Mercado de trabalho. Mercado de trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre: expansão do emprego formal. Expansão da ocupação

Documentos relacionados
Mercado de trabalho. Mercado de trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), no ano de 2006* Ocupação: lenta recuperação

MAIO DE Deteriora-se a situação do mercado de trabalho da RMPA

MENOR TAXA DE DESEMPREGO DA SÉRIE HISTÓRICA DA PESQUISA

MERCADO DE TRABALHO NA CIDADE DE PORTO ALEGRE

AGOSTO 1 DE 2007 Ocupação mantém-se em crescimento

DESEMPENHO DO MERCADO DE TRABALHO DA REGIÃO METROPOLITANA DE PORTO ALEGRE EM 2016

Desemprego em São Paulo tem leve recuo e passa de 17,5% em setembro para 17,2% em outubro

MERCADO DE TRABALHO NA CIDADE DE PORTO ALEGRE

FEVEREIRO DE 2014 * Aumenta a taxa de desemprego

O MERCADO DE TRABALHO NA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA EM 2012

Outubro de 2014 * ELEVAÇÃO DA TAXA DE DESEMPREGO

MERCADO DE TRABALHO NA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA EM 2011

PESQUISA DE EMPREGO E DESEMPREGO NO DISTRITO FEDERAL JANEIRO DE 2007

Taxa de desemprego registra comportamento diverso entre as regiões

Taxa de desemprego continua ascendente em três regiões

MULHERES SOFREM MAIS COM O DESEMPREGO E GANHAM MENOS QUE OS HOMENS NA RMBH

Taxa de desemprego registra comportamento de relativa estabilidade em todas as regiões

PESQUISA DE EMPREGO E DESEMPREGO NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO OUTUBRO Desemprego diminui pelo segundo mês consecutivo

Setor de Serviços tem o melhor desempenho na RARP

Condição de Atividade (em mil pessoas)

MERCADO DE TRABALHO METROPOLITANO 1

PESQUISA DE EMPREGO E DESEMPREGO NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO

Desempenho do mercado de trabalho ampliou a formalização do emprego feminino em 2013

Mercado de Trabalho nas Regiões Metropolitanas em 2016

Melhoria no mercado de trabalho não garantiu igualdade de condições às mulheres

APESAR DA CRISE, CONSTRUÇÃO CIVIL TEVE DESEMPENHO POSITIVO EM 2009

Série Estudo das Desigualdades Regionais

MERCADO DE TRABALHO NA REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE EM 2013

ABRIL DE Taxa de desemprego mantém-se praticamente estável

PME registra menor taxa de desemprego da série histórica para o mês de fevereiro, mas indica acomodação no mercado de trabalho.

A INSERÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO DA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA

ÍNDICE DESEMPREGO COM VIDA LONGA? EMPREGO FORMAL... 03

Taxa de desemprego cresce nas cinco regiões

PESQUISA DE EMPREGO E DESEMPREGO NO DISTRITO FEDERAL ABRIL DE Ocupação cresce ligeiramente e taxa de desemprego permanece praticamente estável

DESEMPREGO CRESCE PELO SEGUNDO MÊS CONSECUTIVO

OBSERVATÓRIO DO TRABALHO DE DIADEMA

PESQUISA DE EMPREGO E DESEMPREGO NO DISTRITO FEDERAL MARÇO DE Em comportamento típico para o período, taxa de desemprego assinala aumento

Taxa de desemprego mantem-se relativamente estável

Setor de Serviços cria postos de trabalho em Fevereiro de 2016

A inserção do negro no mercado de trabalho no Distrito Federal

SETEMBRO DE LIGEIRO RECUO DA TAXA DE DESEMPREGO

Taxa de desemprego mantém-se relativamente estável

MERCADOS DE TRABALHO METROPOLITANOS. Taxa de desemprego relativamente estável em duas regiões Junho de 2017

OBSERVATÓRIO DO TRABALHO DE DIADEMA

A presença feminina no mercado de trabalho do Distrito Federal 2016

Desempenho do mercado de trabalho em 2014 interrompe processo de formalização do emprego feminino

Nova queda do PIB não surpreende mercado

5. NÍVEL DE ATIVIDADE ECONÔMICA. Álvaro Alves de Moura Jr.

PESQUISA MENSAL DE EMPREGO

taxa Indicadores IBGE Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Fevereiro de 2016 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE

O MERCADO DE TRABALHO EM 2011

PED PESQUISA DE EMPREGO E DESEMPREGO NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO. Evolução da População Metropolitana de São Paulo

DESEMPREGO EM ELEVAÇÃO REGISTRA NOVO RECORDE

Taxa de desemprego permanece estável

Carteira do SFN recua 3,5% em 2016

O desempenho dos principais indicadores da economia brasileira em 2008

Maior desaceleração e alerta para inadimplência

ÍNDICE BRASILEIROS ENFRENTAM SEGUNDO ANO DE CRISE EMPREGO FORMAL... 03

Mercado de trabalho enfrentou cenário difícil durante todo o ano de 2015

DESEMPREGO EM ALTA NA RMF

Taxa de desemprego em relativa estabilidade

EMPREGO E RENDA 2003 UM ANO DE DESEMPREGO E DE QUEDA ACENTUADA DO RENDIMENTO NOS GRANDES CENTROS URBANOS

EPE vê reação da indústria e projeta alta do consumo

Mercado de trabalho da Região Metropolitana de Porto Alegre em 2010: desempenho positivo em um contexto de retomada do crescimento econômico

A inserção feminina no mercado de trabalho da RMPA

Pesquisa Mensal de Emprego Maio 2004

A população negra ainda convive com patamares de desemprego mais elevado

Elevação na taxa de juros média

Indústria e Comércio comprometem o desempenho da RARP em setembro de 2015

PESQUISA DE EMPREGO E DESEMPREGO REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO. Crescimento da ocupação reduz desemprego

A inserção da população negra no mercado de trabalho da Região Metropolitana de Belo Horizonte

As Mulheres nos Mercados de Trabalho Metropolitanos

Uma análise dos principais indicadores da economia brasileira

ÍNDICE A ECONOMIA BRASILEIRA VOLTOU A CRESCER? EMPREGO FORMAL... 03

A produção industrial caiu 1,6% em junho: Quatorze meses de estagnação

A INSERÇÃO DO NEGRO NO MERCADO DE TRABALHO DA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA

Taxa de desemprego diminui pelo segundo mês consecutivo

ÍNDICE ASCENSÃO DAS MULHERES NO SETOR EMPREGO FORMAL... 03

Taxa de desemprego segue em alta em maio

Carta Econômica Trimestral

BNB Conjuntura Econômica Nº40

Inflação, nível de atividade e setor externo: o desempenho dos principais indicadores da economia brasileira

NÍVEL DE ATIVIDADE, INFLAÇÃO E POLÍTICA MONETÁRIA.

Sondagem Industrial do RN: Indústrias Extrativas e de Transformação

Queda no salário médio de admissão do brasileiro já é maior de que na crise de 2009

MOVIMENTAÇÃO NACIONAL DO EMPREGO NO SEGMENTO DA ARQUITETURA E ENGENHARIA CONSULTIVA

MERCADO DE TRABALHO NA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA EM 2014

Há três meses, inflação cresce

Análise Setorial. Fabricação de artefatos de borracha Reforma de pneumáticos usados

Compreende os municípios de Diadema, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul.

A DESIGUALDADE ENTRE NEGROS E NÃO-NEGROS NO MERCADO DE TRABALHO, NO PERÍODO

DESEMPREGO DIMINUI NO DISTRITO FEDERAL

A PRESENÇA FEMININA NO MERCADO DE TRABALHO NA REGIÃO DO ABC EM 2015

Desempenho da Economia de Caxias do Sul Abril de 2016

NÍVEL DE ATIVIDADE, INFLAÇÃO E POLÍTICA MONETÁRIA A evolução dos principais indicadores econômicos do Brasil em 2007

A PRESENÇA FEMININA NO MERCADO DE TRABALHO NAREGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO 2015

Ano IV Out./2016. Construção Civil tem o pior desempenho entre os setores em Agosto de 2016

PESQUISA MENSAL DE EMPREGO

Melhoria no mercado de trabalho não foi suficiente para garantir uma inserção menos desigual às mulheres

O TRABALHO DAS MULHERES NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO EM 2013: MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS

Transcrição:

Mercado de Trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre: expansão do emprego formal 71 Mercado de trabalho Mercado de trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre: expansão do emprego formal André Luiz Leite Chaves* Economista, Pesquisador da FEE e Professor da FAPA. Artigo recebido em 09 jan. 2006. As estimativas preliminares da Fundação de Economia e Estatística (FEE) sobre o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado em 2005 mostraram uma queda, em termos reais, de 4,8%. O setor agropecuário foi o destaque negativo do ano, com um decréscimo em seu Valor Adicionado Bruto (VAB) estimado em 15,2%. A indústria e o serviços também registraram variações negativas de 4,8% e 0,5% respectivamente. Contudo a queda do produto gaúcho pouco afetou o mercado de trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre. Ao contrário, no transcorrer de 2005, houve uma evolução positiva, caracterizada pelo desempenho dos seus principais indicadores: segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego na RMPA, houve aumento do nível de ocupação, ampliação do número de vagas formais no setor privado, relativa estabilidade na evolução das taxas de desemprego durante o ano e pequena recuperação do rendimento médio real dos ocupados. Expansão da ocupação O número médio de ocupados, entre janeiro e novembro de 2005, apresentou um acréscimo de 2,8% em relação ao do mesmo período do ano anterior, representando um saldo de 43 mil pessoas ocupadas. Ao analisar cuidadosamente a evolução da ocupação nesse período, constatou-se que, depois de uma evolução negativa até abril de 2005 queda sazonal que tradicionalmente ocorre nos primeiros meses do ano, a variação da ocupação passou a ser positiva até agosto, com um crescimento acumulado de 3,1%. Nos meses subseqüentes (setembro e outubro), o nível ocupacional apresentou variações negativas, repre- sentando uma queda de 0,6%, voltando a crescer em novembro Gráfico 1. Apesar de o período em questão ter-se encerrado com uma criação líquida de empregos praticamente idêntica à observada no mesmo período de 2004 (41 mil ocupações contra 43 mil em 2004), houve, no segundo e no terceiro trimestre 1 de 2005, um claro arrefecimento na evolução desse indicador: após os 27 mil novos empregos registrados no segundo trimestre de 2004, em relação ao primeiro, e os 47 mil registrados no terceiro, em relação ao segundo de 2004, a comparação dos mesmos períodos em 2005 indicou a criação de 6 mil e 27 mil vagas. Contudo a variação entre setembro e novembro mostrou comportamento diverso nos dois anos. Enquanto, em 2004, se verificou uma queda de 1,2%, 2005 apresentou uma variação positiva de 0,2%, significando uma criação líquida de 3 mil ocupações (Tabela 1). Dessa forma, novembro terminou com um pequeno acréscimo da diferença entre as curvas anuais de evolução da ocupação, como salientado no Gráfico 1. A distribuição setorial do aumento da ocupação aponta, comparando-se o patamar alcançado em novembro último com o verificado em novembro de 2004, os setores da indústria e de serviços como os responsáveis pelo desempenho positivo da ocupação em 2005, ambos bem acima do resultado observado em 2004, conforme pode ser observado no Gráfico 2. Esses dois setores registraram criação líquida de 64 mil vagas no 1 As informações divulgadas mensalmente referem-se a médias móveis trimestrais dos dados levantados, as quais são assumidas como resultado do mês de encerramento do trimestre. Desse modo, os resultados do primeiro trimestre (mês de março) correspondem à média do trimestre janeiro, fevereiro e março; os resultados do segundo trimestre (mês de junho), à do trimestre abril, maio e junho; e assim sucessivamente.

72 André Luiz Leite Chaves acumulado de 2005, sendo que 35 mil foram geradas pela indústria, e 29 mil, pelos serviços. Por outro lado, a construção civil e os serviços domésticos sofreram perdas de 8 mil e 6 mil vagas, respectivamente, no acumulado desse ano. O comércio, por sua vez, apresentou uma relativa estabilidade no ano. O desempenho da indústria mostrou sensível melhora no crescimento da ocupação, em 2005, ante o ano anterior. Conforme o descrito na Tabela 2, no primeiro trimestre, em especial, o setor mostrou um forte crescimento em um período em que, normalmente, o número de demissões supera o de contratações. Todavia, no primeiro trimestre de 2005, houve uma elevação de 12,2% na ocupação do setor, fazendo com que a variação trimestral atingisse 15,1% na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior. Já no segundo trimestre, esse setor apresentou uma queda de 3,8%, para depois voltar a crescer. Outro setor que se destacou positivamente foi o de serviços, que, em novembro de 2005, teve crescimento de 3,7% na comparação de dezembro 2004. Não obstante o primeiro trimestre ter registrado uma variação negativa de 2,4%, o nível ocupacional do setor, nos demais trimestres do ano, apresentou crescimento de 3,7% no segundo, de 1,4% no terceiro e de 1,0% entre setembro e novembro. Além disso, as variações observadas na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior foram todas positivas, denotando a dinâmica da oferta de ocupações no setor. A relativa estabilidade do desempenho do comércio na criação de ocupações, no transcorrer do ano de 2005, teve como conseqüência reduções verificadas no segundo trimestre (-1,5%) e na variação entre setembro e novembro de 2005 (-4,7%), que não foram compensadas pelos acréscimos do primeiro (0,8%) e do terceiro (5,4%) trimestre do ano. Na ponta oposta, a construção civil e os serviços domésticos foram os responsáveis por uma extinção líquida de empregos, apresentando uma redução de 14 mil ocupações entre dezembro de 2004 e novembro de 2005. O setor da construção civil revela características ainda mais marcantes de desaquecimento, com aceleração de seu decréscimo anual por três trimestres consecutivos, alcançando -10,0% em novembro de 2005, na comparação com dezembro do ano anterior. Os serviços domésticos, que também perderam postos de trabalho no transcorrer do ano, tiveram quedas nos dois primeiros trimestres, que não foram compensadas pelos crescimentos verificados nos demais períodos do ano. Ainda no campo da ocupação, faz-se mister destacar que a totalidade da expansão observada em 2005 se deu pelos empregos formais, notadamente o assalariamento com carteira, que respondeu pela criação de 64 mil ocupações entre dezembro de 2004 e novembro de 2005. No sentido oposto, o número do contingente de assalariados sem registro em carteira e de trabalhadores autônomos experimentou queda ao longo de 2005, chegando a uma variação negativa entre dezembro de 2004 e novembro de 2005 de 6,5% para o primeiro contingente e de 2,5% para o segundo. Como mostra o Gráfico 3, depois de os empregos com carteira registrarem aceleração de sua taxa mensal de crescimento entre janeiro e março e entre junho e setembro atingindo, no último mês, a maior distribuição percentual (47,3%) desde janeiro de 1994, nos dois últimos meses, houve uma quebra dessa tendência, passando a apresentarem variações negativas, o que, contudo, foi compensado, em parte, por um crescimento do número de vínculos sem carteira. Setorialmente, o balanço entre a criação e a destruição de ocupações formais e informais foi o seguinte: a indústria foi responsável pelo saldo positivo de 43 mil empregos com registro em carteira e eliminou 6 mil postos entre assalariados sem registro em carteira e autônomos; o comércio criou 8 mil empregos formais e eliminou 6 mil informais; e o setor serviços criou 17 mil formais e 5 mil informais.

Mercado de Trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre: expansão do emprego formal 73 Gráfico 1 (1 000 pessoas) 1 600 1 580 1 560 Estimativa dos ocupados da RMPA jan./04-nov./05 2005 44 mil 1 540 1 520 41 mil 2004 1 500 1 480 1 460 1 440 1 420 1 4000 Dezembro FONTE: PED/RMPA. Tabela 1 Variação percentual e absoluta da ocupação na RMPA 2004/05 PERÍODOS VARIAÇÃO PERCENTUAL do Ano VARIAÇÃO ABSOLUTA (1 000 pessoas) do Ano 1 o trim. 2004... -1,5 1,2-23 17 2 o trim. 2004... 1,8 1,8 27 27 3 o trim. 2004... 3,1 6,5 47 95 Set./04-nov./04... -1,2 1,9-19 61 1 o trim. 2005... 0,7 4,3 11 63 2 o trim. 2005... 0,4 2,8 6 42 3 o trim. 2005... 1,7 1,4 27 22 Set./05-nov./05.. 0,2 1,5 3 44

74 André Luiz Leite Chaves Gráfico 2 (1 000 pessoas) 50 Variação absoluta da ocupação, segundo principais setores de atividade econômica, na RMPA dez./03-nov./04 e dez./04-nov./05 40 30 20 10 0-10 -20 Total Indústria Comércio Serviços Construção civil Domésticos Legenda: Dez./03-nov./04 Dez./04-nov./05 Tabela 2 Variação da ocupação, por setor de atividade, na RMPA 2004/05 PERÍODOS INDÚSTRIA COMÉRCIO SERVIÇOS do Ano do Ano do Ano CONSTRUÇÃO CIVIL do Ano DOMÉSTICOS (%) do Ano 1 o trim./04... 0,0 5,0-1,6 2,9-2,8-0,4 6,2 3,6-1,9 0,0 2 o trim./04... 5,5 4,7 4,4 7,9 1,4 0,1-5,8 6,6-3,9-5,8 3 o trim./04... 4,2 12,4 0,8 10,5 2,6 4,9 3,7 1,2 7,1-2,8 Set.04/nov.04... -7,0 1,8-0,4 7,9-0,1 3,6 2,4 7,5 1,9 0,9 1 o trim./05... 12,2 15,1 0,8 6,0-2,4 1,4-1,3-8,1-5,5 1,0 2 o trim./05... -3,8 4,9-1,5 0,0 3,7 3,7-3,8-6,2-3,9 1,0 3 o trim./05... 2,3 3,0 5,4 4,6 1,4 2,5-6,6-15,5 2,0-3,8 Set./05-nov./05... 1,9 12,9-4,7 0,0 1,0 3,6 1,4-16,3 2,0-3,7 Dez./04-nov./05.. 12,5 2,2-0,4 3,2 3,7 1,0-10,0 6,2-5,5 2,9

Mercado de Trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre: expansão do emprego formal 75 Gráfico 3 Estimativa dos assalariados com registro em carteira na RMPA jan./04-nov./05 (1 000 pessoas) 760 740 2005 720 700 680 2004 660 640 620 600 5800 Dezembro Estabilidade no desemprego A despeito do crescimento observado na ocupação, a taxa de desemprego total manteve certa estabilidade durante o ano de 2005, conforme se pode observar no Gráfico 4. Embora a taxa de desemprego tenha experimentado crescimento até junho, em julho, ela apresentou queda considerável e voltou a ter um ligeiro aumento, para, em novembro último, mostrar uma queda de 1,4%. Essas oscilações, contudo, não permitiram detectar uma tendência de aumento ou de queda durante 2005, mostrando uma variação de apenas 0,7 ponto percentual entre a taxa de desemprego (14,3%) verificada em janeiro e fevereiro e a maior (15,0%) em julho. Essa relativa estabilidade deveu-se ao fato de os movimentos das variações no nível de ocupação terem coincidido com os das variações das taxas de participações, conforme mostra o Gráfico 5. Quando a variação do nível ocupacional superou em 0,3 ponto percentual a da taxa de participação, a taxa de desemprego caiu, e, quando foi inferior, a taxa de desemprego aumentou ou permaneceu estável. A análise da taxa de desemprego segundo suas componentes mostra que o desempenho da taxa de desemprego total refletiu, principalmente, a evolução da taxa de desemprego aberto, uma vez que a evolução das duas taxas foi praticamente idêntica, conforme se observa no Gráfico 6. Após a estabilidade da taxa de desemprego aberto, registrada nos dois primeiros meses do ano, em 9,7%, ela passou a apresentar sucessivos aumentos até maio, atingindo o seu maior patamar no ano (10,9%), embora num nível menor que o registrado no mesmo mês de 2004. Em junho, a taxa voltou a cair até agosto, quando, então, retomou o seu crescimento. Essa evolução nos últimos meses de 2005, ao contrário do observado em 2004, quando a taxa decresceu até o final do ano, fez com que a taxa atingisse, em novembro, patamar superior ao verificado em 2004, o mesmo ocorrendo com a taxa de desemprego total.

76 André Luiz Leite Chaves Gráfico 4 (%) 19,0 18,0 17,0 16,0 15,0 Taxa de desemprego total na RMPA jan./04-nov./05 2004 2005 14,0 13,0 12,0 11,0 10,0 9,00 Gráfico 5 (%) 2,0 Variação da ocupação, da taxa de desemprego e da taxa de participação na RMPA 2005 1,0 0,0-1,0-2,0-3,0-4,0 Dezembro Legenda: Ocupação Desemprego Taxa de participação

Mercado de Trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre: expansão do emprego formal 77 Gráfico 6 Desemprego total e aberto (%) 16,0 15,0 14,0 13,0 12,0 11,0 10,0 9,0 8,0 7,0 6,0 Taxas de desemprego total, aberto e oculto na RMPA jan.-nov.05 Desemprego oculto (%) 4,8 4,6 4,4 4,2 4,0 3,8 3,6 5,00 3,4 Legenda: Total Aberto Oculto Rendimentos voltam a crescer No que diz respeito à evolução dos rendimentos médios reais, os números de 2005 mostram um estancamento da deterioração ocorrida desde 2001, conforme mostra o Gráfico 7. O rendimento real médio dos ocupados na RMPA referente ao período jan.-out./05 apresentou crescimento de 1,8% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Segundo a PED-RMPA, a média mensal dos rendimentos reais recebidos ao longo do ano foi sempre inferior à do mesmo mês em 2004, até agosto, com o pico negativo tendo ocorrido em janeiro (-2,9%) para os rendimentos e em junho (-4,0%) para os salários. Contudo, no mês de agosto, houve uma reversão, registrando-se uma ultrapassagem no valor desses dois indicadores, em relação aos mesmos meses de 2004, que permitiu que as médias anuais fossem superiores à do ano passado. As variações acumuladas nos últimos três meses de 2005 foram de 5,1% para os rendimentos médios reais e de 7,3% para os salários médios reais. Uma provável causa da recuperação desses rendimentos pode ter sido a evolução favorável da inflação 2, que fez com que o rendimento e o salário médio real registrassem recuperação nos meses de agosto e setembro. Em relação à evolução dos salários médios reais pelos diferentes setores e posições na ocupação, observa-se que todos chegaram a outubro de 2005 com ganhos em relação a dez./04 (Inf. PED, 2005a). Os contin- 2 Nos meses de agosto e setembro, o IPC-IEPE registrou uma deflação acumulada de 0,7%.

78 André Luiz Leite Chaves gentes de trabalhadores que mais se beneficiaram foram os da indústria e os do setor público, com um ganho real em seus rendimentos de 9,2%. O comércio, por outro lado, não mostrou uma evolução nos mesmos moldes, sendo o setor de menor ganho no ano (1,1%). Em relação à massa de rendimentos, há sinais claros de aceleração de seu crescimento ocorrida a partir de julho de 2005, tanto para os ocupados como para os assalariados. O Gráfico 8 mostra, claramente, a ascensão das curvas dos índices das massas de rendimentos na segunda metade do ano, quando acumularam um crescimento, entre julho e setembro, de 7,7% para os ocupados e de 10,9% para os assalariados. Apesar das variações negativas verificadas em outubro, o aumento acumulado no ano (dez./04-out./05) foi de 8,8% para a massa dos rendimentos reais dos ocupados e de 11,8% para a dos assalariados. Gráfico 7 Evolução do rendimento médio real no trabalho principal, na RMPA jan.-out. 2000-05 (R$) 1 050 1 000 950 900 850 800 7500 2000 2001 2002 2003 2004 2005 NOTA: Inflator utilizado: IPC-IEPE; valores em reais de out./05.

Mercado de Trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre: expansão do emprego formal 79 Gráfico 8 120,0 115,0 Índices das massas de rendimento e de salário médio real na RMPA jan./04-dez./05 Massa de salários de 2005 110,0 105,0 100,0 95,0 Massa de salários de 2004 Massa de rendimentos de 2005 90,0 Massa de rendimentos de 2004 85,0 80,0 75,00 NOTA: Inflator utilizado: IPC-IEPE. Dezembro Considerações finais Os números do mercado de trabalho da RMPA, em 2005, superaram os verificados em 2004. Mesmo em uma conjuntura adversa seca por dois anos consecutivos, valorização cambial e altas taxas de juro, que repercutiu negativamente na economia do Rio Grande do Sul, o mercado de trabalho apresentou resultados favoráveis: aumento do nível de ocupação, ampliação do número de vagas formais no setor privado, relativa estabilidade na evolução das taxas de desemprego durante o ano e pequena recuperação do rendimento médio real dos ocupados. Esperar que o desempenho de 2006 supere ou, pelo menos, iguale o verificado em 2005 dependerá da capacidade de recuperação da economia gaúcha e da continuidade da demanda por mão-de-obra, o que é legítimo de se aguardar como decorrência da esperada queda da taxa de juro e de condições climáticas favoráveis. No que se refere à qualidade dos vínculos empregatícios, o possível aumento da ocupação deverá dar continuidade à melhoria do grau de formalização do mercado de trabalho. Em relação à taxa de desemprego, a perspectiva é de se ter um 2006 com números inferiores aos de 2005, embora não se possa descartar uma pressão no sentido contrário, provocada pelo aumento da oferta de trabalho. O que parece ser mais garantido, na medida em que a inflação permaneça nos baixos níveis hoje vigentes, é que o processo de recomposição dos rendimentos médios reais, o qual, junto com as perspectivas de um continuado aumento da demanda por mão-de-obra, poderá dar sustentação, ao longo do próximo ano, a um aumento da massa salarial superior ao verificado em 2005.

80 André Luiz Leite Chaves Referências FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA SIEG- FRIED EMANUEL HEUSER FEE. O Produto Interno Bruto da economia gaúcha em 2005. Disponível em: http://www.fee.rs.gov.br/sitefee/pt/content/estatisticas/ Acesso em: 26 dez. 2005. INFORME PED. Porto Alegre: FEE, v. 13, jan. 2005. Número especial. INFORME PED. Porto Alegre: FEE, v. 14, n. 11, nov. 2005a.