INFLUÊNCIA DO CONHECIMENTO TÁTICO NAS DEMANDAS FÍSICAS DURANTE PEQUENOS JOGOS NO FUTEBOL

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Transcrição:

859 INFLUÊNCIA DO CONHECIMENTO TÁTICO NAS DEMANDAS FÍSICAS DURANTE PEQUENOS JOGOS NO FUTEBOL Gibson Moreira Praça UFVJM Sarah Teles Bredt UFMG Mauro Heleno Chagas UFMG Pablo Juan Greco UFMG gibson_moreira@yahoo.com.br RESUMO Este estudo objetivou analisar a influência do nível de conhecimento tático nas demandas físicas de jogadores de futebol durante pequenos jogos. Participaram do estudo dezoito atletas de futebol da categoria sub-17. Os atletas foram inicialmente avaliados quanto ao conhecimento tático por meio do Teste de Conhecimento Tático TCTP. Na sequência, os atletas foram divididos em dois grupos, um com maior e outro com menor desempenho tático, o quais realizaram pequenos jogos na configuração 3vs.3. As demandas físicas relacionadas às acelerações e distâncias percorridas foram avaliadas por meio de equipamento de GPS. Utilizou-se uma ANOVA one-way para comparação entre os grupos, mantendo-se um nível de significância de 5%. Observou-se aumento da demanda física entre os atletas do grupo de maior conhecimento tático, com aumento na distância total percorrida e aumento na distância percorrida em alta intensidade. Conclui-se que o nível de conhecimento tático influencia a demanda física durante a realização de pequenos jogos de futebol. PALAVRAS-CHAVE: Futebol; Pequenos Jogos; Conhecimento Tático INTRODUÇÃO Os pequenos jogos são utilizados em diversos esportes coletivos (RAMPININI et al., 2007) e representam um estímulo efetivo de treinamento por combinar, ao mesmo tempo, aspectos táticos, técnicos, físicos, fisiológicos e perceptuais do jogo (RAMPININI et al., 2007). Nestes pequenos jogos, estudos investigam a influência alteração de componentes como o tamanho do campo (HODGSON et al., 2014), número de jogadores (ABRANTES et al., 2012), alteração no número de toques na bola (CASAMICHANA et al., 2013) e criação de superioridade numérica (PRAÇA et al., 2015) em respostas, nomeadamente, físicas e técnicas (OWEN et al., 2013), com pouca atenção destinada até o momento à avaliação das características táticas (TRAVASSOS et al., 2014).

860 A capacidade tática compõe a estrutura de rendimento dos jogadores de futebol e possibilita o acesso a níveis de desempenho mais elevados (GARGANTA, 2001). No treinamento no futebol, pequenos jogos são utilizados por permitir o treinamento das capacidades físicas e técnicas em um contexto decisional próximo ao jogo formal, com elevada demanda tática. Neste contexto, o nível de conhecimento tático dos jogadores poderia ser capaz de influenciar as demandas físicas e fisiológicas em pequenos jogos no futebol, uma vez que jogadores experts apresentam menor frequência de erro e maior precisão de suas ações quando comparados a jogadores não experts (GABBETT et al., 2008). Nesse sentido, movimentações ineficientes e/ou recuperações de ações equivocadas poderiam aumentar essas demandas em jogadores menos experientes. Contudo, há uma carência de informações sobre a influência do nível de conhecimento tático sobre as demandas físicas e fisiológicas em pequenos jogos no futebol. Investigações acerca do nível de conhecimento tático e suas interações sobre as demandas físicas de jogadores futebol ainda são incipientes. A obtenção de dados nesta direção permite que treinadores e preparadores físicos tomem decisões mais adequadas com relação à manipulação dos componentes envolvidos na prescrição do treinamento considerando diferentes estruturas de jogo. Portanto, o objetivo do presente estudo é verificar a influência do nível de conhecimento tático nas demandas físicas de jogadores de futebol durante a prática de pequenos jogos. MÉTODOS A amostra constituiu-se de 18 atletas brasileiros do sexo masculino da categoria sub- 17 de um clube profissional (idade: 16,4 ± 0,4 anos; massa: 68,4 ± 8,0 Kg, estatura: percentual de gordura corporal 10,8% ± 1,8), seis zagueiros, seis meio-campistas e seis atacantes. Todos participavam de competições a nível nacional e internacional há, pelo menos, três anos e realizavam, em média, sete sessões de treino semanais. Procedimentos Inicialmente, realizou-se o Teste de Conhecimento Tático Processual TCTP (GRECO et al., 2014). Utilizou-se o teste para realizar a divisão dos atletas em dois grupos maior conhecimento tático (G1) e menor conhecimento tático (G2) e para realizar a composição das equipes. Após a estratificação dos atletas em G1 (atletas com maior desempenho no TCTP) e G2 (atletas com menor desempenho no TCTP), o seguinte procedimento foi adotado: dentro de cada grupo (G1 e G2) foram formadas três equipes (A,

861 B e C) de três atletas (um defensor, um meio-campista e um atacante). Para esta formação das equipes, outro critério adotado foi que uma determinada equipe não poderia ter dois atletas com o mesmo nível no ranking de desempenho com o intuito de manter as equipes equilibradas. Após a formação das equipes dentro de cada grupo (G1 e G2), as equipes A, B, C de um determinado grupo jogaram entre si. Desta forma, definiu-se que as equipes do G1 não enfrentariam as equipes do G2, uma vez que o objetivo era comparar o impacto do nível de conhecimento tático nas demandas física, fisiológica e perceptual. Todos pequenos jogos foram praticados na configuração 3vs.3, em campo com medidas de 36mx27m, com todas as regras do jogo formal, incluindo o impedimento. Todos os jogos foram realizados em um mesmo horário do dia para padronizar as influências do ciclo circadiano. Para o registro da demanda física durante os pequenos jogos (3vs.3 e 4vs.3) utilizouse o sistema de posicionamento global (GPS) da marca GPSports Systems modelo SPI Pro X 2 com taxa de amostragem de 15Hz e acelerômetro triaxial de 100Hz. Cada atleta utilizou uma unidade do dispositivo de GPS alocado junto ao tronco, na altura das vértebras torácicas, por meio de um colete elástico específico. Analisaram-se dados referentes às distâncias percorridas (distância total e percentuais da distância total percorridos entre 0-7,2km/h, 7,3-14,3km/h, 14,4-21,5km/h e acima de 21,5km/h) e às acelerações (total de ações e percentual da distância total percorrida acima de 2.0m/s² e acima de 2,5m/s²). Análise de dados Inicialmente procedeu-se à verificação da normalidade por meio do teste de Shapiro- Wilk. Na sequência, procedeu-se a uma ANOVA one-way para comparação da demanda física entre os grupos com maior e menor conhecimento tático. Calculou-se ainda o tamanho do efeito f de Cohen, considerado pequeno (0,2-0,12), médio (0,13-0,25) e grande (acima de 0,26), conforme recomendação da literatura (COHEN, 1988; PIERCE et al., 2004) RESULTADOS E DISCUSSÃO A tabela abaixo apresenta os resultados observados neste estudo. Tabela 1 Valores médios e desvios padrão das diferentes variáveis analisadas para G1 e G2, valores de probabilidade verificados nas comparações múltiplas pareadas (p) e o tamanho do efeito (TE). G1 G2 p TE

862 DT 427,86 (45,25) * 399,41 (48,30) 0,010 0,78 %D1 40,19 (7,46) * 44,07 (7,69) 0,028 0,54 %D2 42,96 (6,35) 41,43 (5,59) 0,273 0,25 %D3 15,46 (3,94) * 13,33 (4,00) 0,026 0,64 %D4 1,13 (1,38) 1,12 (1,16) 0,983 0,01 NAcel1 7,43 (2,20) 7,51 (2,14) 0,864 0,02 %Acel1 17,77 (5,11) 17,50 (4,73) 0,818 0,06 NAcel2 3,68 (1,38) 3,54 (1,42) 0,657 0,07 %Acel2 9,28 (3,84) 8,61 (3,78) 0,458 0,12 DT = distância total; %D1, %D2, %D3, %D4 = percentual da distância percorrida em intensidade de nível 1, 2, 3 e 4, respectivamente; NAcel1 e NAcel2 = número de acelerações maiores que 2,0 e 2,5 m/s², respectivamente; %Acel1 e %Acel2 = percentual da distância percorrida em acelerações maiores que 2,0 e maiores que 2,5 m/s², respectivamente; G1= grupo de atletas com maior desempenho no teste TCTP; G2 = grupo de atletas com menor desempenho no teste TCTP; * diferença significante entre os grupos. Resultados apontaram que, na comparação entre os grupos, a distância total percorrida (DT) no G1 foi maior que no G2 (6,6%). Além disso, foi verificado também que o percentual da distância total percorrida entre 0 e 7,2 Km/h (%D1) foi menor no G1. Diferentemente, o percentual da distância total percorrida entre 14,4 e 21,5 Km/h (%D3) foi maior no G1. No presente estudo é possível que o maior nível de conhecimento tático do G1 tenha permitido que esses atletas realizassem uma melhor leitura do jogo, ocupando melhor os espaços. Para que isso ocorresse esses atletas deveriam aumentar o número de movimentações sem bola. Toda essa dinâmica resultou em uma maior distância total percorrida e um maior número de ações em intensidades mais elevadas. Esse raciocínio é baseado no entendimento de que um jogador só consegue executar determinado comportamento de forma eficaz recorrendo ao conhecimento que detém do jogo (COSTA et al., 2002). Esta expectativa também é reforçada considerando dados de estudos prévios, que demonstraram que atletas experientes apresentam uma maior capacidade de prever com precisão as ações do oponente em determinada situação (RAAB; JOHNSON, 2007; ROCA et al., 2011), melhor capacidade de julgamento e tomada de decisão do que novatos (BAR-ELI et al., 2011; MEMMERT; FURLEY, 2007) fatores que amparam-se em um ampliado conhecimento específico, tático, do jogo (KANNEKENS et al., 2009). Partindo da aceitação que no pequeno jogo existe uma considerável demanda de fluxo de informação,

863 que uma resposta efetiva durante um jogo também passa pela capacidade de executar adequadamente as decisões tomadas e que a pressão de tempo é um aspecto inerente ao jogo, o aumento do número de ações em intensidades mais elevadas (%D3) está coerente com este contexto apresentado, assim como, a redução das ações em menor intensidade. CONCLUSÕES Conclui-se que os atletas de maior conhecimento tático apresentaram maior demanda física durante a realização de pequenos jogos em igualdade numérica. Sugerese que novas configurações de jogo, bem como pesquisas com atletas de diferentes níveis de expertise, sejam futuramente realizadas. Novos aportes permitirão uma melhor adequação dos objetivos da comissão técnica com as possibilidades de utilização dos pequenos jogos no processo de treinamento de jovens jogadores. REFERÊNCIAS ABRANTES, C. I.; NUNES, M. I.; MACÃS, V. M.; LEITE, N. M.; SAMPAIO, J. E. Effects of the number of players and game type constraints on heart rate, rating of perceived exertion, and technical actions of small-sided soccer games. Journal of Strength and Conditioning Research, v. 26, n. 4, p. 976-981, 2012. BAR-ELI, M.; PLESSNER, H.; RAAB, M. Judgment, decision-making and success in sport. Reino Unido: Wiley-Blackwell, 2011. CASAMICHANA, D.; ROMÁN-QUINTANA, J. S.; CALLEJA-GONZÁLEZ, J.; CASTELLANO, J. Use of limiting the number of touches of the ball in soccer training: Does it affect the physical and physiological demands? Revista Internacional de Ciencias del Deporte, v. 9, n. 33, p. 208-221, 2013. COHEN, J. Statistical power analysis for the behavioral sciences (2nd ed.). Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum Associates Publishers, 1988. COSTA, I. T.; GARGANTA, J. M.; FONSECA, A.; BOTELHO, M. Inteligência e conhecimento específico em jovens futebolistas de diferentes níveis competitivos. Revista Portuguesa de Ciência do Desporto, v. 2, n. 4, 2002. GABBETT, T. J.; CARIUS, J.; MULVEY, M. Does improved decision-making ability reduce the physiological demands of game-based activities in field sport athletes? Journal of Strength and Conditioning Research, v. 22, n. 6, p. 2027-2035, 2008.

864 GRECO, P. J.; ABURACHID, L. M. C.; SILVA, S. R.; MORALES, J. C. P. Validação de conteúdo de ações tático-técnicas do teste de conhecimento tático processual - orientação esportiva. Motricidade, v. 10, p. 38-48, 2014. HODGSON, C.; AKENHEAD, R.; THOMAS, K. Time-motion analysis of acceleration demands of 4v4 small-sided soccer games played on different pitch sizes. Human Movement Science, v. 33, n. 1, p. 25-32, 2014. KANNEKENS, R.; ELFERINK-GEMSER, M. T.; VISSCHER, C. Tactical skills of world-class youth soccer teams. J Sports Sci, v. 27, p. 807-812, 2009. MEMMERT, D.; FURLEY, P. "I spy with my little eye!": Breadth of attention, inattentional blindness, and tactical decision making in team sports. Journal of sport exercise psychology, v. 29, p. 365-381, 2007. OWEN, A. L.; WONG, D. P.; PAUL, D.; DELLAL, A. Physical and technical comparisons between various- sided games within professional soccer. International Journal of Sports Medicine, v. 34, n. 1, p. 1-7, 2013. PIERCE, C. A.; BLOCK, C. A.; AGUINIS, H. Cautionary note on reporting eta-squared values from multifactor anova designs. Measurement, v. 64, n. 6, p. 916-924, 2004. PRAÇA, G. M.; CUSTÓDIO, I. J. O.; GRECO, P. J. Numerical superiority changes the physical demands of soccer players during small-sided games. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, v. 17, n. 3, p. 269-279, 2015. RAAB, M.; JOHNSON, J. Option-generation and resulting choices. Journal of Experimental Psychology Applied, v. 13, p. 158-170, 2007. RAMPININI, E.; IMPELLIZZERI, F.; CASTAGNA, C.; ABT, G.; CHAMARI, K.; SASSI, A.; MARCORA, S. Factors influencing physiological response to small-sided soccer games. Journal of Sports Sciences, v. 25, n. 6, p. 659-666, 2007. ROCA, A.; FORD, P. R.; MCROBERT, A. P.; MARK WILLIAMS, A. Identifying the processes underpinning anticipation and decision-making in a dynamic time-constrained task. Cogn Process, v. 12, p. 301-310, 2011. TRAVASSOS, B.; VILAR, L.; ARAÚJO, D.; MCGARRY, T. Tactical performance changes with equal vs unequal numbers of players in small-sided football games. International Journal of Performance Analysis in Sport, v. 14, n. 2, p. 594-605, 2014.