ANÁLISE DA VIABILIDADE DA INCORPORAÇÃO DO PÓ DE DESPOEIRAMENTO SIDERÚRGICO EM CERÂMICA VERMELHA

Documentos relacionados
INCORPORAÇÃO DA ESCÓRIA DO FORNO PANELA EM FORMULAÇÃO CERÂMICA: ESTUDO DAS ZONAS DE EXTRUSÃO

INFLUÊNCIA DA INCORPORAÇÃO DO REJEITO DO MINÉRIO DE MANGANÊS DE CARAJÁS-PA E FILITO DE MARABÁ-PA EM CERÂMICAS VERMELHAS

INCORPORAÇÃO DA CINZA DO CAROÇO DE AÇAÍ EM FORMULAÇÕES DE CERÂMICA ESTRUTURAL

UTILIZAÇÃO DE REJEITO DE MINÉRIO SULFETADO DE COBRE EM CERÂMICA ESTRUTURAL*

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

AVALIAÇÃO DA ADIÇÃO DO PÓ DE RESÍDUO DE MANGANÊS EM MATRIZ CERÂMICA PARA REVESTIMENTO

ESTUDO COMPARATIVO DE MASSAS CERÂMICAS PARA TELHAS PARTE 2: PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS

20º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 04 a 08 de Novembro de 2012, Joinville, SC, Brasil

ADIÇÃO DE CINZA DE SABUGO DE MILHO EM FORMULAÇÕES DE CERÂMICA VERMELHA

DESENVOLVIMENTO DE NOVOS MATERIAIS CERÂMICOS A PARTIR DE RESÍDUOS DE LAPIDÁRIOS

20º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 04 a 08 de Novembro de 2012, Joinville, SC, Brasil

INCORPORAÇÃO DE LAMA DE ALTO FORNO EM CERÂMICA VERMELHA PARA PRODUÇÃO DE TELHAS*

CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-MECÂNICA DE CAULIM DO ESPÍRITO SANTO VISANDO APLICAÇÃO INDUSTRIAL

Estudo da Reutilização de Resíduos de Telha Cerâmica (Chamote) em Formulação de Massa para Blocos Cerâmicos

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

INFUENCIA DA ADIÇÃO DE LODO, DE UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA (ETA), NAS PROPRIEDADES MECÂNICAS EM CERÂMICA VERMELHA

UTILIZAÇÃO DE REJEITO DE COBRE, CINZA E CARVÃO NA FABRICAÇÃO DE CERÂMICA ESTRUTURAL

ESTUDO DE MATÉRIAS-PRIMAS UTILIZADAS EM CERÂMICA VERMELHA DO MUNICÍPIO DE CRATO - CE*

ANÁLISE ESTATÍSITICA DA RESISTÊNCIA MECÂNICA DE CORPOS CERÂMICOS CONTENDO RESÍDUO MUNICIPAL

Estudo e Avaliação do Uso e Escória Granulada de Fundição na Produção de Cerâmicas Estruturais

INFLUÊNCIA DA PRESSÃO DE COMPACTAÇÃO SOBRE AS PROPRIEDADES DE MASSA DE REVESTIMENTO CERÂMICO POROSO

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO FÍSICO E MECÂNICO DE BLOCOS DE CONCRETO ECOLÓGICOS FABRICADOS COM INCORPORAÇÃO PARCIAL DE UM RESÍDUO SÓLIDO INDUSTRIAL

21º CBECIMAT - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 09 a 13 de Novembro de 2014, Cuiabá, MT, Brasil

AVALIAÇÃO DA INCORPORAÇÃO DE PEDRA CARIRI EM MASSAS DE TIJOLOS DE CERÂMICA VERMELHA*

ESTUDOS PRELIMINARES DO EFEITO DA ADIÇÃO DA CASCA DE OVO EM MASSA DE PORCELANA

Adição de Metais Tóxicos a Massas Cerâmicas e Avaliação de sua Estabilidade Frente a Agente Lixiviante. Parte 1: Avaliação das Características Físicas

FORMULAÇÃO DE MASSA CERÂMICA PARA FABRICAÇÃO DE TELHAS

ANÁLISE PRELIMINAR EM UMA MASSA ARGILOSA VISANDO A PRODUÇÃO DE BLOCOS CERÂMICOS: PROPRIEDADES FÍSICO-MECÂNICAS

CARACTERIZAÇÃO DE UMA ARGILA CONTAMINADA COM CALCÁRIO: ESTUDO DA POTENCIABILIDADE DE APLICAÇÃO EM MASSA DE CERÂMICA DE REVESTIMENTO.

ENSAIOS TECNOLÓGICOS DE ARGILAS DA REGIÃO DE PRUDENTÓPOLIS-PR. Resumo: Introdução

EFEITO DA INCORPORAÇÃO DE CINZA DE RESÍDUO SÓLIDO URBANO (RSU) NAS PROPRIEADES DA CERÂMICA VERMELHA

Incorporação de resíduos siderúrgicos em cerâmica vermelha

Avaliação tecnológica de cerâmicas tradicionais incorporadas com rejeito do minério de manganês

A Influência da Variação da Moagem dos Carbonatos e Tratamento Térmico no Material, nas Características Físicas do Produto Acabado

NOBRE & ACCHAR (2010) APROVEITAMENTO DE REJEITOS DA MINERAÇÃO DE CAULIM EM CERÂMICA BRANCA

Avaliação da Potencialidade de Uso do Resíduo Proveniente da Indústria de Beneficiamento do Caulim na Produção de Piso Cerâmico

RESUMO. Palavras-chave: aditivos, propriedades físico-mecânicas, massa cerâmica

FORMULAÇÃO E PROPRIEDADES DE QUEIMA DE MASSA PARA REVESTIMENTO POROSO

APROVEITAMENTO DE RESÍDUO DA ETAPA DE LAPIDAÇÃO DE VIDRO EM CERÂMICA VERMELHA

RESÍDUO CERÂMICO INCORPORADO AO SOLO-CAL

CARACTERIZAÇÃO DO SOLO DO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA MADALENA

DESEMPENHO DE MASSA CERÂMICA VERMELHA COM ADIÇÃO DE CAREPA/RESÍDUO DE LAMINAÇÃO EM DIFERENTES TEMPERATURAS DE QUEIMA

OBTENÇÃO DE TIALITA ESTABILIZADA COM ADIÇÃO DE ARGILA CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E MECÂNICA

EFEITO DA ADIÇÃO DO RESÍDUO DE POLIMENTO DE PORCELANATO NAS PROPRIEDADES DE BLOCOS CERÂMICOS

DETERMINAÇÃO DAS PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS DE CERÂMICA VERMELHA QUEIMADA À 850ºC PARA PRODUÇÃO DE BLOCOS DE VEDAÇÃO*

Avaliação de Algumas Propriedades Físico-Mecânicas de Corpos Cerâmicos Incorporados com Resíduo de Escória de Soldagem

Reaproveitamento do Resíduo Sólido do Processo de Fabricação de Louça Sanitária no Desenvolvimento de Massa Cerâmica

COMPORTAMENTO DE QUEIMA DE UMA ARGILA VERMELHA USADA EM CERÂMICA ESTRUTURAL

Incorporação de Rocha Sedimentar em Pó em Massas para Telhas Cerâmicas: Efeitos nas Propriedades Físicas e Mecânicas

ESTUDO DO APROVEITAMENTO DO REJEITO DE MARMORARIA EM UMA MASSA ARGILOSA

Benefícios do Uso de Feldspato Sódico em Massa de Porcelanato Técnico

USO DE PÓ DE EXAUSTÃO GERADO NA INDÚSTRIA DE FUNDIÇÃO COMO MATÉRIA PRIMA PARA A INDÚSTRIA DE REVESTIMENTO CERÂMICO.

Incorporação de pó de rocha sedimentar em massas para telhas cerâmicas - Parte 1: Efeitos nas propriedades físicas e mecânicas

Influência da Incorporação de Chamote nas Etapas de Pré-queima de Cerâmica Vermelha

CERÂMICA INCORPORADA COM RESÍDUO DE ROCHAS ORNAMENTAIS PROVENIENTE DA SERRAGEM DE BLOCOS UTILIZANDO TEAR MULTIFIO: CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL

CARACTERIZAÇÃO TÉRMICA E PROPRIEDADES TECNOLÓGICAS DE UMA MASSA CERÂMICA INDUSTRIAL DA REGIÃO DE IELMO MARINHO (RN)

ESTUDO DA VIABILIDADE DO USO DAS MASSAS ARGILOSAS USADAS EM OLARIA DO SUL DO CEARÁ-BRASIL PARA A PRODUÇÃO DE REVESTIMENTO CERÂMICO POROSO

Palavras chave: argila, cerâmica, resíduo, homogeneização, sinterização.

UTILIZAÇÃO DE RESÍDUO DE GARIMPO DE QUARTZO COMO ADITIVO EM CERÂMICA ESTRUTURAL: CARACTERIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES MECÂNICAS

ESTUDO DE MASSAS CERÂMICAS PARA REVESTIMENTO POROSO PREPARADAS COM MATÉRIAS-PRIMAS DO NORTE FLUMINENSE

INFLUÊNCIA DA COMPOSIÇÃO E DA TAXA DE AQUECIMENTO NA FORMAÇÃO DO CORAÇÃO NEGRO EM PEÇAS OBTIDAS COM MASSAS DA CERÃMICA VERMELHA

ESTUDO DE FORMULAÇÕES PARA APLICAÇÃO EM PLACAS CERÂMICAS

INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DE CERÂMICA PRODUZIDA COM ADIÇÃO DE CHAMOTE *

Anais do 50º Congresso Brasileiro de Cerâmica

CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES CERÂMICAS DE ARGILA UTILIZADA EM CERÂMICA ESTRUTURAL

ESTUDO DAS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E MECÂNICAS DE BLOCOS CERÂMICOS COM DIFERENTES CORES E TONALIDADES

Avaliação de uma Metodologia para a Formulação de Massas para Produtos Cerâmicos Parte II

ESTUDO DE PROPRIEDADES FÍSICAS DE ARGILAS COLETADAS NA REGIÃO DE BATAYPORÃ/MS

AVALIAÇÃO DA INCORPORAÇÃO DE CINZA VOLANTE E ESCÓRIA DE ALTO FORNO EM MASSA DE CERÂMICA VERMELHA

OBTENÇÃO DE PLACAS CERÂMICAS ATRAVÉS DO PROCESSO DE LAMINAÇÃO

ESTUDO DO EFEITO POZOLÂNICO DA CINZA VOLANTE NA PRODUÇÃO DE ARGAMASSAS MISTAS: CAL HIDRATADA, REJEITO DE CONSTRUÇÃO CIVIL E CIMENTO PORTLAND

ESTUDO DA REUTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE TELHA CERÂMICA (CHAMOTE) EM FORMULAÇÃO DE MASSA PARA BLOCOS CERÂMICOS. Universidade Estadual do Piauí UESPI

Incorporação de chamote em massa cerâmica para a produção de blocos. Um estudo das propriedades físico-mecânicas

RESÍDUOS DE GRANITO COMO MATÉRIA PRIMA ALTERNATIVA EM BARBOTINAS CERÂMICAS: INFLUÊNCIA DO TEOR DE FERRO (Fe 2 O 3 )

REVESTIMENTOS CERÃMICOS SEMIPOROSOS OBTIDOS COM ADIÇÃO DE FONOLITOS EM MASSAS ARGILOSAS CAULINÍTICAS *

EFEITO DA GRANULOMETRIA DA CINZA DE BAGAÇO DE CANA DE AÇÚCAR NAS PROPRIEDADES DE UMA ARGILA CAULINÍTICA

COMPARAÇÃO ENTRE BLOCOS CERÂMICOS PRODUZIDOS EM FORNOS HOFFMAN E CAIEIRA *

INVESTIGAÇÃO E CONTROLE DA PIROPLASTICIDADE DE MASSA PARA CERÂMICA VERMELHA

Utilização de planejamento experimental no estudo de absorção de água de cerâmica incorporada com lama vermelha

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DOS RESÍDUOS DE VIDRO SODO-CÁLCICO ADICIONADOS NA MASSA DE CERÂMICA VERMELHA PARA PRODUÇÃO DE BLOCOS DE VEDAÇÃO EM PALMAS - TO

PROSPECÇÃO E ANÁLISE TÉCNICA DA JAZIDA DE CALCÁRIO RENAUX COM O OBJETIVO DE DESENVOLVER CALCITA #200 PARA APLICAÇÃO EM MASSAS DE MONOPOROSA

22º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais 06 a 10 de Novembro de 2016, Natal, RN, Brasil

INCORPORAÇÃO DE RESÍDUO DE VIDRO EM CERÂMICA VERMELHA

Moagem Fina à Seco e Granulação vs. Moagem à Umido e Atomização na Preparação de Massas de Base Vermelha para Monoqueima Rápida de Pisos Vidrados

VALORIZAÇÃO DA CINZA DE CALDEIRA DE INDÚSTRIA DE TINGIMENTO TÊXTIL PARA PRODUÇÃO DE ARGAMASSAS SUSTENTÁVEIS

CARACTERIZAÇÃO E AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES DE QUEIMA DE ARGILAS UTILIZADAS PARA FABRICAÇÃO DE TELHAS NO MUNICÍPIO DE ITABORAÍ-RJ

Incorporação de um Lodo de Estação de Tratamento de Água em Cerâmica Vermelha

INFLUÊNCIA DA IDADE DE CURA NO COMPORTAMENTO MECÂNICO DE BLOCOS SOLO-CAL

DETERMINAÇÃO DA ABSORÇÃO DE ÁGUA EM PRODUTOS CERÂMICOS FORMULADOS COM ADIÇÃO DE CINZAS DA LÃ DE OVINOS

Introdução. Palavras-Chave: Reaproveitamento. Resíduos. Potencial. Natureza. 1 Graduando Eng. Civil:

Influência do Teor de Calcário no Comportamento Físico, Mecânico e Microestrutural de Cerâmicas Estruturais

AVALIAÇÃO DA INCORPORAÇÃO DE RESÍDUO DE PAPEL EM TELHAS CERÂMICAS *

O CONHECIMENTO DAS MATÉRIAS-PRIMAS COMO DIFERENCIAL DE QUALIDADE NAS CERÂMICAS OTACÍLIO OZIEL DE CARVALHO

Cerâmica 50 (2004) 75-80

RECICLAGEM DE MATERIAL PARTICULADO DE UMA PLANTA DE SINTERIZAÇÃO DE UMA SIDERÚRGICA EM CERÂMICA VERMELHA

INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA DE QUEIMA EM ARTEFATOS DE CERAMICA VERMELHA*

AVALIAÇÃO DA POROSIDADE APARENTE E ABSORÇÃO DE ÁGUA DA MASSA CERÂMICA PARA PORCELANATO EM FUNÇÃO DA INCORPORAÇÃO DE RESÍDUO DE CAULIM.

AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DO COAGULANTE CONTIDO NO LODO GERADO NA ETA EM CORPOS CERÂMICOS

ROCHA ARTIFICIAL PRODUZIDA COM PÓ DE ROCHA E AGLOMERANTE POLIMÉRICO AGUIAR, M. C., SILVA. A. G. P., GADIOLI, M. C. B

EFEITO DA INCORPORAÇÃO DE RESÍDUO DA ETAPA DE PRODUÇÃO DA ALUMINA ELETROFUNDIDA NAS PROPRIEDADES DA CERÂMICA VERMELHA

Transcrição:

ANÁLISE DA VIABILIDADE DA INCORPORAÇÃO DO PÓ DE DESPOEIRAMENTO SIDERÚRGICO EM CERÂMICA VERMELHA D. M. S. Santos; S. S. Gonçalves; E. B. B. Mocbel; A. C. C. Barbosa; A. P. S. Leal; S. A. Lopes; E. F. Feitosa; G. S. Silva; A. A. Rabelo; E. Fagury Neto Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, Instituto de Geociências e Engenharias, Faculdade de Engenharia de Materiais Nova Marabá, Fl 17, Qd. 04, Lt Especial, CEP 68505-080, Marabá, Pará, Brasil danilo.marciano@gmail.com; fagury@unifesspa.edu.br RESUMO O objetivo do presente trabalho foi o estudo da variação das propriedades físicomecânicas de cerâmicas feitas a partir duas argilas (gorda e magra) com adição do pó de despoeiramento da unidade de sinterização de uma usina siderúrgica local (PDS), o qual foi adicionado em proporções de 3%, 5%, 7% e 10%. Os corpos-deprova foram conformados por prensagem uniaxial de dois estágios, calcinados por 2 horas a 300 ºC e sinterizados por 2h nas temperaturas de 900ºC, 1000ºC e 1100ºC. As propriedades analisadas foram: densidade aparente, absorção de água, porosidade aparente, retração linear de queima, módulo de ruptura à flexão e índice de plasticidade. As matérias primas e os produtos foram caracterizadas com o intuito de se avaliar tais propriedades. Tal metodologia apresentou bons resultados, sob perspectivas de desenvolvimento de futuros trabalhos relacionados à área. Palavras-chave: Cerâmica, argila, pó de despoeiramento, propriedades, caracterização. 1. INTRODUÇÃO A incorporação de resíduos industriais em cerâmica vermelha vem se tornando uma prática muito difundida mundialmente e que tem como principal finalidade dar uma destinação final e ambientalmente correta aos resíduos. A variabilidade natural das características das argilas e o emprego de técnicas de processamento 1303

relativamente simples para fabricação de cerâmicas vermelhas, tais como blocos de vedação e telhas, facilitam a incorporação de outros tipos de materiais. Alguns destes materiais na forma resíduos até facilitam o processamento e melhoram a qualidade do produto final (1). A lavra, classificação, manuseio e transporte do minério de ferro geram uma quantidade elevada de partículas finas e ultrafinas cuja aplicação direta na indústria siderúrgica é impraticável. Quando a quantidade desses finos produzidos na planta ultrapassa a quantidade exigida para seu retorno ao processo, faz-se necessário propor alternativas viáveis para sua reutilização, evitando-se o seu descarte e posteriores danos ao meio ambiente (2). Portanto, neste trabalho propôs-se a incorporação do rejeito oriundo da unidade de sinterização de uma usina siderúrgica local, em formulações de cerâmica vermelha, para se avaliar as propriedades dos materiais produzidos e se determinar, a partir dos resultados obtidos, a viabilidade de reutilização deste co-produto industrial. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1. MATERIAIS As argilas utilizadas nas formulações foram de dois tipos: uma argila magra, denominada AM, com menor plasticidade e uma argila gorda, denominada AG, de maior plasticidade. Ambas foram fornecidas pela Cerâmica Castanheira Ltda., localizada na cidade de Marabá, Pará. As argilas foram secas e posteriormente desaglomeradas com almofariz e pistilo e, em seguida peneirdas de forma a apresentarem a granulometria adequada de 100 mesh Tyler. O rejeito utilizado nas formulações cerâmicas foi o pó de despoeiramento da sinterização (PDS) e foi fornecido pela Siderúrgica Norte Brasil S.A., localizada no Distrito Industrial da cidade de Marabá, Pará, que foi seco e em seguida peneirado até granulometria de 100 mesh Tyler. 1304

2.2. MÉTODOS As matérias primas foram caracterizadas por fluorescência de raios-x, utilizando-se para tanto o equipamento Shimadzu EDX 720. A Tabela 1 mostra as formulações cerâmicas desenvolvidas neste trabalho. Tabela 1 - Formulações propostas para o desenvolvimento do trabalho AMOSTRA IDENTIFICAÇÃO AG (%) AM (%) PDS (%) 1 A1 100 ----- ----- 2 A2 ----- 100 ----- 3 A3 / F1 50 50 ----- 4 A4 / F2 48,5 48,5 3 5 A5 / F3 47,7 47,7 5 6 A6 / F4 46,5 46,5 7 7 A7 / F5 45 45 10 Fonte: AUTOR (2016) As amostras foram confeccionadas através de prensagem em matriz de aço retangular (60 x 20 mm), aplicando-se duas cargas: inicialmente 1,5T (12,25 MPa) e posteriormente 3T (24,5 MPa). Em seguida foram calcinadas a 300 C por 2h, e posteriormente submetidas a sinterização nas temperaturas de 900 C, 1000 C e 1100 C por um período de 2h de patamar. Os ensaios tecnológicos realizados nas amostras sinterizadas foram: densidade aparente (DA), retração linear de queima (RLQ), absorção de água (AA), porosidade aparente (PA) e resistência mecânica através do módulo de ruptura a flexão (MRF), este último avaliado utilizando-se uma máquina universal de ensaios marca EMIC, modelo DL10000. Os demais ensaios tecnológicos foram avaliados utilizando-se o método de Arquimedes. Foram determinados os índices de plasticidade das formulações desenvolvidas, bem como a determinação do gráfico de zonas de extrusão e o processo de separação magnética no PDS para se avaliar a influência da possível presença de ferro neste insumo. 1305

A Figura 1 demonstra, em forma de fluxograma, todas as etapas do procedimento experimental, seguido do sequenciamento das atividades realizadas no trabalho. Figura 1 - Fluxograma da metodologia utilizada no trabalho. Fonte: AUTOR (2016) 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os resultados foram analisados de forma comparativa, tendo-se por base o comportamento do produto com adição do rejeito antes do processo de separação magnética da hematita (ANTES) e depois da separação (DEPOIS). Os resultados dos ensaios tecnológicos foram também comparados às normas correspondentes que viabilizam a utilização destas formulações na indústria de cerâmica estrutural. 1306

3.1. ANÁLISE QUÍMICA Os resultados da análise química por FRX da argila e do pó de sinterização, tanto antes quanto depois de ser submetido ao processo de separação magnética, estão apresentados na Tabela 2. Tabela 2 Composição química das matérias primas utilizadas, por FRX. Matéria Prima Teor (%) SiO 2 Al 2O 3 Fe 2O 3 K 2O MgO CaO MnO Argila 58,972 25,193 9,154 2,450 0,940 0,262 ----- PDS (ANTES) 9,169 7,962 72,213 0,157 ----- 8,763 0,769 PDS (DEPOIS) 27,955 16,846 13,866 5,538 ----- 25,658 4,789 Fonte: UAEMa-UFCG (2016) Observa-se que a argila apresenta composição típica de argilas da região Sudeste do Pará, rica em SiO2 e Al2O3, e teor de Fe2O3 na faixa de 9% (1). Outra característica referente à argila é o baixo teor de óxidos fundentes como o óxidos de magnésio (MgO), potássio (K2O) e cálcio (CaO). No pó da sinterização, observa-se inicialmente um elevado teor de óxido de ferro, seguido de valores mais baixos de sílica e alumina. Isto implica em uma menor adição do rejeito à argila, uma vez que, apesar do mesmo apresentar uma quantidade baixa de sílica, não causaria perdas significativas na plasticidade dos corpos de prova; o excesso de óxido de ferro, além de alterar a coloração, reduz de forma drástica a resistência mecânica. Com a realização da separação magnética, o teor de hematita reduziu consideravelmente (cerca de 81% do teor inicial), o que concentrou ainda mais os demais óxidos e favoreceu uma melhoria nas propriedades físico-mecânicas que serão apresentadas em seguida. 3.2. DENSIDADE APARENTE (DA) A Figura 2 apresenta as curvas de densidade aparente das formulações em função da temperatura. 1307

(a) (b) Figura 1 Densidade aparente das formulações antes (a) e depois (b) do processo de separação magnética do PDS. Fonte: Autor (2016) As argilas com emprego em cerâmicas estruturais (tijolos de alvenaria, furados e telhas) devem possuir valores variando entre 1,52 e 2,14 g/cm 3, quando conformadas por prensagem uniaxial (4). Portanto, todas as formulações podem ser utilizadas para este fim, com algumas atingido faixas até maiores do que a referência, como é o caso das que levam 3, 5, 7 e 10% do rejeito após a separação magnética e que foram sinterizadas a 1100 C. 3.3. RETRAÇÃO LINEAR DE QUEIMA (RLQ) A Figura 3 apresenta as curvas de retração linear de queima das formulações em função da temperatura. (a) (b) Figura 2 Retração linear de queima das formulações antes (a) e depois (b) do processo de separação magnética do PDS. Fonte: Autor (2016) 1308

A RLQ para cerâmicas estruturais não deve exceder 6%, pois uma alta variação pode resultar em um empenamento ou não-uniformidade da peça cerâmica, devido à elevada densificação, podendo gerar falhas no material e comprometendo sua aplicação (4). De acordo com os gráficos apresentados, todas as formulações possuem valores dentro da faixa determinada pela referência. 3.4. ABSORÇÃO DE ÁGUA (AA) A Figura 4 apresenta as curvas de absorção de água das formulações em função da temperatura. (a) (b) Figura 4 Absorção de água das formulações antes (a) e depois (b) do processo de separação magnética do PDS. Fonte: Autor (2016) De acordo com a norma ABNT NBR 15270-1:2005 os valores de AA não podem exceder 20% para a fabricação de telhas e devem estar na faixa entre 8 e 22% para a fabricação de blocos cerâmicos (5). Com isso todas as formulações do gráfico (a) estão na faixa aceitável para seu uso tanto na fabricação de telhas quanto de blocos e, em relação ao gráfico (b), todas as que tiveram a presença do rejeito, e que foram sinterizadas a 1100 C obtiveram valores abaixo do valor mínimo exigido. 3.5. POROSIDADE APARENTE (PA) A Figura 5 apresenta as curvas de porosidade aparente das formulações em função da temperatura. 1309

(b) (a) Figura 5 Porosidade aparente das formulações antes (a) e depois (b) do processo de separação magnética do PDS. Fonte: Autor (2016) A porosidade para materiais cerâmicos deve se encontrar nas faixas entre 14 a 35%. Esses valores são os mesmos, tanto para a fabricação de blocos cerâmicos, quanto para telhas (4). Com isso percebe-se que todas as formulações atendem a este requisito, podendo ser utilizadas para a produção destes materiais. 3.6. MÓDULO DE RUPTURA À FLEXÃO (MRF) A Figura 6 apresenta as curvas do módulo de ruptura à flexão das formulações em função da temperatura. (a) (b) Figura 6 Módulo de ruptura à flexão das formulações antes (a) e depois (b) do processo separação magnética do PDS. Fonte: Autor (2016) A classificação dos tijolos em relação à sua resistência, de acordo com a norma NBR7171/83, mostra que, para o gráfico (a) e a partir da T1, as formulações F2 (3% PDS) e F4 (7% PDS) apresentaram valores aceitáveis para serem utilizados na 1310

confecção de blocos portantes. Porém, não atendem a especificação da norma NBR6462/87, que exige uma resistência de no mínimo 12,74 MPa (130 Kgf/cm 2 ) para telhas. Com a retirada do excesso de hematita, as formulações que levam o rejeito passaram a atender as normas (Figura 6b). Em estudo realizado por Da Silva et al (2014), utilizando 3 rejeitos a base de minério de ferro, processados e tratados por dois diferentes métodos (um deles sendo a separação magnética), apontou que altas concentrações de óxidos ferrosos implicam em uma menor aplicabilidade do rejeito em cerâmica vermelha, uma vez que variações em sua estrutura hexagonal, podendo também se apresentar na forma romboédrica e octaédrica criam distorções e surgimento de micro defeitos no interior da peça cerâmica e diminuem, portanto, a sua resistência mecânica. Rejeitos com menores concentrações de tais óxidos possuem maiores valores desta propriedade (7). Comportamento semelhante foi observado no presente trabalho, o que vem a confirmar o efeito observado de melhoria nas propriedades tecnológicas em resposta ao menor teor de óxidos de ferro nas matérias primas. 3.7. ÍNDICE DE PLASTICIDADE (IP) A Tabela 3 apresenta a curva do índice de plasticidade, antes e depois do processo de separação magnética em função das amostras. Tabela 3 Índice de plasticidade de todas as formulações antes e depois do processo de separação magnética do PDS AMOSTRAS 1 2 3 4 5 6 7 ANTES 13,33 15,30 15,44 19,59 IP 22,57 19,46 18,67 DEPOIS 18,81 16,98 16,84 17,05 Fonte: Autor (2016) Todas as amostras foram classificadas de acordo com Papini (2013), que separa as argilas em fracamente plásticas (IP < 7%), medianamente plásticas (IP entre 7 e 15%) e altamente plásticas (IP > 15%). Com exceção da amostra 4 1311

ANTES (3% PDS), que possui um valor medianamente plástico, todas as demais formulações estão acima da faixa de alta plasticidade. 3.8. ZONAS DE EXTRUSÃO A Figura 7 apresenta as zonas de extrusão em que ficaram localizadas as amostras, tanto antes quanto depois do processo de separação magnética. Para uma extrusão aceitável a amostra deve apresentar IP entre 10 e 34% e LP entre 18 e 31%. No entanto, para uma extrusão ótima os valores para IP devem estar entre 15 e 25% e os de LP entre 18 e 25% (3). (a) (b) Figura 7 Zonas de extrusão antes (a) e depois (b) do processo de separação magnética do PDS, mostrando a localização de todas as formulações. Fonte: AUTOR (2016) De acordo com o gráfico da Figura 7a, das sete amostras analisadas, seis estiveram dentro da zona de extrusão ótima (as mesmas amostras que apresentaram IP acima de 15%) e uma dentro da aceitável (A4), que foi a única que apresentou IP abaixo de 15%. Após o processo de separação magnética, todas as amostras passaram a ficar dentro da zona de extrusão ótima, mostrando uma evolução das formulações quanto a este quesito. Isto mostra que todas as amostras que possuem o rejeito podem ser utilizadas no processo de extrusão para a fabricação de cerâmicas estruturais a verde, pois possuem ótimos níveis de plasticidade. 4. CONCLUSÕES 1312

Os resultados apresentados neste trabalho confirmam a viabilidade técnica de se incorporar o pó de despoeiramento de indústrias siderúrgicas em cerâmica vermelha. Apesar de inicialmente possuir um teor bastante elevado de óxido de ferro, o PDS adicionado em pequenas quantidades apresentou resultados dentro dos padrões exigidos pelas normas para a fabricação de cerâmicas estruturais. A redução da concentração dos óxidos ferrosos por magnetismo propicia uma maior aplicabilidade do rejeito, uma vez que ocorre uma evolução nas propriedades físicomecânicas da argila. Os valores de plasticidade das formulações com rejeito foram bastante interessantes, com as formulações mantendo-se na faixa de média para alta e ficando dentro das zonas de extrusão aceitável e ótima para a conformação a verde dos corpos cerâmicos, concluindo-se então que tais produtos apresentam as especificações necessárias por norma para a aplicação principalmente em telhas e blocos de alvenaria. 5. AGRADECIMENTOS Os Autores agradecem à Siderúrgica Norte Brasil S.A. e à Cerâmica Castanheira Ltda. pelo fornecimento das matérias-primas; ao Prof. Gelmires Neves (UAEMa-UFCG), pelas análises de FRX. REFERÊNCIAS (1) Freitas, M. C. Influência da incorporação do rejeito de minério de ferro de Carajás em formulações de cerâmica estrutural. Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, Instituto de Geociências e Engenharias. Faculdade de Engenharia de Materiais. Trabalho de Conclusão de Curso. Marabá, 2016. (2) Silva Santos, D. M.; Gonçalves, S. S.; Mocbel, E. B. B.; Barbosa, A. C. C.; Fagury Neto, E. Estudo das propriedades físico-mecânicas de cerâmicas argilosas incorporadas com pó de despoeiramento e sua viabilidade na fabricação de peças para alvenaria. Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará, Instituto de Geociências e Engenharias. Faculdade de Engenharia de Materiais. Artigo apresentado na I Semana Acadêmica de Engenharia Mecânica. Marabá, 2015. (3) Paes Santos, C. V.; Silva, A. R.; Guimarães Filho, M. A. S.; Fagury Neto, E.; 1313

Rabelo, A. A. Índice de Plasticidade e Análise Racional de Argilas de Marabá (PA) para Avaliação das Zonas de Extrusão. Cerâmica Industrial, 17, 2, pg 25 27, Mar/Abr, 2012. (4) Souza Santos, P. Ciência e tecnologia de argilas. Vol. 1. 2ª ed. 408 p. Edgard Blücher: São Paulo, 1989. (5) Wieck, R.; Duailibi, J. Extrusão em Cerâmica Vermelha: Princípios Básicos, Problemas e Soluções. Cerâmica Industrial, 18, 3, pg 16 23, Mai/Jun, 2013. (6) Papini, C. A. Materiais de construção civil: materiais cerâmicos. Disponível em: <http://pt.slideshare.net/aquilescampagnaro/cermicas-26467332> Acesso em 14, out. 2015. (7) Da Silva, F. L.; Araújo, F. G. S.; Teixeira, M. P.; Gomes, R. C.; von Kruger, F. L. Study of the recovery and recycling of tailings from the concentration of iron ore for the production of ceramic. Ceramics International, 40, pg 16085-16089, Mai/Jun, 2014. THE FEASIBILITY ANALYSIS FOR THE MERGER OF POWDER FROM STEEL MAKING DEDUSTING SYSTEM IN RED CERAMIC ABSTRACT The aim of this work was to study the variation of physical and mechanical properties of ceramics made from two clays with the addition of dedusting system powder from a local steel making plant (SDP), which was added in proportions of 3%, 5 %, 7 % and 10 %. The test-bodies were shaped by uniaxial two-stage pressing, calcined for 2 hours at 300 C and sintered at temperatures of 900 C, 1000 C and 1100 C. The analyzed properties were apparent density, water absorption, apparent porosity, linear firing shrinkage, flexural strength and plasticity index. The starting materials were characterized by XRF as well, in order to evaluate the chemical composition. This methodology showed good results in the development of future work related to the area. Keywords: pottery clay, dedusting powder, properties, characterization. 1314