LEI Nº 13.864 DE 6 DE SETEMBRO DE 2006 Dispõe sobre a Política de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Ambiental do Município de São Carlos, e dá outras providências. O Prefeito Municipal de São Carlos faz saber que a Câmara Municipal de São Carlos aprovou e ele sanciona e promulga a seguinte Lei: CAPÍTULO I DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO, ARTÍSTICO E AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE SÃO CARLOS Art. 1 o O patrimônio histórico, artístico e ambiental de São Carlos é constituído pelo conjunto de bens culturais de natureza material e imaterial localizados no Município, cuja conservação seja de interesse público, pela sua vinculação a fatos históricos relevantes ou pelo seu valor cultural. Art. 2 o A defesa do patrimônio histórico, artístico e ambiental do Município caberá aos seguintes órgãos, que deverão trabalhar de forma autônoma e integrada: I - Fundação Pró-Memória de São Carlos, órgão responsável pela gestão de políticas de preservação de patrimônio histórico, artístico e ambiental no Município; II - órgãos da Administração Pública Municipal responsáveis pela execução de políticas relacionadas a bens patrimoniais; III - Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Ambiental de São Carlos - COMDEPHAA/SC, órgão paritário, responsável pela defesa do patrimônio histórico, artístico e ambiental do Município. Seção I Da Poligonal de Interesse Histórico Art. 3 o Fica estabelecida a Área de Especial Interesse Histórico do Município, delimitada pela Poligonal de Interesse Histórico, com a finalidade de proteger o patrimônio cultural do Município. Parágrafo único. A Poligonal de Interesse Histórico tem a seguinte delimitação: Rua Visconde de Inhaúma, Avenida Doutor Carlos Botelho, Rua Rui Barbosa, Rua Santa Cruz, Rua Episcopal, Rua Primeiro de Maio e a linha férrea, na região central da cidade; estendendo-se pela Rua Cândido Padim, Rua Doutor Gastão de Sá, Avenida Doutor José Pereira Lopes, Rua Papa João XXIII, Rua Coriolano José Gibertoni e Rua Floriano Peixoto, no bairro Vila Prado / Vila Pelicano. Art. 4 o A Fundação Pró-Memória de São Carlos, quando da solicitação de aprovação de projetos novos, reformas ou autorizações para demolições na área delimitada pela Poligonal de Interesse Histórico, deverá proceder a avaliação técnica do projeto, considerando: I os aspectos arquitetônicos e históricos do edifício; II sua localização.
Parágrafo único. Na área delimitada pela Poligonal de Interesse Histórico não serão aprovadas obras que venham a: a) impedir ou reduzir a visibilidade de bens tombados ou declarados de interesse histórico-cultural; b) obstruir o acesso aos elementos arquitetônicos. Seção II Dos Bens Declarados de Interesse Histórico-Cultural Art. 5 o A Fundação Pró-Memória de São Carlos manterá inscrito no Inventário de Bens Patrimoniais do Município de São Carlos os bens móveis e imóveis que compõem o patrimônio histórico, artístico e ambiental de São Carlos, visando sua proteção e preservação. 1 o Os bens inscritos no Inventário de Bens Patrimoniais serão declarados de interesse histórico-cultural. 2 o A Fundação Pró-Memória de São Carlos publicará, anualmente, o Inventário de Bens Patrimoniais do Município de São Carlos, devidamente atualizado. Art. 6 o Os bens inscritos no Inventário de Bens Patrimoniais serão classificados segundo sua relevância histórica e cultural, obedecida as especificações regulamentadas por Decreto. Art. 7 o Nos casos de solicitação de intervenções em bens constantes do Inventário de Bens Patrimoniais a Fundação Pró-Memória de São Carlos, procederá a avaliação técnica, remetendo-a aos demais órgãos competentes do Município quando couber. Seção III Do Bem Tombado Art. 8 o Os bens móveis e imóveis, de propriedade pública ou particular, assim como os bens imateriais, que compõem o patrimônio histórico, artístico e ambiental de São Carlos serão protegidos através do tombamento, previsto no artigo 216, 1º, da Constituição Federal. 1 o Os bens serão considerados tombados, definitivamente, após sua inscrição, isolada ou agrupadamente, no competente Livro de Tombo. 2 o A Fundação Pró-Memória de São Carlos divulgará anualmente, pela imprensa oficial, a relação atualizada dos bens tombados no âmbito municipal. Art. 9 o Os bens tombados ficam sujeitos à inspeção periódica do COMDEPHAA/SC, da Fundação Pró-Memória de São Carlos e de outros órgãos da Administração Pública Municipal. Art. 10. Os bens imateriais registrados como patrimônio municipal receberão o título de "Patrimônio Cultural de São Carlos". Art. 11. O COMDEPHAA/SC e a Fundação Pró-Memória de São Carlos assegurarão aos bens imateriais:
I a documentação por todos os meios técnicos admitidos e a manutenção de um banco de dados com o material produzido durante o processo; II a divulgação e promoção, para a perpetuação do bem tombado. Art. 12. No mínimo a cada cinco anos deverá ser verificada a permanência dos fundamentos que deram suporte ao registro dos bens imateriais. 1 o A Fundação Pró-Memória de São Carlos encaminhará seu parecer prévio ao COMDEPHAA/SC, que deliberará sobre a revalidação do título de "Patrimônio Cultural de São Carlos". 2 o Sendo negada a revalidação do título pelo CONDEPHAA/SC, a Fundação Pró- Memória de São Carlos manterá apenas o registro, como referência de seu tempo. CAPÍTULO II DO PROCESSO DE TOMBAMENTO Art. 13. O processo de tombamento de bens será iniciado através de requerimento, por qualquer interessado, junto à Fundação Pró-Memória de São Carlos, órgão responsável pela análise técnico-cultural dos bens. 1 o A Fundação Pró-Memória de São Carlos emitirá seu parecer técnico-cultural, e encaminhará o pedido ao COMDEPHAA/SC, para que este delibere sobre o tombamento. 2 o O COMDEPHAA/SC abrirá o processo de tombamento por Resolução. Art. 14. O parecer do COMDEPHAA/SC ordenando a abertura do processo de tombamento assegurará o tombamento provisório do bem. 1 o O proprietário do bem ou qualquer interessado poderá pedir a impugnação circunstanciada do tombamento provisório. 2 o Sendo acatado o pedido de impugnação ou não sendo aprovado o tombamento definitivo, ficam automaticamente suspenso o tombamento provisório. Art. 15. O COMDEPHAA/SC terá o prazo máximo de noventa dias após a abertura do processo para analisar o tombamento. Art. 16. A partir da deliberação do COMDEPHAA/SC que decidir pelo tombamento, o proprietário do bem ou qualquer interessado terá o prazo de trinta dias para apresentar recurso circunstanciado da decisão. Parágrafo único. O recurso será analisado no prazo máximo de sessenta dias em plenária pelo COMDEPHAA/SC, que decidirá sobre o tombamento ou não do bem. Art. 17. Após o decurso do prazo previsto no caput do artigo 16, caso não haja impugnação ao tombamento, o Prefeito Municipal autorizará a Fundação Pró- Memória de São Carlos a inscrever o bem em um dos seguintes livros: I Livro de Tombo Arquitetônico, Paisagístico e Ambiental; II Livro de Tombo das Artes, Artes Populares e Artes Aplicadas; III Livro de Tombo de Bens Imateriais.
Parágrafo único. O tombamento assegurará a completa preservação do bem e de todos os elementos que o compõem. Art. 18. A Fundação Pró-Memória de São Carlos providenciará, no caso de tombamento de bem imóvel, o assentamento da respectiva resolução junto ao Cartório de Registro de Imóveis. Parágrafo único. No caso de bem móvel a Fundação Pró-Memória de São Carlos providenciará o assentamento junto ao Registro de Títulos e Documentos. CAPÍTULO III DAS PENALIDADES Art. 19. Serão aplicadas aos infratores, sem prejuízo das demais sanções cabíveis, as seguintes penalidades: I - quando se tratar de bem imóvel tombado ou declarado de interesse históricocultural: a) pagamento pelo proprietário de multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) quando ocorrer a demolição, destruição ou mutilação do bem sem a prévia autorização dos órgãos competentes; b) pagamento pelo proprietário de multa no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais) quando forem efetuadas quaisquer alterações ou reparações do bem sem a prévia autorização dos órgãos competentes; c) pagamento pelo proprietário de multa no valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais) a R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), quando da realização de qualquer obra na Área de Especial Interesse Histórico e/ou no entorno de bens tombados ou declarados de interesse histórico-cultural, sem a prévia autorização da Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano e da Fundação Pró-Memória de São Carlos; d) pagamento, pelos responsáveis técnicos das obras nas hipóteses enumeradas na alínea a do inciso I deste artigo, de multa no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 30.000,00 (trinta mil reais); e) pagamento, pelos responsáveis técnicos das obras nas hipóteses enumeradas nas alíneas b e c do inciso I deste artigo, de multa no valor de R$ 1.500,00 (um mil e quinhentos reais) a R$ 15.000,00 (quinze mil reais); II - quando se tratar de bem móvel tombado, a destruição, mutilação, restauração e a saída do bem do território municipal sem prévia autorização e/ou a falta de comunicação ao COMDEPHAA/SC sobre o extravio ou furto do bem tombado a multa será no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais); III - quando se tratar de bem natural tombado, a destruição ou mutilação sem prévia autorização do COMDEPHAA/SC, a multa será no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). 1 o O pagamento das multas estabelecidas neste artigo não desobrigará o proprietário da restauração, reconstrução ou recuperação do bem. 2 o O valor da multa fica condicionado a análise histórica e cultural do bem e avaliação de seu valor de mercado apurado por especialista. 3 o O Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Ambiental de São Carlos COMDEPHAA/SC será o responsável pela aplicação e definição do valor das multas prevista neste artigo.
Art. 20. As despesas decorrentes desta Lei correrão por conta de dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário. Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. São Carlos, 6 de setembro de 2006. NEWTON LIMA NETO Prefeito Municipal este texto não substitui o publicado no Jornal Primeira Página edição de 07/09/06