SENADO FEDERAL PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 95, DE 2011 O CONGRESSO NACIONAL decreta: Altera a Lei nº 8.906, de 04 de julho de 1994, para ampliar o conceito de atividade de advocacia, atividade jurídica ou prática forense, para fins de habilitação em concurso público. Art. 1º O art. 3º da Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994, passa a vigorar acrescido dos seguintes 3º e 4º: Art. 3º...... 3º Considera-se, ainda, como atividade de advocacia, atividade jurídica ou prática forense, para fins de habilitação em concurso público, o cumprimento de estágio de Direito reconhecido por lei e o desempenho, pelo bacharel em Direito, de cargo, emprego ou função, de nível superior, de atividades eminentemente jurídicas. 4º Nos concursos públicos para ingresso na carreira da Magistratura ou na carreira do Ministério Público, aplica-se o disposto no 3º deste artigo, à exceção do cumprimento de estágio de Direito reconhecido por lei, que não será considerado. (NR) Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
2 JUSTIFICAÇÃO O presente projeto de lei objetiva considerar como atividade de advocacia, atividade jurídica ou prática forense, para fins de habilitação em concurso público, o cumprimento de estágio de Direito reconhecido por lei e o desempenho de cargo, emprego ou função, de nível superior, de atividades eminentemente jurídicas. A alteração de dispositivo conceitual, genérico, que trata da atividade de advocacia, em diploma legal não marcado pela cláusula de reserva da iniciativa Lei nº 8.906, de 1994 -, é a alternativa mais adequada a padronizar a matéria e a estender a visão ampliada do conceito de atividade jurídica aos concursos públicos que, eventualmente, não a adotem. Uma norma que admita a contagem do tempo de estágio não pode, contudo, ser aplicada nos concursos de ingresso na Magistratura e no Ministério Público. É que o art. 93, inciso I, e o art. 129, 3º, da Constituição Federal, com a redação conferida pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004, exigem que o bacharel em Direito demonstre o exercício de, no mínimo, três anos de atividade jurídica. Nesse sentido, foi necessária a apresentação de regra específica no 4º que se propõe acrescer ao art. 3º da Lei nº 8.906, de 1994. O debate sobre a real abrangência das expressões atividade de advocacia, atividade jurídica ou prática forense, há tempos já foi submetido ao Poder Judiciário. Pacífica e recorrente é a jurisprudência, tanto do Superior Tribunal de Justiça (STJ), quanto do Supremo Tribunal Federal (STF) no sentido de conferir interpretação ampliativa e extensiva às mencionadas expressões. Nesse contexto, o Poder Judiciário brasileiro considera como tempo de efetivo exercício de advocacia, de atividade jurídica ou de prática forense, para fins de habilitação em concurso público para carreiras jurídicas, o tempo decorrido no exercício de cargos privativos de bacharel em Direito, ou em cargos que, ainda que não privativos, propiciem aos seus ocupantes experiência e aprofundamento jurídico, seja no âmbito do processo administrativo, seja no âmbito do processo judicial.
3 Tão flexível tem sido a exegese do Poder Judiciário nessa matéria, em especial, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), órgão máximo de análise da legislação infraconstitucional, que até o tempo referente ao estágio forense é considerado. Cuida-se, pois, de buscar, com o presente projeto, mecanismos legais que assegurem tratamento isonômico nos concursos públicos jurídicos que, em grande medida, são muito atraentes em face das responsabilidades, destaque profissional e remuneração. Restringir o conceito de atividade jurídica àqueles que militam na advocacia privada significa punir levas numerosas de jovens que desde cedo veem no setor público a forma ideal de ingressar no mercado de trabalho e de obter meios de prover suas subsistências e de suas famílias. São esses jovens, que se esforçam e que buscam evoluir profissionalmente se candidatando a outros cargos e carreiras mais atrativos, os grandes prejudicados por uma interpretação restritiva do conceito de atividade jurídica. Assim, Srªs e Srs. Senadores, submeto o presente projeto ao crivo de Vossas Excelências, aguardando que as propostas isonômicas nele contidas sejam debatidas e, ao final, aprovadas. Sala das Sessões, Senador JOSÉ PIMENTEL
4 LEGISLAÇÃO CITADA LEI Nº 8.906, DE 4 DE JULHO DE 1994. Dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: TÍTULO I Da Advocacia CAPÍTULO I Da Atividade de Advocacia Art. 3º O exercício da atividade de advocacia no território brasileiro e a denominação de advogado são privativos dos inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), 1º Exercem atividade de advocacia, sujeitando-se ao regime desta lei, além do regime próprio a que se subordinem, os integrantes da Advocacia-Geral da União, da Procuradoria da Fazenda Nacional, da Defensoria Pública e das Procuradorias e Consultorias Jurídicas dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas entidades de administração indireta e fundacional. 2º O estagiário de advocacia, regularmente inscrito, pode praticar os atos previstos no art. 1º, na forma do regimento geral, em conjunto com advogado e sob responsabilidade deste. Art. 4º São nulos os atos privativos de advogado praticados por pessoa não inscrita na OAB, sem prejuízo das sanções civis, penais e administrativas. Parágrafo único. São também nulos os atos praticados por advogado impedido - no âmbito do impedimento - suspenso, licenciado ou que passar a exercer atividade incompatível com a advocacia.
5 CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios: I - ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) "Art.129.... 2º As funções do Ministério Público só podem ser exercidas por integrantes da carreira, que deverão residir na comarca da respectiva lotação, salvo autorização do chefe da instituição. 3º O ingresso na carreira do Ministério Público far-se-á mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em sua realização, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e observando-se, nas nomeações, a ordem de classificação. (À Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, em decisão terminativa) Publicado no DSF, em 18/03/2011. Secretaria Especial de Editoração e Publicações do Senado Federal Brasília-DF OS: 10826/2011