AS VOGAIS PRETÔNICAS [-BX] NO DIALETO CARIOCA: UMA ANÁLISE ACÚSTICA

Documentos relacionados
PADRÃO FORMÂNTICA DA VOGAL [A] REALIZADA POR CONQUISTENSES: UM ESTUDO COMPARATIVO

TONICIDADE E COARTICULAÇÃO: UMA ANÁLISE INSTRUMENTAL

Sobre vogais pretônicas médias no dialeto carioca: vogal derivada versus vogal subjacente

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO. Alessandra de Paula (FAPERJ/UFRJ)

AVALIAÇÃO INSTRUMENTAL DOS CORRELATOS ACÚSTICOS DE TONICIDADE DAS VOGAIS MÉDIAS BAIXAS EM POSIÇÃO PRETÔNICA E TÔNICA *

VOGAIS NASAIS E NASALIZADAS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO: PRELIMINARES DE UMA ANÁLISE DE CONFIGURAÇÃO FORMÂNTICA

REALIZAÇÕES DAS VOGAIS MÉDIAS ABERTAS NO DIALETO DE VITÓRIA DA CONQUISTA BA

O PAPEL DOS CONTEXTOS FONÉTICOS NA DELIMITAÇÃO DA TONICIDADE DE FALA ATÍPICA

VOGAL [A] PRETÔNICA X TÔNICA: O PAPEL DA FREQUÊNCIA FUNDAMENTAL E DA INTENSIDADE 86

VI SEMINÁRIO DE PESQUISA EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS. Luiz Carlos da Silva Souza** (UESB) Priscila de Jesus Ribeiro*** (UESB) Vera Pacheco**** (UESB)

O ALÇAMENTO VOCÁLICO NO FALAR BALSENSE

Apresentar uma análise inicial da variação na sílaba postônicaem paroxítonas segundo a

UFRJ Análise acústica das vogais pretônicas [-bx] no falar do Rio de Janeiro

IMPLICAÇÕES DA AMPLIAÇÃO E REDUÇÃO DO VOT NA PERCEPÇÃO DE CONSOANTES OCLUSIVAS 1

AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ENTRE TONICIDADE E DISTINÇÃO DE OCLUSIVAS SURDAS E SONORAS NO PB

VOGAIS MÉDIAS POSTÔNICAS NÃO-FINAIS NA FALA CULTA CARIOCA

10 A CONSTRUÇÃO FONOLÓGICA DA PALAVRA

Objetivo, programa e cronograma da disciplina: Fonética e Fonologia do Português FLC0275

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA - UFU INSTITUTO DE LETRAS E LINGUÍSTICA

REFLEXÕES SOBRE O APAGAMENTO DO RÓTICO EM CODA SILÁBICA NA ESCRITA

AVALIAÇÃO DE OUTIVA DA QUALIDADE VOCÁLICA EM PALAVRAS DERIVADAS POR SUFIXAÇÃO

VOGAIS NASAIS EM AMBIENTES NÃO NASAIS EM ALGUNS DIALETOS BAIANOS: DADOS PRELIMINARES 1

Conclusão. Juliana Simões Fonte

Descrição acústica das vogais tônicas da fala capixaba

Objetivo, programa e cronograma da disciplina: Fonética e Fonologia do Português FLC0275

Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos

ANÁLISE DA LEITURA EM VOZ ALTA: CARACTERÍSTICAS PROSÓDICAS DE FALANTES DA CIDADE DE ARAPIRACA/AL

ESTUDO FONÉTICO-EXPERIMENTAL DA INFLUÊNCIA DA PAUSA NA DURAÇÃO DE VOGAIS ACOMPANHADAS DE OCLUSIVAS SURDAS E SONORAS *

PROCESSOS FONOLÓGICOS NA PRODUÇÃO ORAL DE INDIVÍDUOS COM SÍNDROME DE DOWN: UMA ANÁLISE DESCRITIVA

INVESTIGAÇÃO ACERCA DOS PROCESSOS DE REESTRUTURAÇÃO SILÁBICA CVC NO PORTUGUÊS BRASILEIRO E NO INGLÊS: UMA ANÁLISE FONÉTICO-ACÚSTICA

Características da duração do ruído das fricativas de uma amostra do Português Brasileiro

Duração relativa das vogais tônicas de indivíduos com fissura labiopalatina

REFLEXÕES ACERCA DA REALIZAÇÃO DAS VOGAIS MÉDIAS ABERTAS EM POSIÇÃO PRETÔNICA EM CONTEXTO DE DERIVAÇÕES

OBSERVAÇÕES ACÚSTICAS SOBRE AS VOGAIS ORAIS DA LÍNGUA KARO

CONSIDERAÇÕES SOBRE A ESCRITA INICIAL DE SUJEITOS ATÍPICOS

A nasalização vocálica pretônica por efeito da consoante nasal da sílaba seguinte: a variação no português falado em Cametá Pará

ANÁLISE DA ELEVAÇÃO DAS VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS SEM MOTIVAÇÃO APARENTE 1. INTRODUÇÃO

II SiS-Vogais. Priscilla Garcia Universidade Federal da Bahia. Belo Horizonte MG Maio de 2009

A percepção de variação em semitons ascendentes em palavras isoladas no Português Brasileiro 1

A DISTRIBUIÇÃO DO PROCESSO DE APAGAMENTO DO RÓTICO NAS QUATRO ÚLTIMAS DÉCADAS: TRÊS CAPITAIS EM CONFRONTO

DISPERSÃO E HARMONIA VOCÁLICA EM DIALETOS DO PORTUGUÊS DO BRASIL DISPERSION AND VOWEL HARMONY IN BRAZILIAN PORTUGUESE DIALECTS

AVALIAÇÃO ESPECTRAL DE FRICATIVAS ALVEOLARES PRODUZIDAS POR SUJEITO COM DOWN

A CONCORDÂNCIA VERBAL DE TERCEIRA PESSOA DO PLURAL NO PORTUGUÊS POPULAR DA COMUNIDADE RURAL DE RIO DAS RÃS - BA

Estudo da fala conectada na região metropolitana do Rio de Janeiro

A harmonização vocálica nas vogais médias pretônicas dos verbos na

LHEÍSMO NO PORTUGÛES BRASILEIRO: EXAMINANDO O PORTUGÛES FALADO EM FEIRA DE SANTANA Deyse Edberg 1 ; Norma Lucia Almeida 2

O ALÇAMENTO DAS VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS E POSTÔNICAS MEDIAIS Fernando Antônio Pereira Lemos (CEFET-MG)

Fonologia Gerativa. Traços distintivos Redundância Processos fonológicos APOIO PEDAGÓGICO. Prof. Cecília Toledo

COMPORTAMENTO DA FRICATIVA CORONAL EM POSIÇÃO DE CODA: UM ESTUDO VARIACIONISTA DA INTERFACE FALA E LEITURA DE ALUNOS DE DUAS ESCOLAS PESSOENSES

REDUÇÃO DAS VOGAIS ÁTONAS FINAIS NO FALAR DE UM MANEZINHO

Estudo do pré-vozeamento, frequência do burst e locus de F2 das oclusivas orais do Português Europeu

CARACTERIZAÇÃO ACÚSTICA DAS VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS DO PORTUGUÊS FALADO EM BARCARENA/PA

A RELAÇÃO ENTRE POSIÇÃO DE ÊNFASE SENTENCIAL/PROXIMIDADE DE PAUSA E DURAÇÃO SEGMENTAL NO PB: O CASO DAS FRICATIVAS

UMA ANÁLISE SOCIOFUNCIONALISTA DA DUPLA NEGAÇÃO NO SERTÃO DA RESSACA

Estudo acústico das vogais tônicas em palavras paroxítonas do português falado no Rio Grande do Sul

A REALIZAÇÃO DAS FRICATIVAS ALVEOLARES NAS CAPITAIS DA REGIÃO SUDESTE: UM ESTUDO A PARTIR DOS DADOS DO ATLAS LINGUÍSTICO DO BRASIL (ALiB)

Análise acústica e sociolinguística das vogais médias pretônicas faladas em Montanha ES

Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos

A INFLUÊNCIA DO PORTUGUÊS BRASILEIRO NA FALA DE PORTUGUESES: O CASO DA HARMONIA VOCÁLICA

Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos

O PROCESSO VARIÁVEL DO ALÇAMENTO DAS VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS NO MUNICÍPIO DE ARAGUARI-MG

Variação e mudança: abordagens teóricas, metodologia de coleta de dados e fenômenos linguísticos em foco

Análise fonológica da entoação: estudo constrastivo entre o português e. o espanhol

Aquisição ortográfica das vogais do português brasileiro. Carolina Reis Monteiro PPGE/FaE/UFPel Profa. Dra. Ana Ruth Miranda - PPGE/FaE/UFPel

Introdução à Morfologia

O APAGAMENTO DO /R/ FINAL NA ESCRITA DE ESTUDANTES CATUENSES

O PAPEL DOS MORFEMAS NO BLOQUEIO OU ALÇAMENTO DAS VOGAIS MÉDIAS

A Vogal Epentética Em Encontros Consonantais Heterossilábicos No Português Brasileiro: Um Estudo Experimental

VOWELS IN NON-FINAL POST-TONIC CONTEXT IN VARIETIES OF PORTUGUESE: THEORETICAL QUESTIONS

RELAÇÃO ENTRE DURAÇÃO SEGMENTAL E PERCEPÇÃO DE FRICATIVAS SURDAS E SONORAS

Fonêmica. CRISTÓFARO SILVA, Thaïs. Fonética e fonologia do português: roteiro de estudos e guia de exercícios. 9. ed. São Paulo: Contexto, 2009.

O /S/ EM CODA SILÁBICA NO NORDESTE, A PARTIR DOS INQUÉRITOS DO PROJETO ATLAS LINGÜÍSTICO DO BRASIL (ALIB).

Flaviane Romani FERNANDES (IEL - Unicamp / PG)

FONOLOGIA. Abaixo a relação dos ditongos decrescente e crescente:

A PRETÔNICA /O/ NA FALA DE NOVA IGUAÇU/RJ

PALAVRAS-CHAVE: Vogais médias pretônicas; Análise acústica; Português Brasileiro.

ANÁLISE DAS VOGAIS POSTÔNICAS FINAIS [e] e [o] NOS FALANTES DO MUNICÍPIO DE DOUTOR PEDRINHO

CRIAÇÃO LEXICAL: O USO DE NEOLOGISMOS NO PORTUGUÊS FALADO EM DOURADOS

Apagamento do /r/ em final de palavras: um estudo comparativo entre falantes do nível culto e do nível popular

AULA 3: ANÁLISE FONÊMICA EM PORTUGUÊS 1. Introdução Fonêmica

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS SUSANA SILVA DE SOUZA

O comportamento fonológico das vogais médias em posição pretônica no dialeto de Belo Horizonte

From initial education to the Portuguese L1 classroom

As Vogais Médias Pretônicas no Falar Paraense

Minas Gerais pertence à área de falar baiano, à área de falar sulista, à área de falar fluminense e à área de falar mineiro, conforme Nascentes (1953)

ALÇAMENTO DAS VOGAIS PRETÔNICAS /e/ E /o/: EVIDÊNCIAS DA MODALIDADE ORAL NO TEXTO ESCRITO

O ALÇAMENTO DAS VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS /E/ E /O/ SEM MOTIVAÇÃO APARENTE: UM ESTUDO EM TEMPO REAL

FALAR POPULAR DE FORTALEZA: UMA ABORDAGEM VARIACIONISTA

ESTUDO!DO!VOT!(VOICE&ONSET&TIME)&NA!FALA!CURITIBANA!

A pesquisa linguística em textos do português arcaico

UM ESTUDO CONTRASTIVO SOBRE AS VOGAIS MÉDIAS PRETÔNICAS EM FALARES DO AMAZONAS E DO PARÁ COM BASE NOS DADOS DO ALAM E DO ALISPA *

Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Lingüísticos

Produção de Oclusivas e Vogais em Crianças Surdas com Implante Coclear

FALA E ESCRITA: SUAS IMBRICAÇÕES EM REDAÇÕES ESCOLARES

VARIAÇÃO DITONGO/HIATO

RELAÇÃO ENTRE SINAL ACÚSTICO E INFORMAÇÃO VISUAL NA PERCEPÇÃO DE ASPECTOS PROSÓDICOS

Instituto Federal Fluminense, Santo Antônio de Pádua, Rio de Janeiro / Brasil

O ACRE ENTRE OS GRUPOS AFRICADORES DO BRASIL. Autora: Carina Cordeiro de Melo* 1 INTRODUÇÃO

Fonêmica do português

XI COLÓQUIO DO MUSEU PEDAGÓGICO 14 a 16 de outubro de Marian Oliveira 52 (UESB) Vera Pacheco 53 (UESB) Luana Porto Pereira 54 (UESB)

Transcrição:

II Simpósio sobre Vogais 21 a 23 de maio de 2009 Belo Horizonte- MG AS VOGAIS PRETÔNICAS [-BX] NO DIALETO CARIOCA: UMA ANÁLISE ACÚSTICA Luana Machado Universidade Federal do Rio de Janeiro Orientadores: Dinah Callou (UFRJ) João Moraes (UFRJ)

INTRODUÇÃO Este trabalho parte da observação do fenômeno do alteamento, um processo que eleva as vogais médias pretônicas por influência de uma vogal alta em sílaba tônica, ou por influência de algum contexto consonantal adjacente (principalmente para as vogais posteriores), acarretando, no português do Brasil, a possibilidade de variação entre a forma com a vogal alteada (b[i]bida, c[u]ruja) e a não alteada (b[e]bida, c[o]ruja).

ANÁLISE ACÚSTICAS Um dos trabalhos acústicos que nortearam essa investigação foi o de Moraes et alii (2006). O trabalho pretendia complementar as análises já empreendidas e poder caracterizar acusticamente as realizações tônicas, pretônicas e postônicas dos cinco dialetos do projeto NURC. Durante o trabalho, foram medidos os valores dos dois primeiros formantes. Os autores observaram que, no sistema pretônico, ocorre posteriorização das vogais anteriores e anteriorização das posteriores. Em relação às postônicas, registrou-se ainda uma pronunciada elevação da vogal central baixa, o que resulta em um sistema mais compacto.

ANÁLISES ACÚSTICAS Os autores levantam ainda a hipótese da existência de uma vogal de timbre intermediário entre /i/ e /e/ e entre /u/ e /o/, resultante da regra de alteamento. Os autores relacionam essa hipótese com a levantada por Mattoso Câmara (1953) quanto a não ocorrência de neutralização, nos casos de alteamento, mas sim um debordamento entre os submembros do fonema /i/ e os submembros do fonema /e/. No entanto, não chegam a levar essa hipótese a diante.

ANÁLISES ACÚSTICAS Outro trabalho também norteador dessa investigação foi feito por Boersma et alii (2008), que descreve o espaço acústico das vogais do português brasileiro e do europeu a partir de quatro correlatos acústicos: o primeiro formante, o segundo formante, a duração e a freqüência fundamental. A partir dessas análises, identificaram diversos fenômenos, tais como a duração intrínseca de cada vogal, bem como freqüência fundamental, espaço acústico das vogais diferenciado para homens e mulheres, entre outros. A intenção dos autores com o trabalho era analisar o espaço acústico das vogais tônicas desses dois dialetos para prever/solucionar problemas na aquisição de L2.

ANÁLISE EM CURSO O presente trabalho busca, portanto, confirmar, ou infirmar, a hipótese da existência de uma vogal intermediária, levantada por Moraes et alii (1996), a partir da análise dos dois primeiros formantes das vogais pretônicas anteriores e posteriores (subjacentes, alteadas e médias). Com a extensão deste trabalho, pretende-se ainda analisar, nos moldes do trabalho desenvolvido por Boersma et alii, a duração e a FO dessas vogais, a fim de evidenciar se no sistema pretônico as diferenças, por eles encontradas, se mantêm.

ANÁLISE EM CURSO O trabalho busca ainda verificar se o padrão de centralização do sistema, encontrado em outros trabalhos, tanto de base acústica quanto variacionista, ocorre também para a dicotomia vogal subjacente versus vogal alteada. Se positivo, espera-se que as vogais alteadas sejam menos periféricas que as suas correspondentes subjacentes, e que as médias sejam menos periféricas que as alteadas. Por fim, o trabalho visa a expor as diferenças formânticas entre voz masculina e voz feminina, verificando se o resultado se assemelha ao encontrado por Boersma et alii (2008): o espaço acústico das vogais dos informantes do sexo feminino é maior que o dos informantes de sexo masculino, como mostra a figura abaixo retirada do artigo.

ANÁLISE EM CURSO Figura 2 espaço acústico masculino (fonte pequena) e feminino (fonte grande), PB (linha contínua) e PE (linha pontilhada).

HIPÓTESE Em resumo, a hipótese do trabalho diz respeito ao fato de o fenômeno do alteamento vocálico poder levar a admitir a existência de uma chamada vogal intermediária, ou seja, vogais altas não-subjacentes à estrutura fônica da palavra. Um [i] [e] e um [u] [o] (m[i]nino e c[u]ruja), que do ponto de vista perceptivo, equivaleriam a um [i] ou [u], mas possuiriam propriedades formânticas diferentes daquelas das vogais altas subjacentes correspondentes, como, por exemplo, o [i] de f[i]zer e o [u] de t[u]tano. Dessa forma, seriam consideradas intermediárias por apresentarem valores que se situam entre os das vogais altas ([i]/[u]) e os das médias de segundo grau ([e]/[o]).

METODOLOGIA E CORPUS Por se tratar de um trabalho acústico sobre vogais, os parâmetros analisados são os formantes, isto é, zonas de freqüência sonora em que há maior concentração de energia. Levou-se em consideração, como é feito tradicionalmente, apenas o valor dos dois primeiros formantes. Eles dão conta, respectivamente, da altura (vogal alta, média ou baixa) e da localização (vogal anterior ou posterior) das vogais pretende-se, como já foi dito, analisar a duração e a F0 em um trabalho mais extenso.

METODOLOGIA E CORPUS A fim de se obter uma homogeneidade, todos os informantes estão cursando os últimos períodos, ou possuem nível superior e têm idade entre 20 e 25 anos. Além disso, todos pertencem à área urbana da cidade do Rio de Janeiro. No total, foram coletados dados de quatro informantes, dois do sexo feminino e dois do sexo masculino. Os dados foram gravados no Laboratório de Fonética da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em uma sala com isolamento acústico, com um gravador de alta captação.

METODOLOGIA E CORPUS A medição dos valores dos formantes foi feita com o auxílio do programa de análise acústica Praat, versão 5.0., no centro de cada vogal. Escolheu-se esse local para medição, pois, assim, se eliminam as influências dos segmentos adjacentes, uma vez que, a depender do tipo de segmento, pode haver aumento ou diminuição do contorno formântico da vogal.

METODOLOGIA E CORPUS Os dados foram obtidos a partir da leitura feita pelos informantes de palavras que apareciam na tela de um computador. As palavras que continham vogal alta subjacente (bigode e buraco) e média (telhado e covarde) apareciam isoladamente na tela do computador, sem estarem inseridas em nenhuma frase. Já as palavras que continham vogal alteada (menino e comida) apareciam em forma de figura, para que a escrita não influenciasse a leitura, inseridas em frases, para que o informante não desse muita atenção à palavra lida.

O está feliz.

METODOLOGIA E CORPUS Foram gravadas 5 palavras com cada tipo de vogal, o que gerou 30 dados por informante. No total, foram analisadas 120 vogais para esta apresentação.

RESULTADOS As vogais intermediárias existem ou não? Figura 3 espaço acústico das vogais pretônicas, média da voz feminina.

RESULTADOS As vogais intermediárias existem ou não? Figura 4 espaço acústico das vogais pretônicas, média da voz masculina.

RESULTADOS Sistema diversificado, mas compacto Figura 5 espaço acústico das vogais, média voz feminina.

RESULTADOS Sistema diversificado, mas compacto Figura 6 espaço acústico das vogais, média da voz masculina.

RESULTADOS Homens, mulheres e suas diferenças

CONCLUSÕES A partir das análises feitas, pode-se afirmar a existência das vogais intermediárias. A diferença acústica revelada pelos seus diferentes valores de F1 e F2, quando feita a média, se mostrou presente não só na média feita por sexo, mas também de cada informante. Ou seja, todos os informantes apontam um mesmo padrão configuracional. Pode-se afirmar também que o padrão de centralização do sistema também ocorre na dicotomia vogal pretônica alta subjacente versus alteada, sendo esta última mais centralizada que a primeira. Sendo assim, o [u] e o [i] alteados são menos periféricos que suas correspondentes subjacentes.

CONCLUSÕES Reafirmou-se também a diferença existente entre voz masculina e voz feminina. As mulheres demonstraram ter um espaço acústico mais aberto que o dos homens, revelando valores formânticos para as vogais alteadas, bem como para as demais, maiores que os dos homens.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BOERSMAN et alii. A cross-dialect acoustic description of vowels:brazilian and European Portuguese. CALLOU, D. & LEITE, Y. As vogais pretônicas no falar carioca. Estudos lingüísticos e literários, 5: 151-162. Salvador, UFBA, 1986. CALLOU, D.; MORAES, J. & Leite, Y. Aspectos fonéticos do português do Brasil: pluralidade de normas. Anais do I Encontro Nacional sobre Língua Falada e Ensino. Maceió, 1994. MORAES, J.; Callou, D.; Leite, Y. O sistema vocálico do português do Brasil: caracterização acústica. In. Kato, M. (org.) Gramática do português falado.vol V: 33-54. Campinas/UNICAMP, 1996.. As vogais orais: um estudo acústico-variacionista. A sair no v. 4 (Fonética e Fonologia) da consolidação da Gramática do Português falado. 2006.

OBRIGADA! LUANALETRAS@UFRJ.BR