SATURNIIDAE (LEPIDOPTERA) DO CERRADO: BIODIVERSIDADE E ASPECTOS BIOGEOGRÁFICOS

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SATURNIIDAE (LEPIDOPTERA) DO CERRADO: BIODIVERSIDADE E ASPECTOS BIOGEOGRÁFICOS Amabílio Jose Aires de Camargo 1 ; Rafael dos Santos Soares 1 ; Karoline Ribeiro de Sá Torezani 1 ( 1 Embrapa Cerrados, BR 020, Km 18, Caixa Postal 08223, 73010-970 Planaltina, DF. e-mail: amabilio@cpac.embrapa.br) Termos para indexação: biodiversidade, Cerrado, Lepidoptera, Saturniidae. Introdução O bioma Cerrado apresenta grande número de hábitats naturais com gradiente ambiental variando desde formações vegetais abertas, como os Campos Graminosos, até formações mais fechadas como os Cerradões, as Matas Mesofíticas e as Matas Ciliares que normalmente são vizinhas das Veredas e dos Campos Úmidos (Alho, 1994). Estas diversificadas condições ecológicas abrigam um vasto conjunto de comunidades, na sua maioria pouco conhecidas, principalmente no que se refere à sua fauna. A perda da biodiversidade constitui-se em preocupação mundial, sendo hoje questão central nos principais fóruns de discussão sobre preservação ambiental. Para as mariposas, lepidópteros de hábitos noturnos, existem estimativas superficiais da ocorrência de 8 a 10 mil espécies no Cerrado, no entanto, no atual estágio de conhecimento é impossível uma estimativa confiável. Dessa forma, a família Staurniidae, por se tratar de um grupo com reduzido número de espécies, estar bem representado na região Neotropical, por ser uma das famílias de lepidópteros melhores amostradas e por estar bem resolvida do ponto de vista taxonômico, tem sido utilizada para vários estudos como ecologia, biodiversidade e biogeografia (Camargo & Becker, 1999). A família Saturniidae é, dentre os Bombycoidea, a que detêm maior diversidade, com cerca de 1528 espécies e 165 gêneros descritos no mundo. Apresenta distribuição em todos os continentes, sendo que aproximadamente 966 espécies, incluindo Oxyteninae e Cercophaninae, ocorrem na região Neotropical, com registros desde o nível do mar até grandes altitudes (Tabela 1). No Brasil muitas áreas necessitam ainda de bons levantamentos, e freqüentemente novas espécies são descritas. No entanto, levantamentos bibliográficos, coletas sistemáticas realizadas por diferentes cientistas, e também com base em consultas às principais coleções, é

possível indicar a ocorrência de aproximadamente 395 espécies de Saturniidae no país (Camargo 2007; Lemaire 1978, 1980, 1988, 2002). O presente trabalho faz parte de um grande esforço que está em andamento empreendido pela Embrapa Cerrados e parceiros com o objetivo de atualizar os dados de ocorrência e distribuição de insetos da região dos Cerrados cujas informações serão armazenadas em um banco de dados. Material e Métodos: O material analisado cobre 74 localidades em 11 estados dentro da região do cerrado: Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Rondônia, Paraná, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Tocantins. Dentre as coleções consultadas estão: Coleção Becker, DF (VOB), atualmente localizada em Camacan, BA; Museu Nacional, RJ (MNRJ); FIOCRUZ, RJ (IOC); Coleção Pe. Jesus Santiago Moure da Universidade Federal do Paraná, PR (DZUP) e coleção da Embrapa Cerrados CPAC / EMBRAPA, Planaltina, DF. Foram também realizadas várias expedições de campo cuja metodologia de coleta utilizada foi com armadilhas luminosas, além de uma exaustiva revisão bibliográfica cobrindo o material depositado nos maiores museus da Europa e Estados Unidos. Nesse trabalho a delimitação geográfica dos biomas segue o mapa de vegetação do Brasil IBGE, 1993, o qual reapresenta uma reconstituição dos tipos de vegetação que cobriam o território brasileiro na época do seu descobrimento. Desse modo, as áreas que hoje já estão alteradas pelas atividades humanas, algumas com vegetação secundária são consideradas como pertencentes às suas regiões fitogeográficas originais. Resultados e Discussão O número total de espécies catalogadas para a região dos Cerrados foi de 202, o que corresponde a mais de 51 % da fauna brasileira de saturnídeos. È provável que este número seja ainda superior, visto que, não foram consideradas nesse trabalho as espécies com ocorrências registradas apenas em áreas de transição. As espécies conhecidas para o bioma cerrado estão distribuídas diferenciadamente entre 50 gêneros em cinco subfamílias: subfamília Hemileucinae com 119 espécies (58,9 %),

Ceratocampinae com 48 (23,7 %), Arsenurinae 22 (10,9 %), Saturniinae com 11 (5,4 %) e Oxyteninae 2 (1 %). Este padrão de diversidade de espécies por subfamília observado no Cerrado segue o padrão também observado para o Brasil e Região Neotropical, onde a subfamília Hemileucinae detém o maior número de espécies e gêneros seguida da subfamília Ceratocampinae. A maioria dos gêneros, aproximadamente 31 (62 %), apresentaram mais de três espécies, sendo que 12 (24 %) do total apresentaram apenas uma espécie (Figura 1 e Tabela 2). Cerca de 13 % das espécies que ocorrem no Cerrado são endêmicas do bioma, taxa que pode ser considerada baixa em relação a outros grupos da biota, embora para certos grupos este número também seja baixo. A hipótese de que a fauna da região dos Cerrados é, em sua maior parte, compartilhada com áreas florestadas adjacentes, já constatada para outros grupos, confirma-se também para os saturnídeos. A distribuição do grupo é heterogênea na região e pelo menos em parte, este fato deve-se aos diferentes regimes de chuva. Tabela 1. Representatividade absoluta e percentual de espécies de Saturniidae na região Neotropical, no Brasil e no Bioma Cerrado em relação às espécies descritas no mundo. Regiões Num. de espécies % Mundo 1528 Neotropical 966 63,21 Brasil 395 25,85 Cerrado 202 13,21 Tabela 2. Relação de gêneros por subfamílias de Saturniidae presentes no Cerrado. Subfamílias Gêneros Nº de espécies por gênero % Arsenurinae Arsenura 8 Copiopteryx 2 Dysdaemonia 2 Loxolomia 1 Paradaemonia 4 Rhescyntis 3 Titaea 2

Total 22 10,9 Ceratocampinae Adeloneivaia 8 Adelowalkeria 3 Almeidella 1 Cicia 4 Citheronia 5 Citioica 1 Dacunju 1 Eacles 6 Magaceresa 1 Neocarnegia 1 Oiticella 2 Othorene 3 Procitheronia 1 Psilopygida 1 Ptiloscola 2 Schausiella 4 Scolesa 3 Syssphinx 1 Total 48 23,7 Hemileucinae Automerina 2 Automeris 18 Catacantha 2 Cerodirphia 4 Dirphia 7 Dirphiopsis 2 Eubergia 3 Eubergioides 1 Eudyaria 2 Gamelia 4 Hylesia 34 Hyperchiria 2 Kentroleuca 6 Leucanella 2 Lonomia 3 Molippa 7 Periga 5 Periphoba 3 Prohylesia 3 Pseudautomeris 5 Pseudodirphia 3 Travassosula 1

Total 119 58,9 Saturniinae Copaxa 5 Rothschildia 6 Total 11 5,4 Oxyteninae Oxytenis 2 Total 2 1 Total geral 50 202 100 23,7% 10,9% 5,4% 1,0% 58,9% Hemileucinae Ceratocampinae Arsenurinae Saturniinae Oxyteninae Figura 1. Distribuição percentual, por subfamília, das espécies de Saturniidae no Cerrado. Conclusões A fauna brasileira de Saturniidae é extremamente rica,com cerca de 26 % das espécies conhecidas em todo mundo. Para a região dos Cerrados, o número total de espécies conhecidas dessa família é de 202 (exceto espécies de áreas de transição), o que corresponde a mais de 51 % da fauna brasileira de saturnídeos, cerca de 21 % da Região Neotropical e mais de 13 % da fauna mundial desse grupo. Estudos preliminares indicam que o número total de espécies para o bioma Cerrado poderá aumentar consideravelmente se incluirmos as espécies com ocorrências observadas somente em áreas de contato com os outros biomas. Quanto à distribuição geográfica do grupo pode-se dizer que na Região do Cerrado, várias espécies apresentam distribuição complexa, razão pela qual não é possível visualizar um padrão definido, com o nível do conhecimento atual. Possivelmente, essa complexidade esteja relacionada, pelo menos em parte, à heterogeneidade ambiental. Na maioria das áreas, o

esforço de amostragem empreendido é insuficiente, o que limita a elaboração de conclusões definitivas sobre a biogeografia de várias espécies que apresentam uma distribuição disjunta. Além disso, para os estudos de distribuição geográfica de insetos, as flutuações sazonais das populações exigem que se faça um esforço de captura grande e em longo prazo. Os fatores acima mencionados têm impossibilitado a realização de estudos confiáveis de distribuição geográfica desse grupo. Poucas espécies tiveram suas regiões de ocorrência adequadamente definidas. No entanto, usando os dados disponíveis até o momento, pode-se dizer com alto grau de confiança que a maioria das espécies é compartilhada com outros biomas, com taxa de endemismos aproximadamente de 13 %. Referências bibliográficas ALHO, C. R. J. Distribuição da fauna num gradiente de recursos em mosaico. In: Cerrado: caracterização, ocupação e perspectivas, 1994, Brasília. Anais. Brasília: SEMATEC/UnB, 1994. p. 213-262. CAMARGO, A. J. A. de & BECKER, V.O. Saturniidae (Lepidoptera) from the Brazilian Cerrado: Composition and Biogeographic Relationships. Biotropica, v.31(4), p.696-705, 1999. CAMARGO, A.J.A de. A new species of Hylesia Hübner ( Lepidóptera, Saturniidae, Hemileucinae) from Brazilian Cerrado. Revista Brasileira de Zoologia, v.24(1), p. 199-202, 2007. LEMAIRE, C. Les Attacidae américains (=Saturniidae). Attacinae. Édition C. Lemaire, Neuilly-sur-Seine, France, 1978. LEMAIRE, C. Les Attacidae américains (=Saturniidae). Arsenurinae. Édition C. Lemaire, Neuilly-sur-Seine, France, 1980. LEMAIRE, C. Les Saturniidae américains (=Attacidae). Ceratocampinae. Museo Nacional de Costa Rica. San José, Costa Rica, 1988. LEMAIRE, C. The Attacidae of America. Hemileucinae. Part A. Goecke & Evers, Keltern, Germany, 2002. 688pp.