BIOSSEGURANÇA EM AÇÃO: UMA VISÃO DO RECÉM INGRESSO AO CURSO DE BIOTECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA GRANDE DOURADOS MACIEL, Wirlaine Glauce 1 ; BORGES, Rodrigo Raghiant 1 ; SANTOS, Ana Taniely Prestes dos 1 ; GANDOLFO, Jaqueline Verconti 1 ; SIMIONATTO, one 2 Palavras chave: Biossegurança, Biotecnologia, Controle de Risco Introdução Graças ao advento da Biotecnologia, novos produtos estão surgindo no mercado e, juntamente com eles, dúvidas quanto aos riscos na manipulação e consumo destes para a saúde humana, animal e meio ambiente continuam surgindo. A Biossegurança surge como uma ciência que busca controlar e diminuir os riscos quando se praticam diferentes tecnologias, tanto aquelas desenvolvidas em laboratórios como as que envolvem o meio ambiente. Porém, a Biossegurança não deve se resumir somente a normas de prevenção e controle, pois sua dimensão científica requer dos indivíduos uma formação educacional adequada para a compreensão e execução dos seus objetivos (BONIS & COSTA, 2009, p. 2107-2114). De acordo com os autores, a formação científica é um processo que não deve ser iniciado somente no ensino superior e sim no ensino médio, em que a capacidade cognitiva do aluno pode ser melhor explorada. No Brasil, a Biossegurança está ligada apenas à Engenharia Genética e controla os Organismos Geneticamente Modificados (OGM), entre os quais estão os alimentos transgênicos. O órgão responsável por esse controle é a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), a qual está ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia e formada por representantes do governo, das indústrias, dos órgãos de interesses do consumidor e de órgãos de proteção à saúde do trabalhador. Qualquer produto transgênico no Brasil tem de ser avaliado e liberado pela CTNBio antes de chegar ao consumidor. Alguns segmentos da sociedade e organizações internacionais têm estimulado as nações a investirem estrategicamente na educação científica, fomentada principalmente pela educação em Biossegurança, explorando um conteúdo rico em prevenção, normas e princípios éticos, que servem para nortear os *Resumo revisado por: Dra. one ionatto. Biossegurança e Biotecnologia, código da ação de extensão: 97395.424.79287.04112011. 1 Graduandos do curso de Biotecnologia, Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais, Universidade Federal da Grande Dourados E-mail: wirmaciel@hotmail.com 2 Professora Adjunta, Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais, Universidade Federal da Grande Dourados E-mail: simonesimionatto@ufgd.edu.br
caminhos trilhados pela Biotecnologia. A Biossegurança como uma nova ciência, traz uma nova perspectiva dentro das atividades do desenvolvimento científico de diversas áreas afins, onde o seu conceito é aplicado frente a um conjunto de normas que visam à prevenção dos riscos inerentes ao trabalho realizado. Esta se dedica ao estudo das questões fundamentais da segurança biológica que decorrem do desenvolvimento científico e tecnológico, visando à proteção a vida do homem, dos animais, da biodiversidade e do meio ambiente. A Lei de Biossegurança (Lei 8.974 de 1995) implantada no Brasil tem o intuito de organizar e regulamentar as questões jurídicas relacionadas aos danos que possam ocorrer devido à manipulação de materiais biológicos. Considerando que este trabalho apresenta uma discussão relacionada à Biossegurança e à visão da mesma por parte dos alunos ingressos no curso de Biotecnologia da UFGD em 2012, e levando em conta a importância das aplicações da Biossegurança em um curso de Biotecnologia, o presente trabalho possui como objetivo verificar o nível de conhecimento dos discentes a respeito de Biossegurança e avaliar as dúvidas mais freqüentes por parte deles, possibilitando a realização de momentos de discussão para a interação sobre o tema. Metodologia A pesquisa foi realizada com a colaboração dos alunos ingressantes no curso de Biotecnologia da Universidade Federal da Grande Dourados. A metodologia utilizada para a pesquisa foi a aplicação de questões de múltipla escolha, devidamente explicado, no início do semestre letivo do calendário acadêmico de 2012. O questionário foi aplicado anteriormente à primeira aula de Introdução a Biotecnologia, para que não houvesse influência das informações repassadas pelos professores. Este questionário foi formulado abordando pontos como: o conhecimento sobre o significado e a importância da Biossegurança por parte dos alunos recém ingressos, os procedimentos para a minimização de riscos em laboratórios, o conhecimento sobre transgênicos e OGMs, participação em palestras de Biossegurança e a importância da mesma dentro de um curso de Biotecnologia. Resultados e Discussão A quarta turma do curso de Biotecnologia ingressante no ano de 2012 pela Universidade Federal da Grande Dourados é constituída por 66 alunos matriculados,
sendo que destes 41 participaram do questionário, formando a amostra analisada. É uma turma formada por jovens, com idade entre 16 e 18 anos, onde a maioria 70,73% sabe o significado do termo Biossegurança (Gráfico 1), e 73,17% reconhecem a importância da Biossegurança em laboratórios de Biotecnologia (Gráfico 2). 29,26% sim 26,86% sim 70,73% não 73,17% não Gráfico 1: Conhecimento sobre a temática Biossegurança Gráfico 2: Conhecimento sobre a importância Biossegurança Quando questionados sobre o contato com o tema Biossegurança, na forma de palestras ou aulas expositivas sobre o tema, 63,41% dos alunos relataram não ter recebido esse tipo de material e os outros 36,58% disseram ter tido algum contato prévio com esta área (Gráfico 3). 63,41% 36,58% Gráfico 3: Respostas dos alunos referente a participação em palestras ou aulas de Biossegurança Foi questionado aos alunos quanto a observação de equipamentos de proteção individual e 68,29% responderam que já presenciaram o uso destes por parte de algum pesquisador ou professor (Gráfico 4). 31,70% 68,28%
Gráfico 4: Observação dos alunos na utilização de equipamentos de proteção individual A questão sobre a postura dentro do laboratório foi indagada no questionário, como trabalhar para minimizar possíveis riscos de ordem química, física e biológica, bem como os possíveis procedimentos quanto a essa conduta que deve ser administrada pelo acadêmico dentro da universidade. A maioria dos alunos (68,3%) respondeu que desconhecem estes cuidados (Gráfico 5 ). 68,30% 31,70% Gráfico 5: Resposta dos alunos sobre o conhecimento das normas de laboratório A maioria dos entrevistados mostrou opinião favorável aos transgênicos (Gráfico 6), caracterizando 97,56%, enquanto 85,36% dos intrevistados relataram ser a favor dos OGMs (Gráfico 7). Comparando estes resultados e, considerando que todo transgênico é uma OGM, os valores obtidos nos dois questionamentos revelam que os acadêmicos avaliados neste estudo não conhecem a diferença entre estes os dois termos. 2,44% 14,62% 97,56% 85,36% Gráfico 6: Opinião dos alunos sobre transgênicos Gráfico 7: Opinião dos alunos sobre OGMs Quanto à importância do estudo sobre Biossegurança, as respostas foram unânimes, onde 100% dos entrevistados concordaram sobre a relevância de conhecimentos nesta área e sua aplicabilidade como ciência, que visa a minimização de riscos das práticas utilizando tecnologias biotecnológicas.
Conclusões A Biossegurança é um tema polêmico e de interesse não só de profissionais da área biotecnológica, dessa maneira é fundamental que este assunto seja debatido e esclarecido, podendo assim contribuir na proteção da saúde humana, animal e ao meio ambiente, possibilitando a continuação dos avanços tecnológicos de forma segura à população. Através das análises realizadas por meio do questionário acadêmico e suas percepções a respeito do conhecimento sobre Biossegurança, foi observado que o tema é ainda pouco conhecido entre os alunos. O conhecimento sobre a visão dos recém ingressos em relação à Biossegurança poderá auxiliar na elaboração de métodos de ensino integrativos, atuando como uma primeira etapa para o ensino desta ciência multidisciplinar, contribuindo para adquirir uma cultura informativa sobre Biossegurança através de palestras, cursos e momentos de discussão entre alunos e comunidade em geral. Referências Bibliográficas ALBUQUERQUE, M.B.M. Biossegurança uma visão da história da ciência. Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento, 18(3): 42-45, 2001. BONIS, M.D.; COSTA, M.A.F. Educação em biossegurança e bioética: articulação necessária em biotecnologia. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro14(6): p.2107-2114, 2009. MÜLLER, I.C.; MASTROENI, M.F.Tendência de acidentes em laboratórios de pesquisa.biotecnologia Ciência & Desenvolvimento, 33: 1-8. 2004. ODA, L.M.; SOUZA, G.D. Biossegurança como nova ciência: passado, presente e perpectivas futuras. In: BINSFELD, P.C. (org.). Biossegurança em biotecnologia. Rio de Janeiro: Interciência, 2004. p.4-23. SCHOLZE, S.H.C. Biossegurança e alimentos transgênicos. Biotecnologia Ciência e Desenvolvimento, 9(2): 32-34, 1999.