AVALIAÇÃO CLIMÁTICA PARA ANOS NORMAIS DA ZONA DA MATA NORTE DO ESTADO DE PERNAMBUCO PARA A SILVICULTURA

Documentos relacionados
BALANÇO HÍDRICO E CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA PARA O MUNICÍPIO DE ITUPORANGA SC

BALANÇO HÍDRICO E CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA SEGUNDO O MÉTODO DE THORNTHWAITE & MATHER PARA SOUSA-PB

Determinação do BH Climatológico. Método de Thornthwaite & Mather (1955)

CLASSIFICAÇÃO E INDÍCIO DE MUDANÇA CLIMÁTICA EM NOVA FRIBURGO - RJ

BALANÇO HÍDRICO CLIMÁTICO EM DOIS PERÍODOS DISTINTOS ( ) E ( ) PARA CAMPOS SALES NO CEARÁ

BALANÇO HÍDRICO CLIMÁTICO E CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA PARA A CIDADE DE SÃO PAULO DO POTENGI - RN.

CLASSIFICAÇÃO E INDÍCIO DE MUDANÇA CLIMÁTICA EM ANGRA DOS REIS - RJ

BALANÇO HÍDRICO CLIMÁTICO DE JUAZEIRO - BA

Balanço hídrico climatológico com simulações de cenários climáticos e classificação climática de Thornthwaite para o Município de Iguatú, CE, Brasil

Determinação Agroclimatológica para Manejo Racional de Canaviais no Município de Itambé, Pernambuco: Anos Chuvosos

ANÁLISE DA PRECIPITAÇÃO DO MUNICÍPIO DE CRUZ DAS ALMAS ATRAVÉS DA TÉCNICA DE QUANTIS M. J. M. GUIMARÃES 1 ; I. LOPES 2

Documentos. ISSN Agosto, Boletim Agrometeorológico 2013

CHARACTERIZATION OF THE METEOROLOGICAL REGIME OF ARAPIRACA - AL QUINQUENNIUM

BALANÇO HÍDRICO DO MUNICÍPIO DE IGARAPÉ-AÇU PA.


BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO NO MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA, PR: APORTES PARA O PLANEJAMENTO AGRÍCOLA E HIDROLÓGICO

Documentos. ISSN Agosto, Boletim Agrometeorológico 2014

A PREVISIBILIDADE DAS CHUVAS PARA O MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE

ANÁLISE COMPARATIVA DECADAL DO BALANÇO HÍDRICO PARA O MUNICÍPIO DE PARNAÍBA-PI

Lucio Alberto Pereira 1 ; Roseli Freire de Melo 1 ; Luiza Teixeira de Lima Brito 1 ; Magna Soelma Beserra de Moura 1. Abstract

VARIABILIDADE DO ARMAZENAMENTO DE ÁGUA NO SOLO COM CAPACIDADE DE CAMPO DIFERENCIADA PARA O ESTADO DA PARAÍBA

CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DO MUNICÍPIO DE OLIVEDOS - PB, BRASIL

Balanço Hídrico Climatológico e Classificação Climática da Região de Sinop, Mato Grosso

COMPORTAMENTO DO REGIME PLUVIOMÉTRICO MENSAL PARA CAPITAL ALAGOANA MACEIÓ

CÁLCULO DO BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO DO ESTADO DA PARAÍBA PARA O PLANEJAMENTO AGRÍCOLA

Estimativa do balanço hídrico climatológico e classificação climática pelo método de Thornthwaite e Mather para o município de Aracaju-SE

MONITORAMENTO DA PRECIPITAÇÃO NA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE PE UTILIZANDO A TÉCNICA DOS QUANTIS. 3

CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DA CIDADE DE ATALAIA - ALAGOAS

BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO E CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE THORNTHWAITE PARA O MUNICÍPIO DE GROAÍRAS-CE

XX Congresso Brasileiro de Agrometeorologia V Simpósio de Mudanças Climáticas e Desertificação do Semiárido Brasileiro

CARACTERIZAÇÃO DE PERÍODOS SECOS OU CHUVOSOS ATRAVÉS DOS QUANTIS PARA ALGUMAS LOCALIDADES DO ESTADO DE ALAGOAS (ANÁLISE PRELIMINAR) RESUMO

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 69

ISSN Julho, Boletim Agrometeorológico 2013: Estação Agroclimatológica da Embrapa Amazônia Ocidental, no Km 29 da Rodovia AM-010

CARLOS MÁRCIO DE AQUINO ELOI¹

BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO NORMAL PONDERADO PARA O MUNICÍPIO DE FERNANDÓPOLIS - SP

CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA

Balanço Hídrico Seriado de Petrolina, Pernambuco

CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA DE CORUMBÁ-MS

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 46

Carlos Márcio de Aquino Eloi 1

Caracterização de anos secos e chuvosos no Alto do Bacia Ipanema utilizando o método dos quantis.

BOLETIM AGROMETEOROLÓGICO 1996

MODELAÇÃO MATEMÁTICA DOS RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS DA REGIÃO DE MOURA

4. BALANÇO HÍDRICO DA REGIÃO DE MANAUS - AM.

Balanço Hídrico SEGUNDO THORNTHWAITE E MATHER, 1955

Aula de Hoje BALANÇO HÍDRICO NA PRODUÇÃO DE CULTIVOS AGRÍCOLAS. Balanço Hídrico: Roteiro para elaboração do BHC:

BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO COMO PLANEJAMENTO AGROPECUÁRIO PARA O MUNICÍPIO DE PAULISTANA, PI. Grande-PB,

AGROMETEOROLÓGICO UFRRJ

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 44

Boletim Agrometeorológico

ANÁLISE DOS BALANÇOS HÍDRICOS DAS CIDADES DE SERRA TALHADA E TRIUNFO-PE

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 42

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Embrapa Meio-Norte. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Balanço hídrico e classificação climática de Thornthwaite para a cidade de Palmas TO

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 41

BALANÇO HÍDRICO DO RIO JACARECICA, SE. L. dos S. Batista 2 ; A. A. Gonçalves 1

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Embrapa Meio-Norte. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

CAPTAÇÃO DE ÁGUA DE CHUVA EM REGIÕES DE GRANDE VARIABILIDADE INTERANUAL E INTERDECADAL DE PRECIPITAÇÃO

CARACTERIZAÇÃO DO REGIME PLUVIOMÉTRICO NA MICRORREGIÃO HOMOGÊNEA DE ITUIUTABA (MG) COM O USO DO BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO.

BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO APLICADA A CULTURA DO MILHO PARA O MUNICIPIO DE BARBALHA CE

BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO E DETERMINAÇÃO DA ETR PARA FINS DE MANEJO DE IRRIGAÇÃO NO MUNICÍPIO DE PETROLINA-PE

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Embrapa Meio-Norte. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Climatologia da Precipitação no Município de Igarapé-Açu, PA. Período:

DISTRIBUIÇÃO SAZONAL DO ÍNDICE DE EROSIVIDADE DA CHUVA PARA AS MICROREGIÕES DO ESTADO DO TOCANTINS RESUMO

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 39

Condições hídricas e o crescimento vegetal da cana-de-açúcar no município Itambé, Pernambuco: anos normais

Documentos 84. Dados climatológicos: Estação de Paraipaba, 2003

PRECIPITAÇÕES MÁXIMAS DIÁRIAS PARA REGIÕES DO ESTADO DE ALAGOAS RESUMO INTRODUÇÃO

CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA DO MUNICÍPIO DE JATAÍ-GO: Subsídios às atividades agrícolas

Balanço Hídrico - Conceito

UFPA- FAMET- Brasil- Belém-

CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA PARA OS MUNICÍPIOS DE BOTUCATU E SÃO MANUEL, SP 1 RESUMO

ANÁLISE DA PRECIPITAÇÃO E DO NÚMERO DE DIAS DE CHUVA NO MUNICÍPIO DE PETROLINA - PE

COMPARAÇÃO DO BALANÇO HÍDRICO NAS ÚLTIMAS QUATRO DÉCADAS PARA O MUNICÍPIO DE PICUÍ PB

ESTIMATIVA DA PRECIPITAÇÃO EFETIVA PARA A REGIÃO DO MUNICÍPIO DE IBOTIRAMA, BA Apresentação: Pôster

ANÁLISE DA PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA E DO NÚMERO DE DIAS COM CHUVA EM CALÇOENE LOCALIZADO NO SETOR COSTEIRO DO AMAPÁ

BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO PARA O MUNICÍPIO DE CATOLÉ DO ROCHA-PB: UMA FERRAMENTA PARA O PLANEJAMENTO AGROPECUÁRIO

Prof. Felipe Gustavo Pilau

CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA E EXTRATO DO BALANÇO HÍDRICO PARA O DISTRITO DE SÃO JOÃO DE PETRÓPOLIS, SANTA TERESA ES

VARIAÇÃO CLIMÁTICA DO MUNICÍPIO DE JAGUARUANA-CE EM FUNÇÃO DO ARMAZENAMENTO DE ÁGUA NO SOLO

Análise do clima de Goiás para os anos de 2012 a 2014 baseados na classificação climática de Thornthwaite.

PROJECÃO FUTURA DO BALANCO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO PARA MESORREGIÃO SUL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Boletim Agrometeorológico

AVALIAÇÃO DA ESTAÇÃO DE CRESCIMENTO NO SERTÃO, AGRESTE, ZONA DA MATA E LITORAL ALAGOANO. RESUMO

ANÁLISE DA PRECIPITAÇÃO NA REGIÃO DO SUB-MÉDIO SÃO FRANCISCO EM EVENTOS CLIMÁTICOS DE EL NIÑO E LA NIÑA

Boletim Agrometeorológico

Boletim Agrometeorológico

V-061- BALANÇO HÍDRICO NA REGIÃO DE GUARATINGUETÁ SÃO PAULO - BRASIL

BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO E CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA PARA O MUNICÍPIO DE BALSAS-MA

BALANÇO HÍDRICO DA REGIÃO DE ILHA SOLTEIRA, NOROESTE PAULISTA 1

Classificação Climática Balanço Hídrico Climatológico

Relatório Agrometeorológico

Boletim Agrometeorológico

EFEITOS DO AUMENTO DA TEMPERATURA NO BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE RIBEIRA DO POMBAL-BA

BALANÇO HÍDRICO COMO PLANEJAMENTO AGROPECUÁRIO PARA CIDADE DE POMBAL PB, BRASIL

ANÁLISE DE ANOS COM ESTIAGEM NA REGIÃO DE BAGÉ/RS

Boletim Agrometeorológico

MONITORIZAMOS CONTRIBUÍMOS O TEMPO O CLIMA A ACTIVIDADE SÍSMICA. PARA UM MUNDO MAIS SEGURO e UM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. à frente do nosso tempo

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002 INFLUÊNCIA DA LA NIÑA NAS TEMPERATURAS MÁXIMAS E MÍNIMAS MENSAIS PARA VIÇOSA-MG

Transcrição:

AVALIAÇÃO CLIMÁTICA PARA ANOS NORMAIS DA ZONA DA MATA NORTE DO ESTADO DE PERNAMBUCO PARA A SILVICULTURA Sérgio Ricardo Rodrigues de Medeiros 1, Rafael de Figueiredo Ribeiro Macedo 2, Pedro Rogério Giongo 3, Geber Barbosa de Albuquerque Moura 4, José Swami Pais de Melo 5, Gerson Quirino Bastos 6. RESUMO O interesse pelo estudo climático tem se intensificado nos últimos anos em particular nas regiões que estão mais sujeitas aos impactos provenientes das atividades meteorológicas, como a Zona da Mata Norte de Pernambuco. Por este motivo, foi feito uma avaliação climática para anos normais nesta região, através da descrição das condições de disponibilidade e déficit hídrico. Foram utilizados dados de precipitação e temperatura do período de janeiro de 1970 a janeiro de 2001 da estação meteorológica localizada no município de Goiana (PE). A partir desses dados foi elaborado o balanço hídrico proposto por THORNTHWAITE & MATHER (1955) utilizando a capacidade de água disponível no solo em 100mm, usado como índice padrão para médias climatológicas, e através da Técnica dos Quantis identificou-se ano seco, chuvoso, e normal. Para o ano normal avaliouse o clima da região. Foi concluído que a Zona da Mata Norte não tem restrição de natureza pluviométrica ao desenvolvimento de alternativas silviculturais. PALAVRAS-CHAVES: Silvicultura, anos normais, balanço hídrico. ABSTRACT - The interest for the climatic study has if intensified in the last years in matter in the areas that are more subject to the coming impacts of the meteorological activities, as the Area of the North Forest of Pernambuco. For this reason, it was made a climatic evaluation for normal years in this area, through the description of the conditions of readiness and deficit hydric. Precipitation data and temperature of the period of January were used from 1970 to January of 2001 of the station meteorological localizad in Goiana (PE). To leave of those data the swinging hydric it was elaborated proposed by 1, 3 Mestrandos de Engenharia Agrícola da UFRPE, Av. Dom Manoel de Medeiros S/N Recife-PE.Tel: 081 9214 5391. E-mail: medeirossoft@gmail.com, E-mail: giongopr@hotmail.com. 2 Aluno Orientado da Disciplina de Meteorologia e Climatologia da UFPE, Av. Dom Manoel de Medeiros S/N Recife-PE. E-mail:algarobas@yahoo.com.br. 4, 5 e 6 Professores do Departamento de Agronomia da UFRPE, Av. Dom Manoel de Medeiros S/N.

THORNTHWAITE & MATHER (1955) using the capacity of available water in the soil in 100mm, used as standard index for climatological averages, and through the Technique of Quantis identified year dry, rainy, and normal. For the normal year the climate of the area was evaluated. It was concluded that the Area of the North Forest doesn't have restriction of nature pluvial to the development of alternatives of silvicultures. INTRODUÇÃO A silvicultura na Zona da Mata de Pernambuco vem aos poucos se destacando pela garantia de economicidade, da conservação do solo e da água entre outras divisas ambientais, além de oferecer mais oportunidades de trabalho por unidade de área, gerando assim mais empregos no campo; dessa forma a exploração de florestas cultivadas pode resgatar os anos de economia forte e competitiva. Dentre as atividades de Silvicultura, são as espécies da Eucaliptocultura que vem sendo exploradas com mais intensidade, ao contrário das críticas equivocadas sobre o alto consumo hídrico dos Eucaliptos durante a fase de crescimento. Isto é desmentido por estudos recentes, que têm mostrado não haver muita diferença entre o consumo de água de diversas espécies florestais e o eucalipto (IPEF, 2006). O conhecimento sobre o comportamento sazonal do clima e sua aplicação aos diversos ramos das atividades florestais, como hidrologia florestal, silvicultura, etc. Este trabalho tem por objetivo caracterizar o clima da Zona da Mata Norte do Estado de Pernambuco visando identificar em anos (normais) as condições de disponibilidade e déficit hídrico para a Silvicultura. MATERIAL E MÉTODOS Na realização deste trabalho foram utilizados dados de precipitação e temperatura do período de janeiro de 1970 a janeiro de 2001, gerados na estação meteorológica localizada no município de Goiana (7 40 S, 35 8 W, 80m). Foram utilizados dados de temperatura e precipitação do período de 1970 a 2001, coletados pelo Laboratório de Meteorologia e Recursos Hídricos do Estado de Pernambuco (LAMEPE). A partir dos dados foi elaborado balanço hídrico proposto por THORNTHWAITE & MATHER (1955) com a capacidade de água disponível no solo (CAD) em 100 mm usado como índice padrão para médias climatológicas, para o cenário de anos normais.

O processo de contabilidade hídrica no solo mais utilizado para fins climatológicos é o de THORNTHWAITE & MATHER (1955). Neste processo, o balanço hídrico, nos revela com bastante precisão as condições hídricas do solo representativas da região e nos permite determinar o quanto de água está disponível no ambiente, para atender a demanda hídrica das essências florestais. Técnicas de Quantis A técnica quantis foi utilizada para avaliar a ocorrência de anos secos, normais e chuvosos para a cidade de Goiana. Seja X a chuva total de um ano da localidade, ao longo de anos ininterruptos, uma variável aleatória contínua. O quantil Q p, para cada número p entre zero e um, é o valor de chuva satisfazendo à condição Prob (X Q p ) = p. Para cada valor observado X 0 da chuva, o número (0<p 0 <1) tal que: F(X 0 ) = p 0, dizse de ordem quantílica p 0, associada a X 0. Uma interpretação simples para o quantil Q p é a seguinte, supondo que p se expressa em potenciais: espera-se que em p% dos anos a altura da chuva X não deve ultrapassar o valor do quantil Q p, enquanto para (100-p)% dos anos tal valor será excedido. Com respeito às ordens quantílicas p = 0,25; 0,50 e 0,75 (25%, 50% e 75%), os quantis respectivos são designados quartis, onde Q 0,25, Q 0,50 e Q 0,75 são o quartil inferior, a mediana, e o quartil superior, respectivamente. (XAVIER et al., 1998). Nesse trabalho os quantis referem-se às ordens 0,33 e 0,66 com o fim de delimitar os níveis (ou faixas): SECO/(S), NORMAL/(N), e CHUVOSO/(C). Seja (X 1, X 2,..., X n ) uma série de chuva num determinado período e numa dada localidade, ao longo de N intervalo de anos, sejam os quantis Q(0,33), Q(0,66). Então um ano i passa a ser considerado: (S) X i Q 0,33 ; (N) Q 0,33 <X i < Q 0,66 ; e (C) X i Q 0,66, para cada valor de X i da chuva for calculada a ordem quantílica p i correspondente, teremos, equivalente: p i 0,33; 0,33<p i <0,66; e p i 0,66 ( XAVIER et al., 1998). Desta maneira, seguindo a metodologia proposta por XAVIER et al (1998), dividiram-se os anos de acordo com os valores de precipitação, em período seco, normal e chuvoso, com os anos que apresentaram valores menores ou iguais a 1.225,8mm considerados secos ; os anos que apresentaram valores de precipitação compreendidos entre 1.225,8 e 1.528,4mm como normais e os anos com valores maiores ou iguais a 1.528,4mm foram classificados como chuvosos, para a cidade de Goiana. De

posse da classificação dos cenários, avaliou climatologicamente a Zona da Mata Norte do Estado pelo o método empírico de THORNTHWAITE & MATHER (1955). RESULTADOS E DISCUSSÕES Pela a Avaliação da Zona da Mata Norte, a média anual das precipitações na região fica em torno de 1238mm, como mostra Figura 1, entretanto, nos últimos 30 anos o comportamento pluviométrico em relação à média, tem apresentado pequenos períodos anômalos que poderá se caracterizar em uma ciclicidade do comportamento desse parâmetro, havendo a continuidade da séria histórica em questão. 250 Precipitação 200 150 100 50 Precipitação 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Mês Figura1: Série histórica da precipitação pluviométrica na Zona da Mata Norte Análise dos Anos Normais A precipitação média anual em Goiana, para os anos normais (Tabela 1), foi de 1238 mm. Os meses mais chuvosos são os de abril, maio e junho, com 171, 234 e 203mm, respectivamente. Os mais secos e de menores totais pluviométricos são outubro, novembro e dezembro; com 19, 28 e 34mm respectivamente. O índice de deficiência hídrica foi de apenas 389,8mm acumulado nos meses de setembro a fevereiro. Já o excedente hídrico obteve um total entre os meses de maio a julho de 240 mm.

Tabela 1- Balanço hídrico em anos normais em Goiana, PE. Mês P T (ºC) I Cj ETp P-ETp NEG ACU ARM ALT ETr DEF EXC Jan 43 26,3 12,3 32,0 140,1-97,1-457,8 1,0-1,7 44,7 95,4 0,0 Fev 94 26,3 12,3 28,6 125,2-31,2-489,0 0,8-0,2 94,2 31,0 0,0 Mar 138 26,1 12,2 31,1 132,8 5,2-281,3 6,0 5,2 132,8 0,0 0,0 Abr 171 25,7 11,9 29,6 120,2 50,8 56,6 56,8 50,8 120,2 0,0 0,0 Mai 234 24,9 11,4 30,1 110,2 123,8 0,0 100,0 43,2 110,2 0,0 80,6 Jun 203 23,9 10,7 28,9 92,5 110,5 0,0 100,0 0,0 92,5 0,0 110,5 Jul 136 23,2 10,2 30,0 87,1 48,9 0,0 100,0 0,0 87,1 0,0 48,9 Ago 90 23,4 10,3 30,4 90,8-0,8-0,8 99,2-0,8 90,8 0,0 0,0 Set 48 24,2 10,9 29,9 99,7-51,7-52,5 59,2-40,0 88,0 11,7 0,0 Out 19 25,2 11,6 31,5 119,9-100,9 153,4 21,6-37,6 56,6 63,3 0,0 Nov 28 25,9 12,1 30,9 128,7-100,7-254,1 7,9-13,7 41,7 87,0 0,0 Dez 34 26,3 12,3 32,1 140,6-100,6-360,7 2,7-5,2 39,2 101,4 0,0 Ano 1238 25,1 138,2 * 1387,8-149,8 * 555,2 0 998,0 389,8 240,0 Tabela 2- Classificação climática em anos normais em Goiana, PE. Parâmetro Símbolo Tipo de Clima Ih= 21,8 B1 Úmido ETp= 1387,8 A Megatérmico Iu= 38,5 s Moderada deficiência hídrica no verão Cv= 29,5% a Novembro, dezembro e janeiro Ano Normal Ano Normal Normal 150 Normal 120 Déficit hídrico 100 80 60 40 20 Excesso hídrico 100 50 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Mês 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Mês Figura 2: Comportamento do déficit hídrico em anos normais. Figura 3: Comportamento do excesso hídrico em anos normais.

CONCLUSÕES Baseado nos resultados obtidos pode-se inferir que um problema maior da classificação climática surge do fato de que o clima, como uma síntese do tempo atmosférico, é um fenômeno multivariado que requer a utilização de muitas variáveis climáticas para caracterizá-lo, entretanto a classificação climática pelo método de THORNTHWAITE representa um grande avanço no sentido da racionalização ao introduzir ainda, além da precipitação pluviométrica e temperatura, a evapotranspiração como elemento de classificação climática. Assim não é aceitável classificar um clima como seco ou úmido, atentando somente para pluviometria, mas sim relacionando-a com as necessidades hídricas. A necessidade hídrica é representada pela evapotranspiração. Há forte necessidade de maior quantidade de observações e de pesquisas sobre a região estudada, para que se possa planejar de maneira cada vez mais eficaz as atividades silviculturais realizadas na região. A Zona da Mata Norte Pernambucana do ponto de vista hídrico, não há restrição de natureza pluviométrica ao desenvolvimento de alternativas silviculturais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS IPEF: Hidrologia Florestal. Disponível em: < http: // www.ipef.br/hidrologia/eucaliptoeagua.asp.>. Acesso em: 28 de abril de 2006. THORNTHWAITE, C. W.; MATHER, J. C. Instructions and tables for computing potential evapotranspiration and water balance. Drexel Institute of Technology. Publications in Climatology, X:3. Centernan, 1955. 104p. XAVIER, T.M.B.S.; XAVIER, A.F.S.; DIAS, P.L.S.; DIAS, M.A.F.S. Papel da componente meridional do vento na costa do Nordeste Brasileiro e de outras covariáveis para prever a chuva no Estado do Ceará (1964-97). Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v3, n.4, p. 121-139, 1998.