Gêneros e Formatos de Programas de TV local de Campo Grande, MS - um breve perfil 1

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Gêneros e Formatos de Programas de TV local de Campo Grande, MS - um breve perfil 1 Taís Marina Tellaroli 2 Resumo: Este artigo faz parte das reflexões iniciais desenvolvidas no Grupo de Pesquisa Estudos de Televisão do Curso de Jornalismo da UFMS. O trabalho tem como objetivo mapear a produção televisiva local da cidade de Campo Grande, MS a fim de identificar gêneros e formatos a partir da análise de duas emissoras de TV local. Para a análise baseou-se nos estudos e proposta de categorização de formatos televisivos propostos por Yvana Fechine (2001). Para este trabalho serão analisadas as emissoras TV Morena, afiliada à Rede Globo e MS Record, afiliada à Rede Record. Televisão regional Com a chegada das mídias digitais, os meios de comunicação vêm passando por uma avalanche de transformações nas suas rotinas produtivas. Com as emissoras de TV não foi diferente e estas sentiram o impacto de terem que atuar agora em consonância com os receptores mais participativos. Apesar desta mudança, as emissoras de TV regional são ainda motivadas na produção de conteúdo, pelo valor-notícia da proximidade buscando conteúdo local e de interesse local. A televisão regional tem como característica a produção de conteúdo voltada às raízes culturais determinadas por cada localidade, busca-se comunicar para um público específico gerando e disseminando conhecimento próprio de cada região. Dentro do leque da TV regional podem estar as TVs universitárias, comunitárias, TV a cabo, TV pública, entre outras. Mas para definir a TV regional é preciso entender a TV genérica e posteriormente a regionalização da televisão. A programação televisiva nasce inicialmente local e é a partir de 1960 com o sistema de transmissão via satélite e micro-ondas que se inicia o processo de nacionalização das transmissões. O processo de generalização, segundo Meneses (2010) começou pela ideia de integração nacional, tendo como marco o Jornal Nacional em 1969. A televisão genérica definida por Dominique Wolton (1990, p. 119) procura oferecer uma programação com características comuns. Ela assume assim a dimensão de laço social em uma sociedade individualista de massa, onde as duas 1 Trabalho apresentado ao GT história da Mídia Audioviausl e Visual, no 3º Encontro Centro-Oeste de História da Mídia, realizado na UFMS, Campo Grande, entre 23 e 24 de junho de 2016. 2 TELLAROLI, Taís Marina. Professora do Curso de Pós-graduação em Comunicação da UFMS. E-mail: tais.fenelon@ufms.br.

características contraditórias, indivíduo e massa, coabitam. No livro Elogio do grande público, Wolton afirma que o público da televisão é indefinível e que a programação não pode ser adequada ao grande público: Porque insistir no interesse do grande público? Porque ele é o reverso da televisão de massa, tão desvalorizado quanto ela, mas também tão complexo e tão útil para compreender a televisão. A dificuldade de criar o grande público, a sua instabilidade e a sua incerteza se refletem na dificuldade da televisão generalista: ela precisa, a cada dia, seduzir e mobilizar um público que não existe, mas que é, na verdade, a única coisa que lhe confere vida e sentido. Ele é o símbolo da televisão e, no sentido estrito, o que lhe dá seu valor (WOLTON, 1990, p.127). A dificuldade da TV generalista é conseguir atingir todo o público heterogêneo com sua grade de programação, já a TV regional vem buscando diferenciar sua programação a partir de novos códigos e referenciais culturais locais distanciando-se das generalizações e dos modelos impostos pelas redes nacionais de televisão aberta (MENESES,2010, p. 23). Segundo Meneses (2010, p. 63), o território é o principal elemento para que se caracterize a comunicação regional, visto que as emissoras de TV se organizam pelo espaço geográfico. A TV regional está ligada inerentemente à globalização, porém abrange elementos culturais de cada localidade que se misturam às demandas sociais. Os meios de comunicação regionais vão se caracterizar pelo envolvimento que o público terá com suas próprias representações sociais. Na lógica da produção de conteúdo das emissoras de TV aberta, segue-se uma ordem onde as cabeças de rede ficam responsáveis pela maior parte da produção, deixando pouco espaço livre para a produção local, entre 1h30 a 3 horas de produção, variando de emissora para emissora. TVs em Mato Grosso do Sul, com sede em Campo Grande A história da TV em Mato Grosso do Sul, tem início em 25 de dezembro de 1965 com a chegada do sinal da Rede Mato-grossense de Televisão, pertencente ao Grupo Zahran, retransmissora da Rede Globo. Nesta época, o Estado de Mato Grosso do Sul ainda não havia sido criado, mas a transmissão aconteceu na cidade de Campo Grande.

O pedido de concessão previa a instalação de emissoras em três cidades: Cuiabá, por ser a capital do Estado de Mato Grosso; Campo Grande, sede do Grupo Zahran e a maior cidade do centro do estado; e Corumbá, por sua importância histórica e localização estratégica na fronteira com a Bolívia (TONIAZZO, 2007, p. 126). Atualmente, a TV Morena, emissora afiliada à Rede Globo e pertencente à Rede Mato-grossense de Televisão está presente em todos os 79 municípios do Estado de Mato Grosso do Sul e é líder de audiência. Em 1980 é criada a TV Campo Grande afiliada do Sistema Brasileiro de Televisão, pertencente ao Grupo Correio do Estado. De acordo com o institucional da empresa em 2009, passou a ser comandada pela Fundação Internacional de Comunicação. E dois anos depois, começou a ser chamada de SBTMS, onde foi realizado pelo marketing e a direção toda uma reformulação institucional com intuito de reposicionar a marca para todo estado 3. A terceira emissora criada em Campo Grande foi a TV Guanandi em 1987, retransmissora da Rede Bandeirantes, porém as transmissões só começaram em 13 de outubro de 1989. Desde 2002 a emissora pertence à Igreja Internacional da Graça de Deus fundada pelo missionário Romildo Ribeiro Soares. Em 1988 é criada a TV MS retransmissora da Rede Manchete, em 1995 com a decadência da Manchete, a emissora migrou para transmitir o sinal da Rede Record. A emissora pertence às Organizações Ivan Paes Barbosa. Em 25 de agosto de 2008 a emissora passou a se chamar TV MS Record inaugurando uma programação com novos formatos, layout e profissionais reconhecidos no cenário televisivo local. Por último, a quinta emissora criada foi a TVE Regional retransmissora da TV Educativa pela Empresa De Rádio e TV Educativa de MS. Gêneros e formatos na TV brasileira Foi na Grécia antiga que a classificação por gêneros começou a ser pensada, Platão classificou as apresentações feitas na ágora em Gênero Sério (epopeia e tragédia) e Gênero Burlesco (comédia e sátira). Mikhail Baktin foi um dos grandes pensadores que contribuiu 3 Disponível em: http://www.sbtms.com.br/sobre/nossa-historia. Acesso em: 08 abr. 2016.

para analisar os fenômenos linguísticos e literários a partir dos gêneros. É o gênero que orienta todo o uso da linguagem no âmbito de um determinado meio, pois é nele que se manifestam as tendências expressivas mais estáveis e mais organizadas da evolução de um meio, acumuladas ao longo de várias gerações de enunciadores (MACHADO, 1999, p. 143). No Brasil, o primeiro pesquisador a classificar o conteúdo jornalístico em gêneros foi Luiz Beltrão, em gêneros informativo, interpretativo e opinativo. Arlindo Machado explica que no meio televisivo há uma infinidade de gêneros, que aparecem e desaparecem de tempos em tempos, existindo às vezes em regiões geográficas diferentes e em épocas diferentes. José Carlos Aronchi de Souza (2013, p. 5) propõe a classificação de gêneros televisivos a partir de quatro categorias: Categoria entretenimento: auditório, colunismo social, culinário, calouros, desenho, docudrama, especial, evento, ficção, filme, game show, humorístico, infantil, interativo, musical, minissérie, novela, quis show, reality show, religioso, pegadinha, revista, série, sitcom, talk show, teledramaturgia, teleteatro, variedades, videopoema, webvideo, western. Categoria informação: científico, debate, documentário, entrevista, especializado, esportivo, notícia/edição extra, telejornal/telejornalismo. Categoria educação: educativo, ensino complementar, instrutivo. Categoria propaganda: chancela/apoio, filme comercial, institucional, interprograma (chamada da programação), político, prestação de serviço, sorteio, televendas. Aronchi (2013, p. 7-8) também lista os formatos existentes: Ao vivo, animação, auditório, câmera oculta, capítulo, competição, debate, depoimento, documentário, dublado, entrevista, episódio, esquete, game show, instrucional, interativo, legendado, mesa redonda, musical, narração em off, noticiário, quadros, reportagem, revista, seriado, talk show, teleaula, telejornal, teletexto, testemunhal, videoclipe, vinheta, voice over, outro. Yvana Fechine (2001, p. 15) explica que as discussões feitas sobre os gêneros televisivos sempre estiveram presas a rótulos identificando os programas dentro da programação. Os gêneros televisuais podem ser definidos, portanto, como unidades da programação definidas por particularidades organizativas que surgem do

modo como se coloca em relação o apelo a determinadas matrizes culturais (o que inclui toda a tradição dos gêneros das mídias anteriores), a exploração dos recursos técnico-expressivos do meio (dos códigos próprios à imagem videográfica) e a sua própria inserção na grade da programação em função de um conjunto de expectativas do e sobre o público (FECHINE, 2001, p. 16). Para a autora, os gêneros vão se moldando a uma contínua regeneração de discursos que se replicam e se renovam, desta forma não deveríamos rotular cada programa, pois há um hibridismo nas mídias contemporâneas e uma infinidade de possibilidades de categorização. Fechine (2001) propõe enquadrar os programas não mais em gêneros institucionalizados, mas a partir da forma como se organizam a partir de determinados formatos: Formato fundado no diálogo: explora a conversação, como debates e entrevistas. Formato fundado no folhetim: baseia-se nas narrativas ficcionais, como novelas, seriados, etc. Formato fundado no filme: narrativa cinematográfica, exibição de filmes. Formato fundado na performance: focado no entretenimento, atrações musicais, programas de auditório. Formato fundado no jogo: disputa de prêmios, sorteios. Formato fundado no apelo pedagógico: objetivo principal de ensinar. Formato fundado na propaganda/publicidade: é aquele que explora um discurso nitidamente persuasivo com o objetivo explícito de vender algo ao espectador (uma ideologia, um credo, um produto). (FECHINE, 2001, p. 20) Formato fundado na paródia: apelo humorístico. Formato fundado no jornalismo: programas voltados à divulgação de fatos cotidianos seguindo modelos narrativos informativos. Formato fundado na transmissão direta: eventos que são transmitidos ao mesmo tempo em que acontecem, por exemplo, transmissão de partidas esportivas, funerais de pessoas importantes, etc. Formato fundado nas histórias em quadrinhos: narrativas baseadas em animação, desenhos.

Formato fundado no voyeurismo: exploram câmera escondida, pegadinhas. Descrição da programação local Para este trabalho foram selecionadas apenas duas emissoras de TV localizadas em Campo Grande, MS; a TV Morena (afiliada da Rede Globo) e a TV MS (afiliada da Rede Record) para categorização da programação produzida localmente. Por ser um estudo inicial optou-se por analisar inicialmente estas duas emissoras e futuramente incluir as outras empresas para análise de seus conteúdos. Serão classificadas a partir da categorização proposta por Yvana Fechine citada acima. A metodologia utilizada foi a observação direta, considerada uma coleta de dados para obtenção de informações relativas a aspectos da realidade. Segundo Boni; Quaresma (2005) essa técnica é denominada observação assistemática, porque o pesquisador procura entrar em contato direto com a realidade e encontrar elementos sobre o objeto, sem utilizar meios técnicos especiais, sem planejamento ou controle. TV Morena (Rede Globo) Os programas produzidos pela equipe da TV Morena estão voltados predominantemente para a produção de conteúdo informativo e jornalístico, enquadrando-se no formato fundado no jornalismo segundo categorização proposta por Fechine, na categorização de Aronchi enquadram-se na categoria informação. Programa Bom dia MS formato fundado no jornalismo O programa é apresentado pela jornalista Glaura Villalba e é exibido de segunda a sexta-feira às 6h da manhã. Sua principal característica é a divulgação de notícias de Campo

Grande e principais regiões do interior do Estado, onde a emissora mantém equipes como Ponta Porã, Dourados, Corumbá e Três Lagoas, além de previsão do tempo e entrevistas. Programa MSTV 1 edição formato fundado no jornalismo Exibido de segunda a sábado ao meio dia tem como objetivo divulgar notícias atuais da cidade de Campo Grande e cidades do interior de Mato Grosso do Sul. O telejornal produz matérias de bairro atribuídas pelo próprio jornal como jornalismo comunitário. É apresentado por Bruna Mendes e Marcello Rosa. Programa Globo Esporte formato fundado no jornalismo O programa é exibido na sequência do MSTV 1 edição, são exibidas reportagens com enfoque no tema esporte e o tempo de produção é de vinte minutos. A atual apresentadora é Mariana Cintra. Programa MSTV 2 edição formato fundado no jornalismo Exibido de segunda a sábado às 19h15 tem como objetivo divulgar notícias atuais da cidade de Campo Grande e cidades do interior de Mato Grosso do Sul. O telejornal possui tempo menor de duração quando comparado do MSTV 1 edição e apresenta um resumo das principais notícias do dia. É apresentado por Lucimar Lescano. Programa MS Rural - formato fundado no jornalismo O programa MS Rural começou a ser transmitido em julho de 1984. O médico veterinário Osmar Bastos foi o idealizador do programa e permaneceu como apresentador de 1984 até 2008 (OTA, MOURÃO, 2012, p. 6). O programa é exibido todos os sábados pela manhã e é apresentado atualmente pelo jornalista Edevaldo Nascimento. São apresentadas notícias sobre agronegócios e economia do Estado.

Programa Meu Mato Grosso do Sul - formato fundado no jornalismo e na performance Este programa foi criado em 5 de maio de 2012, é apresentado aos sábados às 14h por Everton Falcão e Suelen Frigo. O programa apresenta músicos regionais, reportagens com temas relacionados à cultura do Estado. São produzidas matérias no interior e capital mostrando as belezas de Mato Grosso do Sul, sua cultura, culinária, arte e personalidades. MS Record (Rede Record) A programação da MS Record é predominantemente voltada ao gênero informativo e os formatos são fundados no jornalismo. Atualmente a emissora produz quatro programas; o telejornal MS Record, o programa rural Record Rural, Cidade Alerta MS e Balanço geral. Os dois últimos são formatos estabelecidos pela cabeça de rede e seguem a mesma linha, porém com enfoque nas notícias policiais locais. O programa Cidade Alerta é definido por Dannilo Oliveira (2011, p. 121) como um telejornal do subgênero jornalismo policial, considerado um programa temático de teor sensacionalista e espetacular nas notícias, em que a violência urbana está sempre em primeiro plano. Programa MS Record - formato fundado no jornalismo Exibido de segunda à sexta a partir das 12h45 e aos sábados às 11h é apresentado pela jornalista Ellen Genaro. O telejornal traz as principais notícias de Campo Grande, porém possui equipes que fazem a cobertura das cidades de Dourados, Três Lagoas e Corumbá. Programa Record Rural - formato fundado no jornalismo e no diálogo É apresentado pelo médico veterinário Osmar Bastos de segunda à sexta-feira a partir das 7h30 abordando assuntos voltados ao jornalismo rural, agronegócios e temas ligados à economia do Estado que em grande parte está ligada a agricultura e pecuária. São realizadas entrevistas de estúdio e apresentadas reportagens durante 20 minutos de programa.

Programa Cidade Alerta MS formato fundado no jornalismo e fundado no diálogo O Programa era apresentado pelo Deputado Estadual Maurício Picarelli que decidiu sair da televisão em junho de 2016 passando a apresentação para o jornalista Rodrigo Nascimento. Cidade Alerta é apresentado de segunda à sexta-feira das 18h30 às 19h20 trazendo em grande maioria notícias da editoria de polícia. O modelo segue o padrão da Record nacional. Programa Balanço Geral - formato fundado no jornalismo e na performance O programa Balanço Geral é apresentado por Rezende Junior de segunda à sexta-feira das 11h às 12h45. O programa tem um formato próprio, não segue o formato da Record nacional e traz atrações ao longo da programação. O teor é cômico, tem personagens como, por exemplo, a Mocréia, tem muitas entradas ao vivo que às vezes são feitas na praça Ary Coelho ou na varanda da emissora. Considerações finais A produção televisiva das emissoras analisadas de Campo Grande, MS; TV Morena e MS Record estão voltadas para a produção de conteúdo jornalístico e informativo na grande maioria e cumprem com a expectativa de enfoque no valor notícia proximidade e atualidade, visto que enfocam em fatos que acontecem localmente e são notícias do dia. Ainda que coloquem na programação um pouco de conteúdo voltado ao entretenimento como os Programas Meu Mato Grosso do Sul e Balanço Geral, investem ao mesmo tempo, em notícias temáticas e informações que revelem algo da cultura da região. Buscou-se iniciar um mapeamento que futuramente será ampliado e complementado para que sirva de banco de dados e informações sobre a produção televisiva local.

Referências ARONCHI, José Carlos. Roda dos Gêneros da Televisão Digital Interativa Ferramenta para o desenvolvimento de novos gêneros e formatos de conteúdo para multiplataformas digitais interativas. Intercom Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste Bauru - SP 03 a 05/07/2013. Disponível em:http://portalintercom.org.br/anais/sudeste2013/resumos/r38-1719-1.pdf. Acesso em: 25 mai. 2016.. Gêneros e Formatos na Televisão Brasileira. São Paulo: Summus, 2003 BAZI, Rogério E. R. TV Regional, trajetória e perspectivas. Campinas: Alínea, 2001. BONI, Valdete, QUARESMA, Sílvia. Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevista em Ciências Sociais. Florianópolis: UFSC, 2005. FECHINE, Yvana. Gêneros televisuais: a dinâmica dos formatos. Revista SymposiuM, Universidade de Pernambuco. Ano 5 nº 1 janeiro-junho 2001. KURTH, Estela. Representação das emissoras regionais na grade nacional de programação das redes de televisão. In: Estudos em Jornalismo e Mídia Vol. III No 1-1o semestre de 2006. MACHADO, Arlindo. Pode-se falar em gêneros na televisão? Revista FAMECOS. Porto Alegre, nº 10, junho 1999. MENESES, Verônica Dantas. Cenário da programação de TV regional aberta no Brasil: desafios e perspectivas. Tese (Doutorado) Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília. Brasília, DF, 2010. MOURÃO, Lucas Marinho, OTA, Daniela. Notícias rurais na TV local: o pioneirismo do MS. In: Comunicação & Mercado/UNIGRAN - Dourados - MS, vol. 01, n. 02 edição especial, p. 242-249, nov 2012. Disponível em: http://www.unigran.br/mercado/paginas/arquivos/edicoes/1n2/20.pdf. Acesso em: 25 mai. 2016. OLIVEIRA, Dannilo. Cidade Alerta: jornalismo policial, vigilância e violência. In: GOMES, Itania Maria Mota (Org.). Gênero televisivo e modos de endereçamento no telejornalismo. Salvador: EDUFBA, 2011. TONIAZZO, Gladis. Caminhos da informação na Rede Matogrossense de Televisão. Campo Grande: Uniderp, 2007.

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