DESGASTE DE RODAS E TRILHOS EM PONTES ROLANTES DE LAMINAÇÕES*

Documentos relacionados
TM373 Seleção de Materiais Metálicos

DIFICULDADES TÉCNICAS

João Carmo Vendramim 1 Jan Vatavuk 2 Thomas H Heiliger 3 R Jorge Krzesimovski 4 Anderson Vilele 5

O que é Tratamento Térmico de Aços?

PROGRAMA DE MANUTENÇÃO INDUSTRIAL POR SOLDAGEM

8º CONGRESSO IBEROAMERICANO DE ENGENHARIA MECANICA Cusco, 23 a 25 de Outubro de 2007

ESTAMPAGEM ESTAMPAGEM

Tratamentos Térmicos

Inicialmente, acreditava-se que o desgaste nestas regiões se dava principalmente por meio do mecanismo de rolamento de partículas.

REUTILIZAÇÃO DE BORRACHA DE PNEUS INSERVÍVEIS EM OBRAS DE PAVIMENTAÇÃO ASFÁLTICA

APLICAÇÕES. Você vê engrenagens em quase tudo que tem partes giratórias. Transmissão de carro. Redutor de velocidade. Relógios

MANUTENÇÃO BÁSICA VALE A PENA! SOLUÇÕES PARA PROBLEMAS DE CORTE ÍNDICE DE CONTEÚDOS G U I A PA R A S E R R A S D E F I TA

Tratamentos termoquímicos

Informativo Técnico Nr Nitretação a Plasma (iônica) em ferramentas para Conformação a frio

Trabalho de MCC. Ações do fogo nas Estruturas de Concreto Enrico Deperon, Gabriel Cielo, Gustavo Henrique da Silva, Magno, Pedro Porton

Tratamentos Termoquímicos [23]

LAMINAÇÃO LAMINAÇÃO. Prof. MSc: Anael Krelling

Tratamentos Termoquímicos [9]

Avaliação do Comportamento à Deformação Permanente de Misturas Betuminosas com base nas Normas de Ensaio Europeias

Seleção de Aços pela Temperabilidade

AISI 420 Têmpera e Revenimentos

SEM534 Processos de Fabricação Mecânica. Aula: Materiais e Vida da Ferramenta

O irmão do aço. Obtendo o ferro fundido

Principais propriedades mecânicas

EXERCÍCIOS SOBRE TRATAMENTOS TÉRMICOS DAS LIGAS FERROSAS

TREFILAÇÃO TREFILAÇÃO

PROCESSOS DE USINAGEM I

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC MATERIAIS E SUAS PROPRIEDADES (BC 1105) ENSAIOS MECÂNICOS ENSAIOS DE TRAÇÃO E FLEXÃO

Temperabilidade. Engenharia e Ciência dos Materiais I Profa.Dra. Lauralice Canale

1. Introdução. Legenda: 1 e 2 VILLARES METALS 3, 4 e 5 GERDAU 6 e 7 BOEHLER 8 e 9 UDDEHOLM 10 e 11 SCHMOLZ-BICKENBACH 12 LUCCHINI

TRATAMENTOS EMPREGADOS EM MATERIAIS METÁLICOS

CATÁLOGO TÉCNICO Aços e Metais

Tratamento Térmico. Profa. Dra. Daniela Becker

Aço Inoxidável Ferrítico com 11% de Cromo para Construção Soldada. Columbus Stainless. Nome X2CrNil2. Elementos C Mn Si Cr Ni N P S

3M DISCO DE CORTE APLICAÇÃO. Orientação técnica :

Figura 1 - Dureza mínima bruta de têmpera necessária para obter dureza após revenido (1).

TECNOLOGIA DE CONTROLE NUMÉRICO DESGASTE DE FERRAMENTAS

Dureza Rockwell. No início do século XX houve muitos progressos. Nossa aula. Em que consiste o ensaio Rockwell. no campo da determinação da dureza.

Ensaio de Dureza. Propriedade utilizada na especificação de materiais

EM535 USINAGEM DOS MATERIAIS 1 O. SEMESTRE DE Teste 2

ENSAIO DE FADIGA DE CONTATO EM ENGRENAGENS (FZG) FZG-LASC

Figura 49 Dispositivo utilizado no ensaio Jominy e detalhe do corpo-de-prova (adaptado de Reed-Hill, 1991).

ENSAIO DE DESGASTE EM CHAPAS DE AÇO E PINOS DE AÇO FERRAMENTA D2 REVESTIDOS PELO PROCESSO PVD

ANÁLISE COMPARATIVA DE MATERIAIS RESISTENTES À ABRASÃO PARA CANALIZAÇÕES AGRÍCOLAS 1

Implantação de controle de qualidade de soldas em trilho por centelhamento. Thiago Gomes Viana 20ª AEAMESP SEMANA DE TECNOLOGIA METROFERROVIÁRIA

Corte por Arranque de Apara. Tecnologia Mecânica 1

ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA DISTÂNCIA INTERLAMELAR DA PERLITA NO DESGASTE POR DESLIZAMENTO EM ENSAIOS DO TIPO PINO-DISCO

AÇO-CARBONO AÇO-LIGA ALOTROPIA DO FERRO

Along. (50mm) 25% Custo (aço + Frete + impostos) R$ 1450,00/ton

É toda modificação na superfície ou na estrutura de um pavimento que altere negativamente seu desempenho

CARACTERÍSTICAS ESTÁTICAS DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO

BROCA PARA APLICAÇÃO UNIVERSAL DE ALTA PERFORMANCE MAIS QUE PRODUTOS. PRODUTIVIDADE.

Equipamentos e Técnicas de Pré, Pós-Aquecimento e Tratamento Térmico

Novas Tendências do Mercado de Laminação de Tiras a Frio (cilindros)

CENTRO DE SERVIÇOS DE TRATAMENTO TÉRMICO. Soluções completas em tratamento térmico.

Centro de Tecnologia Usiminas

MÁQUINAS DE ELEVAÇÃO E TRANSPORTE

3 Modelo de Torque e Arraste

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO MECÂNICA II (EM307) 2º Semestre 2005/ Materiais para Ferramentas

TECNOLOGIA MECÂNICA. Aula 02. Introdução ao Estudo dos Materiais

Dependendo da habilidade do material em deformar plasticamente antes da fratura, dois tipos de fratura pode ocorrer: Dúctil Frágil.

TECNOLOGIA DE CONTROLE NUMÉRICO GEOMETRIA DA FERRAMENTA

Trilhamento e erosão de isoladores e pára-raios poliméricos

EFEITO DOS ELEMENTOS DE LIGA NOS AÇOS RSCP/ LABATS/DEMEC/UFPR

LÂMINAS PARA PELÍCULAS LUTZ - LÂMINAS DE ALTA PERFORMANCE PARA PELÍCULAS DE ALTO RENDIMENTO

ITEM E Medidas de Carga e Deformação

FADIGA DE CONTATO DE FERRO FUNDIDO NODULAR NITRETADO POR PLASMA

(21) PI A (51) lnt.ci.: F16L 11/12 F16L 58/02

Autor(es) GUILHERME GORGULHO. Orientador(es) ANDRÉ DE LIMA. Apoio Financeiro FAPIC/UNIMEP. 1. Introdução

PROCESSOS DE FABRICAÇÃO III SOLDAGEM METALURGIA DA SOLDAGEM

C R E E M SOLDAGEM DOS MATERIAIS. UNESP Campus de Ilha Solteira. Prof. Dr. Vicente A. Ventrella

5. Análise dos deslocamentos verticais

SOLDAGEM TIG. Prof. Dr. Hugo Z. Sandim. Marcus Vinicius da Silva Salgado Natália Maia Sesma William Santos Magalhães

AVALIAÇÃO COMPARATIVA ENTRE A NITRETAÇÃO EM BANHOS DE SAL E A NITRETAÇÃO GASOSA, ATRAVÉS DE ENSAIOS DE DESGASTE POR DESLIZAMENTO E ROLAMENTO.

Tratamentos Térmicos

DEFINIÇÃO DE PARÂMETROS DE TRATAMENTO QUE TORNEM O PERFIL DE DUREZAS DO AÇO SAE 4140 SIMILAR AO DE UM FERRO FUNDIDO NODULAR TEMPERADO E NITRETADO

2 Influência da temperatura na estabilidade de talude em rocha

EFEITO DA TEMPERATURA DE REVENIMENTO CONCOMITANTE COM NITRETAÇÃO NA DUREZA E RESISTÊNCIA AO DESGASTE DO AÇO FERRAMENTA PARA TRABALHO A FRIO AISI D2

Aula 1: Aços e Ferros Fundidos Produção Feito de Elementos de Liga Ferros Fundidos. CEPEP - Escola Técnica Prof.: Kaio Hemerson Dutra

CARGA HORÁRIA TOTAL: 60 TEORIA: 60 PRÁTICA:-x- CÓDIGO: 245 E M E N T A

Edição 3 UDDEHOLM HOTVAR

Correntes indústria cimenteira

UNIVERSIDADE SANTA. Objetivo Metodologia Introdução. Método Experimental Resultados Experimentais Conclusão Grupo de Trabalho

TM373 Seleção de Materiais Metálicos

Experiência 02 Ensaio do Disjuntor de Baixa Tensão

INFLUÊNCIA DO TIPO DE AGREGADO E LIGANTE NO COMPORTAMENTO DAS MISTURAS BETUMINOSAS

CORTE MAIS ECONÔMICO COM FACAS PARA MÁQUINA E LÂMINAS PARA A INDÚSTRIA DE ALIMENTAÇÃO

COMPARAÇÃO DE MOLAS DE SUSPENSÃO TEMPERADAS E REVENIDAS ENROLADAS A QUENTE E A FRIO

Rodas Microligadas: Estudo e aplicação nas ferrovias da Vale

INFORMATIVO CORRENTE COROA E SABRE

GRANDE DURABILIDADE, MAIS PRODUTIVIDADE: LÂMINAS LUTZ PARA A FABRICAÇÃO DE TAPETES E TECIDOS

O seu problema é lubrificação? A evolução dos sistemas de lubrificação

Foram realizados nos corpos de prova prismáticos com base no método A da norma ASTM

A Tabela 2 apresenta os valores médios de porosidade e o desvio padrão para as amostras dos Painéis de Fibra de Coco definidos nesta etapa.

ENSAIO DOS MATERIAIS Professora Silvia M. Higa

DESENVOLVIMENTO DE RODA MICROLIGADA COM NIÓBIO PARA TRANSPORTE HEAVY HAUL. Eng. (MSc) Domingos José Minicucci

CRITÉRIO PARA CLASSIFICAÇÃO DE NÃO CONFORMIDADES

Tratamentos Termoquímicos

DISTRIBUIDORA DE PEÇAS VOLVO SCANIA IVECO. Rolamentos Causas e Soluções

BF-Full Hard. Produto do Laminador de Tiras à Frio

Transcrição:

DESGASTE DE RODAS E TRILHOS EM PONTES ROLANTES DE LAMINAÇÕES* Andrew Salach 1 Frank Petrek 2 Resumo Experimento laboratorial avalia desgaste em rodas e trilhos de PR s. Chegou-se a conclusão de que rodas com elevada dureza economizam desgaste de rodas e de trilhos. Palavras-chave: Rodas e trilhos. SURFACE WEAR ON OVERHEAD CRANE WHEELS AND RAILS Abstract Lab experiment has made the wear evaluation of overhead crane wheels and rails. The conclusion pointed that hard wheels save wearing For both, track wheels and rails. Keywords: Wheels and rails. 1 Gerente comercial para as Américas da Xtek Inc., EUA. 2 Vice Presidente para novos negócios da Xtek Inc., EUA. 589

1 INTRODUÇÃO Algumas pontes rolantes fazem parte do processo produtivo em laminações de planos ou de produtos longos - no carregamento de fornos de reaquecimento, ou na retirada de produtos acabados, por exemplo. Reduzir as paradas dessas pontes significa aumentar a disponibilidade produtiva da linha. Um LTQ de capacidade 4 Mt/ano, que pare por uma hora, deixa de faturar R$ 820 k, aos preços atuais de mercado [1]. Estudo anterior da AIST Association for Iron & Steel Technology mostrou que 43% das paradas de potes rolantes se devem a problemas nos conjuntos rodeiros. E que dentro desse rubro, 39% são devidos a desgaste ou quebras de flanges das rodas, como mostram as figuras 1 & 2. A figura 3 ilustra o problema. Programa com elementos finitos, simula a distribuição de cargas nas superfícies de rodas e trilhos, e evidencia as zonas de concentração de tensões (figura 4), que impulsionarão mecanismos de desgaste adesivo (flange), quebra (flange), e fadiga de contato (pista de rolamento). Propagação frágil de fratura nos flanges e resultado de perfil inadequado de dureza nas abas das rodas de alta dureza, associado a esforços decorrentes de desalinhamento. Lascamento na pista de rolamento e típico de rodas com fina camada temperada ou recuperadas por solda, onde a concentração de tensões subsuperficiais ultrapassa limite de escoamento do material da roda. Diferentes perfis de trilhos suportam cargas, de maneira distinta, como mostra a figura 5, para dois tipos de rodas. O presente trabalho analisa o desgaste de flanges. 2 TESTES DE LABORATÓRIO Há varias especificações de rodas e trilhos, mais ou menos ligados, mais ou menos duros. Trabalho anterior indica que o coeficiente de atrito pode variar em ate 40% com a escolha adequada de rodas e trilhos duros [2]. As figuras 6 e 7 mostram opções de materiais de rodas e trilhos, de onde foram tirados corpos de prova para ensaios laboratoriais. O Battelle Institute, de Columbus OH, que congrega 7500 pesquisadores, em 4 laboratórios nos EUA, tem apoio de cerca de 2000 empresas privadas e estatais. Registra de 50 a 100 patentes por ano. A pedido da Xtek Inc, fabricante de rodas industriais, avaliou a quantidade de desgaste em rodas e trilhos nos materiais selecionados, de acordo com os pares formados: roda mole com trilho mole, e roda dura com o mesmo trilho mole. Em dispositivo mostrado esquematicamente na figura 8, esses pares de materiais foram submetidos a 10 mil ciclos de contatos abrasivos, sob pressão controlada, a seco, na temperatura ambiente. Os corpos de prova de rodas e trilhos, mostrados na figura 9, apresentaram sulcos de desgaste gradualmente crescentes até o final dos testes. Medições do desgaste foram sendo tomadas ao longo dos testes. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados são mostrados nas figuras 10 (comparação do desgaste entre rodas mole e dura) e 11 (comparação do desgaste do trilho mole, que trabalhou nas duas situações, com uma ou outra roda). Quando rodas moles são utilizadas, tanto as 590

rodas como os trilhos se desgastam mais, 20-30 vezes mais, do que quando rodas duras são usadas. Figura 12 tabula os mesmos dados de outra maneira. Entre as opções industriais de se obter rodas de dureza elevada (58-62 HRc), materiais e tratamentos térmicos se combinam, como se vê na figura 13. Materiais muito ligados submetidos a temperas severas, podem produzir camadas endurecidas muito profundas, que fragilizam os flanges. Cementação costuma gerar camadas de pouca profundidade de tempera, suscetíveis a fadiga de contato e esfoliamento na pista. Mas vale lembrar que quebras e lascamentos não foram objeto desse trabalho. 4 COMENTÁRIO FINAL Nas laminações brasileiras, nesses 25 anos de acompanhamento de PR s, a pratica tem mostrado que rodas duras (58-62 HRc) rendem no mínimo 4 vezes mais do que rodas de 300 HB, e no mínimo 2 vezes mais do que rodas de 450 HB. A distância entre os testes de laboratório aqui apresentados e a realidade, indica que outros fatores influem na performance de rodas e trilhos. 5 Figuras ISSN 1983-4764 Figura 1 - Causas de parada de pontes rolantes Figura 2 - Causas de reparos de conjuntos rodeiros 591

Figura 3 - Desgaste ou quebra de flanges (= abas) de rodas Figura 4 - Zonas de concentracao de tensoes Figura 5 - Capacidade de carga de trilhos 592

Figura 6 - Selecao de materiais de rodas Figura 7 - Selecao de material de trilho Figura 8 - Equipamento laboratorial para avaliacao de desgaste 593

Figura 9 - Desgaste em corpos de prova de rodas e trilhos Figura 10 - Medicao do desgaste das rodas Figura 11 - Medicao do desgaste dos trilhos 594

Figura 12 - Desgaste comparativo para rodas e trilhos. REFERÊNCIAS Figura 13 Materiais e profundidades de dureza em rodas industriais 1 Boletim da InfoMet, www.infomet.com.br, preço de usina, base marco-2015. 2 AIST Association for Iron & Steel Tecnology, www.aist.org, medição de coeficientes de atrito, 2000. 595