[Hymenaea courbaril L.) E DE JUTAI-MIRIM [H. parvifolia Huber) ESCARIFICADAS COM

Documentos relacionados
II ENCONTRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

s u m o s IIII III IIl D1 lii II p A N D Simpósio slicultura NA AMAZÔNIA ORIENTAL: CONTRIBUIÇÕES DOPROJETO EMBRAPAIDFID .:..

RESUMO. PALAVRAS-CHAVE: Mimosa hostilis, semente, dormência, germinação, vigor, jurema-preta. ABSTRACT

RESUMO ABSTRACT. PALAVRAS CHAVE: Peltophorum dubium, canafístula, dormência, germinação, tratamentos pré-germinativos.

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

Cleberton Santos Mendes, Flavio Nascimento Costa, Lenardo Sousa do Amarante Lima, Josiane Celerino de. Carvalho, Alisson Rodrigo Souza Reis

Produção de mudas de Hymenaea courbaril L. em sementeira e semeadura direta

SUPERAÇÃO DA DORMÊNCIA EM SEMENTES DE JATOBÁ (Hymenaea courbaril L.)

AVALIAÇÃO DE MÉTODOS UTILIZADOS PARA SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA EM SEMENTES DE

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E VIGOR DE SEMENTES EM PROGÊNIES DE CAMUCAMUZEIRO ESTABELECIDAS NO BAG DA EMBRAPA AMAZÔNIA ORIENTAL

QUEBRA DE DORMÊNCIA E GERMINAÇÃO DE JATOBÁ BREAKING OF DORMANCY AND GERMINATION JATOBÁ

SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA DE SEMENTES DE Delonix Regia Raf. (LEGUMINOSAE - CAESALPINIOIDEAE )

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Técnico. A valia cão do Efeito do Substrato e Profundidade de Semeadura na Germinacão Sementes de Copaíba (Copaifera multijuga Hayne) ..

Arnaldo Bianchetti * Adson Ramos ** RESUMO

TRATAMENTOS PRÉ-GERMINATIVOS EM SEMENTES DE SUCUPIRA-BRANCA (Pterodon emarginatus Vogel) e VINHÁTICO (Plathymenia reticulata Benth)

CIRCULAR TÉCNICA N o 100. Abril/1980. EFEITO DA LUMINOSIDADE E PROFUNDIDADE DE SEMEADURA DE Eucalyptus cloeziana

Uso de Árvores Leguminosas para Melhorar a Agricultura Familiar da Amazônia Oriental Brasileira

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

I SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA EMBRAPA ACRE SEMEADURA DIRETA A LANÇO NA REFORMA DE PASTAGENS DEGRADADAS NO ESTADO DO ACRE

s u m o s IIII III IIl D1 lii II p A N D Simpósio slicultura NA AMAZÔNIA ORIENTAL: CONTRIBUIÇÕES DOPROJETO EMBRAPAIDFID .:..

s u m o s IIII III IIl D1 lii II p A N D Simpósio slicultura NA AMAZÔNIA ORIENTAL: CONTRIBUIÇÕES DOPROJETO EMBRAPAIDFID .:..

EFEITO DO CONDICIONAMENTO OSMÓTICO SOBRE A GERMINAÇÃO E O VIGOR DE SEMENTES DE ALGODÃO.

TRATAMENTOS PRÉ-GERMINATIVOS DE SEMENTES DE ESPÉCIES FLORESTAIS AMAZÔNICAS. I - ANGELIM PEDRA (DIIMIZIA EXCELSA DUCKE - LEGUMINOSAE, MIMOSOIDEAE).

GERMINAÇÃO E DORMÊNCIA EM SEMENTES DE SANSÃO-DO-CAMPO (Mimosa caesalpiniaefolia L.)

TECNOLOGIA DE SEMENTES DE MARICÁ Mimosa bimucronata (DC) O.KTZE. RESUMO

QUEBRA DA DORMÊNCIA DE SEMENTES DE LEUCENA PARA A PRODUÇÃO DE MUDAS EM CLIMA TROPICAL

CIRCULAR TÉCNICA N o 121. Novembro/1980. ESTUDO PRELIMINAR SOBRE QUEBRA DE DORMÊNCIA EM FRUTOS DE CUMARU (Coumarouna spp.)

PASSO A PASSO PARA A PRODUÇÃO DE MUDAS

TESTE DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA EM DIFERENTES ESTRUTURAS DE SEMENTES DE SOJA 1. INTRODUÇÃO

TRATAMENTOS PARA SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA DE SEMENTES DE AROEIRA PIRIQUITA (Schinus molle L.) E AROEIRA BRANCA (Lithraea molleioides (Vell.

Anais do Seminário de Bolsistas de Pós-Graduação da Embrapa Amazônia Ocidental

Eliana Aparecida Rodrigues Bióloga formada pelo Unipam e 1 a bolsista do VIII-PIBIC.

UNIFORMIZANDO A GERMINAÇÃO NA CULTURA DO CRAMBE (Crambe. abyssinica)

EFEITO DO EXTRATO VEGETAL NO DESENVOLVIMENTO DE PLANTAS DE CURAUÁ (ANANAS ERECTIFOLIUS L. B. SMITH) EM PLANTIO FLORESTAL

INFLUÊNCIA DO ESPAÇAMENTO NA DENSIDADE DA MADEIRA DE Bagassa guinnensis Aubl. (Tatajuba) NO PLANALTO DE BELTERRA PARÁ

Tamanho e época de colheita na qualidade de sementes de feijão.

CIRCULAR TÉCNICA N o 04 OUTUBRO, 1981 ISSN

EFEITO DE DIFERENTES SISTEMAS DE TRATAMENTO DE SEMENTES COM CLORETO DE MEPIQUAT, SOBRE O CRESCIMENTO DAS PLANTAS DE ALGODOEIRO

Congresso de Inovação, Ciência e Tecnologia do IFSP

Produção Florestal e SAFs

Superação de dormência de Enterolobium contortisiliquum Mor. (Vell.) Morong

INFLUÊNCIA DA ÉPOCA DO ANO NO SUCESSO DA ENXERTIA NAS VARIEDADES DE ABACATEIRO: HASS E FORTUNA

INFLUÊNCIA DA DENSIDADE DE INÓCULO DE Rhizoctonia Solani NA EFICIÊNCIA DO TRATAMENTO DE SEMENTES DE ALGODÃO COM FUNGICIDAS NO CONTROLE DO TOMBAMENTO *

AVALIAÇÃO DE ESPÉCIES FLORESTAIS DE MÚLTIPLO PROPÓSITO, EM WENCESLAU BRAZ, PR

Avaliação de variedades sintéticas de milho em três ambientes do Rio Grande do Sul. Introdução

Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária de Ipameri. Rodovia GO 330 Km 241 Anel Viário. CEP Ipameri - GO.

Pelo exposto, objetivou-se avaliar os parâmetros de biometria, embebição e superação de dormência de sementes de Bauhinia longipedicellata.

Comportamento de sementes de pau-pretinho (Cenostigma tocantinum Ducke) quanto a tolerância à dessecação

RESUMO ABSTRACT. PALAVRAS-CHAVE: Schizolobium parahyba; guapuruvu; dormência; germinação.

II ENCONTRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA. A INFLUÊNCIA DO TAMANHO DA SEMENTE E DO SUBSTRATO NA EMERGÊNCIA DO IPÊ ROXO (Tabebuia impetiginosa)

AVALIAÇÃO DE TRATAMENTOS PARA SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA EM SEMENTES DE PINHÃO MANSO (JATROPHA CURCAS L.)

SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA EM SEMENTES DE Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

GERMINAÇÃO E SOBREVIVÊNCIA DA SOJA EM DIFERENTES MANEJOS DO SOLO


PIMENTA LONGA PRODUÇÃO DE MUDAS POR SEMENTES. Amazônia Oriental

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

CONSERVAÇAO DA VIABILIDADE DE SEMENTES DE GUARANA, Paullinia cupana var. sorbilis (MART.) DUCKE

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE MELANCIA EM DIFERENTES TEMPERATURAS 1. INTRODUÇÃO

EFEITO DA REPICAGEM EM RESPOSTA AO DESENVOLVIMENTO DE PORTA- ENXERTOS DE UMBUZEIRO

ÉPOCAS DE PLANTIO DO ALGODOEIRO HERBÁCEO DE CICLO PRECOCE NO MUNICÍPIO DE UBERABA, MG *

Tratamentos pré-germinativos para sementes de Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne

TESTES DE VIGOR 22/05/ INTRODUÇÃO O QUE É A QUALIDADE DAS SEMENTES? É CARACTERIZADA PELOS ATRIBUTOS GENÉTICO, FÍSICO, FISIOLÓGICO E SANITÁRIO

As sementes das quatro espécies de porta-enxertos (A. glabra, A. montana, A. muricata e R.

EFEITO DO USO DE EXTRATO AQUOSO DE TIRIRICA (Cyperus rotundus) NA FISIOLOGIA DE PLANTAS

RESUMO. PALAVRAS-CHAVE: Taxi-branco-da-terra-firme, Sclerolobium panicu-latum, energia. ABSTRACT

DESEMPENHO AGRONÔMICO DE GIRASSOL EM SAFRINHA DE 2005 NO CERRADO NO PLANALTO CENTRAL

MÉTODOS FÍSICOS E QUÍMICOS PARA SUPERAR DORMÊNCIA EM SEMENTES DE LEUCENA (Leucaena leucocephala)

20º Seminário de Iniciação Científica e 4º Seminário de Pós-graduação da Embrapa Amazônia Oriental ANAIS. 21 a 23 de setembro

263 ISSN Abril, 2015 Belém, PA

Jonathan Wesley Ferreira Ribeiro 1 ; Adriana Paula D Agostini Contreiras Rodrigues 2 ; Ademir Kleber Morbeck de Oliveira 3 ;

Métodos para Quebra da Dormência em Sementes de Leucena (Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit 1

DESENVOLVIMENTO DE MUDAS DE TOMATE EM SUBSTRATO CONTENDO TORTA DE MAMONA

Termos para indexação: IVG, Vigor de sementes, Leguminosa tropical

ASPECTOS ECOLÓGICOS E SILVICULTURAIS DE TAXI-BRANCO- DA-TERRA-FIRME (Sclerolobium paniculatum Vogel)

GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE MAMONA COM E SEM CASCA

COMPORTAMENTO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE TRIGO NO MUNICÍPIO DE MUZAMBINHO MG

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Amazônia Oriental Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

TÍTULO: AVALIAÇÃO DE MUDAS DE COFFEA ARABICA PRODUZIDAS EM DIFERENTES RECIPIENTES

Avaliação de Tratamentos Utilizados na Superação de Dormência, em Sementes de Quiabo.

Pesquisa e Treinamento em Manejo, Colheita e Análise de Sementes de Espécies Florestais

Luiz Augusto Gomes de SOUZA 1 Vania Palmeira VARELA 2 Lucio Flavio Pereira BATALHA 2

AVALIAÇÃO DOS MACRONUTRIENTES NO CRESCIMENTO INICIAL DE PLÂNTULAS DE Peltophorum dubium (Spreng.) Taubert

MORFOLOGIA DE PLANTAS E BIOMETRIA DE FRUTOS EM CLONES ENXERTADOS DE MURUCIZEIRO CULTIVADOS EM BELÉM, PARÁ.

INFLUÊNCIA DO ESPAÇAMENTO NAS CARACTERíSTICAS FíSICO-MECÂNICAS DA MADEIRA DE Bagassa guianensis Aubl. (TATAJUBA) NO PLANALTO DE BELTERRA, PARÁ'

SUPERAÇÃO DE DORMÊNCIA EM SEMENTES DE CORAÇÃO-DE- NEGRO (Albizia lebbeck L. Benth.)

Controle Natural de Plantas Daninhas na Cultura do Milho Utilizando a Leucena

Produção e Composição Bromatológica de Cultivares de Milho para Silagem

I SEMINÁRIO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA EMBRAPA ACRE

Germinação de sementes de maxixe sob condições controladas

Avaliação de Teste Clonal de Eucaliptos Multiespécies em Mato Grosso do Sul 1

PP = 788,5 mm. Aplicação em R3 Aplicação em R5.1. Aplicação em Vn

Produção de Mudas de Pepino e Tomate Utilizando Diferentes Doses de Adubo Foliar Bioplus.

ALTURA DE PLÂNTULAS DE TRÊS CULTIVARES DE ALGODÃO COLORIDO EM FUNÇÃO DE DIFERENTES PROFUNDIDADES DE SEMEADURA

GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE SAPUVA (Machaerium stiptatum (DC.) Vog) E DE ACÁCIA MARÍTIMA (Acacia longifolia (Andr.) Wildenow) RESUMO

ESTUDO DA EMBEBIÇÃO E DA VIABILIDADE DE SEMENTES DE MACADÂMIA (Macadamia integrifolia MAIDEN & BETCHE)

Transcrição:

MAIO, 1981 - GERMINAÇAO DE SEMENTES DE JUTA~-AÇU [Hymenaea courbaril L.) E DE JUTAI-MIRIM [H. parvifolia Huber) ESCARIFICADAS COM ACIDO SULFÚRICO COMERCIAL

MINISTRO DA AGRICULTURA Angelo Arnaury Stabiie Diretoria Executiva da EMBRAPA Eliseu Roberto de Andrade Aives - Presidente Agide Gorgatti Netto - Diretor José Prazeres Rarnalho de Castro - Diretor Raymundo Fonsêca Souza - Diretor Chefia do CPATU Cristo Nazaré Barbosa do Nascimento - Chefe José Furlan Júnior - Chefe Adjunto Técnico Antônio ltayguara Moreira dos Santos - Chefe Adjunto de Apoio

CIRCULAR TECNICA N." 19 GERMINAÇAO DE SEMENTES DE JUTAI-AÇU (Hymenaea courbaril L.] E DE JUTAi-MIRIM (H. parvifolia Huber) ESCARIFICADAS COM ACIDO SULFÚRICO COMERCIAL Antonio Aparecido Carpanezzi EngP Florestal, M.S. em Engenharia FIcrestal, Pesquisador do CPATU Luciano Carlos Tavares Marques EngP Florestal do IBDF EMBRAPA CENTRO DE PESQUISA AGROPECUARIA DO TRÕPICO UMIM) Belem, Pará

Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Úmido Trav. Dr. Enéas Pinheiro, s/n Caixa Postal, 48 66.000 - Belém, PA Telex (091) 1210 Carpanezzi, Antonio Aparecido Germinacão de sementes de jutaí-acu (Hymenaea courbaril L.) e de jutai-mirim (H. parvifolia Huberl escarificadas com ácido sulfúrico comercial, por Antonio Aparecido Carpanezzi e Luciano Carlos Tavares Marques. Belém, EMBRAPA-CPATU. 1981. 15p. ilus. (EMRRAPA-CPATU. Circular Técnica. 191 1. Sementes de jutai-acu - Tecnologia. 2. Sementes de jutaímirim - Tecnologia. i. Marques. Luciano Carlos Tavares. LI. Títuio. 111. Série. CDD: 634.9562

SUMARIO INTRODUÇÃO... MATERIAL E MÉTODOS... Local... Caracterização do ácido. sulfúrico... Comparação preliminar de tratamentos de ácido sulfúrico e de soluções de soda cáustica...... Experimento com jutaí-mirim Experimento com jutaí-açu... Condições de semeadura... Critério de germinacão e cálculos...... Jutai-mirim...... Jutaí-açu... Outras informações... RESULTADOS E DISCUSSÃO CONCLUSÕES... REFERENCIAS... ANEXO...

GERMINACÁO DE SEMENTES DE JUTAí-AÇU (Hymenaea courbaril L.) E DE JUTAI-MIRIM (H. parvifolia Huber] ESCARIFICADAS COM ACIDO SULFÚRICO COMERCIAL' RESUMO: Resultados experimentais sobre a germinação de sementes de Hymenaea courharil e H. parvifolia. escarificadas com ácido sulfúrico comercial em recipiente de lata. são apresentados e discutidos. A imersáo das sementes em ácido por 35 minutos, seguida por embebiçáo em água por 12 horas. é recomendada. Para a reutilizaçáo do ácido preconizam-se tempos de imersão superiores a 50 minutos para H. parvifolia e a 60 minutos para H. courbaril. Em um Anexo são apresentados resultados preliminares sobre períw dos de tempo adequados para a escarificacão de sementes de outras seis espécies ieguminosas com ácido sulfúrico. INTRODUÇÁO Como informam Rizzini (19711 e Heringer & Ferreira (1975). o gênero Hymenaea (Leguminosae, Caesalpinioideae) ocorre amplamente no Brasil e na América tropical. Algumas de suas espécies são OU foram importantes fontes de madeira para múltiplas finalidades, como H. stilbocarpa Hayne nas regiões central e sudeste do Brasil e H. courbaril L. na Amazônia e trópicos úmidos americanos. Frutos COniestíveis. muito apreciados pelo homem e pela fauna, e resinas de valor comercial também são proporcionadas por espécies de Hymenaea. Segundo Rizzini (1971) jutaí-açu (H. courbaril) ocorre. no Brasil. em florestas pluviais, desde a Amazônia até a Mata Atlântica de São Paulo. Nas florestas amazônicas apresenta-se ordinariamente com diâmetros elevados (até 2 m) e caule reto, sem sapopemas; fustes de 25 m são comuns. Sua madeira serve para inúmeras finalidades. explicitadas por Loureiro & Silva (1968) e Rizzini (1971). E largamente comercializada nos mercados interno e externo. - 1 Trabalho conduzido pelo CPATU/EMBRAPAjPNPF/POLAMAZBNIA/IBDF.

De acordo com Fróes (19591 a madeira de jutaí-mirim [H. parvifolia Huber) é semelhante a do jutaí-açu e tem a mesma aplicação e apreço no mercado. A madeira de jutaí-açu é, sem dúvida. mais conhecida e com maior importãncia econômica. Segundo Loureiro & Silva (1973) a madeira de jutaí-mirim serve para dormentes. construcóes pesadas, cabos de ferramentas e obras hidráulicas. Como notou Ducke (19391, as árvores de jutaí-mirim apresentam grande vaiiabilidade em suas dimensões, em função dos locais de ocorrência. As sementes de Hymenaea apresentam impermeabilidade de tegumento, fato que dificulta a penetração da água. Por este motivo, a formação de mudas de Hymenaea é trabalhosa, havendo baixa percentagem de germinação e grande variaçáo no tempo necessário a germinação. A necessidade de escarificaçáo é reconhecida por Heringer & Ferreira (19751, que recomendam meios mecânicos. não especificados. Segundo Dubois (19711, um processo lento para melhorar as características de germinação de H. courbaril consiste em manter as sementes por quatro meses em areia semi-úmida, em sombra total. A escarificação de sementes com acido sulfúrico é um método rápido bastante conhecido e empregado. As normas gerais de procedimento são apresentadas por Hartmann & Kester (1975). Devido ao preço do ácido sulfúrico comercial (cerca de Cr$ 200,OO ou 2,5 dólares o litro no varejo, em Belém, em abril de 1981) e as dimensões das sementes de Hymenaea (cerca de 185 e 350/kg. para Hymenaea courbaril e H. parvifolia, respectivamente), a reutilização do ácido é desejável. O objetivo do presente trabalho é determinar tempos adequados para a escarificação de sementes de H. courbaril e H. parvifolia por ácido sulfúrico, com ênfase na reutilização do ácido. Local MATERIAL E METODOS Os experimentos foram desenvolvidos no viveiro da EMBRAPA/ IBDF em Belterra, município de Santarém, Pará. O clima local é Ami pela classificação de Koppen. A temperatura média anual é 24,g C e a precipitação média anual é de 2077 mm.

Caracterização do ácido sulfúrico Foi utilizado ácido sulfúrico comercial com 95 ;0 de HSOn e densidade igual a 1.84. Comparação preliminar de tratamentos de ácido sulfúrico e de soluções de soda cáustica Como pré-experimento foram comparadas as influências de três tratamentos de ácido sulfúrico e 18 tratamentos de soluções de soda cáustica comercial sobre parcelas com 20 sementes de jutaí-mirim. Os três tratamentos com ácido sulfúrico consistiram ein imersáo por 30, 60 e 90 minutos, seguida por doze horas em água, para embebição. Os tratamentos com soda cáustica consistiram em imersão das sementes em soluções de concentrações variáveis e por periodos de tempo variáveis. Os limites foram 150 g/l por 10 minutos e 400 g/l por 18 horas: a seguir as sementes foram colocadas em água por 12 horas. O julgamento sobre o poder escarificador dos tratamentos baseou-se na comparação visual e ao tato das sementes de cada tratamento com uma testemunha. Somente os tratamentos com ácido evidenciaram influência sobre a consistência da semente e a absorcão de água. Os tratamentos com soluções de soda foram, pois, eliminados da fase seguinte de experimentação. Experimento com jutaí-mirim Relacão dos tratamentos T, - testemunha (12 horas de imersão em água) T2 - imersáo em ácido sulfúrico comercial por 35 minutos T, - imersão no ácido de T, por 50 minutos Ta - imersão no ácido de T, por 70 minutos Os tratamentos com ácido sulfúrico foram efetuados em embalagens comerciais de lata de 18 1 de capacidade. A quantidade de ácido empregada em T, foi de 1000 m1/300 sementes, suficiente para cobrir as sementes. Após a imersáo em ácido as sementes foram

lavadas em água corrente por 10 minutos, colocadas em água por 12 horas e a seguir semeadas. Delineamento experimental e tamanho da parcela Blocos ao acaso, quatro repetições, parcelas com 60 sementes. Experimento com jutaí-açu Relação dos tratamentos TI - testemunha (12 horas de imersão em água1 TZ - imersão em ácido sulfúrico comercial por 35 minutos T3 - imersão no ácido de T2 por 60 minutos T4 - imersão no ácido de T3 por 100 minutos Todos os tratamentos foram efetuados em embalagens comerciais de lata de 18 1 de capacidade. A quantidade de ácido empregada em Tz foi de 1300 m1/300 sementes, suficiente para cobrir as sementes. Após imersão em ácido as sementes foram lavadas em água corrente por 10 minutos, colocadas em água por 12 horas e a seguir semeadas. Delineamento experimental e tamanho da parcela Blocos ao acaso. cinco repetições. parcelas com 60 sementes. Condições de semeadura As sementes foram plantadas em canteiros, espaçadas a 7 cm entre si. Cada canteiro era coberto por esteira de bambu colocada a 70 cm do solo. As regas foram realizadas duas vezes ao dia. Critério de germinação e cálculos Foi adotado. como critério de germinaçáo. a exposição completa dos cotilédones. Os resultados de germinação das parcelas, expressos em percentagem, foram utilizados para os cálculos de média e desvio padrão de cada tratamento. RESULTADOS E DISCUSSAO As Fig. 1 e 2 apresentam os resultados dos experimentos com jutaí-mirim e jutaí-açu, respectivamente.

A Fig. 1 evidencia que todos os tratamentos escarificadores tiveram efeito marcante quando comparados a testemunha. aumentando a percentagem de germinação. Fig. 1 - Germinação de sementes de jutaimirim (H. parvifolia) em função de tratamentos escarificadores com ácido sulfúrico (m6dia c desvio padriío). 1. 2. 3. 4 - Tratamentos

A germinação ocorreu maciçamente entre 8 e 16 dias após a semeadura. O tratamento 2 foi o mais eficaz e consistiu da imersão das sementes em ácido sulfúrico comercial não utilizado anteriormente, por 35 minutos. 0s tratamentos 3 e 4 utilizaram ácido suifúrico comercial anteriormente empregado no tratamento 2 e, comparados a ele, ocasionaram menor percentagem de germinaqão. O fato pode ser atribuído à escarificação insuficiente. uma vez que as sementes continuaram a germinar nos canteiros após a última Contagem. Prevê-se. pois, que o aumento do poder escarificador do ácido sulfúrico comercial na reutilização pode ser alcançado pelo aumento do tempo de imersão em ácido e ou pela utilizaqáo de recipiente inerte - vidro, por exemplo. Não há indícios de que os tratamentos escarificadores aplicados tenham ocasionado danos as plantas. As mudas, transplantadas para sacos plásticos, apresentavam altura média de 20cm. 120 dias após a semeadura. Nesta data, a relação entre as quantidades de mudas sadias e de sementes germinadas era de 73,9%, podendo ser considerada satisfatória. A Fig. 2 mostra que todos os tratamentos escarificadores foram superiores a iestemunha e que a germinação ocorreu maciçamente no período de 9-18 dias após a semeadura. O tratamento 2 foi o mais efetivo, e consistiu do uso de ácido sulfúrico comercial não utilizado anteriormente, por 35 minutos. Comparativamente ao experimento de jutaí-mirim, a primeira reutilização do ácido sulfúrico comercial (tratamento 31 foi mais eficaz. O fato parece ser decorrente do maior tempo de imersão (50 minutos para o jutaí-mitim e 60 minutos para o jutaí-açu). Todavia, a segunda reutilização (tratamento 4) proporcionou resultados inferiores a de jutaí-mirim, embora seu tempo também fosse maior (70 minutos para jutaí-mirim e 100 minutos para jutaí-açu). Aparentemente. o aumento de tempo de iinersáo ria segunda reutilização foi insuficiente para compensar a diminuição do poder escarificador decorrente do eumento de tempo de imersão na primeira reutilização. A insuficiência de escarificação é apoiada no fato de que sementes dos tratamentos 3 e 4 continuaram a germinar nos canteiros. após a última

Fig. 2 - Germinaçáo de sementes de jutai-açu (H. courbaril) em função de tratamentos escarificadores com ácido sulfúrico [média t desvio padrão). 1, 2, 3, 4 - Tratamentos contagem. Para aumentar o poder escarificador na reutilização do ácido recomenda-se o aumento dos tempos de imersão e ou a utilização de recipiente inerte, como o vidro, para conter o ácido. Os tratamentos escarificadores utilizados não causaram danos ao desenvolvimento das plântulas. O crescimento de jutaí-açu é rápido, e 80 dias após a semeadura a altura média das plântulas, em sacos plásticos. era de 25 cm. A relação entre mudas sadias e sementes germinadas, 80 dias após a semeadura. foi de 81,0%, considerada satisfatória.

Outras considerações A escarificüção com ácido sulfúrico comercial foi eficiente. Todavia, ela é relativamente cara devido ao tamanho das sementes de Hymenaea, que determinam um valor baixo para a relação entre volume de ácido e número de sementes tratadas. Uma redução substancial no preço do ácido pode ser obtido por sua aquisição no atacado. Entretanto, métodos substitutivos mais baratos. como a imersão em água aquecida ou a escarificação manual, devem ser investigados. Carpanezzi [não publicado) verificou que a imersão em ácido sulfúrico comercial por 90 minutos. seguida de imersão em água por 12 horas, é um método eficaz para melhorar o padrão de germinacáo de Hymenaea stilbocarpa. Recomenda-se. pois, que tratamentos com ácido sulfúrico comercial sejam adotados para a germinacão de H. courbaril, H. parvifolia e H. stilbocarpa, em situações que envolvam número reduzido de sementes e ou em que seja imprescindível maximizar a percentagem de germinacão (numa eventual conservacão genética ex situ de H. stilbocarpa, por exemplo). Por sua eficácia, o tratamento com ácido sulfúrico pode também ser empregado para avaliar G deseiiipenho de outros métodos escarificadores. A necessidade de escarificacão é comum também a sementes de muitas outras árvores leguminosas. Tratamentos com ácido sulfúrico comercial podem melhorar consideravelmente suas caracteristicas de germinacáo. Em Anexo são apresentados dados preliminares, inéditos. sobre seis espécies. Finalmente, deve-se considerar que o ácido sulfúrico comercial é altamente corrosivo e que seu manuseio deve ser feito com muito culdado, observando-se as normas recomendadas. É importante que, imediatámente após encerrado o banho de escarificação e escorrido o ácido residual. as sementes sejam colocadas em água corrente abundante por alguns minutos, para eliminacão do ácido que permanece aderente. CONCLUSÕES Atendo-se as condições experimentais pode-se concluir que: a. a germinacão de sementes não escarificadas de H. courba. ri1 e H. parvifolia foi baixa, senúo inferior a 6%:

b. a escarificação com ácido sulfúrico comercial é eficiente para melhorar as características de germinação de H. courbaril e H. parvifolia; c. o tratamento com ácido sulfúrico comercial por 35 minutos, seguido de imersão em água por 12 horas, possibilitou germinação acima de 90% para as duas espécies; e d. a primeira reutilização do ácido sulfúrico comercial deve ser por tempo superior a 50 minutos para H. parvifolia e a 60 minutos para H. courbaril. CARPANEZZI, A.A. & MAROUES. L.C.T. Germinação de sementes de jutai-açu (Hymenaea courbaril L.) e de iutai-mirim [H. parvifolia Huber) escarificadas com ácido sulfúrico comercial. Belém, EMBRAPA-CPATU. 1981. 15p. LEMBRAPA-CPATU. Circular Técnica. 19). ABSTRACT : Seeds of Hymenaea courbaril and H. parvifolia present water impermeable seedcoats and require scarification to improve germination. This paper deals with time necessary for adequate scarification using commercial sulfuric acid, in can. Imersion of seeds for 35 minutes. followed by 12 hours in water, is recommended. It is also recomended a time longer than 50 and 60 minutes for H. parvifolia and H. courbaril, respectively, when the same acid is to be reutilized. Selected imersion times in sulfuric acid for seeds of other 6 leguminous species are presented REFERÊNCIAS DUBOIS. J.L.C. Silvicultural research in the Amazon. Roma, FAO, 1971. 192p. IFO: SFIBRA. 4 Tech-ical Report, 31. DUCKE, A. As leguminosas da Amazônia Brasileira. Rio de Janeiro. Serviço Florestal do Ministério da Agricultura, 1939. 170p. FRÓES, R.L. Informações sobre algumas plantas econômicas do planalto ama& nico. Belém, Instituto Agronômico do Norte. 1959. 113p. (Boletim Técnico. 35). HARTMANN. H.T. & KESTER. D.F. Plant propagation: principies and practices. (3. ed.). Englewood Cliffs. Prentice-Hall, 1975. 662~.

HERINGER, E.P. 8 FERREIRA. M.B. Arvores úteis da região geo-econômica do Distrito Federal. Dendroiogia. O genero Hymenaea - jatobás. jutais, jataís. etc. Cerrado. Brasilia. (271: 27-32, 1975. LOUREIRO. A.A. 8 SILVA. M.F. Catálogo das Madeiras da Amazônia. Belém. SUDAM, 1968. v. 1. 433p. LOUREIRO, A.A. & SILVA, 1vl.F. Contribuição para o estudo dendrológico de cinco leguminosas da Amazônia. Acta Amaz., Manaus. 3 (21: 17-31, 1973. RIZZINI. C.T. Arvores e madeiras úteis do Brasil. São Paulo. E. Blucher. 1971. 294P.

ANEXO A Tabela 1 apresenta resultados preliminares sobre tempos de imersáo em ácido sulfúrico comercial adequados para a escarificação de sementes de seis espécies leguminosas. Os dados foram obtidos por Kanashiro [Albizia falcataria [L.) Fosberg, em lata) e Carpanezzi (as demais espécies, em vidro). Após a remoção do ácido as sementes devem ser colocadas em água por 12-18 horas, e semeadas a seguir. As determinações dos tempos em ácido foram efetuadas com número reduzido de lotes de sementes. Há possibilidade de variação entre lotes, principalmente para espécies de ampla ocorrência, como Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong. Recomenda-se. pois. testar cs tempos obtidos, antes de utilização em maior escala. TABELA 1 - Tempos de imersão em ácido sulfúrico comercial para escarificaçáo de sementes de leguminosas. Espécie Nome vulgar Tempo min Aibizia falcataria (L.) Fosberg Albizia 8 Caesalpina ferrea var. leyostachya Ducke Pau-ferro (SP) 30-40 Cassia ferruginea Schrad. Canafístula. amendoim de vagem grande 60-90 Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong Timburi 30 Hymenaea stilbocarpa Hayne Jataí 90 Leucaena leucocephalla [Lati.) de Wit. Leucena 25-30

@ FAL;FE:o~~ BELW PARA