CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE ÁGUA DE CORPO HÍDRICO E DE EFLUENTE TRATADO DE ABATEDOURO DE BOVINOS

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Transcrição:

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE ÁGUA DE CORPO HÍDRICO E DE EFLUENTE TRATADO DE ABATEDOURO DE BOVINOS Marco Sathler da Rocha 1 ; Erlon Alves Ribeiro 1 ; Michael Silveira Thebaldi 2 ; Alberto Batista Felisberto 2 ; Delvio Sandri 3 1 Mestrandos do Programa de Pós-graduação em Engenharia Agrícola, UnUCET UEG. 2 Graduandos do Curso de Engenharia Agrícola, UnUCET UEG. 3 Orientador, docente do Curso de Engenharia Agrícola, UnUCET UEG. RESUMO O despejo de efluentes em corpos hídricos receptores pelas atividades agroindustriais influencia diretamente na qualidade da água. Assim, o presente trabalho teve como objetivo analisar a qualidade da água do Córrego Jurubatuba e de efluente tratado de abatedouro de bovinos, localizado no município de Anápolis/GO. As análises físico-química foram realizadas no Laboratório de Química Analítica da UnUCET/UEG seguindo o Standard Methods for Examination of Water and Wastewater. Os parâmetros analisados foram: ph, temperatura, condutividade elétrica, saturação, oxigênio dissolvido (O.D.), demanda química de oxigênio (DQO), turbidez, alumínio, cloro livre, cobre, fósforo, manganês, nitrato, nitrito e zinco. Os resultados foram avaliados com base na Resolução n 357 do CONAMA, que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e estabelece os padrões de lançamento de efluentes. A amostra de água do Córrego apresentou valores que classificam-no como corpo hídrico de classe 2. Já os resultados da amostra de efluente tratado de abatedouro de bovinos apresentou valores de O.D., turbidez, alumínio, cloro livre, cobre, manganês e zinco fora dos padrões aceitáveis pela resolução. Os demais parâmetros apresentaram valores permitidos pela legislação. Palavras-chave: água, efluente, análise físico-química. Introdução A situação dos recursos hídricos nas últimas décadas tem agravado em escala mundial. As causas da sua escassez são qualitativas, devido à poluição e degradação ambiental e quantitativa, em decorrência do aumento da demanda populacional, da expansão da agricultura e da indústria, do crescimento econômico e do seu uso ineficiente. 1

De acordo com Von Sperling (2005), a qualidade da água é resultante de fenômenos naturais e da atuação do homem. Com a maior demanda pela água para atendimento aos setores urbano, agrícola e industrial, exige-se o tratamento adequado dos resíduos gerados antes de serem lançados em corpos receptores (lagos, rios, córregos, etc.). Os rios são sistemas complexos caracterizados como escoadouros naturais das áreas de drenagens adjacentes, que em princípio formam as bacias hídricas. A complexidade destes sistemas lóticos deve-se ao uso da terra, geologia, tamanho e formas das bacias de drenagem, além das condições climáticas locais (Toledo e Nicolella, 2002). A manutenção e a preservação desse ecossistema são necessidades urgentes requeridas pela sociedade moderna, porém ainda são escassos os estudos feitos neste sentido, especialmente no Brasil (Minatti Ferreira e Beaumord, 2004). O abate de bovinos utiliza grande quantidade de água, que em quase sua totalidade é descartada como efluente líquido, contendo sangue, gordura, excrementos, substâncias do trato digestivo dos animais, fragmentos de tecidos, dentre outros, apresentado grande potencial de poluição e caracterizando-se por possuir elevada concentração de matéria orgânica. O efluente gerado do processo de abate de bovinos deve ser tratado adequadamente, e independentes da sua composição, deve atender aos padrões de lançamento em função da classe do corpo hídrico receptor definido pela Resolução do CONAMA nº 357 de 17/03/2005. Diante do aumento de efluentes despejados nos recursos hídricos pelas atividades agroindustriais, influenciando diretamente na qualidade dos corpos receptores, o objetivo desse trabalho foi avaliar a qualidade da água do Córrego Jurubatuba, localizado no município de Anápolis GO, antes do lançamento do efluente final, proveniente do abate de bovinos, e a qualidade desse efluente final. Material e Métodos As coletas das amostras de água foram realizadas no Córrego Jurubatuba, localizado na região do município de Anápolis/GO, entre as latitudes 16 19,319 e 16 19,332 Sul e as longitudes 48 59,540 e 48 59,561 Oeste, em pontos determinados a 50 m a montante do lançamento do efluente final do frigorífico e na saída do efluente tratado. 2

O efluente líquido gerado no frigorífico passa pelo tratamento em três lagoas de estabilização antes do lançamento no corpo receptor, sendo 2 lagoas anaeróbicas e uma facultativa, As coletas e análises da água e do efluente foram realizadas nos meses de junho e julho de 2009 com duas repetições, no Laboratório de Química Analítica da Unidade Universitária de Ciências Exatas e Tecnológicas UnUCET, da Universidade Estadual de Goiás UEG, Campus Henrique Santillo. Os parâmetros analisados foram: ph, temperatura, condutividade elétrica, saturação, oxigênio dissolvido (O.D.), demanda química de oxigênio (DQO), turbidez, alumínio, cloro livre, cobre, fósforo, manganês, nitrato, nitrito e zinco, seguindo o Standard Methods for Examination of Water and Wastewater (1995). Os procedimentos em campo constaram de determinações in locu de ph, temperatura, condutividade elétrica e O.D. O ph e a condutividade elétrica foi medido com um phmêtro portátil e um condutivímetro digital de bolso com resolução de 0,01 ds.m -1, respectivamente. A temperatura do efluente, com resolução de 0,1 ºC, saturação e o oxigênio dissolvido, com faixa de resolução de 0,01 até 50,0 mg. L -1 de O 2 foram obtidos em um oxímetro digital microprocessado. A turbidez foi medida em laboratório com um turbidímetro digital com resolução de 0,01 a 1000 Unidade Nefelométrica de Turbidez (UNT). A DQO, alumínio, cloro livre, cobre, fósforo, manganês, nitrato, nitrito e zinco foram determinados em laboratório por um fotocolorímetro de bancada com resolução de 0,001 mg. L -1 para concentração e de 0,01 para absorbância e precisão relativa de 2%. Resultados e Discussão Os resultados dos parâmetros analisados para caracterizar a qualidade da água do corpo hídrico e do efluente tratado são apresentados na tabela 1. Tabela 1. Valores médios dos parâmetros avaliados in locu e em laboratório. Amostras Parâmetros Ponto 1 Ponto 2 3

ph 8,87 8,38 Temperatura ( C) 22,0 24,0 Condutividade elétrica (µs/cm) 0,28 1,39 Oxigênio dissolvido (mg/l) 5,23 4,21 Turbidez (UNT) 8,25 153,84 DQO (mg/l) 30,09 638,45 Alumínio (mg/l) 0,00 0,3 Cloro Livre (mg/l) 0,03 2,01 Cobre (mg/l) 0,29 0,3 Fósforo (mg/l) 0,1 19,32 Manganês (mg/l) 0,4 2,15 Nitrato (mg/l) 3,45 5,28 Nitrito (mg/l) 0,08 0,33 Zinco (mg/l) 0,32 1,26 * Ponto 1 = água do Ribeirão Jurubatuba; Ponto 2 = efluente tratado do abate de bovinos. Os valores médios de ph (tabela 1) encontrados estão dentro da margem aceitável de classificação das águas doces (Classe 2), e dentro dos padrões de lançamento de efluente líquidos, conforme a Resolução n 357, de 17 de março de 2005, do CONAMA, que estabelece valores de ph para os corpos hídricos de classe 2, entre 6,0 a 9,0 e condições de lançamento de efluentes com ph entre 5,0 a 9,0. O teor básico encontrado favorece o bom funcionamento do sistema de tratamento de efluentes. A temperatura atende aos padrões da Resolução n 357/2005 de lançamento de efluentes em corpos hídricos, que deve ser inferior a 40 C, sendo que a variação de temperatura do corpo receptor não deverá exceder a 3 C na zona de mistura. A condutividade elétrica, embora não seja um parâmetro avaliado pela Resolução como condição para lançamento de efluentes, tem importância na avaliação da presença de sais nas águas, pois indicam a possibilidade de eutrofização dos corpos hídricos, bem como, a presença de sais que podem influenciar no cultivo agrícola e nos processos industriais quando o objetivo é a prática do reuso de água. Portanto os valores observados indicam que a água 4

residuária (ponto 2) proveniente do abate de bovinos apresenta valor superior, indicando maior presença de sais. A amostra de água do Córrego Jurubatuba apresentou valores que classificam o córrego como sendo de classe 2. Segundo a Resolução n 357 do CONAMA, os corpos de classe 2 não podem apresentar valores de oxigênio dissolvido (OD) inferiores a 5 mg/l de O 2. Já o efluente tratado não satisfaz a condição apresentada, tendo valor de OD de 4,21 mg/l indicando a redução do oxigênio no processo de decomposição da matéria orgânica no tratamento. De acordo com a Resolução a turbidez deve ser de até 100 UNT para lançamento de efluente em águas doces de classe 2, sendo o valor encontrado pelo efluente tratado superior ao valor aceito pela Resolução n 357 do CONAMA. A demanda química de oxigênio (DQO) é um parâmetro, que embora não seja estabelecido pela resolução, indica a carga poluidora ou degradação da matéria orgânica, a qual tem grande importância para os efluentes de frigoríficos abatedouros. A DQO observada na amostra do efluente tratado apresenta valor elevado em comparação ao corpo hídrico, esse resultado elevado da DQO pode ter sido influenciado pelo aumento do fluxo de abate de bovinos associado ao baixo tempo de retenção hidráulica nas lagoas de tratamento. O valor de alumínio, cloro livre, cobre, manganês e zinco (tabela 1) do efluente tratado estão acima dos valores aceitáveis para lançamento de efluentes em corpos hídricos, conforme a resolução n 357/2005. Esses resultados devem-se ao aumento do fluxo de abate no período da coleta das amostras, pois no mês de março eram abatidas 350 cabeças de gado elevando para 500 cabeças no mês da pesquisa. As concentrações de fósforo, nitrato e nitrito analisadas pela coleta de amostra de água do corpo hídrico (ponto 1) estão dentro dos padrões de corpos receptores de classe 2, correspondendo seus limites, de acordo com a resolução, a 0,1 mg/l de P, 10 mg/l de nitrato e 1,0 mg/l de nitrito. Para o efluente tratado, o fósforo encontra-se em concentração superior a legislação. De acordo com Miwa et al. (2007) as concentrações de fósforo e nitrogênio podem induzir a eutrofização dos corpos de água receptores, com profundas implicações sobre a qualidade da água, que vão desde mudanças na composição química a alterações na estrutura e funcionamento das comunidades biológicas. Conclusões 5

De acordo com os valores observados e em comparação com os parâmetros estabelecidos pela resolução n 357/2005 do CONAMA pode-se enquadrar o Córrego Jurubatuba em um corpo hídrico de classe 2. As concentrações de OD, Turbidez, DQO encontradas no efluente tem relação com o tempo de retenção hidráulica do efluente no sistema de tratamento, o qual não removél suficientemente a carga poluidora para atender a legislação. Os demais parâmetros (alumínio, cloro, cobre, fósforo, manganês, nitrato, nitrito e zinco) indicam a presença acima do permitido de metais e sais na água residuária. Este estudo permitiu caracterizar as qualidades das águas. Entretanto, há a necessidade de pesquisas que possam avaliar a aplicação de águas residuárias nos sistemas agroindustriais como alternativas para o uso sustentável dos recursos hídricos. Referências Bibliográficas APHA; AWWA & WPCF. Standar methods for examination of water and wasterwater. 19 ed.,washington D. C./USA, American Public Heath Association, 1995. CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução N 357, de 17 de março de 2005. Disponível em: < http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf>. Acesso em: 27 de agosto de 2009. MINATTI FERREIRA, D. D.; BEAUMORD, A. C. Avaliação Rápida da Integridade Ambiental das Sub-Bacias do Rio Itajaí-Mirim no Município de Brusque, SC. Revista Saúde e Meio Ambiente, v. 5, n. 02, 2004. p.21 27. MIWA, A. C. P.; FREIRE, R. H. F.; CALIJURI, M. C. Dinâmica de nitrogênio em um sistema de lagoas de estabilização na região do Vale do Ribeira (São Paulo Brasil). Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 12, n. 2, abr/jun 2007. p. 169 180. TOLEDO, L.G.; NICOLELLA, G. Índice de qualidade de água em microbacia sob uso agrícola e urbano. Scientia Agrícola, v. 59, n. 1, jan/mar. 2002. p. 181 186. VON SPERLING, Marcos. Introdução a qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. 3 ed. Belo Horizonte/MG: Editora UFMG, 2005. 6