São Paulo, 30 de setembro de 2015. Ao Sr. Guilherme Rocha Lopes Comissão de Valores Mobiliários Gerente de Acompanhamento de Empresas 2 Ref.: Resposta ao Ofício n 325/2015/CVM/SEP/GEA-2 Prezado Senhores, A Contax Participações S.A. ( Contax ou Companhia ), em resposta ao Ofício n 325/2015/CVM/SEP/GEA-2 ( Ofício ), recebido em 29.09.2015 1, reproduzido abaixo, requerendo a manifestação da Companhia acerca da notícia veiculada no sítio eletrônico InfoMoney, no dia 28.09.2015, referida no Ofício ( Notícia ), esclarece o que se segue: 1. A Companhia desconhece qualquer fato que, no seu entendimento, possa justificar as oscilações de suas ações nos períodos referidos na Notícia, além dos divulgados publicamente através dos meios adequados, em especial, nas datas citadas, os fatos relevantes datados de 24.08.2015 (eleição de novo diretor Presidente) e 31.08.2015 (início do processo de venda da Allus), bem como os comunicados ao mercado de 19.08.2015 (renúncia de conselheiros), 17.08.2015 (convocação de assembleia geral de debenturistas) e 28.08.2015 (eleição de conselheiro independente), além de divulgações de resultados. 2. Adicionalmente, a Companhia ressalta que a recente volatilidade do mercado acionário brasileiro atual e a baixa liquidez de negociações e atual valor unitário dos papéis da Contax podem ter contribuído para a amplitude das oscilações observadas. Como exemplo, no período de 19.08.2015 a 18.09.2015, o IBOVESPA registrou também maior volatilidade. 1 O Ofício, enviado pela CVM em 28.09.2015, foi recebido pela Companhia em 29.09.2015, razão pela qual o prazo de resposta foi prorrogado para a presente data.
3. Ademais, a Companhia esclarece que as doações de campanha feitas pela Contax foram realizadas observando os requisitos legais para tanto, e devidamente divulgadas por meio do sistema de Prestações de Contas Eleitorais divulgado no sítio do Tribunal Superior Eleitoral TSE. Adicionalmente, no entendimento da Companhia, dado o lapso temporal entre as doações e as referidas oscilações, tais fatos não estariam relacionados. 4. A Companhia esclarece que suas decisões observam as melhores práticas de governança corporativa, a estrutura organizacional da Companhia, e os devidos quóruns de deliberação, sendo sempre assegurada a independência de seus órgãos societários internos. Desta forma, não identifica conflitos internos que poderiam causar a oscilação de suas ações. 5. Por fim, a Companhia reforça que, nos termos da Instrução CVM n 358/02, bem como de sua Política de Divulgação de Ato ou Fato Relevante, manterá seus acionistas e o mercado em geral informados sempre que exista qualquer fato passível de ser divulgado de forma completa, suficiente e adequada. Sendo o que nos cumpria para o momento, colocamo-nos à disposição para esclarecimentos adicionais que se façam necessários. Atenciosamente, José Roberto Beraldo Diretor de Relações com Investidores
Ofício nº 325/2015/CVM/SEP/GEA-2 Ao senhor JOSÉ ROBERTO BERALDO Diretor de Relações com Investidores CONTAX PARTICIPAÇÕES S.A. Avenida Paulista, nº 407, 8º andar Bela Vista 01311-000 São Paulo, SP Telefone: (11) 3131-1644 Email: ri@contax.com.br Rio de Janeiro, 28 de setembro de 2015. Assunto: Solicitação de esclarecimentos Notícia veiculada na mídia Senhor Diretor, 1. Reportamo-nos à notícia veiculada no sítio eletrônico InfoMoney, no dia 28/9/2015, sob o título Política, falta de transparência? Há algo de errado com a Contax e ação despenca 70%, na qual constam as seguintes informações: Política, falta de transparência? Há algo de errado com a Contax e ação despenca 70% Alguns movimentos de ações, por mais bruscos e não naturais que sejam, acabam passando despercebidos por boa parte dos investidores por conta da baixa liquidez dos papéis das empresas que sofreram estas oscilações. Contudo, algumas histórias mostram que podemos ter muito mais motivos para explicar a volatilidade de uma "small cap" na Bovespa. O que está acontecendo com a Contax (CTAX11) é um exemplo disso. As units da companhia de telemarketing caíram mais de 10% por três pregões diferentes - dias 19, 20 e 24 de agosto. Logo depois, esses papéis se recuperaram e mostram alta de quase 60% até o fechamento de terça-feira (22), embora no acumulado do ano a queda ainda seja de 70%. A empresa vem apresentando queda na geração de caixa e no lucro a cada trimestre. No entanto, seus problemas podem não se resumir a isso. Uma fonte ligada à empresa, que não quis ser identificada, disse que há outros problemas ainda mais graves, que geraram conflitos internos. Exemplo disso são as doações políticas para candidatos de escolhidos pelos controladores e não pela Contax. "O Senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que é ligado ao controle, recebeu doações, mas isso não teve a devida abertura nas notas explicativas", disse o executivo. Segundo informações do Congresso em Foco, que cita os dados de prestação de contas do senador na Justiça Eleitoral, Jereissati recebeu da empresa R$ 1 milhão por transferência eletrônica nas eleições de 2014.
O executivo também avalia que os controladores falam diretamente com as várias diretorias e ao conselho de administração caberia apenas ratificar o que já foi decidido. "O clima interno ficou muito ruim, com alta rotatividade de executivos, o que sempre foi uma preocupação minha e nunca foi endereçado pela gestão", desabafa. Para explicitar o peso deste problema da rotatividade, basta lembrar que a maior queda diária da Contax foi no dia no dia 20 de agosto, quando as ações caíram 25,3% por conta da renúncia de dois diretores do Conselho de Administração, Pedro Luiz Cerize e Marcelo Cerize. A saída mostra que há muita gente de peso descontente na empresa, o que nunca é bom sinal para quem quer sair de pé de uma crise. Venda da Allus Um dos poucos alívios na ação Contax nos últimos tempos foi quando na terça-feira, 1º de setembro, a companhia informou a sua intenção de vender a sua divisão Allus, com operações na Argentina, Peru e Colombia. No mesmo pregão, as ações da empresa subiram 12,28%. Para o Credit Suisse, esta operação responderá por 26% das receitas da empresa em 2015. "A Allus é a melhor operação da Contax, em nossa visão. Ela veio crescendo dois dígitos com concentração mais baixa de clientes", diz Daniel Federle, analista do banco, em relatório. Todo plano de desinvestimento é obviamente positivo para uma companhia que vê aumentar a sua dívida líquida, que já está em R$ 976,6 milhões, ao mesmo tempo em que o Ebitda cai. Na avaliação do Credit, a venda da Allus a um valuation atrativo levaria a Contax a operar com um múltiplo EV/Ebitda (valor de mercado da empresa sobre Ebitda) de apenas 2 vezes, muito abaixo da média do mercado, o que pode indicar que a ação está barata. No entanto, a decisão de vender a Allus não foi unânime. O executivo que não quis se identificar disse que a companhia era o único braço rentável e com crescimento da Contax. "As dificuldades financeiras foram culpa da estratégia adotada pela empresa e podem ser facilmente revertidas. Infelizmente escolheram o caminho mais fácil, que é vender um ativo importante como a Allus", opina. Nos últimos dias, novas notícias trouxeram ainda mais volatilidade à empresa. Na semana passada, detentores de debêntures da 3ª emissão da companhia foram convocados para deliberar sobre alienação de até 100% da participação da Stratton Spain no dia 22 de outubro. Um dia antes, os papéis da companhia fecharam em alta de 15,56%. Ou seja, é mais uma vez em que a empresa anuncia algo relacionado a venda de ativos e investidores aproveitam para entrar
em peso com força compradora. A questão é saber o quanto isso pode ser bom para a empresa em vista dos diversos problemas que parecem escondidos sob os balanços. Procurada, a assessoria de imprensa da Contax disse que não iria se pronunciar sobre o assunto. [grifos nossos] 2. A respeito, requeremos a manifestação de V.S.a sobre a oscilação observada nos preços das ações, conforme notícia acima e se há algum fato, do conhecimento de V.S.a. que possa justifica-los. Caso afirmativo, solicitamos manifestação sobre as providências que estão sendo tomadas pela Companhia a respeito, bem como os motivos pelos quais entendeu não se tratar o assunto de Fato Relevante, nos termos da Instrução CVM nº 358/2002. Ainda, a Companhia deve manifestar-se sobre a veracidade dos conflitos internos e eventuais discordâncias a respeito de doações políticas para candidatos escolhidos pelos controladores, conforme apontados na matéria, e se, no seu entendimento, estes poderiam ser a causa da variação na cotação das ações. 3. Tal manifestação deverá incluir cópia deste Ofício e ser encaminhada ao Sistema IPE, categoria Comunicado ao Mercado, tipo Esclarecimentos sobre consultas CVM/BOVESPA. 4. Ressaltamos que, nos termos do art. 3º da Instrução CVM nº 358/2002, cumpre ao Diretor de Relações com Investidores divulgar e comunicar à CVM e, se for o caso, à bolsa de valores e entidade do mercado de balcão organizado em que os valores mobiliários de emissão da companhia sejam admitidos à negociação, qualquer ato ou fato relevante ocorrido ou relacionado aos seus negócios, bem como zelar por sua ampla e imediata disseminação, simultaneamente em todos os mercados em que tais valores mobiliários sejam admitidos à negociação. Lembramos ainda da obrigação disposta no parágrafo único do art. 4º da Instrução CVM nº 358/2002, de inquirir os administradores e acionistas controladores da Companhia, com o objetivo de averiguar se estes teriam conhecimento de informações que deveriam ser divulgadas ao mercado. 5. De ordem da Superintendência de Relações com Empresas SEP, alertamos que caberá a esta autoridade administrativa, no uso de suas atribuições legais e, com fundamento no inciso II, do artigo 9º, da Lei nº 6.385/1976, e no artigo 7º c/c o artigo 9º da Instrução CVM nº 452/2007, determinar a aplicação de multa cominatória, no valor de R$ 1.000,00 (mil reais), sem prejuízo de outras sanções administrativas, pelo não atendimento ao presente ofício, ora também enviado por e-mail, no prazo de 1 (um) dia útil. Atenciosamente, GUILHERME ROCHA LOPES Gerente de Acompanhamento de Empresas 2