NÍVEIS DE AÇÃO PARA O CONTROLE DO PERCEVEJO BARRIGA-VERDE, DICHELOPS FURCATUS (F.) EM TRIGO NO RS Antônio R. Panizzi 1, Alice Agostinetto 2, Tiago Lucini 3, Lisonéia F. Smaniotto 4 e Paulo R. V. da S. Pereira 1 1 Pesquisador, Centro Nacional de Pesquisa de Trigo - CNPT (Embrapa Trigo), Rodovia BR 285, km 294, CEP 99001-970, Passo Fundo - RS. E-mail: antonio.panizzi@embrapa.br; E-mail: paulo.pereira@embrapa.br 2 Estudante do curso de Agronomia, Bolsista IC/CNPq, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, Universidade de Passo Fundo (UPF), Rodovia BR 285, km 292, CEP 99001-970, Passo Fundo RS. E-mail: aliceagostinetto@yahoo.com.br 3 Estudante do curso de Pós-Graduação, Bolsista CAPES, Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná (UFPR), Caixa Postal 19020, CEP 81531-900, Curitiba - PR. E-mail: tiago_lucini@hotmail.com 4 Pesquisadora, Dupont Crop Protection, Avenida José Paulino s/n, CEP 13148-050 Paulínia SP. E-mail: liso_smaniotto@hotmail.com Existem duas espécies mais conhecidas de percevejo barriga-verde: Dichelops furcatus (F.) e Dichelops melacanthus (Dallas); elas têm ocorrido em trigo com certa abundância, tanto nos estados do Paraná como no Rio Grande do Sul (Chocorosqui & Panizzi, 2004; 2008) e observações recentes indicam aumento nas suas populações. Aqui são relatados os resultados obtidos nos últimos dois anos (2013-2014) na Embrapa Trigo com a espécie D. furcatus, no sentido de oferecer subsídios para manejar o percevejo barriga-verde em lavouras de trigo no Rio Grande do Sul. Os estudos foram conduzidos a campo na Embrapa Trigo em Passo Fundo, no período de junho a novembro de 2013 e de 2014. Em 2013, foram
feitas infestações (18 dias) no período vegetativo (plantas com 25 cm) e no período reprodutivo (enchimento de grãos - fase grão leitoso), em gaiolas (1 m 2 ) coberta com tela, contendo plantas de trigo da cv. BRS Parrudo. Os níveis de infestação utilizados foram 0, 2, 4 e 8 percevejos/gaiola, sendo quatro gaiolas (repetição) para cada nível. Em 2014, o estudo foi repetido incluindo o período de infestação do emborrachamento (18 dias); os níveis de infestação foram 0, 2, 4 e 8 percevejos/gaiola. Os dados de rendimento de grãos foram transformados em kg/hectare e foram submetidos à análise de variância, sendo as médias dos tratamentos comparadas pelo teste Tukey a 5%. No segundo ano foi feita análise da qualidade das sementes em laboratório considerando sua capacidade em originar plântulas normais. Os resultados indicaram que no período vegetativo, a planta de trigo da cv. BRS Parrudo mostrou tolerar um ataque de altas populações de percevejos, sem apresentar quedas significativas no rendimento de grãos (Figura 1). Em 2013 e em 2014 o rendimento de grãos não foi afetado significativamente com até 8 percevejos/m 2. Como a amostragem pode subestimar os níveis populacionais dos percevejos no campo, e que, variações na temperatura influenciam a sua atividade alimentar, para se tomar medidas de controle no período vegetativo, deve-se adotar um nível conservador, estimado em 4 percevejos/m 2. No período de emborrachamento (2014) e grão leitoso (2013 e 1014) não se observou redução significativa no rendimento de grãos com os níveis populacionais testados (Figuras 2, 3); em 2014 observou-se que no período de grão leitoso houve redução significativa na qualidade da semente com 8 percevejos/m 2 (Figura 4); considerando-se o emborrachamento e grão leitoso serem fases de infestação mais críticas, o nível de ação sugerido é de 2 percevejos/m 2. É importante mencionar que o fator temperatura é muito importante na severidade dos danos causados ao trigo pelos percevejos barriga-verde. Por exemplo, no estado do Mato Grosso do Sul, onde a temperatura é mais alta, o nível de ação recomendado para D. melacanthus na fase inicial da cultura do trigo é de 1 percevejo/m 2 (Duarte et al., 2010). O que se observa para a
espécie D. furcatus na fase vegetativa do trigo no Rio Grande do Sul é que os danos tendem a ser menores devido às baixas temperaturas que inibem a atividade alimentar do percevejo; já na fase de espigamento a atividade alimentar é maior quando a temperatura é mais alta. Referências bibliográficas CHOCOROSQUI, V. R.; PANIZZI, A. R. Impact of cultivation systems on Dichelops melacanthus (Dallas) (Heteroptera: Pentatomidae) populations and damage and its chemical control on wheat. Neotropical Entomology, Londrina, v. 33, n. 4, p. 487-492, 2004. CHOCOROSQUI, V. R.; PANIZZI, A. R. Nymphs and adults of Dichelops melacanthus (Dallas) (Heteroptera: Pentatomidae) feeding on cultivated and non-cultivated host plants. Neotropical Entomology, Londrina, v. 37, n. 4, p. 353-360, 2008. DUARTE, M. M.; ÁVILA, C. J.; ROHDEN, V DA S. Nível de dano do percevejo barriga-verde Dichelops melacanthus na cultura do trigo Triticum aestivum L. Dourados: Embrapa Agropecuária Oeste, 2010. 4 p. (Embrapa Agropecuária Oeste, Comunicado técnico, 159).
Figura 1 - Efeito do ataque do percevejo barriga-verde Dichelops furcatus no vegetativo (plantas com 25 cm) por 18 dias, Passo Fundo, RS, 2013 (A) e 2014 (B) (Tukey, P<0,05). Dados transformados em kg/hectare. Figura 2 - Efeito do ataque do percevejo barriga-verde Dichelops furcatus no reprodutivo (emborrachamento) por 18 dias, Passo Fundo, RS, 2014 (Tukey, P<0,05). Dados transformados em kg/hectare.
Figura 3 Efeito do ataque do percevejo barriga-verde Dichelops furcatus no reprodutivo (grão leitoso) por 18 dias, Passo Fundo, RS, 2013 (A) e 2014 (B). Dados transformados em kg/hectare. Figura 4 - Efeito do ataque do percevejo barriga-verde Dichelops furcatus na qualidade de sementes de trigo, cv. BRS Parrudo, em gaiolas no campo de 1 m 2, submetidas a diferentes níveis de infestação no período reprodutivo (grão leitoso) por 18 dias, Passo Fundo, RS, 2014; (Tukey, P<0,05).