PARECER PGFN/CRJ/N o 2182/2013

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Transcrição:

PARECER PGFN/CRJ/N o 2182/2013 Procedimento a ser observado pela Administração Tributária Federal no ato de cessão de créditos em precatórios a terceiros (art. 100, 13 e 14, da Constituição Federal). I Trata o presente Parecer de orientação às unidades da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional PGFN e da Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB quanto ao procedimento a ser observado no ato de cessão de créditos em precatórios a terceiros, regido por meio do art. 100, 13 e 14, da Constituição Federal.

II 2. O expediente ora em exame é oriundo da notificação dirigida ao Exmo. Sr. Advogado-Geral da União AGU, cientificando-o da Escritura Pública de Transferência de Cessão de Direitos Creditórios, formulada pela empresa First Consultoria e Assessoria Empresarial Ltda. em favor do Hospital São Domingos Ltda., relativa aos créditos objeto da Ação Ordinária nº 96.0016761-3/DF (15ª Vara Federal da Seção Judiciária do Distrito Federal), transitada em julgado em dezembro de 2000. 3. O Gabinete do AGU, por intermédio do Ofício nº 201/CH.GAB/AGU, de 6 de junho de 2013, remeteu o expediente à PGFN, para exame e adoção das providências cabíveis. III 4. Antes da introdução das orientações a serem observadas pela Administração Tributária Federal nos atos de cessão de créditos em precatórios a terceiros, vale destacar os dispositivos constitucionais que regem a matéria. 5. A Emenda Constitucional nº 62, de 9 de dezembro de 2009, regulamentou a cessão de créditos em precatórios a terceiros, nos seguintes moldes: Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. 2º Os débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham 60 (sessenta) anos de idade ou mais na data de expedição do precatório, ou sejam portadores de doença grave, definidos na forma da lei, serão pagos com preferência sobre todos os demais débitos, até o valor equivalente ao triplo do fixado em lei para os fins do disposto no 3º deste artigo, admitido o fracionamento para essa finalidade, sendo que o restante será pago na ordem cronológica de apresentação do precatório. 3º O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado. 2

13. O credor poderá ceder, total ou parcialmente, seus créditos em precatórios a terceiros, independentemente da concordância do devedor, não se aplicando ao cessionário o disposto nos 2º e 3º. 14. A cessão de precatórios somente produzirá efeitos após comunicação, por meio de petição protocolizada, ao tribunal de origem e à entidade devedora. (grifou-se) 6. Da leitura dos dispositivos supratranscritos, constata-se que a cessão de créditos em precatórios é permitida, de modo total ou parcial, independentemente da anuência da parte devedora. Ao cessionário não deverá ser aplicado os ditames dos 2º e 3º do art. 100 da Constituição Federal, ou seja, não gozará da preferência de pagamento conferida aos débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham 60 (sessenta) anos de idade ou mais na data de expedição do precatório ou sejam portadores de doença grave, definidos na forma da lei, bem como das regras sobre os pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor. 7. Em seguida, assevera o texto constitucional que somente após a comunicação da cessão de precatórios ao tribunal de origem e à entidade devedora o ato produzirá efeitos. IV 8. Feito o breve relato acima, esta Procuradoria-Geral propõe, a fim de aferir a regularidade do procedimento, a observância das diretrizes abaixo especificadas em todos os atos de cessão de precatórios a terceiros. 9. Primeiramente, recebida a notificação do aludido ato de cessão, as unidades da PGFN deverão, de imediato, verificar se as partes cessionária e cedente possuem débitos perante a Fazenda Nacional e a RFB. 10. Constatados débitos não adequadamente garantidos, deverão diligenciar quanto à eventual intenção de burlar a satisfação do crédito e alegar judicialmente o prejuízo que sofrerá a União. Identificado tal prejuízo, ainda que o art. 100, 13, da Constituição Federal dispense a concordância do devedor, deverá o Procurador da Fazenda peticionar nos 3

autos, insurgindo-se contra a cessão de precatório, porquanto aludida disposição constitucional não pode servir de instrumento de lesão ao erário. 11. Ocorrida a cessão de precatórios, haverá, em consequência, sucessão processual, o que impõe ao Procurador responsável pelo feito trazer à baila todos os óbices normativos que recairão sobre a figura do cessionário, como exemplo, os descritos no art. 100, 2º e 3º, da Lei Maior, quais sejam, a não sujeição à preferência de pagamento conferida aos débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham 60 (sessenta) anos de idade ou mais na data de expedição do precatório ou sejam portadores de doença grave, definidos na forma da lei, bem como às regras relativas aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor. 12. Insta salientar a vedação do art. 81, 3º, da Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 2012 1, já fruto de análise por esta CRJ através do Parecer PGFN/CRJ/Nº 19/2011, que assevera ser impossível a compensação de créditos relativos a títulos judiciais já executados perante o Poder Judiciário, com ou sem emissão de precatório. Assim, tanto o credor originário como o cessionário encontram-se obstados de utilizar o precatório para fim de compensação. 13. Ademais, quanto ao terceiro, destaca-se, desde já, a vedação contida no art. 74, 12, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 2, e no art. 41, 3º, inciso I, alínea a, da Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 20 de novembro de 2012 3, que proíbe expressamente a compensação com débitos de terceiros. Veja abaixo os artigos citados: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na 1 Art. 81. É vedada a compensação do crédito do sujeito passivo para com a Fazenda Nacional, objeto de discussão judicial, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. 3º Não poderão ser objeto de compensação os créditos relativos a títulos judiciais já executados perante o Poder Judiciário, com ou sem emissão de precatório. 2 Dispõe sobre a legislação tributária federal, as contribuições para a seguridade social, o processo administrativo de consulta e dá outras providências. 3 Estabelece normas sobre restituição, compensação, ressarcimento e reembolso, no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil, e dá outras providências. 4

compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses: I - previstas no 3 o deste artigo; II - em que o crédito: a) seja de terceiros; *** Art. 41. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive o crédito decorrente de decisão judicial transitada em julgado, relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizá-lo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos administrados pela RFB, ressalvadas as contribuições previdenciárias, cujo procedimento está previsto nos arts. 56 a 60, e as contribuições recolhidas para outras entidades ou fundos. 1º A compensação de que trata o caput será efetuada pelo sujeito passivo mediante apresentação à RFB da Declaração de Compensação gerada a partir do programa PER/DCOMP ou, na impossibilidade de sua utilização, mediante a apresentação à RFB do formulário Declaração de Compensação constante do Anexo VII a esta Instrução Normativa, ao qual deverão ser anexados documentos comprobatórios do direito creditório. 2º A compensação declarada à RFB extingue o crédito tributário, sob condição resolutória da ulterior homologação do procedimento. 3º Não poderão ser objeto de compensação mediante entrega, pelo sujeito passivo, da declaração referida no 1º: I - o crédito que: a) seja de terceiros; (grifou-se) 14. Nesse sentido, é imperioso que a unidade da PGFN, ao ser comunicada da cessão de precatórios, sempre informe ao Poder Judiciário a inviabilidade da compensação com créditos originalmente de terceiros, ante a proibição prevista no art. 41, 3º, inciso I, alínea a, e art. 81, 3º, da Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 2012, e no art. 74, 12, da Lei nº 9.430, de 1996. 15. Tais diretivas devem também ser observadas pela RFB logo, o requerimento de compensação deverá ser sempre rejeitado pela Administração Tributária Federal nas hipóteses acima tratadas. 16. Por derradeiro, registra-se que esta Coordenação-Geral já examinou a matéria em casos semelhantes, como se constata da Nota PGFN/CRJ/Nº 75/2007 e do Parecer PGFN/CRJ/Nº 323/2004. 5

V 17. Diante do exposto, à luz do arcabouço normativo que rege a matéria e com o fim de evitar quaisquer danos à Fazenda Nacional, esta Procuradoria-Geral propõe que: (a) as unidades da PGFN, ao serem comunicadas do ato de cessão de créditos em precatórios a terceiros, estabelecido no art. 100, 13 e 14, da Constituição Federal, deverão, de imediato, verificar se as partes cessionária e cedente possuem débitos perante a Fazenda Nacional e a RFB e, constatado o débito não adequadamente garantido, diligenciar quanto à satisfação do crédito da União; (b) identificado prejuízo à União, deverá o Procurador da Fazenda se insurgir contra a cessão de precatório, a fim de resguardar o crédito público; (c) o Procurador responsável pelo feito deverá observar todos os óbices que recaem sobre a figura do cessionário, como, por exemplo, (b.1) os previstos no art. 100, 2º e 3º, da Constituição Federal (não sujeição à preferência de pagamento conferida aos débitos de natureza alimentícia cujos titulares tenham 60 (sessenta) anos de idade ou mais na data de expedição do precatório ou sejam portadores de doença grave, definidos na forma da lei, bem como às regras relativas aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor; (b.2) a proibição do art. 81, 3º, da Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 2012, que dispõe ser impossível a compensação de créditos relativos a títulos judiciais já executados perante o Poder Judiciário, com ou sem emissão de precatório e (b.3) a vedação do art. 74, 12, da Lei nº 9.430, de 1996, e do art. 41, 3º, inciso I, alínea a, da Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 2012, que proíbe expressamente a compensação com débitos de terceiros; (d) a RFB observe todas as recomendações acima expostas, a fim de aferir a plena regularidade dos requerimentos de compensação formulados pelos contribuintes. 6

VI 18. Apresentadas as considerações acima, sugere-se a aprovação deste Parecer e a sua divulgação a todas as unidades da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional PGFN, com cópia à Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB. À consideração superior., em 20 de LORETTA PAZ SAMPAIO Procuradora da Fazenda Nacional De acordo. À consideração superior., em 20 de PAULO MENDES DE OLIVEIRA Coordenador de Consultoria Judicial De acordo. À consideração superior., em 22 de JOÃO BATISTA DE FIGUEIREDO Coordenador-Geral da Representação Judicial da Fazenda Nacional Aprovo. Divulgue o presente Parecer a todas as unidades da Procuradoria- Geral da Fazenda Nacional PGFN e encaminhe cópia à Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, conforme proposto., em 27 de FABRÍCIO DA SOLLER Procurador-Geral Adjunto de Consultoria e Contencioso Tributário PA 5186-2013 - Consulta - Cessão de precatórios - art. 100, 13 e 14, da CF 7