensa mais contribuirá para que haja um aquecimento no globo; o campo geomagnético e os raios cósmicos, pois ambos têm uma relação, e quando o primeiro se intensifica o segundo se enfraquece favorecendo assim para o aumento das temperaturas terrestres; as erupções vulcânicas que quando ocorrem suas nuvens de poeira fazem a temperatura média do planeta diminuir, e uma prova real disso foi a explosão do vulcão Pinatubo nas Filipinas em 1991, que provocou o arrefecimento da temperatura em todo o mundo nos dois anos seguintes a sua explosão; a órbita terrestre que, de acordo com a teoria de Milankovitch, exerce grande influência no clima da Terra, pois a distância entre a Terra e o Sol varia em virtude da força gravitacional exercida por Júpiter e Saturno. Quando essa distancia é menor, a Terra recebe mais

energia e se aquece, quando é maior ocorre o efeito contrário (KANDEL, 2007; MARUYAMA, 2008, MOLION, 2008; ARAGÃO, 2009; MOLION 2011). Diante de tantas causas já relatadas para a ocorrência de variações de temperatura e mudanças no clima da Terra, fica claro que o incremento de gases do efeito estufa advindos das atividades humanas não pode ser considerada a única e principal causa do aquecimento que se registrou nos últimos anos. A figura 1 mostra o comportamento da temperatura e dos níveis de CO2 terrestres registrados nos últimos 400.000 anos. Figura 1: Temperatura do ar e níveis de CO2 nos últimos 420 mil anos (VOSTOK, ANTÁRTICA). Fonte: Petit et al, 1999 apud Molion, 2011. Outro ponto de discórdia entre céticos e alarmistas é no tocante a relação entre o aumento do CO2 e o aumento da temperatura, pois enquanto os alarmistas são veementes em afirmar que o aumento do CO2 é a causa do aumento da temperatura, os céticos discordam dizendo que o primeiro é apenas uma conseqüência do segundo, ou seja, primeiro a temperatura aumenta, para só depois haver uma elevação dos níveis de CO2 (MOLION, 2011). Aqui os céticos citam como exemplo para comprovar a sua teoria uma garrafa de refrigerante, pois se a agitarmos antes de abri-la ela soltará bem mais gás do que se fizermos esse procedimento sem agitá-la e esse gás que ela solta nada mais é do que dióxido de carbono (MARUYAMA, 2008). Ainda há outro confronto ideológico entre os cientistas no tocante as previsões futuras, pois enquanto o IPPC afirma que haverá um aumento descontrolado da temperatura até o ano 2100 (IPCC, 2007), cientistas contrários a essa ideia contestam essa afirmação dizendo que a natureza reage com o efeito de amortecimento de choque que consiste num poderoso mecanismo de defesa, e esse sistema atuaria como auto-regulador do clima na Terra, não deixando assim, haver um descontrole

generalizado na temperatura, o que provocaria sem dúvidas uma catástrofe planetária de proporções gigantescas (MARUYAMA, 2008). Por último, um tema que põe em cheque a confiabilidade na teoria do aquecimento diz respeito ao problema da previsão climática e dos modelos de previsão do clima, conforme exposto por Miranda (2009): Não sendo capazes de prever, com alguma precisão, o estado da atmosfera daqui a um mês, será que podemos saber alguma coisa sobre o clima no próximo século ou no próximo milênio?...... A evolução futura do estado da atmosfera depende não só das equações que regem o seu comportamento, mas também das condições fronteira. Estas são de dois tipos: condições iniciais, definindo o estado tridimensional da atmosfera num dado instante, e condições nos limites espaciais, definindo a interação futura entre a atmosfera e o exterior. Uma previsão meteorológica, a poucos dias de distancia, depende inicialmente das condições iniciais e uma previsão climática depende mais fortemente das condições nos limites espaciais ou dos forçamentos externos...... As simulações climáticas utilizam a tecnologia desenvolvida para a previsão do tempo, baseada em modelos numéricos tridimensionais da atmosfera: os modelos de circulação global... A utilização dos modelos numéricos para simular o clima futuro exige o conhecimento dos forçamentos externos que vão condicionar o clima... alguns desses forçamentos têm uma evolução bem conhecida, tal é o caso dos ciclos de Milankovitch... Em compensação, temos um grande desconhecimento sobre a evolução da generalidade de outros mecanismos. Pondo de parte o problema dos impactos cósmicos, que pela sua própria natureza, está provavelmente para além de qualquer capacidade preditiva (MIRANDA, 2009). Portanto, podemos concluir que ambas as linhas de cientistas não podem afirmar com um alto grau de precisão se o que eles defendem irá mesmo acontecer, pois como vimos, são muitos fatores

envolvidos na complexidade do clima da Terra, tornando assim previsões precisas ou exatas praticamente impossíveis e deixando o debate até o momento apenas no campo das suposições. Ainda no campo das previsões, os modelos de previsão do clima possuem grande dificuldade em reproduzir o ciclo hidrográfico e os mesmos diferem entre si, como consta no próprio relatório do IPCC, documento base para a argumentação da corrente alarmista do aquecimento global. A figura 2 expõe os diferentes prognósticos para a temperatura do ar em superfície, publicado pelo IPCC (2007). Os painéis direito e central mostram as projeções multi-modelos de circulação geral Atmosfera-Oceano para os cenários SRES B1 (topo), A1B (meio) e A2 (base) durante as décadas de 2029-2099 (direita). O painel esquerdo mostra as incertezas correspondentes, bem como as probabilidades relativas do aquecimento global médio a partir de vários estudos AOGCM E EMIC diferentes, para os mesmos períodos. Alguns estudos apresentam resultados apenas para um subgrupo de cenários SRES, ou para várias versões de modelos (IPCC, 2007). Figura 2: Previsão da temperatura do ar segundo diferentes modelos de previsão do clima divulgados pelo Painel Intergovernamental sobre mudança climática. Fonte: IPCC, 2007. Estas previsões divulgadas pelo IPCC levam em consideração ao próximos cem anos, período este muito curto em se tratando do clima da Terra. Sabemos que hoje vivemos num interglacial, mas

que nos próximos mil anos os ciclos de Milankovitch apontam para uma nova era glacial. Também, dentro de uma perspectiva de curto prazo, não se sabe ao certo se o aquecimento da temperatura da troposfera irá gerar mais nuvens densas que irão impedir a entrada de radiação solar na superfície e provocar um resfriamento global (CONTI, 2011). Ou seja, mesmo se estiver ocorrendo um aquecimento global, seja antrópico ou não, não se sabe com exatidão quais serão as consequências deste aumento de temperatura no comportamento do ciclo hidrológico e se o mesmo poderá desencadear um resfriamento devido ao aumento de nuvens. Também há dúvida se haverá aumento ou diminuição na quantidade de neve precipitada nas regiões de média e alta latitude devido ao suposto aumento de temperatura global. De fato, o que se sabe é que a humanidade têm se envolvido cada vez mais nesta temática e que inúmeros cientistas vêm trabalhando arduamente no sentido de descobrir os mecanismos climáticos que agem sobre a superfície e sua interação com esta superfície, para assim poder prever com maior precisão o tempo e o clima, uma vez que a saúde dos seres vivos, a qualidade de vida, os fenômenos sócias e econômicos, os costumes e culturas das populações, são afetadas direta e indiretamente pelas alterações que ocorrem no tempo e no clima da Terra (OLIVEIRA, 2010). Conclusões Diante do referencial exposto, conclui-se que a interação que a atmosfera da Terra estabelece com a superfície do planeta e com fatores extraterrestres, ocorre de modo complexo e que esta interação resulta em condições do clima difíceis de prever a longo prazo. No entanto, esforços são feitos diariamente no sentido de aprimorar estas previsões a longo prazo, o que se tem feito recorrendo a modelos astrofísicos. Outro ponto que merece destaque é o fato de o próprio relatório do IPCC (documento que serve de base e como verdade única para os alarmistas), trazer dúvidas sobre alguns aspectos como o fato de que a extensão de gelo do mar da Antártica continua a mostrar mudanças localizadas, mas sem uma tendência média estatisticamente significante, consistente com a falta de aquecimento refletido na média das temperaturas atmosféricas em toda aquela região (IPCC, 2007). Um dos maiores defeitos dos argumentos do IPCC inerentes a questão do aquecimento global produzidos pelo homem está no fato de que seus modelos climáticos estão repletos de hipótese não testadas (ALEXANDER, 2010). Neste sentido, deve-se atentar ao fato de que o entendimento do comportamento atmosférico e do clima não é tão simples quanto parece ser tal qual a mídia de massa transmite, mas que é difícil de predizer este comportamento e que este grau de dificuldade aumenta conforme o aumento da escala temporal da previsão (dias, anos, décadas, séculos...).

Referências: ALEXANDER, R. B. Aquecimento Global: alarme falso. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Gryphus, 2010. ARAGÃO, M. J. História do clima. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2009. AYOADE, J. O. Introdução à Climatologia para os Trópicos. 4ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 1996. CONTI, J. B. Clima e meio ambiente. 7ª edição. São Paulo: Editora Atual, 2011. IPCC - Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática. IV Relatório do IPCC/ONU. Mudança climática 2007: a base da ciência física. Novos Cenários Climáticos. Paris: IPCC/ONU, 2007. KANDEL, R. O reaquecimento climático. 1ª Edição. São Paulo: Editora Loyola, 2007. LINO, G. L. A Fraude do Aquecimento Global: como um fenômeno natural foi convertido numa falsa emergência mundial. 3ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Capax Dei, 2011. MARUYAMA, S. Aquecimento Global? 1ª Edição. São Paulo: oficina de textos, 2008. MENDONÇA, F. & DANNI-OLIVEIRA, I. M. Climatologia: Noções básicas e climas do Brasil. São Paulo: Oficina de Textos, 2007. MIRANDA, P. M. A. Meteorologia e ambiente: Fundamentos de meteorologia, Clima e Ambiente Atmosférico. 2ª Edição. Lisboa/Portugal: Universidade Aberta, 2009. MOLION. L. C. B. Perspectivas climáticas para os próximos 20 anos. Revista Brasileira de Climatologia. Pag 117-128. Ago, 2008.

MOLION, L. C. B. Dinâmica das chuvas no Nordeste brasileiro. Disponível em: http://www.cbmet.com/cbm-files/12-7ea5f627d14a9f9a88cc694cf707236f.pdf. Acesso em 12 jun 2011. OLIVEIRA, J. C. F. de (Org). Atmosfera e sociedade: a ação da atmosfera sobre os seres vivos e a qualidade de vida humana. Vol. 1. Maceió: EDUFAL, 2010. OLIVEIRA, L. L. de; VIANELLO, R. L.; FERREIRA, N. J. Meteorologia fundamental. Erechim/RS: EdiFAPES, 2001. TOLENTINO, M. O azul do Planeta: um retrato da atmosfera terrestre. São Paulo: MODERNA. (Coleção Polêmica). 1995. TORRES, F. T. P. Introdução à climatologia. São Paulo: Cengage Learning, 2011. TRALDI, M. C. & DIAS, R. Monografia passo a passo. 5ª Edição. Campinas/SP: Editora Alínea, 2006. VEIGA, J. E. da (Org). Aquecimento global: frias contendas científicas. 2ª edição. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2008.