Deliberação ERC/2017/72 (DR-I)

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Transcrição:

Deliberação ERC/2017/72 (DR-I) Recurso apresentado por DICTUM ET FACTUM ASSESSORIA EM ACTIVIDADES ECONÓMICAS E AMBIENTE, Lda., em alegada representação de CENTROLIVA- INDUSTRIA E ENERGIA, S.A., contra o jornal Expresso Lisboa 29 de março de 2017

Conselho Regulador da Entidade Reguladora para a Comunicação Social Deliberação ERC/2017/72 (DR-I) Assunto: Recurso apresentado por DICTUM ET FACTUM ASSESSORIA EM ACTIVIDADES ECONÓMICAS E AMBIENTE, Lda., em alegada representação de CENTROLIVA-INDUSTRIA E ENERGIA, S.A., contra o jornal Expresso I. Identificação das partes DICTUM ET FACTUM ASSESSORIA EM ACTIVIDADES ECONÓMICAS E AMBIENTE, Lda., com sede na Rua do Centro Cultural, 7-B, 1700-106, Lisboa, em alegada representação de CENTROLIVA-INDUSTRIA E ENERGIA, S.A., com sede em Monte da Ordem, 6030-245, Vila Velha de Rodão, Portugal, e jornal Expresso, propriedade de Impresa Publishing, S.A., com sede na Rua Calvet de Magalhães, 242, 2770-022, Paço de Arcos. II. Objeto do recurso 1. Deu entrada na ERC - Entidade Reguladora para Comunicação Social, em 27 de fevereiro de 2017 1, um pedido de «efectivação coerciva do direito de rectificação», apresentado por DICTUM ET FACTUM ASSESSORIA EM ACTIVIDADES ECONÓMICAS E AMBIENTE,LDA. (entidade que refere representar a CENTROLIVA-INDUSTRIA E ENERGIA, S.A.), contra o jornal Expresso, relativamente ao artigo intitulado Empresas apanhadas a poluir o Tejo Ministério levanta autos contra Centroliva e fossa industrial gerida pela Câmara de Vila Velha de Ródão, publicado na edição daquele jornal de 18 de fevereiro de 2017, ao abrigo do previsto no artigo 27.º da Lei de Imprensa (Lei n.º 2/99, de 13 de janeiro, alterada pela Lei n.º 18/2003, de 11 de junho). 2. O referido pedido corresponde à interposição de recurso por denegação ilegítima de direito de resposta e retificação, previsto no artigo 59.º dos Estatutos da ERC (Lei n.º 53/2005, de 8 de novembro). III. Argumentação do Recorrente 1 Documento entregue em mão, no dia 27 de fevereiro de 2017. 1

3. O recurso assenta nos seguintes fundamentos: i) A peça identificada, assinada pela jornalista Carla Tomás (http://expresso.sapo.pt/sociedade/2017-02-18-empresas-apanhadas-a-poluir-o-tejo), inclui «referências falsas e capciosas feitas a factos alegadamente da autoria da nossa representada (...)». ii) Foi remetido um pedido de publicação de um texto, ao abrigo do direito de retificação, «com referência à notícia publicada, conforme o previsto no art.º 24 e sgs. da Lei de Imprensa», ao diretor do jornal Expresso, Pedro Santos Guerreiro, por email, sendo o recibo de leitura de dia 22 de fevereiro. iii) O referido texto não foi publicado. iv) Junta 3 documentos: publicação da notícia; e-mail enviado ao diretor do jornal Expresso; recibo de leitura. 4. Termina solicitando a publicação do texto no Expresso Online, ao abrigo do direito de retificação. IV. Posição do Recorrido 5. O Diretor do jornal e o Conselho de administração da entidade proprietária do referido jornal foram notificados da apresentação do referido recurso (e documentos anexos) e da possibilidade de se pronunciarem sobre os factos alegados. 6. Na resposta apresentada, o diretor do jornal começa por suscitar uma questão prévia, alegando a inexistência de poderes de representação por parte da DICTUM ET FACTUM ASSESSORIA EM ACTIVIDADES ECONÓMICAS E AMBIENTE, Lda., para interpor um recurso em nome de CENTROLIVA- INDUSTRIA E ENERGIA, S.A., com referência ao disposto no artigo 163.º, n.º 1, do Código Civil e no artigo 408.º do Código das Sociedades Comerciais, e ao teor da certidão comercial da CENTROLIVA- INDUSTRIA E ENERGIA, S.A., na qual se definem os poderes de representação da mesma. 7. O Recorrido acrescenta que, aquando da receção do pedido de publicação de direito de retificação no jornal, a DICTUM ET FACTUM ASSESSORIA EM ACTIVIDADES ECONÓMICAS E AMBIENTE, Lda., não provou «deter quaisquer poderes de representação da CENTROLIVA» e que a «mera menção à qualidade de representante mencionada nos autos não é suficiente», remetendo para os artigos 25.º, n.º 1, e 26.º, n.º 7, da Lei Imprensa; e afirma «pelo que foi, e bem, pelo Expresso, recusada a publicação do direito de resposta e retificação». 8. Assim, conclui pela ilegitimidade da Recorrente, ao abrigo do artigo 68.º, n.º 1, do CPA e dos artigos 55.º e 59.º dos Estatutos da ERC. 2

9. Afirma que a DICTUM ET FACTUM ASSESSORIA EM ACTIVIDADES ECONÓMICAS E AMBIENTE, Lda., não apresentou pedido de publicação de direito de retificação em seu nome. 10. Pronuncia-se ainda sobre questões de fundo indicando que, na ausência da prova de poderes de representação da DICTUM ET FACTUM ASSESSORIA EM ACTIVIDADES ECONÓMICAS E AMBIENTE,LDA., relativamente à CENTROLIVA-INDUSTRIA E ENERGIA, S.A., tal omissão é fundamento legal da recusa de publicação do texto em questão (a título de direito de retificação), remetendo para o disposto no artigo 25.º, n.º 1, e 26.º, n.º 7, da Lei de Imprensa. 11. O diretor do jornal Expresso refere ainda ter informado a empresa da sua decisão de não publicar o texto, referindo que o «eventual suprimento da ilegitimidade» teria de ser obrigatoriamente comunicado ao jornal. 12. Refere-se também ao teor propriamente do texto enviado para ser publicado a esse título, dizendo que o mesmo apenas poderia visar responder a parte do texto, ou seja, à parte do texto respeitante à CENTROLIVA-INDUSTRIA E ENERGIA, S.A., que apenas incluía 241 palavras. E, segundo o mesmo, o texto remetido ao Expresso para publicação continha 516 palavras, pelo que tal diferença consubstanciava fundamento para a recusa de publicação. Assim, refere ter ainda informado a Recorrente que o «texto, na sua globalidade, não apresentava relação útil e direta com a peça jornalística». 13. O Recorrido termina referindo: «Como os vícios que conformaram o substracto deste pedido de retificação se apresentam como legalmente supríveis, caso a legítima interessada/respondente, ou um seu comprovado representante, venha, em tempo, corrigir face ao Expresso o exercício do direito ora em causa, não se vê não possa o Expresso reformular a sua anterior decisão de recusa de publicação». V. Normas aplicáveis 14. O disposto nos artigos 37.º, n.º 4, e 39.º da C.R.P, bem como nos artigos 24.º e seguintes da Lei da Lei de Imprensa (Lei n.º 2/99, de 13 de janeiro, alterada pela Lei n.º 18/2003, de 11 de junho). 15. A ERC é competente nos termos do disposto na alínea b) do artigo 6.º, na alínea f) do artigo 8.º, na alínea j) do n.º 3 do artigo 24.º e nos artigos 59.º e 60.º dos Estatutos da ERC, aprovados pela Lei n.º 53/2005, de 8 de novembro (Estatutos). 16. Releva igualmente a Diretiva 2/2008, sobre a publicação de textos de resposta e de retificação na Imprensa, aprovada pelo Conselho Regulador da ERC, em 12 de novembro de 2008. 3

VI. Análise e Fundamentação 17. Na presente situação está em causa a apreciação de um recurso referente à alegada denegação ilegítima de direito de retificação, em razão da publicação do artigo Empresas apanhadas a poluir o Tejo Ministério levanta autos contra Centroliva e fossa industrial gerida pela Câmara de Vila Velha de Ródão, na edição de dia 18 de fevereiro de 2017, do jornal Expresso, a qual alude, efetivamente, à CENTROLIVA-INDUSTRIA E ENERGIA, S.A.. 18. O direito de retificação encontra-se consagrado na Constituição da Republica Portuguesa (artigo 37.º, n.º 4, e artigo 39.º) e, com interesse para a situação em análise, nos artigos 24.º e seguintes da Lei de Imprensa. 19. O exercício deste direito assenta na divulgação de referências erróneas ou inverídicas sobre determinada pessoa singular ou coletiva. 20. Refira-se, como nota prévia, que a par da intervenção da ERC nesta matéria, a lei consagra a possibilidade de recurso aos tribunais, nos termos do previsto no artigo 27.º da Lei de Imprensa. 21. A interposição deste recurso pressupõe que o órgão de comunicação social em questão não tenha publicado o direito de resposta ou retificação, ou o tenha feito de forma deficiente, na sequência do seu exercício pelo respetivo titular (representante ou herdeiros). 22. A publicação de direito de resposta ou retificação deve ser solicitada diretamente ao órgão de comunicação social; tratando-se de imprensa, o mesmo deve ser dirigido ao respetivo diretor do jornal, com assinatura e identificação, dentro do prazo previsto na lei, 30 dias, a contar da publicação em questão, por se tratar de publicação diária ou semanal, por meio que permita comprovar a sua receção (no jornal). 23. Assim, o recurso a apresentar na ERC apenas tem cabimento na ausência da referida publicação, o qual tem de ser apresentado pelo seu titular (ou representante ou herdeiros), no prazo previsto no n.º 1 do artigo 59.º dos Estatutos da ERC, ou seja, nos «30 dias a contar da data da expiração do prazo legal para satisfação do direito», cabendo à ERC proceder a verificação do cumprimento desses requisitos. 24. Ora, na presente situação, verificou-se que o recurso apresentado se encontrava assinado por Pedro Ribeiro Oliveira, na qualidade de Consulting Director da DICTUM ET FACTUM ASSESSORIA EM ACTIVIDADES ECONÓMICAS E AMBIENTE, LDA., sem que, contudo, tivesse sido remetido documento que comprovasse que a mesma atuava em representação da CENTROLIVA-INDUSTRIA E ENERGIA, S.A.. 4

25. Notando-se que o recurso interposto segue uma tramitação especial, prevista no artigo 59.º dos Estatutos da ERC, notificou-se a CENTROLIVA-INDUSTRIA E ENERGIA, S.A., (por oficio) e a DICTUM ET FACTUM ASSESSORIA EM ACTIVIDADES ECONÓMICAS E AMBIENTE, LDA., (por email, considerando a indicação expressa no recurso), para que remetessem à ERC a respetiva procuração, conferindo os poderes de representação invocados. 26. Na ausência de resposta, no prazo indicado nas respetivas comunicações, e atenta a fundamentação apresentada pelo Recorrido, acima descrita (alegando a ilegitimidade da Recorrente), conclui-se que a DICTUM ET FACTUM ASSESSORIA EM ACTIVIDADES ECONÓMICAS E AMBIENTE, LDA., não tem legitimidade para apresentação do recurso supra identificado. VIII. Deliberação Tendo analisado o recurso interposto por DICTUM ET FACTUM ASSESSORIA EM ACTIVIDADES ECONÓMICAS E AMBIENTE, LDA., em alegada representação de CENTROLIVA-INDUSTRIA E ENERGIA, S.A., contra o jornal Expresso, propriedade de Impresa Publishing, S.A., por falta de cumprimento das regras aplicáveis à publicação de direito de retificação, o Conselho Regulador da ERC, no exercício das suas competências, ao abrigo do disposto na alínea b) do artigo 6.º, alínea f) do artigo 8.º, alínea j) do n.º 3 do artigo 24.º, artigo 59.º e artigo 60.º dos Estatutos da ERC, aprovados pela Lei n.º 53/2005, de 8 de novembro, e artigos 24.º e seguintes da Lei de Imprensa, delibera considerar improcedente o recurso apresentado, por falta de legitimidade da DICTUM ET FACTUM ASSESSORIA EM ACTIVIDADES ECONÓMICAS E AMBIENTE, LDA., para representar CENTROLIVA-INDUSTRIA E ENERGIA, S.A.. O Conselho Regulador, Lisboa, 29 de março de 2017 Carlos Magno Alberto Arons de Carvalho Luísa Roseira 5