Avaliação do Nível de Conhecimento e Interesse em Homeopatia entre Estudantes da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas SP

Documentos relacionados
PALAVRAS-CHAVE: Homeopatia. Consumo. Práticas Alternativas.

APRENDENDO OS PRINCÍPIOS DA HOMEOPATIA

PROGRAMA DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM HOMEOPATIA - APH

Camila Ap. Marques Faria de Melo Kíssila Brito Fiszer

Experimentação em Homem São

Resumos do IX Congresso Brasileiro de Agroecologia Belém/PA a

Casuística Clínica do Serviço de Homeopatia do Hospital Escola da Faculdade de Medicina de Itajubá MG

MODELO DE PARA DISSERTAÇÃO/TESE (contendo somente itens obrigatórios) (Retire esta página)

INFLUÊNCIA DOS CANCROS GINECOLÓGICOS E DE MAMA NO AJUSTAMENTO CONJUGAL

I Simpósio de Farmácia Clínica Homeopática, CRF-RJ 10/03/17. Prescrição Farmacêutica em Homeopatia

ÍNDICE. 1- Introdução Dificuldades de Aprendizagem Definição Características associadas 14

Medicina Integrativa - A Cura pelo Equilíbrio (Portuguese Edition)

Homeopatia de A a Z (Portuguese Edition)

Os Benefícios da Atividade Física no Tratamento do Transtorno no Uso de Drogas

Universidade de São Paulo

AVALIAÇÃO SOBRE O CONHECIMENTO DA TOXICOLOGIA ENTRE ACADÊMICOS DE FARMÁCIA EM UMA INSTITUIÇÃO DE NÍVEL SUPERIOR

UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA Escola das Artes

Farmacologia Aspectos gerais

Curso Técnico em Zootecnia

OS CAMINHOS DA PRESCRIÇÃO PARA O

Sumário Princípios da Homeopatia História Fundamentos da Homeopatia Lei dos semelhantes Experimentação no homem sadio Doses mínimas Medicamento único

Anamnese Nutricional Funcional

Apêndice 1 Pedido de autorização das escalas que englobaram o protocolo. Pedido de autorização da Cognitive Test Anxiety Scale CTAR25

Textos: Paulo Rosenbaum 1 e Marcus Zulian Teixeira 2 1

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO PARECER COREN-SP GAB Nº 005 / 2011

Dedico este trabalho a todos os meus professores, aos meus alunos, à minha família

A Importância da Iniciação Científica para os Acadêmcios dos Cursos de Engenharia Agrícola e Química da UnUCET-UEG

Formação em saúde mental no curso de medicina: a experiência do SAMU Mental health training in medical school: the experience of SAMU

TITULO DA DISSERTAÇÃO: Respostas Emocionais (Ansiedade, Stress, e Depressão), Coping e Dor em Estudantes Universitários

SITUAÇÃO PROFISSIONAL DOS ALUNOS DO CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA DA UNIVERSIDADE POSITIVO

Relatório sobre a formação de médicos homeopatas para o SUS

A toda a minha família e amigos que, cada um com a sua particularidade, me foi relevante e importante com todo o seu carinho e apoio emocional.

UNIVERSIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO MILENA CAROLINA SILVA CASTRO OLIVEIRA

O impacto da Farmácia Clínica sobre o uso racional de medicamentos e reflexos sobre a farmacovigilância

ESCLARECIMENTOS SOBRE HOMEOPATIA

DESENVOLVIMENTO MORAL NAS ORGANIZAÇÕES: UM ESTUDO NA ASSOCIAÇÃO DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS

Palavras-chave: Engenharia de Telecomunicações, Engenharia de Alimentos, Processo ensino-aprendizagem, investigação, avaliação.

ESTUDO COMPARATIVO DE EFICÁ- CIA E CUSTO ENTRE TRATAMENTO ALOPÁTICO E HOMEOPÁTICO DAS DOENÇAS AGUDAS DO TRATO RES- PIRATÓRIO EM PEDIATRIA

CURSO DE FARMÁCIA Reconhecido pela Portaria MEC nº 220 de , DOU de PLANO DE CURSO

A HOMEOPATIA SOB A ÓTICA DOS USUÁRIOS DE UMA FARMÁCIA

Bruna de Carvalho Gallo VISÃO DA HOMEOPATIA SOB O PONTO DE VISTA DE USUÁRIOS DE DUAS FARMÁCIAS HOMEOPÁTICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO

Comportamento Organizacional: O Comportamento Humano no Trabalho (Portuguese Edition)

Farmácia Homeopática: Teoria e Prática (Portuguese Edition)

Qual é a importância da farmácia: A fundamental importância da farmácia de manipulação é o fracionamento das substâncias para cada caso clínico.

CONCEITOS BÁSICOS EM TOXICOLOGIA

Percepção dos discentes do curso de licenciatura em Educação no Campo na UFCG, Sumé- PB

PROJETO DE LEI N, DE (Da Sra. Deputada Cida Diogo PT/RJ)

PROGRAMAÇÃO DO CURSO SEMIPRESENCIAL DE ESPECIALIZAÇÃO EM HOMEOPATIA CEHL-11. Conteúdo online Postagem semanal

MATRIZ DE COMPETÊNCIAS ALERGIA E IMUNOLOGIA

PERFIL DE EFICÁCIA E SEGURANÇA DO ETANERCEPTE

ACUPUNTURA: CONHECIMENTO E TRATAMENTO ENTRE USUÁRIOS DA REDE PÚBLICA DE SAÚDE EM TANGARÁ DA SERRA-MT

Dermatologia Clínica. Guia Colorido Para Diagnostico e Tratamento (Em Portuguese do Brasil)

FERNANDO SCHOENMAKER

Experimentação Patogenética em Feijoeiro para Elaboração de Matéria Vegetal Homeopática

PROJETO SEMINÁRIO PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA SEGURA E EFICAZ

AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO DE UNIVERSITÁRIOS DA ÁREA DA SAÚDE SOBRE QUE PROFISSIONAL ESTÁ REALMENTE HABILITADO À PRESCREVER DIETAS ALIMENTARES 1

Editorial Review. Users Review

TDD Desenvolvimento Guiado por Testes (Portuguese Edition)

Pesquisa Qualitativa do Início ao Fim (Métodos de Pesquisa) (Portuguese Edition)

Prova de Seleção Mestrado LINGUA INGLESA 15/02/2016

A 37 38,9 % B 19 20,0 % C 8 8,4 % D 22 23,2 % Nenhuma delas 9 9,5 %

CURSO DE FARMÁCIA Autorizado pela Portaria nº 991 de 01/12/08 Dgendo OU Nº 235 de 03/12/08 Seção 1. Pág. 35

Astrologia, Psicologia e os Quatro Elementos (Portuguese Edition)

TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE: A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

A IMPORTÂNCIA DA ESPIRITUALIDADE NAS PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES: ESTRUTURAÇÃO NA CIDADE DE JOÃO PESSOA

Universidade Pública na Formação de Professores: ensino, pesquisa e extensão. São Carlos, 23 e 24 de outubro de ISBN:

Contribuição das Práticas Integrativas Complementares na Qualidade de Vida

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO. TEORIA: Terapias não convencionais: Racionalidades Médicas.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS PLANO DE ENSINO

CONHECIMENTO SOBRE HOMEOPATIA ENTRE OS ACADÊMICOS DA ÁREA DA SAÚDE DA FACULDADE CIÊNCIAS DA VIDA Laise Freitas¹* Ana Flávia Santos Almeida²**

atendente de FARMÁCIA Prof. Dr. Luis Antonio Cezar Junior Farmacêutico Bioquímico

RELAÇÃO ENTRE A FAIXA ETÁRIA DE TUTORES DE CÃES E GATOS E A PERCEPÇÃO DE ZOONOSES, EM BELÉM, PARÁ

PERCEPÇÃO DE ACADÊMICOS DA SAÚDE SOBRE A IMPORTÂNCIA DAS PRÁTICAS DE HOMEOPATIA

PERFIL DA AUTOMEDICAÇÃO ENTRE IDOSOS USUÁRIOS DAS UNIDADES DE SAÚDES DA FAMÍLIA DO MUNICÍPIO DE CUITÉ-PB INTRODUÇÃO

FITOTERAPIA NA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

Evidências Científicas da Telemedicina

ENTREVISTA COM. Farmacêutico khalil Taoubi. Pelo jornalista Aloísio Brandão, Editor desta revista.

VÁRZEA PAULISTA POPULAÇÃO:

Saberes populares e uso de plantas medicinais pelos moradores do Bairro Jardim do Éden na cidade de Confresa-MT

PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE INDIVÍDUOS NA FASE INICIAL E INTERMEDIÁRIA DA DOENÇA DE PARKINSON ATRAVÉS DO PDQ-39

A dança do corpo vestido: Um estudo do desenvolvimento do figurino de balé clássico até o século XIX (Portuguese Edition)

ÍNDICE DE AUTOMEDICAÇÃO ENTRE ACADÊMICOS DA UNIVERSIDADE DE CRUZ ALTA

005 - IDENTIFICAÇÃO E USO DA ESPINHEIRA-SANTA

Como testar componentes eletrônicos - volume 1 (Portuguese Edition)

Palavras chave: trabalho colaborativo, desenvolvimento profissional, articulação curricular, tarefas de investigação e exploração.

Homeopatia no Sistema Único de Saúde

Porto Alegre/RS

AUTMEDICAÇÃO: UM PROBLEMA TAMBÉM NA HOMEOPATIA. SELF MEDICATION: A PROBLEM IN THE HOMEOPTHY TOO.

IMPORTÂNCIA DO MISOPROSTOL NA PREVENÇÃO DE HEMORRAGIAS PUERPERAIS.

Tabela I Processo de Aconselhamento Tabela II Factores Internos e Externos na Escolha de Carreira.. 14

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS PELO SERVIÇO DE INFORMAÇÃO EM PLANTAS MEDICINAIS E MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS - SIPLAM

A PESQUISA CIENTÍFICA NO ENSINO MÉDIO: LEVANTAMENTOS PRELIMINARES ENTRE OS ALUNOS DO IFTM/PATOS DE MINAS

PREVENÇÃO E COMPLICAÇÕES DA DIABETES ATRAVES DE UM PROJETO DE EXTENSAO

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM LUCIANY APARECIDA DIAS RITA DE CÁSSIA CARDOSO

Veterinaria.com.pt 2009; Vol. 1 Nº 1: e26 (9 de Março de 2009) Disponível em

MÁRCIA HELENA DE OLIVEIRA MOTTA DE SOUZA. O ALIENISTA: Uma reflexão crítica literária sobre a construção social da loucura

As 10 bobagens mais comuns que as pessoas inteligentes cometem (Portuguese Edition)

Um olhar que cura: Terapia das doenças espirituais (Portuguese Edition)

EDITAL Nº 219/2017 PROCESSO SELETIVO DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO MÉDICA EM ENDOCRINOLOGIA E DIABETES 2018

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:

Transcrição:

Avaliação do Nível de Conhecimento e Interesse em Homeopatia entre Estudantes da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas SP Evaluation of the Level of Knowledge and Interest in Homeopathy among the Students of the Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas SP S O U Z A, M L * * * ; S U Z U K E S ; * * ; O L I V E I R A C H * * ; C A PA R I C A *. C D ; A M A R A L * T; K V I N G E, T * RO S A, A P F, * RESUMO Com o objetivo de avaliar o grau de conhecimento e de interesse sobre Homeopatia, realizou-se um estudo com base numa amostra constituída de 235 alunos (de um total de 360) matriculados a partir do segundo ano do curso de graduação em Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, em São Paulo (SP). Neste estudo foi aplicado um questionário a fim de revelar a experiência com a Homeopatia, o grau de conhecimento sobre seus princípios, o interesse nessa área da Medicina como disciplina para efeito de graduação e o grau de confiança em sua eficácia terapêutica. Diante dos resultados da pesquisa, observou-se que cerca de 50% dos alunos já tiveram algum contato com a Homeopatia, seja por meio de seu próprio tratamento, de palestras, ou ainda por meio de experiências de familiares e/ou amigos que se submeteram ao tratamento homeopático. O nível de informação sobre os princípios homeopáticos é bastante insatisfatório para os alunos de graduação que, freqüentemente, confundem a Homeopatia com outras terapias ditas não convencionais ou naturais, sobretudo com a fitoterapia, florais, etc. Esse desconhecimento torna-se ainda mais evidente quando se tem a idéia de que a Homeopatia trata doenças, assim como o modelo alopático. Apenas alguns continua Biografias 14 Homeopat. Bras., 7(2): 14-20, 2001

poucos alunos têm a noção de totalidade para o conceito de saúde e doença. No entanto, verificou-se um grande interesse por parte dos estudantes de que haja uma melhor divulgação da Hompeotia por meio de cursos e palestras e um apelo para que seus princípios sejam demonstrados cientificamente, bem como a sua eficácia no tratamento de patologias mais graves e agudas. Finalmente, 70% dos alunos entrevistados revelaram que se submeteriam a um tratamento homeopático, demonstrando que, ressalvadas as críticas e incertezas, existe confiança e esperança de que a Homeopatia ofereça algo além do modelo de Medicina que os estudantes aprendem na universidade. Unitermos: Homeopatia, Pesquisa, Universidades. INTRODUÇÃO A Homeopatia é uma especialidade médica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), desde 1980, e pela Associação Médica Brasileira (AMB), sendo exercida por cerca de 20 mil médicos brasileiros. A Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB) é o órgão reconhecido oficialmente pela comunidade homeopática para orientar e fiscalizar a prática e o ensino da Homeopatia, concedendo títulos da especialidade por meio de exames de qualificação, realizados anualmente, desde 1989. Ao receberem o título de especialista, os profissionais podem posteriormente obter seu registro nos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs), o que os confere o pleno direito de exercício desta especialidade médica. No entanto, nos meios científico e acadêmico-universitário, a Homeopatia recebe sérias críticas quanto à sua cientificidade, tendo como base os conceitos vigentes de pesquisa e ciência médica, bem como a comprovação de seus princípios e efeitos. Diante da escassez de pesquisas e publicações científicas nas revistas consagradas à ciência, regida pelos cânones e paradigmas atuais, a Homeopatia encontra grandes barreiras para marcar sua presença nos currículos de ensino médico regular ou optativo. Historicamente, a Homeopatia, desde que foi reconhecida por Hahnemann como disciplina médica, chegou a fazer parte do currículo de cursos médicos de 28 universidades dos Estados Unidos até o final do século XIX. Em território brasileiro, o berço da Homeopatia universitária foi o Instituto Hahnemanniano do Brasil (IHB), com a fundação da Faculdade Hahnemanniana de Medicina, em 1886. Mais tarde, em 1924, a faculdade passou a ser chamada de Escola de Medicina e Cirurgia do Instituto Hahnemanniano e, atualmente, Faculdade de Medicina e Cirurgia da Universidade do Rio de Janeiro (UNIRIO). Com o advento de novos conhecimentos científicos e a expansão da indústria farmacêutica, após a Primeira Guerra Mundial, a ciência homeopática que vinha, desde a metade do século XIX, ganhando força e se expandindo no cenário mundial, foi duramente abalada em sua evolução. Isso se deve ao fato de ter sido afastada das universidades após 1975, deixando de ser uma disciplina optativa do currículo médico. Atualmente, assiste-se ao surgimento de Homeopat. Bras. vol.7 n0 2 2001 15

associações médico-homeopáticas como a AMHB que contribuiu para a conquista da legalização da especialidade, a produção científica de qualidade e a qualificação científica de seus congressos. Hoje, há esforços de implantação da Homeopatia nos currículos da graduação das universidades, apesar de ainda existirem algumas barreiras. Enquanto especialidade médica, a Homeopatia tem conquistado atualmente mais respeito entre os colegas médicos de outras especialidades que reconhecem o valor e o seu alcance no tratamento de inúmeros casos que encontram limitações no tratamento convencional alopático, apesar de não compreenderem os princípios filosóficos hahnemannianos. Além disso, o convívio no meio acadêmico favorece a observação de que existe um interesse dos estudantes de Medicina em conhecer a Homeopatia por meio de cursos e palestras. Este trabalho tem como objetivo avaliar o grau de interesse e de conhecimento dos estudantes da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (SP) sobre a ciência homeopática. Para colocar em prática a pesquisa, adotou-se o método de entrevistas semi-estruturadas. MATERIAL E MÉTODOS Um questionário contendo quatro perguntas foi distribuído para os alunos de graduação dos segundo e sexto anos, matriculados em 2000, na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (FCM UNICAMP). Os questionários deveriam ser respondidos livremente e entregues espontânea e anonimamente, caso assim os estudantes desejassem. A seguir, apresenta-se o questionário distribuído entre os alunos: 1) Você já teve alguma experiência com Homeopatia? Sim Não Qual?......................................... 2) Qual o seu grau de conhecimento sobre o assunto? (Marque com X na faixa em que se enquadra) 1 2 3 4 5 Sucintamente, que idéia você tem a respeito da Homeopatia?.................................. 3) No momento, a Homeopatia não está inserida no curso de graduação. Você teria interesse em que isso ocorresse? Sim Não 4) Você se submeteria a um tratamento homeopático? Sim Não Por quê?..................................... As respostas objetivas constam das Tabelas I a IV e as subjetivas foram submetidas a uma análise qualitativa. TABELA I RESPOSTAS OBTIDAS PARA A PRIMEIRA PERGUNTA: VOCÊ JÁ TEVE ALGUMA EXPERIÊNCIA COM HOMEOPATIA? Sim 49 37 47 44 40 43,5 Não 51 63 53 56 60 56,5 16 Homeopat. Bras. vol.7 n0 2 2001

TABELA II RESPOSTAS OBTIDAS PARA A SEGUNDA PERGUNTA: QUAL O SEU GRAU DE CONHECIMENTO SOBRE O ASSUNTO? 0 a 2 63 57 38 53 35 49,2 2 a 4 27 23 45 22 39 31,2 4 a 6 8 16 11 19 17 14,2 6 a 8 2 4 6 6 9 5,4 8 a 10 0 0 0 0 0 0 TABELA III RESPOSTAS OBTIDAS PARA A TERCEIRA PERGUNTA: VOCÊ TERIA INTERESSE EM TER A HOMEOPATIA COMO DISCIPLINA NA GRADUAÇÃO? Sim 93 83 82 78 70 81,2 Não 7 16 18 19 30 18 Nulo 0 1 0 3 0 0,8 TABELA IV RESPOSTAS OBTIDAS PARA A QUARTA PERGUNTA: VOCÊ SE SUBMETERIA A UM TRATAMENTO HOMEOPÁTICO? Sim 70 66 75 53 48 63 Não 23 27 25 34 43 30 Nulo 7 7 0 13 9 7 RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos questionários entregues, foram devolvidos 61% referentes ao segundo ano; 100% dos questionários destinados aos alunos dos terceiro e quarto anos; 32% dos entregues ao quinto ano e, finalmente, 23% dos questionários respondidos pelos alunos do sexto ano. Os resultados apresentados para a primeira questão (você já teve alguma experiência com Homeopatia?), conforme consta da Tabela I, foram os seguintes: dos 61 alunos do segundo ano que responderam à primeira pergunta, 30 já tiveram algum tipo de experiência com Homeopatia; dos quais 75% (23/30) já receberam tratamento homeopático para as seguintes enfermidades: bronquite/asma/rinite (quatro alunos), regulação da menstruação (um aluno), queimadura extensa (um aluno), sempre se tratou ou se trata há muito tempo (seis alunos), tendinite (um aluno), enxaqueca (um aluno), amigdalite (um aluno), alergia (um aluno), ansiedade ao vestibular (um aluno), promover a melhoria da resistência imunológica (um aluno), diabete mellitus (um aluno), distúrbio obsessivo compulsivo (um aluno), tratamento preventivo (um aluno). Homeopat. Bras. vol.7 n0 2 2001 17

Dos 62 alunos do terceiro ano que responderam à primeira pergunta do questionário, 63% (39/62) foram negativos, enquanto 37% (23/62) revelaram que já tiveram alguma experiência com a Homeopatia. Desses, quatro se tratam atualmente e sete se trataram quando crianças.treze alunos citaram as doenças tratadas: bronquite (dois alunos), sinusite (um aluno), pneumonia (um aluno), alergias (quatro alunos), estresse (um aluno), sintomas emocionais (um aluno), rinite (três alunos), faringite/amigdalite (dois alunos), náusea (um aluno), cefaléia (dois alunos), tonturas (um aluno), miopia (um aluno), acne (um aluno), enurese (um aluno).total de sintomas respiratórios: 9/13 (69%). Os alunos do quarto ano da graduação responderam à primeira pergunta positivamente em 47% (27/57) dos casos e, negativamente, em 53% (30/57). As motivações para a experiência foram: doenças da infância (13 alunos), trato respiratório (oito alunos), estado mental (quatro alunos), experiências de outros (dois alunos), palestras e leituras (dois alunos), tratamento (quatro alunos). Os resultados apresentados para a segunda questão (qual o seu grau de conhecimento sobre a Homeopatia, numa escala de 0-10?), conforme constam da Tabela II, revelam que o nível de conhecimento dos princípios homeopáticos é muito baixo, sendo que 63% dos alunos consideram-se entre 0-2 e 27%, entre 2-4. As definições dadas foram: remédio diluído e sem princípio ativo; medicina alternativa; útil apenas em doenças crônicas não muito graves e quando tratadas desde o início; tratamento a longo prazo em doses menores; receita da vovó; remédios que não fazem mal à saúde; alternativos e menos agressivos; sem ou com menos efeitos colaterais; credulidade perigosa induzida por alguns casos bem-sucedidos; remédios naturais em doses absurdamente pequenas; sem a toxicidade dos outros tipos de proteínas; uso de elementos naturais, atóxicos; dúvidas a respeito de sua validade e eficiência; tratamento lento para restabelecer o equilíbrio do organismo; nada prejudicial; é preventiva e curativa com doses em pequenas concentrações; não se conhece o mecanismo de ação; frações de moléculas do princípio ativo no medicamento; forte análise de anamnese; alia medicamentos industrializados com plantas e outros produtos naturais; sem embasamento científico; explora as defesas do próprio organismo; efeito placebo devido a doses muito diluídas; inútil e não levam a sério; algo que necessita mostrar estudos científicos mais claros para se tornar confiável; pode ser que tenha fundamentos, mas não conseguiu se explicar. Quanto ao grau de conhecimento, os alunos do terceiro ano apresentam uma discreta evolução, sendo que 56,5% se enquadram entre 0-2; 22,5% entre 2-4; 16,2% entre 4-6 e 3,2% entre 6-8.Vinte e três entrevistados revelaram ter tido prévia experiência com a Homeopatia e apresentaram as seguintes explicações: tratamento alternativo; drogas naturais, poder curativo de plantas; pequenas doses, maior diluição; benefícios iguais ou maiores que alopatia; benefícios menores; efeito placebo; questão de fé, crendice; adequação ao paciente, indivíduo visto como um todo, busca do equilíbrio; tratamento menos invasivo, menores efeitos colaterais; resultados a longo prazo; uso de agentes homólogos a patógenos; inexistência de princípio ativo; melhora da relação médicopaciente; estimula o sistema imune. As respostas dos 39 entrevistados que nunca tiveram experiência com Homeopatia foram: tratamento alternativo; drogas naturais; maior diluição, menores doses; benefícios iguais ou maiores; benefícios menores; tratamento de 18 Homeopat. Bras. vol.7 n0 2 2001

doenças crônicas; tratamento de doenças menos graves; efeito placebo; fé; adequação ao paciente; tratamento menos agressivo; resultados a longo prazo; uso de agentes homólogos; estimula o sistema imune. No quarto ano, o grau de conhecimento foi um pouco maior, sendo 38% dos entrevistados classificados entre 0-2;, 45% entre 2-4; 11% entre 4-6 e, finalmente, 6% entre 6-8.As respostas dos alunos que já tiveram experiência homeopática foram: terapêutica válida; efeito placebo, sem eficácia; confusão com outras terapias, como a fitoterapia; sem base científica; pouco conhecimento; aula; ciência inovadora; abstenção. Já os alunos que não tiveram nenhuma experiência homeopática deram as seguintes respostas: remédios naturais; medicina complementar; efeito paliativo; placebo; pouca base científica; individualidade; pouco conhecimento; similitude, individualidade; abstenção. Em relação às respostas obtidas para a terceira questão (você tem interesse na Homeopatia como curso na Graduação?), conforme constam da Tabela III, 83%, 82% e 47% dos alunos dos segundo, terceiro e quarto anos, respectivamente, manifestaram-se interessados em estudar a Homeopatia durante a graduação, seja por meio de disciplinas, cursos, palestras e encontros científicos que permitam um maior embasamento sobre essa área da Medicina. As respostas obtidas na quarta questão (você se submeteria a um tratamento homeopático? Por quê?), conforme constam da Tabela IV, foram que 70%, 66% e 75% dos alunos dos segundo, terceiro e quarto anos, respectivamente, responderam positivamente, ocorrendo um índice de abstenção de 6%, 7% e 0%, respectivamente. As justificativas para as respostas negativas, em geral, foram: como não acredita, por não ter embasamento científico, não se arriscaria; desconhece fundamentos ou não conhece o suficiente; não funciona, efeito placebo; falta de informação; não confia, não acredita; alopatia é mais eficaz; empírico, placebo, não acredita; falta de trabalhos científicos; pouco conhecimento a respeito; talvez. As justificativas para as respostas positivas, em geral foram: não faria mal tentar; não apresenta efeitos nocivos ou colaterais; método confiável; conhece pessoas que usam e que obtêm bons resultados; para comprovar a eficácia; por ser alternativa e menos agressiva; usaria apenas se o tratamento convencional não tivesse efeito ou em caso de doença incurável; para tratamento de doenças crônicas, sem efeitos colaterais; acredita no tratamento; tem provas de sua eficácia; trata a causa e não a conseqüência; juntamente com o tratamento alopático tradicional; adotaria só para determinados males; acredita nos bons resultados; apresenta menos efeitos colaterais; adotaria para patologias crônicas; adotaria em função de experiências anteriores bem-sucedidas; para conhecer os efeitos; adotaria pois trata o indivíduo como um todo; por ser um tratamento natural; acredita que o tratamento é longo; para testar a eficácia; tão bom quanto a alopatia; experiência própria; poucos ou nenhum efeito adverso; observou bons resultados; se o tratamento tradicional falhar. As respostas subjetivas dos alunos do quinto e sexto anos seguiram o mesmo padrão das anteriores e não serão relatadas. Homeopat. Bras. vol.7 n0 2 2001 19

CONCLUSÃO Com base nos resultados obtidos conclui-se que: I Os estudantes de Medicina necessitam de informações sobre os princípios filosóficos, semiológicos e clínicos da Homeopatia. II Há um grande interesse dos alunos em conhecer a Homeopatia por meio de cursos extracurriculares, palestras ou de disciplinas inseridas no currículo de graduação da Medicina. III Há falta de confiança na eficiência da Homeopatia no tratamento de doenças agudas e graves, o que reforça o conceito popular ou leigo de que a Homeopatia serve apenas para tratar moléstias crônicas, de pouca gravidade, de longa duração e como paliativo de doenças incuráveis. IV Os alunos apontam para a falta de comprovação científica da Homeopatia e de estudos epidemiológicos que comprovem a eficácia demonstrada na clínica. ABSTRACT A survey of 235 students, out of 360, from the second year onwards of the graduate course of Medicine of the Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas-SP, was conducted with the aim of evaluating to what extent they were interested and familiar with Homeopathy. In the above study a questionnaire was used in order to verify their understanding of homeopathy, the scope of their knowledge of its basics, their interest in the subject as a graduate discipline and their reliance in its therapeutical efficacy. It was detected that about 50% of the students had already experimented with it, whether through a treatment, seminars or the experience of their friends and family members.the degree of information on the basics of Homeopathy is quite inadequate for students of a graduate course, since they often mistake Homeopathy with so-called nontraditional or natural kinds of therapy, particularly phytotherapy, floraltherapy, etc. Such misinformation is all the more manifest since it is considered that homeopathy deals with diseases, the same as allopathy. In fact only a few students have the idea of health and illness as a whole.there is an immense interest in divulging homeopathy by means of courses and seminars and a plea from the students that its fundamentals be scientifically demonstrated, as well as its efficacy in more serious and acute pathologic processes. Lastly, 70% of the students who were interviewed would be willing to undergo a homeopathic treatment, thus showing that despite criticism and uncertainties, there is a hope and confidence that homeopathy brings in something beyond the medicine they have been taught at the university. Key words: Homeopathy, Research, Universities. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. CURI, K. Entrevista com Kamil Curi. Boletim IHB, v. 7, n. 1, p. 4, set. 1999. 2. HAHNEMANN, S. Organon da arte de curar. 6. ed. São Paulo: Benoit Mure, 1980. 3. PASQUERO,T. P. Homeopatia. 2. ed. Buenos Aires: Libreria El Ateneo Editorial, 1983. 496 p. 4. KENT, J.T. Filosofia homeopática. Madri: Bailly Bailliere S.A., 1926. 342 p. 5. SOUZA, M. L. Os caminhos da medicina. In: KUPSTARS, Marcia. (Org.). Saúde em debate. [S.l.]: Editora Moderna, 1997. 20 Homeopat. Bras. vol.7 n0 2 2001