TEMPERATURA-BASE PARA ALFACE CULTIVAR "WHITE BOSTON", EM UM SISTEMA DE UNIDADES TÉRMICAS ( 1 ) SINOPSE

Documentos relacionados
ESTUDO MICROMETEOROLÓGICO COM CENOURAS (VAR. NANTES) I INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO AR ( 1 )

ESTUDO MICROMETEOROLÓGICO COM CENOURAS (VAR. NANTES) II _ INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO SOLO ( 1 )

COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE ALHO DE CURTO E MÉDIO CICLOS, NA REGIÃO DE CAMPINAS ( 1,2 )

Temperatura base e soma térmica para cultivares de milho pipoca (Zea mays l.) no subperíodo emergênciaflorescimento

Temperatura-base e soma térmica para cultivares de ervilha (Pisum sativum L.) 1

TEMPERATURA-BASE, GRAUS-DIA E DURAÇÃO DO CICLO PARA CULTIVARES DE TRITICALE (1)

NECESSIDADE TÉRMICA PARA A CULTURA DA SOJA PARA O ALTO VALE DO ITAJAÍ SC

Necessidades térmicas do milho crioulo cultivado no Município de Ouricuri-PE.

DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA RADICULAR DE TOMA- TEIRO (Lycopersicon esculentum Mill.) EM PLANTAS COM DIFERENTES IDADES ( 1 )

DETERMINAÇÃO DA TEMPERATURA-BASE, GRAUS-DIA E ÍNDICE BIOMETEOROLÓGICO PARA A VIDEIRA 'NIAGARA ROSADA'

DESENVOLVIMENTO E EXIGÊNCIA TÉRMICA DA VIDEIRA NIÁGARA ROSADA, CULTIVADA NO NOROESTE DO ESPÍRITO SANTO

XXIV Congresso Nacional de Milho e Sorgo - 01 a 05 de setembro de Florianópolis - SC

O material proveniente de cada colheita foi analisado no laboratório da Seção de Tecnologia de Fibras, Instituto Agronômico, determinando-se o

NECESSIDADE TÉRMICA PARA CULTURA DA CEBOLINHA VERDE NA REGIÃO DO ALTO VALE DO ITAJAÍ/SC

SOMA TÉRMICA PARA O SUBPERÍODO SEMEADURA-MATURAÇÃO DE FEIJÃO CV. CARIOCA EM COLORADO DO OESTE, RONDÔNIA 1

COMPORTAMENTO DE VARIEDADES DE ALFACE NA REGIÃO DE CAMPINAS PARTE II ( 1. 2 )

RESUMO. Palavras-Chaves: Daucus carota, Lactuca sativa, eficiência agronômica.

COMPARAÇÃO DE MÉTODOS PARA ESTIMATIVA DO PLASTOCRONO EM ALGODOEIRO EM CONDIÇÕES TROPICAIS 1

EFEITO DE TRÊS NÍVEIS DE ADUBAÇÃO NPK EM QUATRO VARIEDADES DE MANDIOCA ( 1 )

Programa Analítico de Disciplina FIT460 Olericultura Geral

COMPARAÇÃO DO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA ALFACE (Lactuca sativa L.) NO INTERIOR E NO EXTERIOR DE UMA ESTUFA DE POLIETILENO EM SANTA MARIA, RS

ESTIMATIVA DA TEMPERATURA BASE DA FASE EMERGÊNCIA - FLORAÇÃO EM CULTIVARES DE FEIJÃO PELOS MÉTODOS DE ARNOLD (1959)

PREVISÃO AGROMETEOROLOGICA DA DATA DE COLHEITA PARA A VIDEIRA 'NIAGARA ROSADA' ( 1 )

CHARACTERIZATION OF BASAL LOWER TEMPERATURE ON CORN FOR THE REGION OF CAMPOS GERAIS AND SOUTH OF SÃO PAULO

Acúmulo de Amônio e Nitrato Pelas Plantas de Alface do Tipo Americana Submetidas a Diferentes Fontes de Nitrogênio.

Modelagem espacial do tempo de florescimento de milho plantado na safrinha considerando o zoneamento de risco climático

COMPORTAMENTO DE VARIEDADES DE ALFACE NA REGIÃO DE CAMPINAS ( 1,2 )

Teores de nutrientes na folha da alface em sistema consorciado com cenoura em faixa sob diferentes densidades populacionais das culturas componentes

REAPLICAÇÃO DE CALCÁRIO NO SISTEMA PLANTIO DIRETO CONSOLIDADO. ANTONIO SERGIO DO AMARAL Eng. Agr. (UDESC)

ESTIMATION OF THE PHENOLIC CYCLE FOR TWO MAIZE TIMES (ZEA MAYS L.) IN TERESINA-PI

EFEITO DA CONCENTRAÇÃO DA SOLUÇÃO NUTRIT IVA NO CRESCIMENTO DA ALFACE EM CULTURA HIDROPÔNICA SISTEMA NFT.

Doses de potássio na produção de sementes de alface.

Temperatura-base e acúmulo térmico no subperíodo semeadura-florescimento. Estado de São Paulo 1

Viabilidade econômica do consórcio alface e rabanete, em função da sazonalidade de preços.

ÉPOCA DE COLHEITA DO MILHO, PARA ESTUDO DOS NUTRIENTES NITROGÊNIO, FÓSFORO E POTÁSSIO, EM EN SAIOS EM CASA DE VEGETAÇÃO ( 1 ). HERMANO GARGANTINI e

Caracterização Fenológica de Cinco Variedades de Uvas Sem. Sementes no Vale do São Francisco [1] Introdução

RELAÇÃO ENTRE GENÓTIPOS DE SOJA (Glycine max (L) MENTO DE GRÃOS

Tipos de Bandejas e Número de Sementes por Célula Sobre o Desenvolvimento e Produtividade de Rúcula.

ADUBAÇÃO DO TRIGO VIII EXPERIÊNCIAS COM N, P, K E S EM SOLOS DE VÁRZEA DO VALE DO PARAÍBA ( 1,2 )

Exigência térmica e índice de área foliar para a cultura da soja em Planaltina-DF 1

COMPORTAMENTO DE NOVAS VARIEDADES DE PIMENTÃO NA REGIÃO DE CAMPINAS ( 1, 2 ) SINOPSE

AVALIAÇÃO DO CICLO FENOLÓGICO DA CULTURA DO MILHO EM FUNÇÃO DA SOMA TÉRMICA EM GUARAPUAVA-PR.

Graus-dia Estimado com Diferentes Valores de Temperatura Base na Cultura do Milho (zea mays l.)

DETERMINAÇÃO DAS DATAS DO INÍCIO E FIM DAS ESTAÇÕES QUENTE E FRIA NO ESTADO DE SÃO PAULO

ADUBAÇÃO DO TRIGO III - EXPERIÊNCIAS COM N, P, K E S, EM SOLOS DE BAIXADA, TIPO MASSAPÉ, DE MONTE ALEGRE DO SUL, SP ( 1,2 )

ANÁLISE DE CRESCIMENTO DA ALFACE ELBA EM FUNÇÃO DE GRAUS-DIAS

INFLUÊNCIA DO CLIMA SOBRE O RENDIMENTO DO TRIGO NO RIO GRANDE DO SUL INFLUENCE OF CLIMATE ON WHEAT YIELDS IN RIO GRANDE DO SUL STATE, BRAZIL

ESTUDO DE MATERIAIS CALCÁRIOS USADOS COMO CORRETIVOS DO SOLO NO ESTADO DE SÀO PAULO. IV O PODER RELATIVO DE NEUTRALIZAÇÃO TOTAL O

Influência da cobertura morta sôbre a umidade de um solo cultivado com Cafeeiro (*)

Identificação de critérios para cultivo de alface orgânica no Rio Grande do Sul

Estágios de Crescimento do Milho Doce e GDUs

ADUBAÇÃO DO TRIGO I - EXPERIÊNCIAS COM N, P, K E S EM LATOSSOLO ROXO DO VALE DO PARANAPANEMA ( 1,2 )

Resposta do Quiabeiro à Aplicação de Doses Crescentes de Cloreto de Mepiquat.

DETERMINAÇÃO DA ÉPOCA DE PLANTIO DO GIRASSOL NA REGIÃO SUL DO RIO GRANDE DO SUL

ESTIMATIVA DO PLASTOCRONO DE BATATA-DOCE EM DUAS ÉPOCAS DE PLANTIO

SALDO DE RADIAÇÃO E FLUXO DE CALOR NO SOLO NAS DIFERENTES FASES DE DESENVOLVIMENTO DA CULTURA DO ALGODOEIRO NA CHAPADA DO APODI, RN

CORRELAÇÃO DOS FATORES AMBIENTAIS E O PERÍODO REPRODUTIVO DA PITAIA (Hylocereus undatus) EM LAVRAS-MG INTRODUÇÃO

SOMA TÉRMICA E CRESCIMENTO DA CALÊNDULA

PRODUÇÃO DA ALFACE AMERICANA SUBMETIDA A DIFERENTES NÍVEIS DE REPOSIÇÃO DE ÁGUA NO SOLO

GRAUS-DIA ACUMULADOS PARA A VIDEIR CULTIVADA EM PETROLINA-PE DAY DEGREES ACCUMULATED FOR 'ITALIA' VINE CULTIVATED IN PETROLINA-PE

ACUMULO DE MACRONUTRIENTES, DE SILÍCIO E DE MATÉRIA SECA POR DOIS HÍBRIDOS SIMPLES DE MILHO ( 1 )

VARIEDADES DE SOJA INDIFERENTES AO POTOPERIO- DISMO E TOLERANTES A BAIXAS TEMPERATURAS ( 1 ) -agrônomos, Seção ãe Leguminosas, Instituto Agronômico

EFEITO DA COBERTURA DO SOLO POR RESÍDUOS DE CULTURAS SOBRE A TEMPERATURA E UMIDADE DO SOLO, GERMINAÇÃO E CRESCIMENTO DO MILHO. Nestor Bragagnolol

ESTIMATIVA DO PLASTOCRONO EM CRAMBE NAS CONDIÇÕES EDAFOCLIMÁTICAS DE CAPITÃO POÇO NO PARÁ

RELAÇÃO ENTRE ESTERILIDADE DE ESPIGUETAS E TEMPERATURA MÁXIMA DO AR EM ARROZ IRRIGADO

TEMPERATURA-BASE E GRAUS-DIA DURANTE O PERÍODO VEGETATIVO DE TRÊS GRUPOS DE CULTIVARES DE ARROZ IRRIGADO.

EVAPOTRANSPIRAÇÃO E COEFICIENTE DE CULTURA PARA DIFERENTES FASES DE DESENVOLVIMENTO DA CEBOLA (Allium cepa L.)

ESTUDO DO SISTEMA RADICULAR DA SOJA (GLYCINE MAX (L.) MERRIL) EM SOLO LATOSSOLO ROXO ADU BADO OU SEM ADUBO ( 1 ) SINOPSE 1 INTRODUÇÃO

XII Congresso Brasileiro de Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002

ESTUDOS SÔBRE A CONSERVAÇÃO DE SEMENTES

Análise do crescimento de plantas de cebola (Allium cepa L.) em função de doses de nitrogênio em semeadura direta.

Determinação da necessidade térmica do feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.) para a cidade de Ouricuri-PE.

Aplicações em Agricultura

A INFLUÊNCIA DAS FASES LUNARES NAS CULTURAS OLERÍCOLAS : ALFACE, MOSTARDA E RABANETE.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS CURSO DE AGRONOMIA

Método de Graus-dias para estimar o Desenvolvimento da cana-de-açúcar

PALAVRAS-CHAVE: evapotranspiração da cultura, evapotranspiração de referência, lisímetro de pesagem

RELAÇÃO HíDRICA E FENOLOGIA OE CULTURA EM RIO LARGO AL. (1) JOSÉ LEONALDO DE SOUZA(2)& ELENICE LUCAS 01 PACE(3) RESUMO

ÉPOCAS DE SEMEADURA DE MAMONA CONDUZIDA POR DUAS SAFRAS EM PELOTAS - RS 1

Estágios de Crescimento do Milho Doce e GDUs

ANÁLISE DA DISTRIBUIÇÃO DA FREQUÊNCIA DE PRECIPITAÇÃO EM DIFERENTES INTERVALOS DE CLASSES PARA ITUPORANGA SC

GUIA CLIMA: SISTEMA DE MONITORAMENTO AGROMETEOROLÓGICO DE MATO GROSSO DO SUL

Produção de Mudas de Melancia em Bandejas sob Diferentes Substratos.

CARACTERIZAÇÃO AGROCLIMÁTICA DA REGIÃO DE CASCAVEL- PARANÁ PARA O CULTIVO DO MILHO

RELAÇÕES DA EROSÃO EM ENTRESSULCOS COM RESÍDUOS VEGETAIS EM COBERTURA E EROSÃO EM SULCOS EM UM SOLO PODZÓLICO VERMELHO ESCURO

Produção e Valores de SPAD na Cultura do Arroz

AVALIAÇÃO COMPARATIVA DA PRODUTIVIDADE DE ALGODÃO EM CAROÇO ENTRE O PLANTIO ADENSADO E O PLANTIO CONVENCIONAL DO ALGODOEIRO NO ESTADO DE MATO GROSSO

ESTIMATIVA DE PERÍODO DE PLANTIO PARA CULTURA DO MILHO NA REGIÃO DE BOTUCATU-SP UTILIZANDO O MÉTODO GRAUS-DIA

EFICIÊNCIA DO USO DA ÁGUA POR CULTIVARES DE ARROZ EM DUAS DENSIDADES DE PLANTIO ( 1 )

MAMONA: DETERMINAÇÃO QUANTITATIVA DO TEOR DE ÓLEO ( 1 )

PLÍNIO LUIZ KROTH (Químico Industrial, UNISC)

AGRICULTURA I Téc. Agroecologia

INFLUÊNCIA DAS CHUVAS NA PRODUÇÃO DE MILHO SAFRINHA EM LONDRINA PR.

PRODUÇÃO DE BABY LEAF DE ALFACE EM BANDEJAS COM DIFERENTES VOLUMES DE CÉLULAS

Desenvolvimento e aperfeiçoamento de sistemas de produção de sorgo sacarino em área de reforma de canaviais¹

PRODUÇÃO DE MILHO VERDE NA SAFRA E NA SAFRINHA EM SETE LAGOAS MG

INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DO AR NO PERIODO DE FLORESCIMENTO DE GENÓTIPOS DE CANA-DE-AÇÚCAR NA SERRA DO OURO, ALAGOAS.

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

Desenvolvimento de raízes de rabanete sob diferentes coberturas do solo

VARIAÇÃO NO ARMAZENAMENTO DE ÁGUA NO SOLO DURANTE O CICLO DE DESENVOLVIMENTO DO FEIJOEIRO

Transcrição:

TEMPERATURA-BASE PARA ALFACE CULTIVAR "WHITE BOSTON", EM UM SISTEMA DE UNIDADES TÉRMICAS ( 1 ) O. BRUNINI ( 2 ), Seção de Climatologia Agrícola, R. S. LISBÃO, J. B. BERNAR- DI ( 2 ), J. B. FORNASIER ( 2 ), Seção de Hortaliças Diversas e M. J. PEDRO JÚNIOR ( 2 ), Seção de Climatologia Agrícola, Instituto Agronômico SINOPSE Através de um sistema de unidades térmicas, estudou-se o efeito da temperatura média do ar sobre o desenvolvimento de alface (Lactuca sativa L.), cultivar "white boston". Os resultados evidenciaram que a temperatura-base de desenvolvimento dessa hortaliça varia com o estádio de desenvolvimento da cultura, sendo igual a 6 C para a fase germinação-transplante, e 10 o C para a fase transplante- -colheita. Observou-se que o desenvolvimento da planta em função da temperatura média do ar não é linear, pois atinge um máximo em torno de 22 C e após isso a taxa do desenvolvimento é decrescente. 1 INTRODUÇÃO A ação dos elementos climáticos sobre o desenvolvimento vegetal é um problema que há muito tempo preocupa os fisiologistas e pesquisadores de todo o mundo. Dentre esses elementos, a temperatura do ar é a principal causa do desenvolvimento e crescimento vegetal. ( 1 ) Recebido para publicação em 12 de janeiro de 1976. ( 2 ) Com bolsa de suplementação do C.N.Pq.

A temperatura média mensal mais indicada para o bom desenvolvimento e boa produção de plantas de alface varia de 15 a 18 C, com máximo de 21 a 24 C e mínimo de 7 C. As altas temperaturas são o fator responsável pelo desenvolvimento do talo floral ("bolting") e conseqüente alteração da qualidade do produto, devido a uma rápida acumulação de látex amargo nas nervuras (3). Segundo a mesma publicação, a temperatura média mensal ótima para o bom desenvolvimento da planta varia de 15 a 18 C, com máximo de 21 a 24 C e mínimo de 7 C. Uma das maneiras de se relacionar o desenvolvimento de um vegetal com a temperatura média do ar é o uso do sistema de unidades térmicas ou graus-dia. Neste método de análise considera-se uma temperatura mínima abaixo da qual o vegetal paralisa o seu desenvolvimento (temperatura-base). E graus-dia é definido como "a quantidade de calor efetivamente acumulada durante o dia e favorável ao crescimento do vegetal" e obtém-se o total de graus-dia subtraindo a temperatura-base do vegetal, da temperatura média diária. Diversos autores (1, 4, 5, 7, 8, 13) têm utilizado essa técnica para o planejamento do plantio e colheita de vegetais. Outros (9, 10, 11, 12) acham que não deve ser considerada apenas a temperatura, e incluíram outros elementos climáticos para a análise do desenvolvimento vegetal- Na prática atual tem-se observado que o total de graus-dia para qualquer vegetal varia em função da data de plantio e dos elementos climáticos. O calor acumulado para plantio precoce é usualmente menor do que aquele para plantios tardios. Isto é explicado pelo fato de que com o progresso da estação a temperatura média aumenta, ocorrendo uma alta freqüência de temperaturas elevadas que são favoráveis ao crescimento. Isto pode, também, ser elucidado pelo fato de que o comprimento do dia diminui quando a estação progride e para algumas plantas, comprimentos de dias curtos são compensados por um grande número de unidades térmicas. No presente trabalho determinou-se a temperatura-base para alface cultivar "white boston", durante as duas fases fenológicas mais importantes do vegetal e o total de graus-dia necessário para completar cada fase. 2 MATERIAL E MÉTODOS Os seguintes dados fenológicos do cultivar de alface "white boston", fornecidos pela Seção de Hortaliças Diversas, do Instituto Agronômico, foram utilizados: data de semeadura, data de germinação, data de transplante e data de colheita de 15 ensaios realizados. Os valores de temperatura do ar foram obtidos em abrigo meteorológico padrão, localizado em estação meteorológica do Centro Experimental de Campinas, próxima ao local do experimento.

O teor de água no solo foi mantido sempre a um valor elevado, de modo que as plantas não fossem influenciadas por déficit de água. A temperatura-base foi determinada pelo método da menor variabilidade, como proposto por Arnold (2), e que basicamente consiste no seguinte: Numa série de experimentos determina-se o somatório das unidades térmicas para cada experimento, a partir de valores de temperatura-base escolhidas a priori. A temperatura pré-determinada que corresponder ao menor valor do desvio-padrão em dias é considerada a temperatura-base do vegetal em estudo. A expressão utilizada é a seguinte: S fl = Saa X tt onde: S a é o desvio-padrão em dias para a série de experimentos, Saa é o desvio-padrão em graus-dia para toda a série de plantio para cada valor de temperatura-base, x é a temperatura média para toda a série de plantio e th, é a temperatura-base No presente caso foi determinada a temperatura-base para as fases germinação-transplante e transplante-colheita, para o cultivar em estudo. Para tanto foram utilizados 17 ensaios para a fase germinação-transplante e 15 ensaios para a fase transplante-colheita. A temperatura-base para a fase semeadura-germinação não foi determinada, uma vez que esse estádio é marcadamente influenciado pelas condições físicas do solo. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO As figuras 1 e 2 apresentam a determinação gráfica da temperatura- -base para as fases germinação-transplante e transplante-colheita, respectivamente. Observa-se que os resultados apresentam-se de acordo com a afirmação de Casseres (3), segundo o qual a temperatura mínima para o desenvolvimento deste vegetal situa-se em torno de 7 C. De acordo com a teoria das unidades térmicas e os resultados obtidos, pode-se afirmar que para a fase germinação-transplante esse vegetal necessita, em média, 394 graus-dia, com um mínimo de 332 e um máximo de 444 para o seu desenvolvimento ótimo. Para a fase transplante-colheita há a necessidade, em média, de 410 graus-dia com um mínimo de 354

*white boston".

e um máximo de 490 graus-dia para um bom desenvolvimento e comercialização. Pela figura 3 observa-se que o desenvolvimento do cultivar de alface "white boston" sofre influência marcante da temperatura do ar. Nota-se que o desenvolvimento relativo em função da temperatura média do ar aumenta com o valor da temperatura, atingindo a um máximo em torno dos 22 C e, a partir deste valor, a sua taxa de desenvolvimento decresce. O desenvolvimento relativo foi determinado a partir da seguinte expressão: DR, = 100 N, sendo: DR t o desenvolvimento relativo à temperatura média do ar (2); 100 um valor arbitrário do desenvolvimento, e N o ciclo real da cultura na fase considerada em dias. Esses resultados corroboram os de Casseres (3), que afirma que a temperatura média mensal para o bom desenvolvimento deste vegetal possui um máximo de 21 a 24 C e que temperaturas acima destes valores prejudicam o seu desenvolvimento-

4 CONCLUSÕES Em vista dos resultados obtidos pode-se observar que a temperatura mínima (base) de desenvolvimento desta hortaliça varia com o estádio da cultura, pois para a fase germinação-transplante a temperatura-base correspondeu a 6 C, e para a fase transplante-colheita esse parâmetro foi de 10 C. Um outro fator que se observou foi que o desenvolvimento deste cultivar de alface em função da temperatura do ar não é linear, pois atinge um valor máximo em torno dos 22 C e após isso a taxa de desenvolvimento decresce. BASE TEMPERATURE FOR LETTUCE IN A HEAT-UNIT SYSTEM SUMMARY The effect of mean air temperature on the development of lettuce (Lactuca sativa L.) variety White Boston was determined in a heat-unit system. The results showed that the base temperature is function of the stage of development of the crop. The base temperature for the phase: emergence-transplant was 6 C and for the phase transplant-harvest was 10 C. It was observed that there is not a linear relationship between crop development and mean air temperature because the growth rate had a maximum at 22 C and it decreased after this value. LITERATURA CITADA 1. ALLISON, J. C. S. Use of the day-degree summation technique for specifying flowering times of maize varieties at different localities in Southern Africa. Rhod. J. agr. Res. 1:22-28, 1963. 2. ARNOLD, C. Y. The determination and significance of the base temperature in a linear heat unit system. J. Am. Soc. hort. Sci. 74:430-445, 1959. 3. CASSERES, E. Produccion de hortalizas. Lima, Peru, Instituto Interamericano de Ciências Agrícolas de La OEA, 1966. p.126-127. 4. HOLMES, R. M. & ROBERTSON, G. W. Heat units and crop growth. Ottawa, Canada Department of Agriculture, 1959. 35p. 5. KATZ, Y. H. The relationship between heat unit accumulation and the planting and harvesting of canning peas. J. Am. Soc. Agron. 44:74-78, 1952. 6. KNOTT, J. E. Handbook for vegetable growers. New York, John Wiley, 1957. 238p. 7. LANA, E. P. & AABOR, E. S. The value of the degree-hour summation system for estimating planting schedules and harvest dates with sweet corn in Iowa. Iowa State College J. Sci. 26(1):99-109, 1951.

8. LINDSEY, A. A. & NEWMAN, J. E. Use of official weather data in spring time. Temperature analysis of an Indiana phenological record. Ecology 37(4):812-823, 1956. 9 NUTTONSON, M. Y. Wheat-climate relationships and the use of phenology in ascertaining the thermal and photo-thermal requirements of wheat. Washington, Amer. Inst, of Crop Ecology, 1955. 388p. 10. VALLI, V. J. Biometeorological factors as predictors of agronomic maturity of peanuts. AGMET, 1965 (Technical Note 6) 11. WANG, J. Y. A critique of the heat unit approach to plant response studies. Ecology 41(4):785-790, 1960. 12. WANG, J. Y. The influence of seasonal temperature ranges on pea production. J. Am. Soc. hort. Sci. 80:436-448, 1961. 13. WARNOCK, S. J. & ISAACS, R. L. A linear heat unit system for tomatoes in California. J. Am. Soc. hort. Sci. 94(6):677-678, 1969.