RELATÓRIO FINAL PIBIC/CNPq/IBMEC-RJ

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Transcrição:

RELATÓRIO FINAL PIBIC/CNPq/IBMEC-RJ 1. IDENTIFICAÇÃO Nome do(a) bolsista: Fernanda Gomes Lisbôa Nome do(a) orientador(a): Marcio Gonçalves Curso: Jornalismo Título do Projeto: Formação acadêmica do jornalista: análise das matrizes curriculares Três palavras-chave: jornalismo; matrizes curriculares; ensino. Vigência: 01.08.2015 31.07.2016 2. INTRODUÇÃO Em 1969, ano em que o diploma de jornalista se tornou obrigatório, uma mudança bastante significativa reconfigurou o modelo de ensino universitário nessa área. Com a aprovação do terceiro currículo mínimo, o curso de jornalismo deixou de ser autônomo, tornando-se uma habilitação dentro do curso de comunicação, juntamente com publicidade, relações públicas e editoração. Todas as dezoito universidades que à época ofereciam a graduação de jornalismo tiveram que se adaptar às novas diretrizes (LOPES, 2013, p. 96). Em 2016, as diretrizes curriculares do curso de jornalismo no Brasil voltam a ser revistas e atualizadas e, dessa vez, o curso passa pelo processo oposto: deixa de ser uma habilitação dentro de comunicação e passa a ser autônomo, formando bacharéis em jornalismo no país. O presidente da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação institui adaptações às diretrizes curriculares nacionais para o curso de graduação em Jornalismo, na modalidade bacharelado, a serem observadas pelas instituições de educação superior (IES) na criação de uma nova matriz curricular. Após publicação em Diário Oficial da União, que é datada de 01 de outubro de 2013, as IES têm até dois anos mais pela frente para atender às exigências impostas. O prazo máximo, portanto, para que as IES apresentem novo currículo aos novos entrantes é até o primeiro semestre de 2016. A orientação, conforme prevê a resolução que estrutura do curso de bacharelado em Jornalismo deve: i) ter como eixo de desenvolvimento curricular as necessidades de informação e de expressão dialógica dos indivíduos e da sociedade; ii) utilizar metodologias que privilegiem a participação ativa do aluno na construção do conhecimento e a integração entre os conteúdos, além de estimular a interação entre o

ensino, a pesquisa e a extensão, propiciando suas articulações com diferentes segmentos da sociedade; iii) promover a integração teoria/prática e a interdisciplinaridade entre os eixos de desenvolvimento curricular; iv) inserir precocemente o aluno em atividades didáticas relevantes para a sua futura vida profissional; v) utilizar diferentes cenários de ensino-aprendizagem, permitindo assim ao aluno conhecer e vivenciar situações variadas em equipes multiprofissionais; vi) propiciar a interação permanente do aluno com fontes, profissionais e públicos do jornalismo, desde o início de sua formação, estimulando, desse modo, o aluno a lidar com problemas reais, assumindo responsabilidades crescentes, compatíveis com seu grau de autonomia. No que tange ao projeto pedagógico do curso de graduação em Jornalismo, com as devidas peculiaridades, o currículo pleno e a operacionalização deve abranger os seguintes elementos estruturais: i) concepção e objetivos gerais do curso, contextualizados em relação às suas inserções institucional, política, geográfica e social; ii) condições objetivas de oferta e vocação do curso; iii) cargas horárias das atividades didáticas e da integralização do curso; iv) formas de efetivação da interdisciplinaridade; v) modos de integração entre teoria e prática; vi) formas de avaliação do ensino e da aprendizagem; vii) modos de integração entre graduação e pós-graduação; viii) incentivo à pesquisa e à extensão, como necessários prolongamentos das atividades de ensino e como instrumentos para a iniciação científica e cidadã; ix) regulamentação das atividades do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), componente obrigatório a ser realizado sob a supervisão docente; x) regulamentação das atividades do estágio curricular supervisionado, contendo suas diferentes formas e condições de realização; xi) concepção e composição das atividades complementares, quando existentes. A carga horária total do curso deve ser de, no mínimo, 3.000 (três mil) horas, sendo que, de acordo com a Resolução CNE/CES no 2/2007, o estágio curricular supervisionado e as atividades complementares não poderão exceder a 20% (vinte por cento) da carga horária total do curso. A carga horária mínima destinada ao estágio curricular supervisionado deve ser de 200 (duzentas) horas.

A partir das possibilidades de adaptações e reformulações dos currículos é chegada a hora de perceber as oportunidades desse novo contexto. Com o incremento das tecnologias de informação e de comunicação e o consequente aumento das possibilidades de uso das novas mídias, um cenário novo abre-se para o profissional do jornalismo. O jornalista dos dias de hoje não é mais aquele profissional que apura, redige, edita e publica a notícia. Ele deve ter capacidade de realizar isso e muito mais. Ter conhecimento das áreas de marketing, publicidade, informática, design, fotografia, entre outras, tornou-se fundamental. É preciso também estar atento às mudanças tecnológicas e às demandas geradas pelo leitor, como frisa Oliveira (2008, p. 53): Essa realidade [de mercado] modifica as normas e as formas de se relacionar com o saber [...] percebendo o jovem como sujeito de seu processo de conhecimento. Para isso, ele precisa estar mergulhado no contexto, atento e acompanhando as mudanças para poder conhecer e analisar as questões políticas, econômicas, sociais e culturais que o cercam e que interferem na sua vida cotidiana. Em notícias publicadas online, é claramente perceptível a tendência dos comentários e compartilhamentos, com acréscimo de fotografias, vídeos e, até mesmo, de novas informações. No cenário da web 2.0 todos querem produzir conteúdo e ter os seus "quinze minutos de repórter". E podem realmente tê-lo. Essa tendência reforça ainda mais a essencialidade do papel do jornalista, que passa a ser primordialmente um curador de notícias e não mais apenas produtor de informações. A presente pesquisa, portanto, quer monitorar se, com as novas diretrizes, os cursos de graduação em jornalismo irão acompanhar os desafios que os profissionais enfrentam diante dessa nova ordem mundial digital. 3. JUSTIFICATIVA Diante do cenário atual de mudanças no contexto jornalístico, no qual se passou a adotar obrigatoriamente novas matrizes curriculares para o curso, acredita-se ser de extrema importância a presente análise, que visa verificar o cumprimento do que foi requisitado na Resolução n o 1, de 27 de setembro de 2013. Urge a necessidade de que estudantes e professores da graduação de jornalismo, futuros egressos do curso e até mesmo as IES reavaliem as matrizes e formas de disponibilização das disciplinas a partir da exigência do Ministério da Educação. 4. OBJETIVOS Objetivo geral

Mapear as novas matrizes curriculares do curso de bacharelado em jornalismo das instituições de ensino superior do estado do Rio de Janeiro. Objetivos específicos Avaliar as novas matrizes curriculares correlacionando-as com as diretrizes propostas pelo Conselho Nacional de Educação e analisar se elas atendem à formação profissional que o mercado de trabalho espera. 5. REVISÃO DE LITERATURA A revisão de literatura contempla autores que refletem a identidade profissional e a formação acadêmica do jornalista, além daqueles que apresentam o cenário das mudanças pelas quais a sociedade passa. 6. METODOLOGIA UTILIZADA A análise documental como método e como técnica e a análise de conteúdo são as duas metodologias adotadas. A análise documental compreende a identificação, a verificação e a apreciação de documentos para determinado fim, explica Moreira (2009, p. 270-271). Como metodologia qualitativa, a intenção é verificar o teor e o conteúdo do material selecionado para análise. Nessa pesquisa, as matrizes curriculares são o material em questão e o recorte é o das IES do estado do Rio de Janeiro, conforme lista a seguir: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Universidade Federal Fluminense (UFF) Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) Faculdade de Economia e Finanças Ibmec (FACULDADES IBMEC) Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO) Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA) Universidade Estácio de Sá (UNESA) Universidade Veiga de Almeida (UVA) Centro Universitário Carioca (UNICARIOCA) Universidade do Grande Rio Professor José de Souza Herdy (UNIGRANRIO) Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM) Universidade Castelo Branco (UCB) Universidade Cândido Mendes (UCAM) Centro Universitário Plínio Leite (UNIPLI) Faculdade Pinheiro Guimarães (FAPG) Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) Centro Universitário Geraldo de Biase (UGB) Faculdade Salesiana Maria Auxiliadora (FSMA) Centro Universitário Fluminense (UNIFLU) Centro Universitário de Volta Redonda (UNIFOA) Centro Universitário de Barra Mansa (UBM) Faculdade de Ciências Econômicas, Administrativas e da Computação Dom Bosco (FCEACDB)

Em complementação à análise documental está a análise de conteúdo, pois a inferência é considerada uma operação lógica destinada a extrair conhecimentos sobre os aspectos latentes da mensagem analisada, salienta FONSECA JÚNIOR (2009, p. 284). 7. ANÁLISE DOS RESULTADOS ALCANÇADOS As novas diretrizes curriculares para o curso de jornalismo foram propostas no ano de 2009 pelo Ministro da Educação à época, Fernando Haddad, e aprovadas em 2013 pelo MEC (Ministério da Educação): A Comissão de Especialistas nomeada pela Portaria MEC-SESU 203/2009 recebeu do Ministro Fernando Haddad a missão de repensar o ensino de Jornalismo no contexto de uma sociedade em processo de transformação. Trata-se de fenômeno decorrente do fortalecimento da democracia, no qual o Jornalismo, assim como outras áreas do conhecimento, desempenha papel decisivo, informando os cidadãos e formando as correntes de opinião pública. Uma das mudanças adotadas é que o diplomado no curso superior de jornalismo passa a ser configurado como bacharel em jornalismo e não mais em comunicação com habilitação em jornalismo. Além disso, visa-se uma forte integração entre conteúdo, pesquisa e extensão, o que torna a sociedade uma das partes importantes do processo de formação do estudante de graduação. E a integração da teoria com a prática, fazendo com que o estudante desde o início do curso já possa vivenciar experiências que contribuam para a sua futura vida profissional. Porém, essas mudanças no rumo do ensino do jornalismo propostas atualmente para as IES não é novidade, ela já vinha sendo discutida desde o início dos anos 1950, como aponta Lopes (2013, p.66): Além da tensão sobre formação teórica e prática, outra questão se expressava em relação ao teor educacional para os jornalistas. Enquanto o contexto acadêmico era altamente influenciado pela Europa e suas teorias, a prática no mercado de trabalho nesse momento vivia sob a tensa relação entre a tradição de um jornalismo mais jurídico-literário-opinativo e a valorização de modelos americanos. Para analisar o que efetivamente muda neste cenário das novas diretrizes curriculares para o curso já postas em prática, selecionou-se um recorte das IES (Instituições de Ensino Superior) do estado do Rio de Janeiro. No total, são vinte e três instituições, das quais foi possível obter vinte e uma grades curriculares, porém, com alguns apontamentos importantes a serem feitos.

De todas as diretrizes curriculares buscadas, duas não se encontravam disponíveis nos sites das instituições em questão, onde tampouco se encontrava meios para entrar em contato com o coordenador do curso. Faz-se importante apontar também que em muitos dos sites não é possível encontrar uma matriz curricular detalhada. Na maioria das vezes, há apenas uma listagem das disciplinas ofertadas dividas entre os oito períodos que correspondem ao curso. Há também sites que nem mesmo realizam essa divisão entre períodos, disponibilizam simplesmente uma lista das disciplinas ofertadas no curso em ordem alfabética. Na maioria dos sites observou-se ausência de informações cruciais para os futuros egressos: não há ementas, créditos e horas correspondentes às disciplinas. Matérias eletivas muitas das vezes também deixaram de ser elencadas. Além disso, observou-se que muitas instituições ainda não haviam atualizado a matriz curricular do curso de jornalismo conforme as novas diretrizes em seus sites, o que dificultou uma análise mais verossímil à realidade dos novos currículos do curso apresentados pelas IES. Ao realizar-se a divisão das disciplinas entre os eixos Teorias e Humanidades, Editorias, Planejamento e Comunicação Organizacional e Produção de conteúdo e Técnicas, das vinte e uma grades curriculares analisadas, encontrou-se um total de 923 disciplinas (somando todas as disciplinas de cada IES). O gráfico a seguir representa o percentual representado por cada um dos campos de conhecimento: Campos de conhecimento Teorias e Humanidades (43,34%) Editorias (3,36%) Planejamento e Comunicação Organizacional (7,91%) Produção de conteúdo e Técnicas (45,40%) Gráfico 1: Percentual dos campos de conhecimento encontrados no total das vinte e uma IES analisadas. Podemos considerar positivo o fato dos campos de conhecimento Teorias e Humanidades e Produção de conteúdo e Técnicas estarem praticamente empatados em

quantidade de disciplinas. Acreditava-se que o campo Teorias e Humanidades fosse ter um indicador superior aos demais, mas em realidade o que se observou foi um índice de Produção de conteúdo e Técnicas ainda um pouco maior do que o primeiro (sendo 45,40% neste e 43,34% naquele). Com isso, é possível inferir que tal resultado pôde ser obtido devido à tendência que os cursos de jornalismo adotaram desde o seu início de unir a teoria à prática. Isso ocorre porque tal curso surgiu, em grande parte, devido a uma demanda de especialização técnica dos profissionais para atuação no mercado de trabalho. O que observa Lopes (2013, p. 67): [...] A consolidação dessa atividade [o jornalismo] como uma profissão e o reconhecimento dos jornalistas no espaço social como profissionais, bem como a criação e o crescimento do número de escolas de jornalismo no Brasil, estão, em grande parte, relacionados aos processos de valorização mercantil da informação. Referente aos currículos de acordo com as novas diretrizes, foi possível notar um aumento das disciplinas do campo de conhecimento Planejamento e Comunicação Organizacional. Acredita-se que isto ocorra por conta de uma demanda crescente de mercado, pois o jornalista vem sendo cada vez mais solicitado para áreas organizacionais, como comunicação organizacional, comunicação interna, comunicação de crise e risco e assessoria de imprensa. Segundo Lopes, atualmente (2013, p.14): A tensão entre teoria e prática e eventuais acirramentos de um antagonismo que não deveria existir é o ponto nevrálgico que perpassa toda a história do ensino de jornalismo no Brasil. De maneira abrangente e rápida, é aceitável afirmar que, embora haja diversas nuances e complexidades, os conflitos revelam uma tensão entre as concorrentes que tendem a valorizar uma formação mais humanística, filosófica e abrangente e as que dão mais ênfase aos fazeres jornalísticos, privilegiando o ensino das práticas e mesmo teorizando sobre elas (LOPES, 2013, p. 14). Considerando o que foi dito pela autora, resolveu-se apurar mais criteriosamente a incidência dos campos de conhecimento separados entre as IES públicas (4) e as privadas (19), já que se pensava que nas públicas a incidência de disciplinas ligadas ao campo das Teorias e Humanidades seria maior e nas particulares seria maior a incidência das disciplinas ligadas à Produção de conteúdo e Técnicas. Com isso, chegou-se ao seguinte resultado:

Campos de conhecimento - IES Públicas Teorias e Humanidades (50%) Editorias (1,23%) Planejamento e Comunicação Organizacional (3,09%) Produção de conteúdo e Técnicas (45,68%) Gráfico 2: Percentual dos campos de conhecimento encontrados no total das quatro IES públicas. Campos de conhecimento - IES Privadas Teorias e Humanidades (41,92%) Editorias (3,81%) Planejamento e Comunicação Organizacional (8,94%) Produção de conteúdo e Técnicas (45,34%) Gráfico 3: Percentual dos campos de conhecimento encontrados no total das dezenove IES privadas. Foi surpreendente verificar que os percentuais dos campos Teorias e Humanidades e Produção de conteúdo e Técnicas ficaram bastante equiparados, principalmente no segundo campo. No primeiro, vemos uma variação de cerca de 8%, no qual as IES privadas possuem 50% de suas grades formadas por disciplinas pertencentes ao campo das Teorias e Humanidades, enquanto que nas IES privadas essa fatia corresponde a cerca de 42%. Acreditava-se que essa variação seria maior.

Já no campo Planejamento e Comunicação Organizacional, a variação foi de cerca de 6%, no qual as IES privadas saem à frente, com cerca de 9% das disciplinas ligadas a essa área de conhecimento, enquanto nas públicas observamos um total de cerca de 3%. Sendo assim, conclui-se que essa variação não é tão expressiva e, portanto, não é suficiente para caracterizar IES públicas como mais teóricas e privadas como mais práticas. Observou-se um equilíbrio nos campos de conhecimento das disciplinas de ambas as categorias de IES e que tem sido crescente a oferta de mais disciplinas dentro do campo de Planejamento e Comunicação Organizacional, campo que absorve grande parte dos profissionais jornalistas 8. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo contribui para a que se entenda o atual cenário da qualidade dos cursos de jornalismo em determinadas universidades, faculdades e centros de ensino do estado do Rio de Janeiro. Pode-se ver que houve adaptações para atender às exigências da legislação em vigor, mas o esforço para adaptar-se às mudanças não depende apenas das instituições, envolve também estudantes e mercado de trabalho. Na posição do estudante, ele deve estar atento à qualidade do ensino que lhe é oferecido. Sabe-se que o curso de jornalismo demanda estrutura com laboratórios de televisão, rádio e de novas tecnologias. O futuro jornalista, portanto, deve acompanhar a evolução das mídias para ocupar o mercado, seja em pesquisa acadêmica ou nos postos de trabalho. O mercado de trabalho, consequentemente, deve andar junto das descobertas e mudanças acadêmicas para entender se o egresso ou estagiário chega com conhecimentos básicos para começar a exercer a profissão. O diálogo, entre estudantes, academia e mercado deve, assim, ser incentivado para garantir uma formação mais plena. 8. REFERÊNCIAS BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2002. BRASIL. Ministério da Educação Conselho Nacional de Educação Câmara de Educação Superior. Resolução nº 1, de 27 de setembro de 2013. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=14242- rces001-13&category_slug=setembro-2013-pdf&itemid=30192> Acesso em 27 jul. 2016. BRASIL. Relatório da Comissão de Especialistas instituída pelo Ministério da Educação. Portaria Nº 203/2009, de 12 de fevereiro de 2009. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/documento_final_cursos_jornalismo.pdf> Acesso em 27 jul. 2016.

FONSECA JÚNIOR, Wilson Corrêa. Análise do conteúdo. In: DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio (Orgs.). Metódos e técnicas de Pesquisa em Comunicação. São Paulo: Atlas, 2009. LOPES, Fernanda Lima. Ser jornalista no Brasil: identidade profissional e formação acadêmica. São Paulo: Paulus, 2013. MARSHALL, Leandro. A estética da mercadoria jornalística. Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/marshall-leandro-estetica-mercadoria-jornalistica.pdf>. Acesso em 26 maio 2015.. O jornalismo na era da publicidade. São Paulo: Summus editorial, 2003. 172 p. MOREIRA, Sonia Virgínia. Análise documental como método e como técnica. In: DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio (Orgs). Métodos e técnicas de pesquisa em comunicação. São Paulo: Atlas, 2009. MATTOS, Sergio. Os desafios das novas diretrizes do Curso de Jornalismo. Entrevista especial com Sérgio Mattos. IHU On-line, São Leopoldo, 21 jan. 2014. Disponível em: <http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/527399-os-desafios-das-novas-diretrizes-do-cursode-jornalismo-entrevista-especial-com-sergio-mattos> Acesso em 27 jul. 2016. PORTO Jr, Francisco G. R; OLIVEIRA, Daniela B. de. O currículo em Comunicação Social/Jornalismo: a formação Pós- Bolonha e a construção permanente de competências e habilidades. 5 Simpósio Internacional de Ciberjornalismo, Campo Grande, MS, Agosto de 2014, Anais... Campo Grande, 2014. ROMANCINI, Richard; LAGO, Cláudia. História do jornalismo no Brasil. Florianópolis: Insular, 2007. 276 p. WOLF, Mauro. Teorias da comunicação. Lisboa: Presença, 1992. LOCAL: DATA: ASSINATURA DO(A) BOLSISTA: ASSINATURA DO(A) PROFESSOR(A) ORIENTADOR(A): ASSINATURA DO(A) ORIENTADOR(A):