ASC ebook DIREITOS DE AUTOR NA MÚSICA
a. Quando o Autor adquire Direitos Autorais? Tanto a Convenção de Berna (documento legal que estabelece o reconhecimento do direito de autor entre nações soberanas), quanto a legislação brasileira não exigem nenhum tipo de registro ou formalidade para que o autor possa desfrutar de seus Direitos Autorais. A criação da obra intelectual e sua expressão por qualquer meio ou fixação em qualquer suporte é que marca o início do Direito Autoral. Ex. Basta que um artista pinte um quadro para iniciar a proteção sobre seu direito autoral. Basta que crie, ou seja, que um autor recite ou escreva um poema. Basta que um fotógrafo tire sua foto. Aquele que tem uma ideia, mas não cria obra nenhuma não possui qualquer direito autoral sobre obra criada a partir de sua ideia. b. O que é Direito Patrimonial? São aqueles direitos que se referem principalmente à utilização econômica de obra intelectual, por qualquer processo técnico já existente ou ainda a ser inventado, caracterizando-se como o direito exclusivo do autor de utilizar, fruir e dispor de suas próprias criações. São negociáveis e transferíveis. Os direitos patrimoniais do autor estão listados de forma exemplificativa na lei autoral brasileira e, fundamentalmente, são: direito de reprodução, de distribuição, de comunicação ao público, de sequência, de inclusão em base de dados em obras audiovisuais. c. Quando o Autor adquire Direitos Autorais? São aqueles direitos que se referem à relação permanente que une os criadores intelectuais às suas criações, refletindo prerrogativas pertinentes à personalidade dos próprios criadores. Por esses motivos, são inalienáveis e irrenunciáveis. Estão listados na lei autoral vigente de forma exaustiva e são: o de ter o nome divulgado em qualquer utilização da obra, o de reivindicar a autoria da obra, o de conservar a obra inédita, o de assegurar a integridade da obra, o de modificar a obra antes ou depois de sua utilização, o de retirar a obra de circulação ou suspender utilização já autorizada, em caso de implicarem afronta à sua honra ou reputação; o de ter acesso a exemplar único para preservação da sua memória.
d. Qual a extensão da proteção dos Direitos Autorais? A proteção dos direitos autorais compreende os Direitos Patrimoniais e Direitos Morais. e. O que são Direitos Conexos? E quem são seus titulares? Como são protegidos? Também conhecidos como Direitos vizinhos ou Direitos afins são os direitos dos artistas, intérpretes e executantes que dão corpo a obras incluindo elementos criativos de sua personalidade. O objeto destes direitos encontra-se associado a obras intelectuais anteriores. A proteção dada aos Direitos Conexos não afeta as garantias asseguradas aos autores das obras literárias, artísticas ou científicas originais. Compreendem os direitos dos Artistas Intérpretes ou Executantes; dos Produtores Fonográficos e das Empresas de Radiodifusão. É de 70 (setenta) anos o prazo de proteção aos direitos conexos, contados a partir de 1º de janeiro do ano subseqüente à fixação, para os fonogramas; à transmissão, para as emissões das empresas de radiodifusão. Três são os titulares de Direitos Conexos, ou seja, o artista, sobre sua interpretação ou execução, o produtor de fonogramas, sobre sua produção sonora e o organismo de radiodifusão, sobre seu programa. A proteção aos Direitos Conexos não depende de registro e é preconizado pela Lei nº. 9.610/98. A duração da proteção é de 70 (setenta) anos a partir do ano em que houve a primeira fixação, transmissão ou representação pública. f. Os direitos autorais podem ser transferidos? Como se dá a transferência dos direitos autorais? Os direitos patrimoniais podem ser transferidos total ou parcialmente. Os direitos morais transferem-se somente com a morte do autor. Por instrumento de contrato (forma escrita). Caso este não exista, presume-se que a transferência tenha sido feito pelo prazo de cinco anos. (art. 49, II e III da Lei n. 9610/98).
g. Autoria e titularidade se confundem? Não. O autor é a pessoa física que tem os direitos morais sobre a obra, uma vez que a criou. O titular é a pessoa física ou jurídica que detêm os direitos patrimoniais da obra, ou seja, aquele que pode explorar economicamente a obra. h. Como a lei trata dos direitos dos co-autores? Existe a obra divisível e indivisível feita em regime de co-autoria. Na última hipótese o co-autor precisará do consentimento dos demais para a publicação da obras, as decisões serão tomadas pela maioria; sendo divisível a obra, os direitos serão exercidos separadamente sem prejuízo da criação originária. i. Como é tratada a proteção da propriedade intelectual no Brasil? A propriedade intelectual se divide em dois grandes ramos: propriedade industrial e direito autoral. Quanto à proteção da propriedade industrial existe um órgão governamental denominado INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) responsável pelo registro de marcas e patentes. Maiores informações podem ser obtidas no site do órgão (www.inpi.gov.br ). No que tange à proteção aos direitos autorais frente a obras musicais temos várias entidades atuando no Brasil de acordo com a natureza dos direitos (direitos de execução pública musical, direitos fonomecânicos, direitos dramáticos, direitos reprográficos, etc.). A UBC atua no ramo da execução pública musical e é uma das associações integrantes do ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição). Na área dos direitos dramáticos temos a SBAT e nos direitos reprográficos a ABDR.
j. Onde registrar as obras musicais? A Lei 9.610/98, que trata dos Direitos Autorais, estabelece em seu artigo 18 que a proteção aos direitos das obras intelectuais independe de registro. A obra, portanto, não necessita estar registrada para ser protegida. Esse registro, contudo, serve como indício de prova da autoria e, para segurança de seus direitos, o autor pode registrá-la, segundo a sua natureza, nos órgãos determinados pelo art. 17 da Lei 5.988/73. l. Quanto tempo a Lei protege as obras? A proteção às obras artísticas, literárias e científicas perdura por toda a vida dos autores e é transmissível a seus herdeiros. Com a morte dos autores a obra continua protegida e, a partir de 1 de janeiro do ano subsequente se inicia a contagem dos 70 anos restantes de proteção. Excepcionalmente, no caso da proteção sobre obras fotográficas e audiovisuais a contagem dos 70 anos não se relaciona com o falecimento dos autores, mas apenas com a publicação das obras, ou seja, é contado a partir de 1 de janeiro do ano subsequente ao da publicação da fotografia ou da obra audiovisual. O mesmo ocorre em relação aos fonogramas, às emissões das empresas de radiodifusão e às interpretações. Obras protegidas: Obra Literária: Obra Literária; Obra de Artes Plásticas; Obra de Artes Plásticas; Obra Arquitetônica; Obra Dramática; Software; Obra Musical; m. Como funciona o domínio público? Finda a proteção, a obra sai do domínio do autor e de seus herdeiros e entra em domínio público, podendo ser utilizada sem autorização. Também pertencem ao domínio público as obras de autores falecidos sem sucessores e as de autor desconhecido, ressalvada a proteção ao conhecimento étnico e tradicional. Compete ao Estado defender a integridade e a autoria da obra caída em domínio público. As disposições pertinentes ao domínio público estão nos artigos 41 da Lei nº 9.610/98 (LDA) n. O que é creative commons? Também existem casos em que os próprios autores resolvem liberar amplamente o uso de suas obras. Trata-se do sistema conhecido mundialmente como creative commons Na verdade, Creative Commons é uma organização não governamental sem fins lucrativos, surgida nos Estados Unidos (hoje com
escritório no Brasil), que tem como objetivo ampliar o acesso do público a obras autorais a partir de um sistema simples de licenças que os autores podem dar sobre o uso de suas obras. Como funcionam as licenças creative commons e como reconhecê-las? É simples: todas as licenças creative commons são representadas por desenhos que dizem exatamente o que as pessoas podem ou não fazer com as obras que foram licenciadas. Significa dizer que quando um autor quer optar por este sistema, ela entra no site do Creative Commons, copia e cola em sua obra o símbolo da licença que ele escolheu. Daí, todas as pessoas que quiserem usá-la verão aquele símbolo e saberão o que está sendo autorizado ou não. o. O que é fonograma? É a fixação, exclusivamente sonora, da interpretação humana ou de outros sons, em qualquer tipo de suporte material, como, por exemplo, uma faixa de um CD ou LP s. p. O que é ISRC? O ISRC (International Standard Recording Code) é um código-padrão internacional de gravação, que funciona como um identificador básico das gravações fonográficas. O ISRC é um código eletrônico alfanumérico de 12 caracteres, dividido em quatro elementos, que representam o país, o primeiro proprietário da gravação, o ano de gravação e um sequencial. O ISRC é fixado no fonograma ou no videofonograma pelo produtor fonográfico durante o estágio de pré- masterização, para proporcionar o intercâmbio de informações e simplificar a sua administração. q. O que é reprodução e o que constitui contrafação? Reprodução é a cópia em um ou mais exemplares de uma obra literária, artística ou científica. Contrafação é a cópia não autorizada de uma obra. Sendo assim, toda reprodução é uma cópia, e cópia sem autorização do titular dos direitos autorais e/ ou detentor dos direitos de reprodução ou fora das estipulações legais constitui contrafação, ato ilícito civil e penal. A violação do direito de reprodução é denominada contrafação, sendo costumeiramente conhecida como pirataria.
r. Quais as maiores diferenças do Brasil em relação a Música ao mundo? O Brasil é o único país do mundo onde existe um organismo centralizador que faz a cobrança em nome das sociedades de autores. Atualmente existem 13 sociedades brasileiras atuando no mesmo ramo de direito (execução pública musical). No resto do mundo só há uma sociedade por país para cada ramo de direito, o que confere maior coesão e força aos autores para fazer valer o seu direito e negociar com os grandes usuários de música, e as grandes empresas da indústria do entretenimento. As sociedades de autores se reúnem em um organismo internacional chamado CISAC (Confederação Internacional de Sociedades de Autores e Compositores), com sede em Paris, que é responsável pelas recomendações e diretrizes a serem seguidas pelas diferentes sociedades, procurando com isso harmonizar as práticas de administração dos direitos autorais em todo o mundo. A nível de legislação a Convenção de Berna, de 9 de setembro de 1886, é o mais importante instrumento internacional de tutela dos direitos autorais. Esta Convenção, da qual o Brasil é signatário, dispõe das principais normas a serem aplicadas pelos Estados na proteção aos direitos autorais. Mais recentemente temos o acordo de TRIPS (Trade Related Intelectual Property Subjects) no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio), que tutela as relações dos Estados referentes às práticas comerciais envolvendo matéria de propriedade intelectual. Um dos efeitos da aplicação do acordo de TRIPS é o de que a falta de proteção efetiva aos direitos de propriedade intelectual em determinado país possa ocasionar a retaliação comercial por parte de outro país que se sinta prejudicado.
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