SUPLEMENTAÇÃO VITAMÍNICA E DESMAME TEMPORÁRIO SOBRE A ATIVIDADE REPRODUTIVA EM VACAS DE CORTE VITAMINE SUPPLEMENTATION AND TEMPORARY WEANING ON REPRODUCTIVE ACTIVITY IN BEEF COWS Jorge Schafhäuser Jr. 1 & Wyllian Gaede 2. RESUMO Foram estudados os efeitos da suplementação com 2.000.000 U.I. de vitamina A, após o parto, e do desmame temporário, por 72 horas, 60 dias após o parto, sobre a atividade reprodutiva de vacas Nelore, em regime extensivo. O experimento foi realizado no município de Rio Casca, zona da mata de Minas Gerais. Foram utilizadas 77 vacas, distribuídas aleatoriamente entre os tratamentos, num esquema fatorial 2 x 2, no delineamento inteiramente casualizado, sendo que cada animal representou uma parcela. Para as coberturas foram utilizados touros férteis, portando buçais marcadores, na proporção de 4%. Não foi observado efeito da vitamina A (P<0,05) sobre a atividade reprodutiva pós-parto nos animais. Um período de estiagem pode ter influenciado os resultados, uma vez que houve acentuada perda de peso dos animais. As taxas de prenhez foram 15,4 e 13,1% para os animais suplementados e não suplementados, respectivamente. Não houve efeito do desmame sobre a prenhez das vacas (P<0,05), que apresentaram 41,2 e 23,5% de prenhez, para o grupo desmamado e não desmamado, respectivamente. A suplementação com vitamina A e o desmame temporário não foram eficientes para elevar a taxa de fertilidade das vacas, nas condições em que foi realizado o experimento. Novos trabalhos devem ser realizados. Palavras-chave: Bovinos de corte, desmame temporário, suplementação vitamínica, taxa de prenhez, vacas Nelore, vitamina A e fertilidade. ABSTRACT Data from 77 cows of Nelore breed were studied to find the effect of vitamine A and temporary weaning about the pregnancy rate, in Rio Casca town, Minas Gerais, Brazil. The 1 Zootecnista M.Sc. Prof. Dpto Nutrição Animal, FZVA - PUCRS. Campus Uruguaiana. 2 Estudante de Zootecnia, DZO - UFV. Viçosa - MG.
Schafhäuser Jr., J. & Gaede, W. 94 vitamine was applied in the day of parturition, and the weaning was made 60 days after parturition, for 72 hours. The cows were alocated randomly in the treatments. Fertile bulls were used to and mark cows when they were mated. No effects were find about vitamine supplementation and temporary weaning, probably because the forage availability was very low, and the cows loss body weight very fast after parturition. The rate of pregnancy were 15,4 and 13,1% to supplemented and not supplemented groups, respectively, and 41,2 and 23,5% to weaning and not weaning groups, respctively. Vitamine supplementation and temporary weaning are not efficient to improve the fertility rate in this case, and more research is necessary. Key Words: Beef cows, rate of pregnancy, temporary weaning, vitamine supplementation, vitamine A and fertility. INTRODUÇÃO A pecuária de corte no Brasil, caracteriza-se por baixos índices de produtividade, devidos em grande parte à baixa eficiência reprodutiva do rebanho, destacando-se longos intervalos entre partos. Em sistemas de produção de gado de corte, um dos maiores pontos de estrangulamento tem sido a baixa taxa de natalidade dos rebanhos, que na maior parte das vezes está relacionada à má nutrição dos animais. Nas condições em que se desenvolve a pecuária no Brasil central, ou seja, em sistemas extensivos, em algumas épocas do ano as pastagens não tem capacidade de suprir as principais exigências nutricionais dos animais, ficando principalmente prejudicada a função reprodutiva das vacas. Para se alcançar melhores índices quanto à eficiência reprodutiva de vacas de corte, o ponto crítico a ser estudado é o intervalo parto/concepção, uma vez que é o principal responsável pela variabilidade do intervalo entre partos. O presente trabalho objetivou verificar os efeitos da suplementação vitamina A e do desmame temporário, por 72 horas, 60 dias após o parto, sobre o intervalo parto/concepção e taxa de prenhez em um rebanho de bovinos de corte, mantido em regime extensivo, parindo durante a estação seca. De um modo geral o fator nutricional é o grande responsável pela eficiência de produção do rebanho, agindo como limitante à máxima expressão produtiva do animal. Numa escala de prioridades, dentro do próprio animal, a reprodução é menos prioritária, comparada
95 Suplementação vitamínica... à mantença e lactação, principalmente (SHORT et al.,1990). Alguns nutrientes têm funções específicas na fase do pós-parto e podem ser responsáveis, quando da sua deficiência, por prolongados períodos de serviço em bovinos. Segundo HARPER (1982) uma das funções mais importantes da vitamina A é a manutenção da integridade e reconstituição dos epitélios, sendo que na sua deficiência, estes podem se tornar mais susceptíveis a infecções. Quanto à fertilidade e reprodução, o papel da vitamina A e mesmo do Caroteno são fundamentais. A vitamina A influencia diretamente a função ovariana, provocando quando em deficiência, folículos atrésicos ou persistentes, e também degeneração cística (ANDRIGUETTO et al.,1984). Alterações na reprodução originárias da deficiência de vitamina A caracterizamse nas fêmeas por um maior número de abortos, retenção de placenta e nascimento de terneiros debilitados, cegos ou mortos. Os machos com deficiência mostram alteradas a capacidade e atividade sexual, espermatozóides anormais e com menor motilidade, degeneração dos ductos seminíferos e lesões testiculares generalizadas (CHURCH, 1988). Sabe-se que a síntese de vitamina A no animal se dá através das substâncias carotenóides contidas nos alimentos vegetais, sendo o β-caroteno o principal precursor da vitamina A (HARPER, 1982; CHEW, 1994). Trabalhos tem demonstrado que a suplementação com β-caroteno tem sido associada a melhorias no desempenho reprodutivo de bovinos, mesmo quando as rações continham, aparentemente, quantidades adequadas de vitamina A. O β- Caroteno também foi associado com aumentos dos níveis sanguíneos de Homônio Luteinizante (LH) e maiores concentrações de Progesterona no corpo lúteo (RAKES et al, 1985). Esse autor encontrou indicativos de maior velocidade na involução uterina para o grupo suplementado com β-caroteno, apesar de razoável variabilidade com relação aos resultados de outros trabalhos. BREMEL et al (1982) encontraram diferença significativa para o grupo suplementado com β-caroteno, para intervalo entre parto e 1 cio observado. O efeito estimulador do β-caroteno sobre a produção de Progesterona também foi demonstrado por TALAVERA e CHEW (1987, 1988), em células luteais de bovinos, in vitro. Além disso, suplementação com Carotenos também reduziu a incidência de retenção de placenta em bovinos leiteiros (CHEW,1994). O mesmo autor cita que essa substância parece melhorar a performance reprodutiva em animais
Schafhäuser Jr., J. & Gaede, W. 96 regulando a esteroidogênese ovariana e agindo sobre o ambiente uterino. O β- Caroteno concentra sua ação na atividade antioxidante e, possivelmente, diretamente sobre organelas intracelulares. Segundo CHEW (1993) ocorre grande variabilidade nos resultados experimentais onde se avalia desempenho reprodutivo em relação à suplementação com carotenóides ou vitamina A e essa discrepância poderia ser relativa a diferenças iniciais entre os animais (Graves-Hoagland et al, 1989, citado por CHEW, 1993), citando ainda que a suplementação com vitamina A em quantidades maiores que as normalmente recomendadas podem melhorar o desempenho reprodutivo, apesar disso não estar totalmente esclarecido. A vitamina A poderia agir diretamente sobre o desenvolvimento do feto e indiretamente sobre a produção ovariana de Progesterona. O papel que a vitamina A desempenha na reprodução envolve vários processos, como diferenciação de epitélios (DE LUCA et al, 1969; HARRIS et al, 1972), síntese de RNA (ZACHMAN, 1967; TSAI E CHYTIL, 1978), síntese de glicoproteínas (DE LUCA et al, 1975; HASSEL et al, 1978) e resistência à infecções (SCRINCHAW et al, 1968; JURIN E TANNOCK, 1972), citados por BRIEF e CHEW (1985). A conversão do β-caroteno em vitamina A ocorre através da ação da enzima β-carotenóide 15,15 dioxigenase, que cataliza a reação de formação de duas moléculas de vitamina A a partir de uma molécula do β-caroteno, com adição de oxigênio molecular. Essa reação ocorre no epitélio intestinal, ou em outros órgãos, como fígado e rins (OLSON, 1989). Apesar da conversão dos carotenóides em vitamina A e do armazenamento desta no fígado, certa quantidade de carotenóides não são convertidos em vitamina e podem desempenhar algum papel diretamente sobre determinados órgãos e tecidos. Ainda que sejam escassas as informações a esse respeito, é presumível que a elevação do estoque corporal de vitamina A possa também elevar o nível sanguíneo do β- Caroteno, e dessa forma conjugar benefícios para o desempenho reprodutivo dos animais. Basicamente, a vitamina A é armazenada no fígado, que tem capacidade suficiente para as necessidades nutricionais dos animais, dependendo do estado fisiológico, até por alguns meses (MAYNARD, 1984). Uma vez que a vitamina A tem grande atividade na formação dos tecidos, é no terço final da gestação, quando ocorre elevado crescimento fetal, que a demanda por este nutriente aumenta sensivelmente.
97 Suplementação vitamínica... Essa elevada demanda continua após o parto devido ao conteúdo da vitamina no colostro (NRC, 1987), e no leite. Nas condições brasileiras de pecuária extensiva, a elevada demanda de vitamina A pelo animal coincide justamente com a estação seca, onde os teores da provitamina se encontram baixos nas forrageiras disponíveis aos animais. Esses fatos interagindo, podem ser responsáveis por um déficit vitamínico no animal, podendo então após o parto, haver um retardamento na involução uterina e inatividade ovariana (ANDRIGUETTO et al., 1984), ocasionando maiores períodos de serviço e prolongados intervalos entre partos. A grande demanda de nutrientes ocorrida no final da gestação e início da lactação produz no animal um balanço negativo, diminuindo a atividade reprodutiva em função da demanda de nutrientes para as funções mais vitais do animal. As pastagens, de modo geral, não tem condições de suprir as exigências nutricionais dos animais em determinadas fases, principalmente final da gestação e início da lactação, que na maior parte dos casos coincide com o final da estação seca. Isso reflete-se diretamente sobre os índices de fertilidade dos rebanhos, uma vez que na maioria dos casos, os animais só retornam à atividade reprodutiva após desmamarem sua crias, devido ao "feed back" gerado pela cessação da produção de leite. O efeito da amamentação combinado ao fator nutricional, pode ser responsável pelos baixos índices reprodutivos, devido ao seu efeito sobre a atividade ovariana e consequentemente sobre o intervalo entre partos, conforme sugerido por Santos (1987), citado por ANDRADE (1991). Segundo ROVIRA (1973) um estudo com vacas da raça Shorthorn demonstrou que as vacas que amamentavam suas crias demoravam mais tempo para concluir a involução uterina do que vacas que eram ordenhadas duas vezes ao dia. Os valores foram 56 e 44 dias respectivamente (P<0,01). Segundo PARFET et al (1986), a produção de Hormônio Liberador de Gonadotrofinas (GnRH) até 30 dias pósparto é reduzida por alterações endócrinas decorrentes do parto, e a partir dessa fase os níveis de GnRH começam a aumentar nos dias subsequentes. Esse aumento irá depender da ação isolada ou integrada de vários fatores, como frequência de amamentação e o estado nutricional em que a vaca se encontra. Vários autores tem encontrado que a amamentação reduz a secreção intermitente de LH, retardando a maturação folicular e prolongando o intervalo anovulatório pós-
Schafhäuser Jr., J. & Gaede, W. 98 parto. Entretanto, outra hipótese bastante aceitável nos dias de hoje é a que atribui aos opióides endógenos (EOP) a responsabilidade pela inibição da liberação de fatores hipotalâmicos (BUSTAMANTE, 1995). Vários autores tem estudado os efeitos do desmame precoce em bovinos de corte como uma técnica de manejo auxiliar à melhoria do desempenho reprodutivo de vacas de corte (SMITH et al., 1972; SMITH et al., 1979; ACOSTA et al., 1983; BASTIDAS et al., 1984; ODDE et al., 1986; DODE et al., 1987; SHORT et al., 1990; WILLIAMS, 1990; BROWNING Jr. et al., 1994). Apesar de pequenas variações nos resultados apresentados, de modo geral o desmame tem se mostrado uma técnica eficiente para melhorar a condição reprodutiva das vacas no pós-parto. Tem-se observado, no entanto, que os melhores resultados obtidos são de pouca funcionalidade para utilização a nível prático, ou seja, amamentação restrita a um ou dois períodos curtos, diariamente, pode ser mais eficiente para o retorno à atividade reprodutiva da vaca do que separação ininterrupta por 48 horas (Fonseca, 1987, citado por ANDRADE, 1991), mas isso gera uma série de dificuldades para a rotina de manejo em fazendas de médio e grande porte. Segundo DODE et al.(1987) a remoção temporária do terneiro pode reduzir o período de anestro por aumentar a concentração plasmática de LH, restabelecendo as elevações transitórias semelhantes às observadas em ciclos estrais regulares, citando ainda que, separação por 72 horas, com visualização dos terneiros pelas vacas aumentou a taxa de prenhez (P<0,10) em relação ao grupo testemunha, que não sofreu separação. Segundo SHIVELY e WILLIAMS (1989), para uma máxima resposta ao desmame temporário, este teria que ser maior que 4 dias, entretanto isso pode potencialmente reduzir a produção de leite e conseqüentemente o peso ao desmame do terneiro, principalmente em animais de raças zebuínas. Conforme citado por SHORT et al. (1990) enquanto não forem obtidos maiores conhecimentos sobre as causas de variação dessa resposta, e quais os métodos de manejo mais corretos, o desmame temporário ou parcial tem aplicação prática limitada. MATERIAL E MÉTODOS Animais e Instalações O experimento foi realizado na Fazenda Esmeralda, município de Rio Casca-MG. Foram utilizadas 77 fêmeas da raça Nelore, com idade variando entre 4 e 8
99 Suplementação vitamínica... anos. Esses animais foram mantidos em regime de pasto, predominantemente de Brachiaria brizantha e B. decumbens, recebendo suplementação mineral "ad libitum" em cochos cobertos, localizados nos pastos. Para que não ocorressem diferenças em relação à alimentação dos animais, todos os animais experimentais ocuparam simultaneamente os mesmos pastos, e o rodízio foi feito conforme rotina da fazenda. A separação dos terneiros foi feita no curral da fazenda e os terneiros soltos em piquete contíguo ao curral, onde tiveram água e alimento disponível. Antes do início do experimento foram selecionadas as vacas, no rebanho total da fazenda, sendo a seleção feita por avaliação fenotípica e palpação retal, escolhendo-se os animais com previsão de parto para a estação seca, descartando-se as novilhas e vacas acima de 10 anos de idade, e animais que fugiam ao padrão racial do Nelore. Os reprodutores utilizados no experimento, passaram por exame andrológico para atestar sua capacidade reprodutiva. Os animais experimentais foram identificados com brincos plásticos numerados, e marcação a fogo, conforme controle interno da fazenda. Foram utilizados nos touros buçais marcadores para identificação da data de cobertura de cada vaca. Os animais experimentais foram vermifugados antes do início do experimento e vacinados conforme rotina de atividades da fazenda, para as doenças de incidência na região. Período Experimental O experimento teve duração de seis meses, de abril a outubro de 1995, durante a estação da seca, tendo início por ocasião do parto de cada animal e término quando foi constatada sua prenhez, por palpação retal, ou 120 dias após o parto, quando não houve prenhez confirmada. Suplementação e Manejo Por ocasião do parto, cada vaca foi levada ao curral para os primeiros cuidados e identificação do terneiro, e nessa oportunidade foi aplicada, por via intramuscular, uma dose de 2.000.000 U.I. de vitamina A. Cada terneiro ao completar 60 dias de idade foi separado de sua mãe por 72 horas, permanecendo em ambiente com disponibilidade de água e alimento até ser novamente reunido à sua mãe. Tanto o desmame temporário quanto a suplementação vitamínica obedeceram a seqüência sim e não à medida que as vacas iam parindo. Foram utilizados touros férteis, com marcadores de tinta, para identificar a data em que cada vaca foi coberta, tendo para isso, acompanhamento diário do lote por pessoal treinado para a função. As vacas
Schafhäuser Jr., J. & Gaede, W. 100 que foram marcadas pelos touros passaram por diagnóstico de gestação entre 45 e 60 dias após a data de cobertura para comprovação da prenhez. Foi realizado mensalmente, após o parto de cada animal, a avaliação do escore de condição corporal, através de uma escala de 1 a 5, onde 1 caracterizou um animal muito magro e 5 um animal muito gordo. Análises Estatísticas Para análise estatística das variáveis estudadas, foi utilizado um esquema fatorial 2 x 2, no delineamento inteiramente casualizado, sendo que cada animal constituiu uma unidade experimental. As análises foram efetivadas através do Sistema para Análises Estatísticas e Genéticas (S.A.E.G.), segundo EUCLYDES (1982). O modelo estatístico foi: Y ijk = µ + A i + B j + AB ij + έ ijk, onde : Y ijk = Efeito do i-ésimo nível de vitamina no j-ésimo sistema de desmama, no k-ésimo animal; µ = Média geral; A i = Efeito da suplementação vitamínica; B j = Efeito do desmame temporário; AB ij = Efeito da interação entre os fatores; έ ijk = Erro aleatório. RESULTADOS E DISCUSSÃO As variáveis suplementação vitamínica e desmame temporário foram analisadas separadamente, uma vez que não houve interação entre elas. Os resultados relativos à taxa de prenhez dos animais encontram-se no quadro 01. Não houve efeito significativo da suplementação vitamínica sobre a taxa de prenhez das vacas, o que segundo CHEW (1993) pode estar relacionado à grande variabilidade dos resultados obtidos em pesquisas nessa área, uma vez que outros trabalhos, como TALAVERA e CHEW (1987, 1988) houve efeito do nível sanguíneo de β-caroteno sobre a reprodução, e este poderia estar relacionado à suplementação com vitamina A (BRIEF e CHEW, 1985). As baixas taxas de prenhez para ambos os tratamentos refletem uma deficiência nutricional, protéica e energética, ou seja, um prolongado período seco durante o experimento reduziu consideravelmente a disponibilidade de forragem para os animais, mantendo a oferta de alimentos abaixo do mínimo necessário para manifestação de cios férteis em ambos os tratamentos. Esse fato ficou evidente pela avaliação dos escores corporais dos animais experimentais ao longo do período de coleta de dados, conforme pode-se observar no quadro 02. Conforme observado no quadro 02, houve perda de condição corporal após o
101 Suplementação vitamínica... parto, o que provavelmente contribuiu para a inatividade ovariana das vacas, mesmo no grupo que recebeu suplementação vitamínica. Também os escores médios ao parto, para ambos os grupos, não foram altos, o que poderia ter dimnuído a atividade cíclica no pós-parto. Segundo vários trabalhos tanto a baixa condição corporal quanto uma perda muito rápida desta, pode manter inativos os ovários, no período pós-parto. Conforme trabalhos citados (SHORT, et al., 1990), a atividade reprodutiva é menos prioritária para o animal, e uma vez que ocorreu sensível perda de condição corporal, boa parte dos animais experimentais entraram em anestro nutricional, ou apresentaram cios silenciosos ou anovulatórios. Os dados relativos às taxas de prenhez dos animais que foram desmamados temporariamente, encontramse no quadro 03. Observou-se, que embora sem significância estatística, as vacas que foram separadas dos terneiros apresentaram taxa de prenhez mais alta, indicando o efeito positivo dessa técnica de manejo sobre a atividade reprodutiva pós-parto em vacas de corte. É conhecido o fato de que animais sob stress nutricional, podem ter melhores taxas de prenhez mediante técnicas de manejo como o desmame precoce ou desmame temporário, uma vez que esse manejo diminui as exigências nutricionais dos animais, adequando-as ao ambiente em que se encontram (ROVIRA, 1996). CONCLUSÕES Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir que as técnicas de manejo suplementação vitamínica e desmame temporário não foram eficientes para elevar a taxa de fertilidade de vacas de corte. Em níveis críticos de deficiência nutricional, essas técnicas oferecem pouco ou nenhum resultado. Mais pesquisas devem ser realizadas sobre esse assunto. REFERÊNCIAS ACOSTA, B., TARNAVSKI, T. E., PLATT, T. E. et al. Nursing enhances and the negative effects of strogen on LH release in the cow. J. Anim. Sci, 57: 1530. 1983. ANDRADE, V.J. Manejo Alternativo da Reprodução em Bovinos de Corte. Cad. Téc. Esc. Vet. U.F.M.G, 6:29-54. 1991. BASTIDAS, P., TROCONIZ, J., VERDE, O. et al. Effects of restricted suckling on ovarian activity and uterine involution in
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