AULA 9 EMBARGOS DE TERCEIRO CONCEITO: É o remédio processual quea parte estranha a uma lide se vale quando quer afastar de seu patrimônio um esbulho judicial. No dizer de Nelson Nery é ação de conhecimento, constitutiva negativa, de procedimento especial sumário, cuja finalidade é livrar o bem ou direito de posse ou propriedade de terceiro da constrição judicial que lhe foi injustamente imposta em processo de que não faz parte. O embargante pretende obter a liberação (manutenção ou reintegração na posse), ou evitar a alienação de bem ou direito indevidamente constrito ou ameaçado de o ser. NERY JÚNIOR, Nelson, NERY, Rosa Maria Andrade. Código de Processo Civil Comentado e legislação extravagante, 8. ed., São Paulo:Editora dos Tribunais, 2004, p. 1286. ROTEIRO PARA PETIÇÃO OS EMBARGOS DE TERCEIRO Requisitos art. 674 NCPC Endereçamento Mesmo juízo da execução (distribuição por dependência, porém, autuado em apartado) art 676 NCPC. Atenção para disposto no parágrafo único do art 646 do NCPC. Em caso de constrição realizada por carta, devem ser opostos os embargos no juízo deprecado, salvo se o deprecante indicar para si a competência, ou se a carta já tenha sido devolvida. Partes Tratamento: Embargante (terceiro) Diz o 674 e seus parágrafos do NCPC,que tem legitimidade ativa para a demanda o terceiro que, não sendo parte no processo e nem possuindo responsabilidade patrimonial, sofre turbação ou esbulho na posse de seus bens, por ato de apreensão judicial (penhora, depósito, arresto, seqüestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento, inventário). Diz ainda que se considera terceiro o cônjuge ou companheiro quando defenda a sua meação; o adquirente quando defenda seus interesses em caso de fraude a execução; aquele que sofreu constrição dos bens por força da desconsideração da personalidade jurídica sem ter feito parte do incidente; e o 1
credor com garantia real para obstar a expropriação do bem objeto da garantia real. Embargado ( exequente e/ou executado da ação principal.) Art 677, parágrafo 4. Será legitimado passivo dos embargos quem aproveitar do ato de constrição, assim como seu adversário no processo principal, quando for sua a indicação do bem para constrição judicial.. Prazo O art. 675 do NCPC quanto ao prazo diz que podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não houver transito em julgado, e na execução, até 5 dias depois da arrematação, adjudicação ou remição, mas sempre antes da assinatura da carta. Fundamento legal Pedidos e requerimentos Valor da Causa Do art. 674 ao 681 do NCPC. Petição nos termos do art 319 do CNPC. Pedido para ser determinado o levantamento da penhora do bem do embargante. Possibilidade de requerimento de liminar. Citação do(s) Embargado (o).segundo o STJ, não é possível a citação na pessoa do advogado (STJ. REsp 782.889/SP 1 ). É possível o pedido de suspensão da ação que ordenou o esbulho judicial, nos casos em que tal ato. Condenação de custas e honorários sucumbenciais. Protesto por provas. Embargado terá prazo de 15 dias para contestar. ( art 679 do NCPC). Fundametos da defesa ( art 680 do NCPC). Valor do bem constrito, quando se verificar que tal bem tem valor menor do que a divida 2 ( Resp 1.136.568) Enunciado n.º 1 RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. EMBARGOS DE TERCEIRO. CITAÇÃO PESSOAL DA EMBARGADA. NECESSIDADE. CITAÇÃO NA PESSOA DO ADVOGADO. IMPOSSIBILIDADE. 1. Esta Corte entende necessária a citação pessoal no processo de embargos de terceiro, não sendo suficiente a citação feita na pessoa de um dos advogados da embargada. Precedentes. 2. Recurso especial conhecido e provido. (STJ. REsp 782889/SP, Rel. Ministro FERNANDO GONÇALVES, QUARTA TURMA, julgado em 12/12/2005, DJ 01/02/2006 p. 571). 2 "AGRAVO DE INSTRUMENTO - EMBARGOS DE TERCEIRO - VALOR DA CAUSA - AUSÊNCIA DE PREVISÃO NO ART. 259, DO CPC - PRETENDIDA FIXAÇÃO DE VALOR DE ALÇADA PELO EMBARGANTE - IMPOSSIBILIDADE - CORREÇÃODETERMINADA PELO JUIZ CONSIDERANDO APENAS O VALOR DO BEM SOBRE O QUAL RECAIU A MEDIDA CONSTRITIVA - NECESSIDADE DE LIMITAÇÃO DESSE VALOR AO DO DÉBITO QUE GEROU A CONSTRIÇÃO JUDICIAL - OFENSA AOS PRINCÍPIOS DO DEVIDO PROCESSO LEGAL E ACESSO AO JUDICIÁRIO - NÃO-OCORRÊNCIA - 2
178 do FPPC: O valor da causa nas ações fundadas em posse, tais como as ações possessórias, os embargos de terceiro e a oposição, deve considerar a expressão econômica da posse, que não obrigatoriamente coincide com o valor da propriedade. (Grupo: Procedimentos Especiais) EMBARGOS DE TERCEIRO NO NOVO CPC Tal instituto estará presente no novo CPC entre os arts 674 e 680. No que tange ao seu cabimento, verifica-se que se alterou o texto anterior, para dar legitimidade ativa àqueles que verifiquem pender sobre o seu patrimônio alguma constrição ou ameaça de constrição judicial, sendo que nas palavras do prof. Eduardo de Avelar Lamy, na obra Breves comentário ao Novo Código de Processo civil editora RT, 205, fls 1574, quando trata sobre o cabimento dos Embargos de Terceiros na nova codificação, diz que a constrição indevida pode ocorrer em processos de conhecimento, bem como de execução definitiva ou provisória, inclusive mediante tutela antecipada- especialmente as de caráter cautelar- sobre bens pertencentes ou possuídos pelo terceiro ou pro pessoa a ele equiparada por força do art 674 2º do CPC de 2015. Manteve-se o prazo para propositura desses embargos,podendo ser propostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença e no cumprimento de sentença e execução até 5 dias depois da adjudicação e arrematação, conforme dispõe o art 675 do NCPC. Com relação a competência, o parágrafo único do art. 676 do NCPC trouxe uma pequena alteração, dizendo que se a constrição for realizada por carta os embargos deverão ser opostos no juízo deprecado, salvo se indicado pelo juízo deprecante a constrição sobre o bem ou se já tiver sido devolvida a carta precatória. Com relação a legitimidade passiva, para sanar as dúvidas sobre quem deveria ocupar esse posto, o art 677 do NCPC trouxe em seu parágrafo 4º o seguinte texto: 4º Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição passiva aproveita, assim como será o seu adversário no processo principal quando for sua a indicação do bem para constrição judicial. DECISÃO REFORMADA EM PARTE RECURSO PROVIDO PARCIALMENTE. Embora o art. 259, do CPC, não preveja, expressamente, a base para a fixação do valor da causa nos embargos de terceiro, é majoritária a orientação jurisprudencial no sentido de que aquele deve corresponder ao do valor do bem sobre o qual recai a constrição, o qual, todavia, não deve exceder ao quantum da dívida que aquela medida judicial visa a garantir.documento: 14482866 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJe: 24/03/2011 Página 1 de 5 3
Outro ponto que foi reformando é o prazo para resposta dos embargos de terceiro, que passou para 15 dias, sendo que além disso, o tramite se dará pelo procedimento comum e não mais pelo rito das cautelares como previa o CPC de 1973. ( art 679 do NCPC). Outra inovação é o art. 681 do NCPC que não tem correspondência com o CPC de 1973, onde se verifica que o legislador traz com clareza qual a eficácia da sentença que julga os embargos de terceiro, dizendo quesendo acolhido o pleito inicial, o ato de constrição será considerado indevido e o autor da demanda retomará o bem para si. Questão para discussão Analise o seguinte caso: João adquiriu de Pedro um automóvel, pagando pela compra R$ 20 mil. Passado algum tempo, em numa fiscalização policial, foi constatado que o veículo foi objeto de furto, sendo procedida, então, a sua apreensão. Pergunta-se: a) Qual o instituto legal aplicável à questão? Que direitos possui João? b) Se João e Pedro, no contrato de compra e venda, estabeleceram cláusula de isenção/exclusão de garantia pela perda do veículo, João não terá, mesmo assim, direito a nada? E se não assumir o risco? Fonte da questão: https://www.passeidireto.com Caso Prático da aula. Juarez prometeu vender a João imóvel de sua propriedade, por intermédio de compromisso particular celebrado em agosto de 2015, para pagamento em 12 meses. João recebeu a respectiva posse, mas não a propriedade, que lhe deveria ser transmitida após o pagamento de todas as parcelas do preço. Contudo, João deixou de solver as parcelas em outubro de 2015 o que motivou Juarez a mover ação de rescisão contratual, precedida de notificação extrajudicial em que aquele foi constituído em mora. Tal ação ainda está em tramite, sem que haja uma decisão final. Recentemente, Juarez soube que o imóvel foi penhorado em execução movida por Tadeu em relação a João, pois este ofereceu o bem a penhora, e que irá à primeira praça na próxima semana. 4
QUESTÃO: Na qualidade de advogado de Juarez, promova a medida judicial para salvaguardar seus direitos sobre o imóvel. Considere que a ação de rescisão contratual tramita perante a 12.º Vara Cível Central de São Paulo, ao passo que a execução contra João, perante a 1.ª Vara Cível Regional de Santo Amaro. O valor da execução é de R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais) e o valor do bem de Juarez é de R$ 120.000,00 ( cento e vinte mil reais). CASO EXTRA 03- ENTREGA 30/04/2016 Diana de Goes Lima, é médica inscrita na CRM em São Paulo. Seu consultório fica na cidade de Campos do Jordão. Foi contratada por Marciliana Rocha para fazer um tratamento de pele no rosto e no pescoço, tendo em vista que a paciente ficou com marcas na pele após ter sido acometida por uma doença. Para tanto, Diana pactuou que pelo tratamento cobraria R$40.000,00 (quarenta mil reais), sendo que o contrato foi assinado pela Marciliana e por Diana, sem qualquer outra pessoa que o testemunhasse. O valor dos honorários deveriam ser pagos da seguinte forma: 50% na entrada e o restante quando Marciliana terminasse o tratamento. Em caso de atraso de pagamento, sobre o valor total do contrato incidiria multa de 10%. Marciliana pagou o valor correspondente à entrada pactuada. O tratamento foi um sucesso e Marciliana teve alta em 15/03/2016. Ocorre que até a presente data o pagamento da segunda parcela não foi realizado e Diana quer receber os valores pactuados. Questão: Como advogado contratado por Diana, proponha a ação competente, utilizandose de procedimento COMUM, a fim de buscar a solução judicial para questão. 5