QUALIDADE DO CARVÃO VEGETAL DE MADEIRAS AMAZÔNICAS - BALBINA. (*) Diraas Agostinho da Silva (**) José Otávio Brito (***) RESUMO

Documentos relacionados
CORRELAÇÕES ENTRE CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS DA MADEIRA E A PRODUÇÃO DE CARVÃO: 2. DENSIDADE DA MADEIRA X DENSIDADE DO CARVÃO

CIRCULAR TÉCNICA N o 150. Outubro/1982 ESTIMATIVA DA DENSIDADE A GRANEL DO CARVÃO VEGETAL A PARTIR DE SUA DENSIDADE APARENTE

Análise da Produção Energética e de Carvão Vegetal de Espécies de Eucalipto

Correlações entre propriedades da madeira e do carvão vegetal de clone de Eucalyptus urophylla

CORRELAÇÃO ENTRE A DENSIDADE BÁSICA DA MADEIRA E A DENSIDADE APARENTE DO CARVÃO VEGETAL EM HÍBRIDOS DE EUCALYPTUS

Introdução. Definição

CORRELAÇÕES ENTRE CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E QUÍMICAS DA MADEIRA E A PRODUÇÃO DE CARVÃO VEGETAL: I. DENSIDADE E TEOR DE LIGNINA DA MADEIRA DE EUCALIPTO

Secagem natural da madeira no campo para produção de carvão vegetal.

CIRCULAR TÉCNICA N o 62 AGOSTO/79 AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DOS RESÍDUOS DE EXPLORAÇÃO FLORESTAL DO EUCALIPTO PARA FINS ENERGÉTICOS

Combustíveis e Redutores ENERGIA PARA METALURGIA

CIRCULAR TÉCNICA N o 146. Junho/1982. CARVÃO VEGETAL DE MADEIRA DE DESBASTE DE Pinus *

CIRCULAR TÉCNICA N o 104. Junho/1980 INFLUÊNCIA DAS PRÁTICAS SILVICULTURAIS NA PRODUÇÃO DE CARVÃO VEGETAL

Rendimento e qualidade do carvão produzido pela carbonização em um novo forno metálico. RESUMO ABSTRACT INTRODUÇÃO

Propriedades da madeira para fins de energia. Poder Calorífico

IPEF n.47, p.22-28, mai.1994

Estudo tecnológico da madeira de Pinus spp para a produção de carvão vegetal e briquetagem

INFLUÊNCIA DA VELOCIDADE DE CARBONIZAÇÃO DA MADEIRA NOS RENDIMENTOS E NAS PROPRIEDADES DO CARVÃO PRODUZIDO

Energia para Metalurgia

EFEITO DA TEMPERATURA NA DENSIDADE E NO RENDIMENTO GRAVIMÉTRICO DE CARVÃO DE CLONES DE EUCALIPTO

CIRCULAR TÉCNICA N o 64 SETEMBRO/79 O CARVOEJAMENTO DA MADEIRA E SEUS REFLEXOS NA QUALIDADE DO CARVÃO: QUALIDADE DA MADEIRA *

DETERMINAÇÃO DA FRIABILIDADE DO CARVÃO VEGETAL EM FUNÇÃO DO DIÂMETRO DAS ÁRVORES E TEMPERATURA DE CARBONIZAÇÃO

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

RESUMO. PALAVRAS-CHAVE: Mimosa scabrella, bracatinga, densidade básica, carvão vegetal, energia. ABSTRACT

PROPRIEDADES FÍSICAS E QUÍMICAS DE CARVÃO VEGETAL COMERCIALIZADO EM CUIABÁ, MT

COMBUSTÍVEIS E REDUTORES

Efeito da temperatura de carbonização e dos resíduos de macaúba na produção de carvão vegetal

VIABILIDADE TÉCNICA DE COMBUSTÃO EM LEITO FLUIDIZADO DE CARVÃO MINERAL RESIDUAL PROVENIENTE DE LAVADORES DE CARVÃO TIPO JIGUE

FAÇA BIODIESEL. Site: Acesso em: 08 out

Forno-fornalha para queima dos gases da carbonização

COMPARAÇÃO DO PODER CALORÍFICO DA MADEIRA DE Eucalyptus dunnii Maiden (MYRTACEAE) E DO HÍBRIDO Eucalyptus urograndis (MYRTACEAE)

Dra. Martha Andreia Brand

COMPARAÇÃO DA QUALIDADE DA MADEIRA DE CINCO PROCEDÊNCIAS DE Eucalyptus nitens PARA FINS ENERGÉTICOS RESUMO

Análise Energética Da Madeira E Do Carvão Vegetal A Partir Da Espécie Piptadenia gonoacantha (Mart.) J. F. Macbr

Energia para Siderurgia

Energia para metalurgia

Avaliação Da Influencia Do Tratamento Térmico Nas Propriedades Energéticas De Diferentes Espécies

PRODUÇÃO DE CARVÃO VEGETAL DE CASCA DE BARU (Dipteryx alata) UTILIZANDO CÉLULAS DE CARBONIZAÇÃO

EXPERIÊNCIA DE INJEÇÃO DE FINOS DE CARBONIZAÇÃO DE BIOMASSA DE CICLO CURTO EM ALTOS-FORNOS

Eucalyptus urophylla S. T. Blake

QUALIDADE DA MADEIRA DE Eucalyptus vimanalis PARA FINS ENERGÉTICOS EM FUNÇÃO DO ESPAÇAMENTO E IDADE DE CORTE RESUMO

ESTUDO COMPARATIVO DA CARBONIZAÇÃO DE TRÊS ORIGENS DE TURFAS EM RELAÇÃO À MADEIRA DE Eucalyptus grandis

RESUMO. PALAVRAS-CHAVE: Taxi-branco-da-terra-firme, Sclerolobium panicu-latum, energia. ABSTRACT

Desafios e perspectivas da produção e comercialização de carvão vegetal

CARACTERZIZAÇÃO FÍSICA E ENERGÉTICA DO CARVÃO PRODUZIDO A PARTIR DE DUAS ESPÉCIES NATIVAS AMAZÔNICAS

INFLUÊNCIA DA CASCA NO RENDIMENTO E NA QUALIDADE DO CARVÃO VEGETAL DE Eucalyptus grandis

Análise da qualidade do carvão vegetal proveniente da região sul do Brasil

CARACTERIZAÇÃO ENERGÉTICA DO CARVÃO DO SISTEMA TOCO-RAIZ DE Corymbia citriodora

CARBONIZAÇÃO DE RESÍDUOS DO PROCESSAMENTO MECÂNICO DA MADEIRA DE EUCALIPTO

COMPARAÇÃO DA QUALIDADE DA MADEIRA DE TRÊS PROCEDÊNCIAS DE Eucalyptus dunnii MAIDEN, PARA FINS ENERGÉTICOS * RESUMO

Briquetagem e Peletização de Resíduos Agrícolas e Florestais

Scientific Electronic Archives (6): 7-17, 2014.

BIOMASSA. Florestas energéticas e resíduos urbanos, industriais e agrícolas são processados para produzir eletricidade

Ciência Florestal ISSN: Universidade Federal de Santa Maria Brasil

CARACTERÍSTICAS DO CARVÃO DE Handroanthus serratifolius (Vahl) S.Grose (Bignoniaceae) E Cedrelinga catenaeformis Ducke (Fabaceae)

Prof. Dr. Umberto Klock Curso de Engenharia Industrial Madeireira 22/04/ AT 073 INTRODUÇÃO A ENGENHARIA INDUSTRIAL MADEIREIRA

PRODUÇÃO DE ENERGIA DAS MADEIRAS DE ESPÉCIES FLORESTAIS SOB MANEJO FLORESTAL SUSTENTÁVEL QUE OCORREM NO SEMIÁRIDO POTIGUAR

Nota Científica Propriedades da madeira de Eucalyptus benthamii para produção de energia

Comparação da Qualidade da Madeira de Seis Espécies de Algarobeira para a Produção de Energia

Estudo do uso de carvão vegetal de resíduos de biomassa no sistema de aquecimento dos fornos de produção do clínquer de cimento portland.

Quantidade e qualidade das emissões atmosféricas na carbonização da madeira

CARACTERIZAÇÃO ENERGÉTICA DA FIBRA DA CASCA DO COCO COM POSTERIOR PRODUÇÃO DE BRIQUETE

ARTIGO COM APRESENTAÇÃO ORAL - BIOMASSA PARA ENERGIA CARVÃO DE RESÍDUOS DE EXPLORAÇÃO FLORESTAL PRODUZIDOS EM FORNO CILÍNDRICO METÁLICO

MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL

CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRODUÇÃO DE CARVÃO VEGETAL COM MADEIRAS DA AMAZÔNIA

INFLUÊNCIA DA MARCHA DE CARBONIZAÇÃO NA QUALIDADE DO CARVÃO VEGETAL DE JUREMA PRETA (Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.)

Influência do tratamento térmico nas características energéticas de resíduos lenhosos de eucalipto e pinus: poder calorífico e redução granulométrica

DETERMINAÇÃO DAS PROPRIEDADES ENERGÉTICAS DA MADEIRA E DO CARVÃO VEGETAL PRODUZIDO A PARTIR DE Eucalyptus benthamii

II FÓRUM NACIONAL DE CARVÃO VEGETAL QUALIDADE DA MADEIRA PARA

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA LUIZ DE QUEIROZ Departamento de Ciências Florestais

AVALIAÇÃO ECONÔMICA DA UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DO PROCESSAMENTO DO CAFÉ COMO COMBUSTÍVEIS EM FORNOS ROTATIVOS DE CALCINAÇÃO

CARBONIZAÇÃO CONTÍNUA: SIMULAÇÃO DO CONSUMO DE CARVÃO VEGETAL NO ALTO-FORNO 1 DA VALLOUREC TUBOS DO BRASIL*

DESEMPENHO DE UM FORNO DE CARBONIZAÇÃO SEMI-CONTÍNUO TIPO CONTAINER PARA PRODUÇÃO DE CARVÃO VEGETAL 1

II Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia da Madeira Belo Horizonte - 20 a 22 set 2015

Curso Engenharia de Energia

Qualidade do carvão vegetal para cocção de alimentos com base no quality function deployment

COMPARAÇÃO ENTRE AS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DOS FINOS

Nas últimas duas décadas, foram adotados importantes

Curso Engenharia de Energia

Melhorias no processo de pirólise da biomassa para produção de carvão vegetal

Caracterização Química Do Carvão Da Algaroba (Prosopis juliflora (Sw) Dc) E Cajueiro (Anacardium occidentale L.)

ECONOMIA DE BAIXO CARBONO SUSTENTABILIDADE PARA O SETOR DE MINERAÇÃO: CASO DA SIDERURGIA NO BRASIL

de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia

Qual o efeito da temperatura final de carbonização na resistência à compressão do carvão vegetal?

Pirólise sob pressão. Uma nova abordagem para a carbonização. 3º Congresso Internacional de BIOENERGIA. Curitiba PR 24 a 26/06/08

ANÁLISE QUÍMICA IMEDIATA DE GALHO E FUSTE DE Piptadenia suaveolens (Miq.) VISANDO O USO ENERGÉTICO DE RESÍDUOS FLORESTAIS

Acta Amazônica, vol. 22 (3): Sidney Alberto do Ν. Ferreira ( 1 ) RESUMO

Rendimento do carvão vegetal de Mimosa tenuiflora em diferentes temperaturas de carbonização

FLOTAÇÃO DE REJEITOS DO BENEFICIAMENTO GRAVIMÉTRICO DE CARVÃO MINERAL

A maximização do uso de combustíveis alternativos

DIFERENÇAS DE DENSIDADE BÁSICA (KG/M 3 ) DA MADEIRA DE EUCALYPTUS EM RELAÇÃO AO AMBIENTE DE PLANTIO E AO TIPO DE MATERIAL GENÉTICO

EFEITO DO MATERIAL GENÉTICO E DO SÍTIO NA QUALIDADE DO CARVÃO VEGETAL DE MADEIRA DE CURTA ROTAÇÃO

Bio.ComBrasil Tecnologias para conversão de Biomassa. MANOEL FERNANDES MARTINS NOGUEIRA

6 MATERIAIS E EQUIPAMENTOS

EFEITO DA COMBUSTÃO DOS GASES DA CARBONIZAÇÃO NO RENDIMENTO GRAVIMÉTRICO DA MADEIRA DE Eucalyptus sp.

ANÁLISE IMEDIATA DO CARVÃO VEGETAL PRODUZIDO NA REGIÃO DO ALTO-TURI/MA E SUA POSSÍVEL APLICAÇÃO EM ALTO-FORNO PARA PRODUÇÃO DE FERRO-GUSA.

Perfil térmico e controle da carbonização em forno circular por meio da temperatura interna

PIRÓLISE DA BIOMASSA E INFLUÊNCIA DE SEUS COMPONENTES QUÍMICOS NOS PRODUTOS DO PROCESSO

Estabelece os preços dos serviços especializados prestados pelo Laboratório de Produtos Florestais, bem como das publicações disponíveis para venda.

11 a 14 de dezembro de 2012 Campus de Palmas

USINA TERMOELÉTRICA...

Transcrição:

QUALIDADE DO CARVÃO VEGETAL DE MADEIRAS AMAZÔNICAS - BALBINA. (*) Diraas Agostinho da Silva (**) José Otávio Brito (***) RESUMO I Pnoduziu-óe canvão com maáejjuiò paovenlentti, da ÕAW de inundação da HidAeJLÍ&oica de. Bal.bi.na no Amazonas. A& madeáaai, po&òuiam teon de. um-tda.de. ò-ítuado entfte 25 a 35%, diã me n.o LnfaeJvioA a 0,1% m, bitolas de 2,00 m de compnámznto e demidadz bâò-ioa. infaenxan. a 0,75 ton/m s. TizeAom-òo, vinte e ίηϋλ caabonizaçõeá uti/âzando faon.no de. alvenanjxi. No caavão ve.gexal dexenminou-òe a yújxhiláâade., a densidade, apoaente, a dejiòidade veadaddi Aa, a pohoòidade., o podex calonlfaico e oò teon.ej> de umidade., matexiah voiótz-ίλ, cinzaò o, caabono faixo. Ho geaat obte.ve~òe um canvão de. boa-t, quai.idadea e òem ne.nh.um panãmetno que pudeáòz compn.omex.ea. a aplicação do pnoduzo em U&OÍ, conve.ncionaáj>. INTRODUÇÃO Tendo em vista o projeto de instalação da Hidrelétrica de Balbina, visando fornecer energia elétrica para a cidade de Manaus, foi realizado um estudo de aproveitamento da flora existente na área de formação do reservatório, através de convênio entre INPAe ELETRONORTE. A Hidrelétrica situa-se no rio Uatuma, distante )88 km de Manaus. A floresta presente na área de inundação do reservatório caracteriza-se por uma formação vegetal, própria de região de clima quente e úmido e com elevada precipitação pluv iométr ica. A idéia do aproveitamento da floresta então existente vai de encontro com o que se denomina de "selvage logging", ou seja, o desmatamento de floresta visando atenderasne cessidades para a implantação de projetos agropecuários, eixos rodoviários, projetos de colonização e de hidrelétricas. São desmatamentos quase que imprescindíveis em alguns casos, e o aproveitamento da madeira resultante é algo imediatamente lógico. Na situação atua! da Amazônia, quase todas as madeiras provenientes de áreas desmaiadas para projetos desse tipo sao simplesmente queimadas. A conseqüência desta prãti ca, que é indesejável, do ponto de vista econômico e ecológico, já esta sendo sentida. (*) Trabalho financiado em parte pela ELETRONORTE. ( A *) Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA, Manaus - AM. (***) ESALQ/USP, Piracicaba - SP. ACTA AMAZÔNICA, 19(0nico): 525-530. 1989. 525

É por esta razão que em todas as fases de definição e planejamento dos vários projetos regionais, o setor florestal deve estar envolvido obrigatoriamente, a fim de evitar a continuação do desperdício de recursos valiosos e disponíveis (Reis, 1978). 0 uso desses recursos florestais para abastecer indústrias madeireiras, para produzir energia alternativa, para produção de carvão vegetal assim como outros produtos, deve ser considerado. Das formas de aproveitamento do material lenhoso, o carvoejamento merece destaque especial pelo fato do nosso País ser o maior produtor e consumidor mundial do produ to. Diante desse quadro foi proposto a realização do presente estudo que teve por objetivo a qualificação do carvão vegetal oriundo da área do reservatório de Balbina. Foi uma contribuição técnica auxiliar para a fórmula evidente de aproveitamento madeíreiro da área do lago formado na construção de tal Hidrelétrica. MATERIAL Ε MÉTODOS Utilizou-se madeiras provenientes da área de inundação da Hidrelétrica de Balbina (ELETRONORTE). 0 teor de umidade das peças situava-se entre 25,0 e 35,0¾ e a bitola das mesmas era de 2,00 m de comprimento e diâmetro inferior a 0,18 m. as madeiras que possuíam densidade básica inferior a 0,75 ton/m 3. Foram usadas somente Para as carbonizaçoes foram usados 5 fornos de alvenaria "tipo Colmeia",com 3,20m de diâmetro e uma chaminé lateral com tiragem central de gases. As carbonizações, num total de 23, foram conduzidas segundo padrão normalmente usado e amplamente difundido para os fornos desse tipo. Para cada carbonizaçao foi retirada uma amostra composta por diversos incrementos obtidos do total do carvão produzido. 0 resultado foi a obtenção de um lote de 2 3 amostras de carvão vegetal, cada qua! correspondendo a um volume de 10 litros. Em cada amostra de carvão foram realizados os seguintes ensaios: - friabi1 idade: através do teste de tamboramento, segundo o método citado por 01i veira et al. (1982); - densidade aparente: segundo o método proposto por Oliveira et al. (1982); - densidade verdadeira: obtida utilizando-se o método do picnômetro; - porosidade: estimada a partir da densidade aparente e da densidade verdadeira. A fórmula empregada foi densidade aparente Poros idade (¾) = (1 - ) 100 densidade verdadeira - composição química: através da análise imediata ι oram obtidos os teores de umidade, de matérias voláteis, de carbono fixo e de cinzas segundo a norma NBR 8112 da As- 526 S í1va & Bri to

soeiação Brasileira de NorrÃS ftscnicas; - poder calorífíco superior: foi determinado pelo método da bomba ca lor imétr i ca se_ gundo a norma NBR 8633 da Associação Brasileira de Normas Técnicas. RESULTADOS 0 Quadro I apresenta os resultados individuais e médias dos ensaios sobre o carvão de cada carbonização. DISCUSSÃO Ε CONCLUSÃO A analise dos resultados de cada parâmetro estudado indica: a) Fríabi1 idade - a quantidade media de finos gerados menor que 13 mm através do Teste de Tamboramento foi de 1*4,60%. Silva (1988) analisando a mesma característica do carvão vegetal de misturas de madeiras amazônicas obteve a média de 15,57¾ de finos gerados. Os valores demonstram a relativa pouca geração de finos para o carvão vegetal oriundo de madeiras amazônicas; b) Densidade - não havendo prejuízo para outras propriedades, a densidade do carvão vegetal deve ser sempre elevada. Assim sendo, denota-se que o carvão vegeta 1 de Bal bina e superior em relação por exemplo ao carvão de Eucalyptus, que citado por Oliveira et al. (I982) apresentam valores de 0,38 g/cm 3 e 1,3^ g/cm 3 para as densidades aparente e verdadeira, respectivamente; conhecido que a densidade do carvão e influenciada pela densidade da madeira que lhe deu origem. Como utilizou-se madeira com densidade relativamente alta, obteve-se um carvão de densidade também elevada; c) Poros idade - a medida que aumenta a densidade do carvão vegeta 1, obviamente dj_ minui sua porosidade. Para madeiras mais leves a tendência é produzir carvão mais poro so. Consequentemente, no presente trabalho, a porosidade comportou-se de maneira inver sa em relação a densidade. Obteve-se um menor percentual de poros em se comparando com carvão vegetal normalmente obtido a partir da madeira de Eucalyptus que em geral se situa acima de 75¾ 0 material lenhoso carbonizado em Balbina forneceu um carvão vegetal com porosidade média de 69,55¾; d) Analise Imediata - através da análise imediata determinou-se a umidade, matérias voláteis, cinzas e carbono fixo; 0 carvão é relativamente higroscópico e sua umidade vai depender quase exclusivamente da umidade do ambiente no qual ele está exposto. Como o carvão de Bal bina, ao ser desenfornado foi colocado em saco plástico para nao absorver a umidade do ar,o seu teor de umidade foi inferior em relação a carvão mantido estocado em ambiente naturai. 0 teor Qualidade do carvão vegetal 527

de umidade foi de 5,55%. A matéria volátil residual do carvão vegetal é composta, basicamente, de hídrocaj^ bonetos, monóxidos e diõxido de carbono e hidrogênio. No carvão analisado, o teor de ma; térias voláteis médio foi de 17,11¾. Após a combustão completa do carvão, o resíduo ox idado obtidoé reportado como teor de cinzas que e formado de óxidos minerais. Via de regra, o percentual de cinzas no car vão é ba ixo. 0 carbono é o elemento que se encontra em maior percentual no carvão vegetal. Uma fração sai com o material volátil e outra é responsável pela formação da massa amorfa, permanecendo relativamente estável quando sob aquecimento. 0 teor de carbono fixo é um dos parâmetros de maior interesse ao caracterizar-se um carvão vegetal, haja vista que em geral quanto maior seu teor, melhor o produto. 0 carbono fixo médio do carvão oriun do de Balbina foi 80,92¾. Brito et al. (1982), trabalhando com carvão vegetal obtido de nove espécies de Eu_ calyptus de 10 anos de idade, encontraram 26,7¾, 0,65¾ e 72,9¾, respectivamente para ma térias voláteis, cinzas e carbono fixo. Contrapondo este resultado em rei ação ao carvão produzido em Balbina, verifica-se que este foi superior nos teores carbono fixoe cinzas e inferior no teor de matérias voláteis; e) Poder Calorífíco - as 23 amostras de carvão vegetal analisadas apresentaram um poder calorífíco superior médio de 7-139 Kcal/kg. Doat e Petroff (1975) encontraram em carvão vegetal obtido de madeiras tropicais um poder calorífíco situado entre 7000 e 7500 Kcal/kg. 0 poder calorífíco do carvão estudado presentemente situou-se nesta faixa. Desta forma denota-se que o carvão vegetal obtido com madeiras amazônicas em Balbina é de boa qualidade, destacando-se por ser um produto que apresenta as seguintes característ icas: - não é muito friavel, ou seja, resulta em pouca geração de finos;, - tem boa densidade, tanto aparente como verdadeira; - tem porosidade não elevada; - na composição química, destaca-se o elevado teor de carbono fixo; - tem poder calorífíco superior, relativamente bom. SUMMARY Twenty three wood òampleò farom the, faoreòt ofa the a/tea ofa installation ofathzhydro_ electric ofabalbina, hnazonaf, were carbonized in brick ΚΙΙηλ. The density ο fa the wood òamplea wai 0,75 ton/m $ and humldety waò ranging between 25 and 35%. The analyòlò o fa the charcoal included farlability t density, porosity, heat value, humltlty, volatile^, ath and faixed carbon. It MOO concluded to be poò&ible to obtain a charcool ofa good qualities farom the. wood ofa the Hydroelectric. 528 Silva & Brito

Quadro I. Resultado dos ensaios de friabi1 idade, densidade aparente, densidade verdadeira, porosidade, analise imediata (umidade, matérias voláteis, carbono fixo e cinzas) e poder calorffico do carvão. Amostras Friabi1 idade (% de Densidade Apa Densidade ve Porosidade Umidade Matérias volá Carbono Cinzas Poder Calorffico Su Finos Gerados rente dade i ra (*) (¾) teis Fixo (¾) perior 13 mm) (g/oip) (g/cm3) (%) (*) (Kacal/kg) 01 12,05 0,34 1,41 78,89 4,74 18,02 80,22 1,76 6725 02 8,11 0,44 1,42 69,01 4,56 26,80 69,57 3,63 7038 03 19,86 0,35 1 :24 71,77 4,38 21,13 77,03 1,84 6636 o4 10,16 0,47 \M 67,59 3,84 25,70 72,76 1,54 6541 05 12,13 0,36 1,16 68,97 4,83 20,34 76,94 2,72 6472 06 15,18 0,35 \& 75,89 ^,57 14,05 84,15 1,80 6973 07 16,09 0,39 M5 73,10 4,06 21,71 75,96 2,33 7189 08 22,99 0,41 1,51 72,85 6,57 11,63 86,00 2,37 7424 09 15,22 0,43 1,51 71,52 5,40 17,66 79,80 2,54 7032 10 15,30 0,29 1,41 79,43 5,04 16,81 81,56 1,63 8042 1 i 12,80 0,42 1,49 71,81 6,34 13,82 84,54 1,64 7409 12 11,71 0,44 1,57 71,97 13,67 84,60 1,73 7121-13 17,87 0,58 1,52 61,84 6,78 9,98 87,60 2,42 7442 \M 11,09 0,49 1,48 66,89 5,72 16,99 82,16 0,85 6997 15 19,10 0,39 1,55 74,84 8,47 11,71 87,07 1,22 7032 16 0,42 1,50 72,00 6,59 13,61 84,71 1,68 7279 17 15,84 0,54 1**5 62,76 ^,53 20,98 76,65 2,37 7327 18 26,39 0,58 1,53 62,09 7,50 11,65 86,55 1,80 7189 19 16,08 0,51 1,53 66,67 6,22 11,29 86,57 2,14 7075 20 12,26 0,48 ι Μ 67,12 6,92 11,20 87,11 1,69 7309 2 1 10, 42 0,47 1,42 66,90 5,20 18,12 79,86 2,02 7615 22 10,02 0,48 Μ! 65,96 4,63 21,03 76,75 2,22 7413 23 10,90 0,52 1,40 62,86 5,25 25,54 72,90 1,56 6912 Média 14,60 0,44 M5 69,55 5,55 17,11 80,92 1,89 7.139 Desvio Pad rio 4,43 0,08 0,09 4,80 1,21 5,09 5,30 0,57 3,38

Referências bibliográficas Brito, J. 0.; Barrichelo, L. E. G. ; Migliorini, A. J. ; Seixas, F.; Moramoto, M.C.- 1982. Análise da produção energética e de carvão vegetal de nove espécies de Eucalipto. Silvicultura, 8 (28):742-744. Doat, J. & Petroff, G. - 1975. La carbonization des bois tropicaux. Revue et Forets des Tropíques, Nogent-sur-Harne, 159:55-72. Oliveira, J. B.; Gomes, Ρ. Α.; Almeida, M. R. - 1982. Estudos preliminares de normalização de testes de controle de qualidade do carvão vegetal IN:Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais - CETEC Destilação, carvoejamento, propriedades e controle de qualidade. Belo Horizonte, p. 7-38 (Série de Publicações Técnicas). Reis, M. S. - 1978. Uma definição tecnico-política para aproveitamento racional dos re cursos florestais da Amazonia Brasileira. Ití:Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal. Manaus. Silva, D. A. - 19Í&. Qualidade do carvão vegetal produzido com madeiras da região de Manaus em fornos de alvenaria. Acta Amazônica, Manaus, 18(1-2):163-178. (Aceito para publicação em 06.09.1989) 530 S i1va & Brito