VIABILIDADE CLIMÁTICA PARA O CULTIVO DE CANOLA EM RIBEIRÃO PRETO-SP

Documentos relacionados
POTENCIAL CLIMATICO PARA O CRAMBE (Crambe abyssinica) NA REGIÃO DE FRANCA-SP

POTENCIAL CLIMÁTICO PARA A CULTURA DO DENDÊ NA MESORREGIÃO DE RIBEIRÃO PRETO-SP

Análise Agrometeorológica Safra de Soja 2007/2008, Passo Fundo, RS

Aldemir Pasinato 1 Gilberto Rocca da Cunhe? Genei Antonio Dalmago 2 Anderson SantP

BALANÇO HÍDRICO E CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA PARA O MUNICÍPIO DE ITUPORANGA SC

BALANÇO HÍDRICO CLIMÁTICO EM DOIS PERÍODOS DISTINTOS ( ) E ( ) PARA CAMPOS SALES NO CEARÁ

CONDIÇÕES HÍDRICAS POTENCIAIS À PRODUÇÃO DE SOJA NO POLO DE GRÃOS DO OESTE DO PARÁ

A PREVISIBILIDADE DAS CHUVAS PARA O MUNICÍPIO DE CAMPINA GRANDE

Análise agrometeorológica da safra de soja 2015/2016, em Passo Fundo, RS

BALANÇO HÍDRICO DO RIO JACARECICA, SE. L. dos S. Batista 2 ; A. A. Gonçalves 1

Análise Agrometeorológica da safra de trigo 2009, em Passo Fundo,RS

ANÁLISE DOS BALANÇOS HÍDRICOS DAS CIDADES DE SERRA TALHADA E TRIUNFO-PE

RECURSOS HÍDRICOS NO SUL DE MINAS: EVOLUÇÃO E TENDÊNCIAS

ANÁLISE AGROMETEOROLÓGICA DA SAFRA DE SOJA 1998/99, EM PASSO FUNDO, RS

RELAÇÕES DE VARIÁVEIS AMBIENTAIS E METEOROLÓGICAS COM O RENDIMENTO DE GRÃOS DE CANOLA 1

BALANÇO HÍDRICO CLIMÁTICO E CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA PARA A CIDADE DE SÃO PAULO DO POTENGI - RN.

ANÁLISE COMPARATIVA DECADAL DO BALANÇO HÍDRICO PARA O MUNICÍPIO DE PARNAÍBA-PI

CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA COMO AUXÍLIO NO PLANEJAMENTO AGRÍCOLA PARA O MUNICÍPIO DE APUCARANA PR

BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO E CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DE THORNTHWAITE PARA O MUNICÍPIO DE GROAÍRAS-CE

BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO COMO PLANEJAMENTO AGROPECUÁRIO PARA O MUNICÍPIO DE PAULISTANA, PI. Grande-PB,

DESEMPENHO AGRONÔMICO DE HÍBRIDOS DE CANOLA (Brassica napus) CULTIVADOS EM UBERLÂNDIA, MG

Documentos. ISSN Agosto, Boletim Agrometeorológico 2014

BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO E DETERMINAÇÃO DA ETR PARA FINS DE MANEJO DE IRRIGAÇÃO NO MUNICÍPIO DE PETROLINA-PE

ESTIMATIVA DA QUEBRA DE PRODUTIVIDADE NA CULTURA DA SOJA NA REGIÃO DE PASSO FUNDO, RS

ISSN Julho, Boletim Agrometeorológico 2013: Estação Agroclimatológica da Embrapa Amazônia Ocidental, no Km 29 da Rodovia AM-010

EFEITOS DO AUMENTO DA TEMPERATURA NO BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE RIBEIRA DO POMBAL-BA

Documentos. ISSN Agosto, Boletim Agrometeorológico 2013

ZONEAMENTO DA MAMONA (Ricinus communis L.) NO ESTADO DO PARANÁ

AVALIAÇÃO DE VARIÁVEIS CLIMÁTICAS RELACIONADAS AO CULTIVO DA CANA-DE-AÇÚCAR NA REGIÃO DE ITUVERAVA - SP

BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO NORMAL PONDERADO PARA O MUNICÍPIO DE FERNANDÓPOLIS - SP

BALANÇO HÍDRICO E CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA SEGUNDO O MÉTODO DE THORNTHWAITE & MATHER PARA SOUSA-PB

Lucio Alberto Pereira 1 ; Roseli Freire de Melo 1 ; Luiza Teixeira de Lima Brito 1 ; Magna Soelma Beserra de Moura 1. Abstract

BALANÇO HÍDRICO SEQUENCIAL PARA A CULTURA DA MELANCIA PRODUZIDA NO VERÃO NA REGIÃO DE JUAZEIRO, BAHIA

MODELOS DE ESTIMATIVA DE RENDIMENTO DE SOJA E DE MILHO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL RESUMO

DESENVOLVIMENTO DE SISTEMA DE VISUALIZAÇÃO DO BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO DO BRASIL: VisBHClima

BOLETIM AGROCLIMÁTICO FEVEREIRO/2018

RISCO CLIMÁTICO PARA ÉPOCAS DE SEMEADURA DA CULTURA DO GIRASSOL NO ESTADO DE SÃO PAULO.

ZONEAMENTO DE RISCOS CLIMÁTICOS PARA O CONSÓRCIO CAFÉ ARÁBICA E FEIJÃO NO ESTADO DE SÃO PAULO*

Documentos. ISSN O X Dezembro Boletim Agrometeorológico de 2015 para o Município de Parnaíba, Piauí

CARACTERIZAÇÃO AGROMETEOROLÓGICA DA SAFRA DE SOJA 1992/93, Descrever as condições meteoro1ógicas ocorridas durante a safra

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR,2002 ANÁLISE DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS DA REGIÃO DE CASCAVEL/PR

CÁLCULO DO BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO DO ESTADO DA PARAÍBA PARA O PLANEJAMENTO AGRÍCOLA

Palavras-Chave: Clima, Soja, Balanço Hídrico, Vilhena-RO 1 INTRODUÇÃO

BALANÇO HÍDRICO NORMAL E SEQUENCIAL PARA O MUNICÍPIO DE PETROLINA.

Thornthwaite e Mather (1955). Esse método utiliza dados de temperatura média do

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 41

BALANÇO HÍDRICO NA CIDADE DE BARBALHA-CE EM FUTUROS CENÁRIOS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 46

INFLUÊNCIA DA DEFICIÊNCIA HÍDRICA ANUAL NO ZONEAMENTO CLIMÁTICO DE QUATRO CULTURAS NA BACIA DO RIO ITAPEMIRIM, ES. RESUMO

Balanço Hídrico Climatológico e Classificação Climática da Região de Sinop, Mato Grosso

DISPONIBILIDADE HÍDRICA NO SOLO PARA A CULTURA DO MILHO, EM FUNÇÃO DE CULTIVARES, NA REGIÃO DOS TABULEIROS COSTEIROS DE ALAGOAS

ZONEAMENTO DE RISCO CLIMÁTICO PARA A CULTURA DO MILHO: UMA NOVA ABORDAGEM METODOLÓGICA APLICADA AO CLIMA DA PARAÍBA

BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO NO MUNICÍPIO DE PONTA GROSSA, PR: APORTES PARA O PLANEJAMENTO AGRÍCOLA E HIDROLÓGICO

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 42

AGRICULTURA I Téc. Agronegócios

BALANÇO HIDRICO DA CULTURA DO AÇAÍ NO ESTADO DO PARÁ DURANTE OS ANOS DE

Balanço hídrico climatológico com simulações de cenários climáticos e classificação climática de Thornthwaite para o Município de Iguatú, CE, Brasil

CHARACTERIZATION OF THE METEOROLOGICAL REGIME OF ARAPIRACA - AL QUINQUENNIUM

Desenvolvimento de Métodos de Estimativas de Riscos Climáticos para a Cultura do Girassol: Risco Hídrico

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Embrapa Meio-Norte. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA E EXTRATO DO BALANÇO HÍDRICO PARA O DISTRITO DE SÃO JOÃO DE PETRÓPOLIS, SANTA TERESA ES

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Embrapa Meio-Norte. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Embrapa Meio-Norte. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Aluna do Curso de Agronomia, bolsista PIBIC/CNPq 3

Balanço hídrico e classificação climática de Thornthwaite para a cidade de Palmas TO

Palavras-chave: balanço de água, precipitação, cultivo de cana-de-açúcar.

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 44

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 69

EFEITO DE ÉPOCAS DE SEMEADURA SOBRE O DESEMPENHO DE GENÓTIPOS DE CANOLA EM DOURADOS, MS

RISCOS CLIMÁTICOS PARA A CULTURA DO NABO FORRAGEIRO EM MATO GROSSO DO SUL

Aplicações em Agricultura

DADOS AGROMETEOROLÓGICOS 2015 PRESIDENTE PRUDENTE - SÃO PAULO

Estimativa do balanço hídrico climatológico e classificação climática pelo método de Thornthwaite e Mather para o município de Aracaju-SE

Zoneamento Agrícola Aderson Soares de Andrade Júnior

VARIABILIDADE HORÁRIA DA PRECIPITAÇÃO EM PALMAS-TO

Boletim agrometeorológico de 2017 para o município de Teresina, PI

BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO PARA O MUNICÍPIO DE CRUZ ALTA RS

ZONEAMENTO AGROCLIMÁTICO DE Jatropha curcas L. PARA O NORDESTE DO BRASIL COMO SUBSÍDIO À PRODUÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEL

Simulação dos Impactos das Mudanças Climáticas globais sobre os setores de Agropecuária, Floresta e Energia

XX Congresso Brasileiro de Agrometeorologia V Simpósio de Mudanças Climáticas e Desertificação do Semiárido Brasileiro

BALANÇO HÍDRICO CLIMÁTICO DE JUAZEIRO - BA

SISTEMA AUTOMÁTICO PARA ESTIMATIVA DA FLORADA DO CAFEEIRO¹

BALANÇO HÍDRICO DA REGIÃO DE ILHA SOLTEIRA, NOROESTE PAULISTA 1

BOLETIM CLIMÁTICO Nº 39

CULTIVO DE CANOLA E AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AGRONÔMICO EM DUAS ÉPOCAS DE SEMEADURA NA REGIÃO OESTE PAULISTA

CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DO MUNICÍPIO DE OLIVEDOS - PB, BRASIL

Documentos. Boletim Agrometeorológico do Ano de 2005 para o Município de Teresina, PI

BALANÇO HÍDRICO CLIMATOLÓGICO PARA OS MUNICÍPIOS DE PIRIPIRI E SÃO JOÃO DO PIAUÍ, PIAUÍ, BRASIL. A. A. Ribeiro 1*, M. Simeão 2, A. R. B.

ZONEAMENTO DE RISCOS CLIMÁTICOS PARA A DENDEICULTURA NO BRASIL

INFLUÊNCIA DOS ELEMENTOS CLIMÁTICOS NA CULTURA DO ARROZ (oryza sativa L.) SÃO FÉLIX DO XINGU PA RESUMO

CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO CLIMÁTICA DA CIDADE DE ATALAIA - ALAGOAS

ZONEAMENTO CLIMÁTICO DO CEDRO AUSTRALIANO (Toona ciliata) PARA O ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

BALANÇO HÍDRICO COMO PLANEJAMENTO AGROPECUÁRIO PARA CIDADE DE POMBAL PB, BRASIL

Boletim agrometeorológico de 2017 para o município de Parnaíba, PI

NOTA TÉCNICA. Como está o clima na safra de soja 2017/2018 no sul de Mato Grosso do Sul?

MODELO AGROMETEOROLÓGICO DE ESTIMATIVA DA DURAÇÃO DO ESTÁDIO FLORAÇÃO-MATURAÇÃO PARA TRÊS CULTIVARES DE CAFÉ ARÁBICA

AGRICULTURA I Téc. Agroecologia

Introdução à Meteorologia Agrícola

Transcrição:

VIABILIDADE CLIMÁTICA PARA O CULTIVO DE CANOLA EM RIBEIRÃO PRETO-SP Ricardo de Lima Vasconcelos 1, Karina dos Santos Gíacomo 2, Ewander Cristóvão de Souza 3, Anice Garcia 4 RESUMO O Objetivo do trabalho foi verificar a viabilidade climática de Ribeirão Preto-SP para o cultivo da canola. Para o presente trabalho utilizaram-se dados médios anuais de precipitação e temperatura do ar de um período 18 anos (1991-2009) da cidade de Ribeirão Preto. O balanço hídrico climatológico foi elaborado conforme proposto por Thornthwaite; Mather (1955), através do programa BHnorm elaborado em planilha EXCEL por Rolim et al. (1998), os limites climáticos para a determinação da viabilidade climática para a canola foram adaptados conforme literatura citada. Conforme resultados obtidos a melhor época de semeadura se dá no início ou até meados de março, de forma a beneficiar a colheita devido à menor possibilidade de precipitação. Palavras-chave: Biodiesel, Oleaginosa, Brassica napus L. CLIMATE AVAILABILITY FOR CANOLA CROP IN RIBEIRÃO PRETO- SP SUMMARY The objective of this study was to determine the availability climate of Ribeirão Preto- SP for the cultivation of canola. For this study we used data mean annual precipitation and air temperature for a period of 18 years (1991-2009) the city of Ribeirão Preto. The climatic water balance was prepared as proposed by Thornthwaite & Mather (1995) through the BHnorm EXCEL spreadsheet prepared by Rolim et al.(1998) limits for determining climatic availability for canola were adjusted according to the literature cited. As results the best sowing time is given at the beginning or mid-march, to benefit the crop due to reduced chance of precipitation. Key-words: Biodiesel,Oilseed, Brassica napus L. 1 Engenheiro-Agrônomo. Mestrando em Agronomia: Ciência do Solo, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), Campus de Jaboticabal, Via de acesso Prof. Paulo Donato Castellane s/n, 14884-900 Jaboticabal, São Paulo, Brasil. E-mail: ricardo-matao-sp@hotmail.com. 2 Engenheira-Agrônoma. Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico de Campinas (CEA/IAC), Rodovia Dom Gabriel Paulino Bueno Couto, Km 65, CP 26, 13201-970 Jundiaí, São Paulo, Brasil. E-mail: karinagiacomo@hotmail.com. 3 Graduando em Agronomia, Faculdade Dr. Francisco Maeda/FAFRAM, Rodovia Jerônimo Nunes Macedo, Km 01, 14500-000 Ituverava, São Paulo, Brasil. E-mail: ewandercristovao@gmail.com.

4 Engenheira-Agrônoma, Doutora. Faculdade Dr. Francisco Maeda/FAFRAM, Rodovia Jerônimo Nunes Macedo, Km 01, 14500-000 Ituverava, São Paulo, Brasil. E-mail: anice@feituverava.com.br INTRODUÇÃO A busca por novas fontes alternativas de bioenergias e biocombustíveis fez com que culturas que já se apresentavam como tradicionais, regionalmente ou nacionalmente fossem exploradas sob este novo foco. Entre essas fontes, está a canola (Brassica napus L), que vem aumentando sua participação no agronegócio brasileiro, produzindo um óleo de qualidade nutricional superior ao da soja e que começa a ser empregado na produção de biodiesel; é a terceira oleaginosa mais produzida no mundo perfazendo 16% da produção, estando atrás apenas do óleo de soja (33%) e de palma (34%), sendo o óleo mais consumido pelos países desenvolvidos e é reconhecido como padrão para a Europa na questão de biocombustíveis (TOMM, 2007). A área plantada de canola no Brasil para a safra 2009/2010 terá um aumento de 40%, perfazendo 42 mil hectares (SCOPEL et al., 2010). A canola possui de 40 a 46% de óleo e também serve como farelo, com 34 a 40% de proteína, sendo considerado um excelente suplemento protéico na formulação de rações (EMBRAPA TRIGO, 2010). A sensibilidade da planta de canola é maior quando a cultura se encontra no estádio de plântula, principalmente sob efeito de alta umidade do solo e em temperaturas de -3 C e -4 C, quando as plantas não estão aclimatadas (Dalmago et al., 2009; Thomas, 2003); e Dalmago et al., (2009) ressalta que os prejuízos à cultura são acentuados quando se associa altas temperaturas com déficits hídricos. E caso o déficit hídrico ocorra após a antese, às perdas podem chegar até 50% no rendimento dos grãos, devido ao abortamento de síliquas e se houver déficit hídrico no estádio de desenvolvimento dos grãos, isso pode reduzir seu peso individual (WALTON et al., 1999; SINAKI et al., 2007). Em relação a temperatura, Morrison (1993), encontrou sérios danos na flor de canola quando a temperatura do ar atingiu 29,5 C, e Shaykewich (2005) definiu 30 C como a temperatura máxima para a canola. Durante o enchimento dos grãos a canola é mais tolerante às elevadas temperaturas (Thomas, 2003), mas após a antese este fator pode desencadear perdas de até 289 kg.ha -1, para cada 1 C de aumento na temperatura (SI & WALTON, 2004). Quanto a produção para biodiesel, segundo Gazzoni et al, (2009) o óleo de canola mostrou um balanço energético positivo e superior aos óleos de mamona e girassol na produção de biocombustíveis. E por ser uma cultura em franca expansão e com promissoras chances de crescimento na área de bioenergia, o objetivo desse trabalho é verificar se Ribeirão Preto-SP apresenta viabilidade climática para a cultura da canola (Brassica napus L.). MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo se baseou em dados médios anuais de precipitação e temperatura do ar da cidade de Ribeirão Preto (21º10 39" S, 47º48 37" W e 546 m), estes dados foram fornecidos pelo CIIAGRO - Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas. Tais dados foram utilizados na elaboração do balanço hídrico climatológico, empregando-se o método de Thornthwaite & Mather (1955), através do programa BHnorm elaborado em planilha EXCEL por Rolim et al. (1998). O CAD (capacidade de água disponível) para a cultura da canola varia conforme a classificação pedológica, e especificamente para o cultivo no município de Ribeirão Preto é de 70 mm, pois este apresenta o solo tipo 3 (solos com teor de argila maior que 35%, com profundidade igual ou superior a 50 cm; e/ou solos com menos de 35% de argila e menos de 15% de areia (textura siltosa), com profundidade igual ou superior a 50 cm), conforme Zoneamento..., (2008). Como resultado, o balanço hídrico forneceu as estimativas da evapotranspiração real (ETr), da deficiência hídrica (DEF), do excedente hídrico (EXC) e do armazenamento de água no solo (ARM) para cada mês do ano. Os limites climáticos para a canola foram adaptados de Carmody & Walton (1998), Robertson et al., (2002), Thomas (2003), Dalmago et al., (2009). Tabela 1. Faixas de classificação dos parâmetros utilizados e aptidão de risco climático da viabilidade da Canola. Classes Precipitação (mm) Temperatura ( C) Viável > 312 mm 20 C Ideal 450-500 mm 15-20 C Restrito por def. hídrica < 70 mm 12-30 C Restrito por def. térmica 251-709 mm < 8 C inibição da germinação Inviável < 70 mm < 5 C inibição da germinação RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 2, encontram-se os valores de precipitação média (mm), da precipitação média/total (%), temperatura ( C), precipitação total (mm), temperatura média ( C), DEF do período (mm) e EXC do período (mm), baseados em séries históricas da cidade de Ribeirão Preto-SP. Tabela 2. Valores da precipitação média (mm), da precipitação média/total (%), temperatura ( C), precipitação total (mm), temperatura média ( C), DEF (deficiência hídrica) do período em mm e EXC (excedente hídrico) do período em mm. Meses (1991-2009) Precipitação (mm) Precipitação Média/Total (%) Temperatura ( C) Janeiro 293,93 19,60 24,62 Fevereiro 233,57 15,57 24,80 q Março 155,60 10,38 24,57 Abril 72,04 4,80 23,30 Maio 64,75 4,39 20,48 Junho 26,1 1,74 19,76 f Julho 17,73 1,18 19,79 Agosto 20,46 1,36 21,67 Setembro 58,97 3,93 23,21

Outubro 105,53 7,04 24,58 Novembro 179,76 11,99 23,25 Dezembro 251,67 16,79 24,57 Precipitação Total 1480,1 mm Temperatura Média 23 C DEF do Período 11 mm EXC do Período 39 mm DEF Total 126,2 mm EXC Total 462,5 mm q Corresponde à temperatura do mês mais quente do período avaliado. f Corresponde à temperatura do mês mais frio do período avaliado. No parâmetro temperatura média, a cidade de Ribeirão Preto encontra-se acima da faixa considerada ideal ou viável para a instalação da cultura, já que apresenta temperatura média de 23 C; para esta temperatura há a possibilidade de implantação da cultura desde que não houvesse restrição hídrica no período de florescimento, pois segundo Thomas, (2003) é o momento mais sensível para a canola, sendo que se verificaram reduções do peso de grãos, do conteúdo de óleo e rendimento de grãos; além de redução no número de síliquas por planta, do número de grãos por síliqua (CARMODY & WALTON, 1998). Quanto às temperaturas médias dos meses mais quentes e dos meses mais frios, não se encontrou restrição térmica, pois a cidade enquadra-se dentro dos limites de temperatura exigidos pela planta. A precipitação encontrada foi de 1480,1 mm, portanto é maior que a exigida pela cultura, mas sua distribuição ocorre de forma irregular, a precipitação média anual é de 123 mm (valor não apresentado na tabela) acima do mínimo exigido pela cultura. Na Figura 1 são apresentados os extratos do Balanço Hídrico Climatológico, nos quais é possível observar os períodos de deficiência hídrica, excedente hídrico, retirada hídrica e reposição hídrica. Figura 1. Extrato do Balanço Hídrico Climatológico da cidade de Ribeirão Preto-SP, baseado em séries históricas.

Com relação ao período de excedente hídrico, ele se estende de novembro a março, com o pico máximo no mês de janeiro, já o período de deficiência hídrica tem início em abril e termina em outubro, sendo que agosto é o mês em que há maior deficiência do período estudado. Quanto ao excesso hídrico, deve-se evitá-lo, principalmente durante o estabelecimento da cultura e no florescimento, a canola não tolera solos encharcados e na fase de florescimento, se houver a prevalecência de três dias seguidos de encharcamento, há redução no número de síliquas por ramo e número de grãos por síliqua (THOMAS, 2003). Desta forma seria conveniente que não houvesse semeadura no período em que o EXC fosse intenso, mesmo que ocorra em um período em que a evapotranspiração seja alta, pois poderiam ocorrer períodos nublados e o solo estando encharcado ou apresentando baixo potencial de drenagem, promovendo uma redução na taxa de germinação e ou crescimento das plântulas, este cenário também causaria danos à produtividade na fase de florescimento, como já citado. O déficit hídrico, quando em conjunto de altas temperaturas, afeta drasticamente o processo de polinização, além disso, acelera o ciclo da cultura, encurtando o tempo entre o florescimento e a maturação dos grãos. Sob este aspecto de deficiência hídrica, não ocorre concomitantemente com as altas temperaturas, pois este período apresenta um ligeiro aumento térmico apenas ao findar do período (THOMAS, 2003). CONCLUSÃO

Conclui-se que sob todos os aspectos analisados e pela literatura consultada o período em que poderá ocorrer as menores perdas, seria se, a semeadura ocorrese no início ou até meados de março, pois o excedente hídrico seria menor no solo, e a colheita seria beneficiada por ocorrer em meses que, apresentam baixas ou nulas possibilidades de precipitação. REFERÊNCIAS CARMODY, P.; WALTON, G. Canola: soil and climatic requerements. In: MOORE, G. (Ed). Soil guide: a handbook for understanding and managing agricultural soils. Perth: Agriculture Western Australia, 1998. (Buletin, 4343). DALMAGO, A. G. et al., Canola. In: MONTEIRO, J. E. B. A. (Org). Agrometeorologia dos cultivos: o fator meteorológico na produção agrícola. Brasilia: INMET, 2009. p. 133-149. EMBRAPA TRIGO. Culturas: canola. Disponível em: <http://www.cnpt.embrapa.br/culturas/canola/definicao.htm>. Acesso em: 10 nov. 2010. GAZZONI, D. L.; BORGES, J. L. B.; ÁVILA, M. T.; FELICI, P. H. N. Balanço energético da cultura da canola para a produção de biodiesel. Espaço Energia, n. 11, p. 24-28 out. 2009. Disponível: <http://www.espacoenergia.com.br/ edicoes/11/ee011-04.pdf>. Acesso: 15 nov. 2010. MORRISON, M. J. Heat stress during reproduction in summer rape. Canadian Journal Plant of Science, Ottawa, v. 71, p. 303-308, 1993. ROBERTSON, M. J. et al. Growth and yield differences between triazine-tolerant and non-triazine-tolerant cultivars of canola. Australian Journal of Agricultural Research, Victoria, v. 53, p. 643-651, 2002. ROLIM, G. S.; SENTELHAS, P. C.; BARBIERI, V. Planilhas no ambiente EXCEL para os cálculos de balanços hídricos: normal, sequencial, de cultura e de produtividade real e potencial. Revista Brasileira de Agrometeorologia, Santa Maria, v.6, p.133-137, 1998. SCOPEL, W. et al. Qualidade fisiológica de sementes de canola oriundas de plantas fertilizadas com hidróxido de silício. In: REUNIÃO BRASILEIRA DE FERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS, 29., REUNIÃO BRASILEIRA SOBRE MICORRIZAS, 13., SIMPÓSIO BRASILEIRO DE MICROBIOLOGIA DO SOLO, 11., REUNIÃO BRASILEIRA DE BIOLOGIA DO SOLO, 8., 2010. Guarapari. Disponível em: <http: www.fertbio2010.com/trabalhos/682.pdf>. Acesso: 20 nov. 2010.

SHAYKEWICH, C. F. Estimation of ground cover and phenological development of canola from weather data. Manitoba: Department of Soil Science. University of Manitoba. Agricultural-Food Research and Development Initiative, 2005. Disponível em: <http://www.gov.mb.ca/agriculture/research/ardi/projects/98-201.html>. Acesso: 18 nov. 2010. SINAKI, J. M. et al. The effects of water deficit growth stages of canola (Brassica napus L.). American-Eurasian Journal of Agricultural & Environment Sciences, v. 2, n. 4, 2007. p. 417-422. SI, P.; WALTON, G. H. Determinants of oil concentration and seed yield in canola and Indian mustard in the lower rainfall areas of Western Australia. Australian Journal of Agricultural Research, Victoria, v.55, 2004. p. 367-377. THOMAS, P. The Growers manual: Canola Council of Canada, 2003, Winnipeg. Disponível: <http://www.canolacouncil.org.canola_growers_manual.aspx>. Acesso em: 20 out. 2010. TOMM, G. O. Indicativos tecnológicos para produção de canola no Rio Grande do Sul. Passo Fundo: Embrapa Trigo, 2007. 32 p. (Sistema de produção online, 3). Disponível: <http://www.cnpt.embrapa.br/culturas/canola/p_sp03_2007.pdf>. Acesso em: 20 out. 2010. THORNTHWAITE, C. W.; MATHER, J. R. The water balance. Centerton: Drexel Institute of Technology - Laboratory of Climatology, 1955. v. 8, 104p. (Publications in Climatology, 1). Zoneamento agroclimático da canola: Disponível em: <http://www.cnpt.embrapa.br/culturas/canola/portaria_zoneamento_canola2008.pdf> Acesso: 18 out. 2010. WALTON, G. et al. Phenology, physiology and agronomy. In: INTERNATION RAPSEED CONGRESS, 10., 1999, Camberra. Proceedings Camberra: Regional Institute, 1999. Disponível em: <http://www.regional.org.au/au/gcirc>. Acesso em: 28 de nov. 2010.