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Transcrição:

Utilização da progesterona, injetável ou impregnada em dispositivo intravaginal, na indução da ciclicidade de novilhas previamente a estação de acasalamento Carlos Santos Gottschall Paulo Ricardo Loss Aguiar Marcos Rosa de Almeida Jéssica Magero Fábio Tolotti Hélio Hadke Bittencourt Yara Bento Pereira Suñé RESUMO Avaliaram-se as taxas de prenhez e de inseminação em novilhas pré-púberes tratadas com progesterona previamente a estação de acasalamento. Foram utilizadas 221 novilhas de corte acasaladas aos 2 anos (144 animais) e 3 anos (77 animais) de idade, sendo submetidas respectivamente aos seguintes tratamentos: P4_5 ml = 5 ml (50 mg) de progesterona injetável (39 vs 0 novilhas); P4_8 ml = 8 ml (80 mg) de progesterona injetável (38 vs 30 novilhas); Sinc_3º uso = dispositivo intravaginal de progesterona de terceiro uso por 8 dias (29 vs 27 novilhas); Testemunha = novilhas sem tratamento hormonal (28 vs 20 novilhas). Os tratamentos foram realizados juntamente com avaliação do ECC e pesagem dos animais 42 dias antes do início da estação de acasalamento. A estação iniciou com aplicação de PGF2α em todos os animais, sendo inseminados após detecção de estro durante 5 dias, sete dias após a inseminação todos os animais foram submetidos a repasse com touros. As taxas de prenhez e de inseminação das novilhas de 2 anos para os grupos P4_5 ml, P4_8 ml, Sinc_3º uso e Testemunha foram, respectivamente: 38,5%, 55,3%, 56,4% e 50,0% (P>0,05); 5,1%, 5,3%, 5,2% e 0,0% (P>0,05). As taxas de prenhez e de inseminação das novilhas de 3 anos para os grupos P4_8 ml, Sinc_3º uso e Testemunha foram, respectivamente: 66,7%, 77,8% e 70,0% (P>0,05); 50,0%, 55,6% e 45,0% (P>0,05). As taxas de prenhez e de inseminação totais para novilhas de 2 e 3 anos foram, respectivamente: 50,0% e 71,4% (P<0,05); 4,2% e 50,6% (P<0,05). Os tratamentos com progesterona não foram efetivos na indução da puberdade nas novilhas de 2 e 3 anos de idade. Entretanto, novilhas de 3 anos apresentaram taxas de prenhez e de inseminação maiores do que novilhas de 2 anos. O peso corporal e o ECC tiveram efeito positivo em novilhas de Carlos Santos Gottschall é Médico Veterinário. Mestre em Zootecnia. Doutorando em Ciência Animal (PPG- UFRGS). Professor do Curso de Medicina Veterinária/ULBRA. E-mail: carlosgott@cpovo.net Paulo Ricardo Loss Aguiar é Médico Veterinário. Doutor em Ciência Animal. Professor do Curso de Medicina Veterinária/ULBRA. Marcos Rosa de Almeida, Jéssica Magero e Fábio Tolotti são Acadêmicos do Curso de Medicina Veterinária/ ULBRA Bolsista PROICT/ULBRA. Hélio Hadke Bittencourt é Estatístico, Mestre em Sensoriamento Remoto e Professor Assistente do Departamento de Estatística da PUCRS. Yara Bento Pereira Suñé é Engenheira Agrônoma. Mestre em Zootecnia (UFRGS). 108Veterinária em Foco Veterinária Canoasem Foco, v.8 v.8, n.2, jan./jun. p.108-120 2011 jan./jun. 2011

3 anos, sendo estas mais pesadas e com taxas de prenhez e de inseminação superiores às novilhas de 2 anos. Palavras-chave: Novilhas. Pré-púberes. Progesterona. Use of progesterone, injectable or impregnated in intravaginal device, in the induction of cyclicity in prepubertal heifers before of the breeding season ABSTRACT The pregnancy and insemination rates were evaluated in prepubertal heifers treated with progesterone before of the breeding season. Were evaluated 221 heifers with 2 (144 animals) and 3 years (77 animals) old of age, respectively distributed to the following treatments: P4_5 ml = 5 ml (50 mg) progesterone injectable (39 vs 0 heifers); P4_8 = 8 ml (80 mg) progesterone injectable (38 vs 30 heifers); Sinc_3º use = intravaginal device progesterone of third use for eight days (29 vs 27 heifers), Control = heifers without hormonal treatment (28 vs 20 heifers). The hormonal treatments were did with assessment ECC and weighing of the animals 42 days before the mating season. The breeding season started with the application of PGF2a in all animals, the heifers were inseminated after detection of estrus for 5 days. Seven days after insemination began the bull remained in all animals. The pregnancy and insemination rates of heifers of two years old for the groups P4_5 ml, P4_8 ml, Sinc_3º use and Control were, respectively: 38.5%, 55.3%, 56.4% and 50.0% (P>0.05), 5.1%, 5.3%, 5.2% and 0.0% (P>0.05). The pregnancy and insemination rates of heifers of three years old for the groups P4_8 ml, Sinc_3º use and Control were, respectively: 66.7%, 77.8% and 70.0% (P>0.05), 50.0%, 55.6% and 45.0% (P> 0.05). The pregnancy and insemination rates total for heifers of 2 and 3 years old were, respectively: 50.0% and 71.4% (P<0.05), 4.2% and 50.6% (P <0 05). Treatments with progesterone were not effective in induction puberty in heifers of two and three years old. However, heifers of three years had pregnancy and insemination rates higher than heifers of two years old. Body weight and BCS had a positive effect in heifers of three years old, these heifers had more weight and higher pregnancy and insemination rates than heifers of two years old. Keywords: Heifers. Prepuberal. Progesterone. INTRODUÇÃO A atividade de cria possui características econômicas inferiores a outras atividades da pecuária de corte. Neste contexto, a redução da idade para o primeiro serviço das novilhas e taxas de prenhez elevadas são fundamentais para a manutenção econômica da bovinocultura de corte (AZAMBUJA, 2003). A utilização de estratégias de manejo para antecipar a puberdade da novilha, objetiva torná-la apta à reprodução o mais cedo possível e aumentar o seu condicionamento fisiológico para que os resultados reprodutivos sejam superiores (AZEREDO, 2008). O tratamento hormonal previamente a estação de acasalamento pode promover efeitos benéficos em novilhas pré-púberes (HALL et al., 1997). Diversos estudos investigaram os efeitos da progesterona na indução da puberdade em novilhas (GONZALES-PADILHA et al., 1975; PATTERSON et al., 1990; PFEIFER et al., 2008). Segundo Patterson (1990), a elevação da concentração sérica de progesterona 109

é necessária para que a atividade luteal seja normalizada. Sugere-se que a progesterona tenha a função de regular a liberação de LH através da redução da retroalimentação negativa do estrógeno sobre o hipotálamo (RASBY et al., 1998). Segundo Claro Júnior et al. (2010), a quantidade de progesterona administrada pode promover respostas diferentes sobre a indução da ciclicidade e do desenvolvimento folicular. Conforme os autores a alta concentração de progesterona pode promover bloqueio na liberação do LH em novilhas acíclicas. Conforme Azeredo (2008), o uso de protocolos hormonais com o intuito de induzir a puberdade de novilhas deve ter indicação quando outros pré-requisitos básicos ao manejo pré-acasalamento forem preenchidos. O manejo nutricional é um ponto fundamental para que novilhas atinjam resultados satisfatórios quando submetidas ao acasalamento (SILVA et al., 2005). A novilha atinge a puberdade quando o seu peso corporal alcança 60-65% do peso da vaca adulta da mesma composição racial (SAWYER et al., 1991). Vários pesquisadores demonstraram a importância do peso corporal para obtenção de taxas de prenhez superiores em novilhas de corte (PEREIRA NETO; LOBATO, 1998; MORAES et al., 2005; GOTTSCHALL et al., 2006). O objetivo deste trabalho foi avaliar a resposta reprodutiva de novilhas de corte pré-púberes, tratadas com progesterona injetável ou com progesterona impregnada em dispositivos intravaginais previamente usados, antecedendo o início da estação de acasalamento. Buscou-se avaliar também, o efeito do peso corporal e do escore de condição corporal (ECC) associados ao desempenho reprodutivo das novilhas. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado em uma propriedade particular situada no município de Lavras do Sul. Foram utilizadas 221 novilhas de corte mestiças, sendo 144 novilhas acasaladas aos 2 anos e 77 novilhas acasaladas aos 3 anos de idade. Os animais eram oriundos de cruzamento entre raças britânicas (Hereford e Angus) e zebuínas acasaladas aos 2 anos e 3 anos de idade. O experimento aconteceu entre o período de 1 de novembro de 2010 e 12 de fevereiro de 2011. Os animais de ambas as idades foram submetidos ao manejo nutricional com o objetivo de atingir cerca de 300 kg até a estação de acasalamento. Os animais de 2 anos tiveram alimentação baseada em campo nativo e pastagem cultivada de azevém durante o inverno, enquanto os animais de 3 anos tiveram alimentação baseada exclusivamente em campo nativo. Os grupos experimentais foram formados 42 dias antes do início da estação de acasalamento. Novilhas de 2 anos formaram os seguintes grupos: P4_5 ml, 39 novilhas foram tratadas com 5 ml (50 mg) de progesterona injetável (Afisterone Hertape Calier); P4_8 ml, 38 novilhas foram tratadas com 8 ml (80 mg) de progesterona injetável (Afisterone Hertape Calier); Sinc_3º uso, 29 novilhas foram tratadas com dispositivo intravaginal de progesterona de 3º uso por 8 dias (Sincrogest 1,0g de progesterona Ouro Fino); Testemunha, 28 novilhas não receberam nenhum tipo de tratamento hormonal 110

previamente a estação de acasalamento. Novilhas acasaladas aos 3 anos formaram os seguintes grupos: P4_8 ml, 30 novilhas foram tratadas com 8 ml (80 mg) de progesterona injetável (Afisterone Hertape Calier); Sinc_3º uso, 27 novilhas foram tratadas com dispositivo intravaginal de progesterona de 3º uso por 8 dias (Sincrogest 1,0g de progesterona Ouro Fino); Testemunha, 20 novilhas não receberam nenhum tipo de tratamento hormonal previamente a estação de acasalamento. Por ocasião da formação dos grupos experimentais, os animais foram submetidos a avaliação do escore de condição corporal (ECC) na escala de 1 a 5 (LOWMAN, 1976) e a pesagem. A estação de acasalamento teve duração de 58 dias, iniciando no dia 12 de dezembro de 2011 e terminando em 08 de fevereiro de 2011. Todos os animais foram submetidos à inseminação artificial no início da estação de acasalamento. No primeiro dia da estação foi administrado 375µg de cloprostenol sódico intramuscular em todos os animais, sequencialmente os animais foram submetidos a observação do comportamento estral e inseminação após 12 horas, durante cinco dias. Após 7 dias do término da inseminação, os animais foram submetidos ao repasse com touros na proporção de 1:30. Os touros foram previamente submetidos ao exame andrológico. O diagnóstico de gestação foi realizado através de palpação retal, 60 dias após o término da estação de acasalamento. As variáveis analisadas referentes a cada grupo tratamento foram: taxa de prenhez, definida como a porcentagem de fêmeas prenhes após o repasse de touros, dividida pelo total de fêmeas do experimento; taxa de inseminação, definida como a porcentagem de fêmeas que foram inseminadas após a manifestação do estro, dividida pelo total de fêmeas do experimento. O peso corporal médio e o escore de condição corporal (ECC) médio foram relacionados com a resposta reprodutiva (vazia e prenhe) e com a realização da inseminação artificial (não e sim) em ambas as idades. Para fins de análise, as informações de cada animal foram agrupadas conforme o grupo tratamento, a resposta reprodutiva (vazia e prenhe) ou a realização da inseminação artificial (não e sim), a partir da idade dos animais (2 ou 3 anos de idade). A análise estatística foi feita a partir do software SPSS 13.0. Os resultados obtidos no experimento foram analisados por meio de análise de variância, teste de correlações, teste t Student e qui-quadrado através do software SPSS 13.0. Interações possíveis entre as variáveis foram testadas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 pode ser observado que não houve diferença entre os grupos tratamento e testemunha, demonstrando que o tratamento com progesterona não foi efetivo na antecipação da puberdade e na elevação das taxas de prenhez das novilhas manejadas (P>0,05). Entretanto, resultados distintos foram observados entre as idades; novilhas de 2 e 3 anos obtiveram, respectivamente, 50,0% e 71,4% de prenhez (P<0,05) (Tabela 1). Segundo Hall et al. (1997), a puberdade é definida como o momento em que ocorre a primeira ovulação juntamente com a manifestação estral seguida pelo desenvolvimento 111

de um corpo lúteo funcional. Conforme Patterson et al. (1990), novilhas necessitam uma elevação dos níveis plasmáticos de progesterona para que ocorra o desenvolvimento da atividade luteal normal, acarretando assim o início da puberdade. O objetivo do tratamento com progesterona é regular a liberação de LH através do declínio pré-puberal da retroalimentação negativa do estradiol sobre o hipotálamo (RASBY et al., 1998). Conforme Anderson et al. (1996) a elevação prévia da progesterona proporciona o aumento na liberação pulsátil de LH, diminuindo o número de receptores para estrógeno no hipotálamo. Neste contexto, Rasby et al.(1998) observaram que a função luteal foi induzida em 55% das novilhas tratadas com progesterona. Azeredo (2008) realizou um tratamento priming com progesterona e progestágeno em novilhas de 22-24 meses de idade previamente a inseminação em tempo fixo. O autor observou um total de 48,0% de prenhez ao final da estação de acasalamento, não havendo diferença entre os grupos tratamento e controle. Claro Júnior et al. (2010) estimularam fêmeas Nelore pré-púberes com 22-26 meses de idade utilizando dispositivos intravaginais de progesterona (1,9 g) de 1º uso ou de 4º uso. Os autores observaram aumento nas taxas de prenhez ao início da estação de acasalamento para os grupos tratamento em relação ao grupo controle (sem suplementação de progesterona). Além disso, os autores relatam que novilhas pré-púberes tratadas com dispositivo de 4º uso tiveram melhor desenvolvimento folicular do que novilhas tratadas com dispositivo de 1º uso. Conforme Claro Júnior et al. (2010), a maior quantidade de progesterona presente no dispositivo de 1º uso pode ter prejudicado a secreção de LH e o desenvolvimento folicular. As taxas de prenhez ao final do acasalamento foram 72,6%, 83,5% e 83,7%, respectivamente para, grupo controle, dispositivo de 1º uso e dispositivo de 4º uso. Pfeifer et al. (2008) observaram que novilhas pré-púberes tratadas com dispositivo de progesterona (1,9 g) apresentaram maior desenvolvimento folicular e taxa de ovulação do que novilhas pré-púberes que não foram tratadas. Segundo os autores, 50% das novilhas que receberam progesterona ovularam em até 5 dias após a remoção do dispositivo de progesterona, 7,1% das novilhas controle ovularam neste mesmo período. TABELA 1 Taxas de prenhez conforme a idade de novilhas submetidas a diferentes tratamentos com progesterona para a indução da puberdade. Tratamento Taxa de Prenhez Novilhas 2 Anos Taxa de Prenhez Novilhas 3 Anos N % N % P4_5 ml (15/39) 38,5 a - - P4_8 ml (21/38) 55,3 a (20/30) 66,7 a Sinc_3º uso (22/39) 56,4 a (21/27) 77,8 a Testemunha (14/28) 50,0 a (14/20) 70,0 a Total (72/144) 50,0 x (55/77) 71,4 y a; valores na mesma coluna, seguidos por letras iguais, não diferem estatisticamente (P>0,05). x,y; valores na mesma linha, seguidos por letras distintas, diferem estatisticamente (P<0,05). 112

Conforme observado na literatura, outras fontes de progesterona são utilizadas na indução da puberdade em novilhas, como implantes auriculares subcutâneos e progestágeno oral (SHORT et al., 1976; HALL et al., 1997). Estes autores ressaltam o efeito positivo da progesterona na ativação do eixo hipotálamo-hipofisário-gonadal em novilhas pré-púberes, ativando a ciclicidade reprodutiva destes animais. Gonzales- Padilha et al. (1975) demonstraram que novilhas tratadas somente com progesterona injetável não tiveram a indução do comportamento estral e também não alteraram o perfil da concentração sérica de LH e FSH. Entretanto, os autores relatam que a adição de estrógeno ao tratamento com progesterona promove melhores resultados do que a progesterona isolada. TABELA 2 Taxa de inseminação conforme a idade de novilhas submetidas a diferentes tratamentos com progesterona para a indução da puberdade. Tratamento Taxa de Inseminação Novilhas 2 Anos Taxa de Inseminação Novilhas 3 Anos N % N % P4_5 ml (2/39) 5,1 a - - P4_8 ml (2/38) 5,3 a (15/30) 50,0 a Sinc_3º Uso (2/39) 5,1 a (15/27) 55,6 a Testemunha (0/28) 0,0 a (9/20) 45,0 a Total (6/144) 4,2 x (39/77) 50,6 y a; valores na mesma coluna, seguidos por letras iguais, não diferem estatisticamente (P>0,05). x,y; valores na mesma linha, seguidos por letras distintas, diferem estatisticamente (P<0,05). Neste trabalho a antecipação da puberdade foi determinada pela detecção de estro e inseminação artificial dos animais nos diferentes grupos avaliados. Na Tabela 2 verifica-se que a taxa de inseminação não demonstrou efeito em nenhum grupo tratamento com diferentes fontes de progesterona e nem no grupo testemunha (P>0,05). Entretanto, houve diferença na taxa de inseminação entre as duas idades trabalhadas, 50,0% e 71,4% para novilhas de 2 e 3 anos de idade respectivamente (P<0.05) (Tabela 2). Hall et al. (1997) verificaram que novilhas pré-púberes tratadas com implante auricular contendo progestágeno por 5 dias, manifestaram mais estro após a retirada do implante do que novilhas não tratadas, 82% e 9% respectivamente. Conforme os autores, a idade parece influenciar a eficácia da progesterona na indução da puberdade da novilha. Este fato pode estar relacionado ao maior período que animais mais velhos têm em comparação aos animais mais jovem para atingirem o desenvolvimento corporal e a maturidade sexual desejada. Claro Júnior et al. (2010) observaram que novilhas tratadas com progesterona tiveram maiores taxas de detecção de estro nos primeiros 7 dias da estação de 113

acasalamento, 19,5%, 42,6% e 39,3% respectivamente para, grupo controle, dispositivo de 1º uso e dispositivo de 4º uso. Rasby et al. (1998) verificaram em novilhas tratadas somente com dispositivo intravaginal de progesterona (1,9 g) 37% de comportamento estral durante 22 dias. Azeredo (2008) observou que novilhas pré-púberes tratadas com dispositivo intravaginal com 1,0g de progesterona tiveram maior manifestação estral (94,1%) do que as novilhas tratadas com progestágeno (70,6%) e as novilhas controle (50,0%). TABELA 3 Relação entre a resposta reprodutiva (vazia ou prenhe) de novilhas com 2 e 3 anos de idade, o ECC médio (Escala 1-5), o peso médio (kg) e a taxa de inseminação (%). Idade Resposta Reprodutiva N % ECC médio (Escala 1-5) Peso médio (kg) Taxa de Inseminação (%) 2 Anos Vazia 72 50,0 a 2,62 a 265,88 a 2,8 a Prenhe 72 50,0 a 2,68 a 268,43 a 5,6 a Total - 144-2,65 267,15 x 4,2 x 3 Anos Vazia 22 28,6 A 2,43 A 279,23 A 22,7 A Prenhe 55 71,4 B 2,65 B 302,64 B 61,8 B Total - 77-2,58 295,95 y 50,6 y a; valores na mesma coluna, seguidos por letras iguais, não diferem estatisticamente (P>0,05). A, B; valores na mesma coluna, seguidos por letras iguais, diferem estatisticamente (P 0,05). x,y; valores na mesma coluna, seguidos por letras distintas, diferem estatisticamente (P<0,05). Na Tabela 3, verifica-se que novilhas de 2 anos de idade demonstraram igualdade percentual entre vazias e prenhes, 50,0% e 50,0% respectivamente (P>0,05). Entretanto, novilhas de 3 anos demonstraram diferença estatística entre vazias e prenhes, 28,6% e 71,4% respectivamente (P<0,05). Relacionando o escore de condição corporal (ECC) e o peso corporal das novilhas 42 dias antes do início da estação do acasalamento com a resposta reprodutiva (vazia ou prenhe) (Tabela 3), pode ser observado que novilhas de 2 anos não demonstraram diferença estatística para ECC (2,62 e 2,68) e peso corporal médio (265,88kg e 268,43kg), respectivamente (P>0,05). A taxa de inseminação para novilhas de 2 anos (2,8% e 5,6%) também não demonstrou diferença estatística entre novilhas vazias e prenhes (P>0,05) (Tabela 3). Entretanto, estas relações referentes às novilhas de 3 anos de idade foram estatisticamente diferentes. Novilhas de 3 anos vazias ou prenhes apresentaram diferença estatística para ECC (2,43 e 2,65) e peso corporal médio (279,23kg e 302,64kg), respectivamente (P<0,05) (Tabela 3). A taxa de inseminação para novilhas de 3 anos (22,7% e 61,8%) também não demonstrou diferença estatística entre novilhas vazias e prenhes (P<0,05) (Tabela 3). Azeredo (2008) observou efeitos semelhantes aos descritos neste trabalho, novilhas que emprenharam foram mais pesadas em relação às novilhas vazias, 255,5kg 114

e 243,1kg, respectivamente. O autor observou a mesma diferença quando comparou os pesos obtidos ao final da estação reprodutiva, ou seja, novilhas prenhes continuaram mais pesadas do que as vazias, mesmo ao final do entoure. Silva et al. (2005) não observaram diferença de pesos entre as novilhas prenhes e vazias. Gottschall et al. (2006) não observaram diferença no peso corporal de novilhas prenhes ou vazias, acasaladas aos 14-15 meses ou aos 26-27 meses de idade. Entretanto, os autores relatam uma faixa de peso mínimo crítico superior aos apresentados neste trabalho (14-15 meses = 305,9kg e 26-27 meses = 330,0kg). Segundo o estudo de Azeredo (2008), houve relação significativa entre peso corporal antes do início da estação de acasalamento e o status ovariano nas novilhas. Rao et al. (1986) encontraram relação positiva entre peso corporal e prenhez em novilhas submetidas a sincronização de estro e ovulação para inseminação artificial. Moraes et al. (2005) observaram o mesmo efeito em novilhas com 2 anos de idade, o peso médio das novilhas prenhes foi maior do que das vazias, 306kg e 291kg respectivamente. Segundo Sawyer et al. (1991), faz-se necessário que novilhas atinjam o peso corporal mínimo (65% do peso corporal da vaca adulta) para que resultados satisfatórios sejam alcançados. A afirmativa de Sawyer et al. (1991) corrobora com os resultados apresentados neste trabalho, onde novilhas com menor peso corporal apresentam menores índices reprodutivos do que novilhas mais pesadas. Apesar de serem idades diferentes, vale ressaltar que houve diferença estatística para o peso corporal médio entre novilhas de 2 e 3 anos de idade, respectivamente, 267,15kg e 295,95kg (P<0,05) (Tabela 3), possivelmente este fato refletiu sobre os parâmetros reprodutivos. Silva et al. (2005) observaram que novilhas aos 24 meses (350,6kg) tiveram maiores taxas de prenhez do que novilhas aos 18 meses (286,7kg), respectivamente, 86,7% e 52,2%. Silva (2003) observou resultados semelhantes, novilhas com peso médio de 301kg e 264kg, obtiveram taxa de prenhez de 73,3% e 26,7%. Pereira Neto e Lobato (1998) trabalhando com novilhas de 24 meses de idade e pesando 329,9kg obtiveram 87,1% de prenhez. Beretta e Lobato (1996) trabalhando com novilhas de corte acasaladas aos 26-27 meses com peso de 351,7 kg obtiveram 100% de prenhez. Gottschall et al. (2006) observaram taxas de prenhez de 87,7% e 94,7% para novilhas acasaladas aos 14-15 meses e 26-27 meses de idade com, respectivamente, 305,9kg e 330,0kg de peso corporal. Segundo Hall et al. (1997), novilhas que se tornam púberes antecipadamente, concebem mais cedo e têm maior produção em suas vidas. Entretanto, os autores ressaltam que novilhas mais velhas e com maior peso corporal, têm desenvolvimento folicular superior podendo proporcionar maiores respostas reprodutivas. A taxa de inseminação foi inferior para novilhas de 2 anos em relação às de 3 anos, 4,2% e 50,6% respectivamente (P<0,05) (Tabela 3). Assim como a taxa de prenhez ao final do entoure, 50,0% e 71,4% para novilhas de 2 e 3 anos respectivamente (P<0,05) (Tabela 4). 115

TABELA 4 Relação entre a inseminação (não e sim) de novilhas com 2 e 3 anos de idade, o peso médio (kg), o ECC médio (Escala 1-5) e a taxa de prenhez (%). Idade Inseminadas N Peso Médio (kg) ECC Médio (Escala 1-5) Taxa de Prenhez (%) 2 Anos Não 138 267,04 a 2,66 a 49,3 A Sim 6 269,83 a 2,50 a 66,7 B Total - 144 267,15 2,65 50,0 x 3 Anos Não 38 278,68 a 2,47 a 55,3 A Sim 39 312,77 a 2,69 b 87,2 B Total - 77 295,95 2,58 71,4 y a; valores na mesma coluna, seguidos por letras iguais, não diferem estatisticamente (P>0,05). a,b; valores na mesma coluna, seguidos por letras distintas, diferem estatisticamente (P>0,05). A, B; valores na mesma coluna, seguidos por letras iguais, diferem estatisticamente (P<0,05). x,y; valores na mesma coluna, seguidos por letras distintas, diferem estatisticamente (P<0,05). Na Tabela 4, verifica-se que quando as novilhas de ambas as idades foram categorizadas conforme a realização da inseminação (não ou sim), o peso médio corporal e o ECC não diferiram estatisticamente (P>0,05). Entretanto, as taxas de prenhez foram distintas entre novilhas inseminadas ou não inseminadas. Novilhas de 2 anos não inseminadas e inseminadas obtiveram, respectivamente, 49,3% e 66,7% de prenhez (P<0,05). Novilhas de 3 anos não inseminadas e inseminadas obtiveram, respectivamente, 55,3% e 87,2% de prenhez (P<0,05). Conforme Simpson et al. (1998), o peso corporal e a condição corporal são fundamentais para a determinação da idade à primeira concepção de novilhas, estando relacionados diretamente com a nutrição. Segundo dados obtidos em estação meteorológica da região de Lavras do Sul (Tabela 5) (SOUZA s.d.), cidade em que ocorreu o trabalho experimental, os índices pluviométricos foram reduzidos nos meses prévios e iniciais à estação de acasalamento (outubro, novembro e dezembro) do biênio 2010-2011. Na Tabela 5 nota-se que o biênio 2010-2011 teve uma média do total acumulado mensal, inferior ao biênio 2009-2010. A média para o total acumulado mensal dos meses de outubro, novembro e dezembro, refletiu a média total, com valores de 318,8mm e 30,8mm, respectivamente para 2009-2010 e 2010-2011. Este fato pode ter interferido negativamente sobre a manifestação de estro e inseminação dos animais. Embora as novilhas de 2 anos tenham sido manejadas sobre pastagem de azevém durante o inverno, esta não apresentou disponibilidade suficiente para permitir ganhos de peso compatíveis com o peso mínimo crítico. Resultando em um baixo peso ao início da estação de acasalamento (267,15kg) do biênio 2010-2011. 116

TABELA 5 Índices pluviométricos entre os meses de julho a março dos biênios 2009-2010 e 2010-2011 da região de Lavras do Sul. Período Total acumulado mensal (mm) 2009 2010 Total acumulado mensal (mm) 2010 2011 Julho 72,5 282,5 Agosto 181,0 50,0 Setembro 348,5 179,5 Outubro 139,0 21,5 Novembro 604,0 35,0 Dezembro 213,5 36,0 Janeiro 180,0 123,9 Fevereiro 185,5 84,0 Março 22,5 85,0 Média Total 216,3 99,7 Fonte: Souza (s.d.). Na Tabela 6 nota-se que o ECC teve relação positiva com peso corporal em ambas as idades (P<0,05). Os resultados referentes às novilhas de 3 anos demonstraram que o ECC teve relação positiva com a resposta reprodutiva dos animais (P<0,05). À medida que aumentou o ECC aumentaram também as taxas de inseminação e as taxas de prenhez, sendo os maiores valores referentes às novilhas com ECC 3,0, 80,0% e 85,0% respectivamente. Estes resultados demonstram que o ECC pode ser um bom preditor da resposta reprodutiva em novilhas. Silva et al. (2005) observaram que novilhas mais jovens e com menor peso corporal apresentaram menor ECC do que novilhas mais velhas e pesadas. Semmelmann et al. (2001) também observaram resultados semelhantes, o ECC de novilhas prenhes foi, em média, 0,11 superior ao ECC de vazias. Entretanto, Silva et al. (2005) ressaltam que o ECC é um parâmetro de menor relevância na avaliação do desenvolvimento corporal de novilhas em crescimento, tornando a visualização das diferenças na condição corporal mais difícil, por isso, não encontrando em alguns momentos relações entre ECC e o desempenho reprodutivo. Outro aspecto a ser ressaltado é a relação do ECC com o peso corporal. O ECC é um escore avaliativo independente do valor do peso corporal. Novilhas necessitam um peso mínimo para obterem resultados reprodutivos satisfatórios (SAWYER et al., 1991), verificasse na Tabela 6 que apenas uma novilha de 2 anos atingiu o peso mínimo necessário. Desta forma, apesar da relação positiva encontrada entre ECC e peso corporal, não houve relação entre ECC e a taxa de inseminação e prenhez nas novilhas de 2 anos. 117

TABELA 6 Relação entre o ECC (Escala 1-5) de novilhas com 2 e 3 anos de idade, o peso médio (kg), a taxa de inseminação (%) e a taxa de prenhez (%). Idade ECC Médio (Escala 1-5) N Peso Médio (kg) Taxa de Inseminação (%) Taxa de Prenhez (%) 2 Anos 2,0 8 247,38 a 12,5 a 37,5 a 2,5 86 265,59 b 4,7 a 47,7 a 3,0 49 272,45 c 2,0 a 55,1 a 3,5 1 300,00 d 0,0 a 100,0 a Total - 144 267,15 4,2 50,0 3 Anos 2,0 7 262,14 a 14,3 a 14,3 a 2,5 50 289,86 b 44,0 b 74,0 b 3,0 20 323,00 c 80,0 c 85,0 c Total - 77 295,95 50,6 71,4 a; valores na mesma coluna, seguidos por letras iguais, não diferem estatisticamente (P>0,05). a, b, c, d; valores na mesma coluna, seguidos por letras iguais, diferem estatisticamente (P<0,05). CONCLUSÕES Os tratamentos com progesterona não foram efetivos na indução e antecipação da puberdade nas novilhas de 2 e 3 anos de idade. Novilhas de 3 anos apresentaram taxas de prenhez e de inseminação maiores do que novilhas de 2 anos. As taxas de prenhez para ambas as idades tiveram influência da inseminação, novilhas inseminadas obtiveram maiores taxas de prenhez do que novilhas não inseminadas. O peso corporal mostrouse fundamental para obtenção de respostas reprodutivas superiores; novilhas de 3 anos foram mais pesadas e obtiveram taxas de prenhez e de inseminação superiores. O ECC apresentou relação positiva com peso corporal em ambas as idades, ou seja, quanto maior o ECC, maior foi o peso corporal. O ECC não demonstrou efeito positivo para taxas de inseminação e de prenhez em novilhas de 2 anos. Em contrapartida, novilhas de 3 anos apresentaram este efeito. Esta relação foi possível devido ao maior peso corporal das novilhas de 3 anos e a interação do ECC com o peso corporal dos animais. REFERÊNCIAS ANDERSON, L.H.; McDOWELL, C.M.; DAY, M.L. Progestin-induced puberty and secretion of luteinizing hormone in heifers. Biology of Reproduction, v.54, n.5, p.1025-1031, 1996. AZAMBUJA, P.S. Sistemas alimentares para o acasalamento de novilhas aos 14/15 meses de idade. Dissertação de Mestrado. Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2003. 118

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