ASSOCIAÇÃO DE GUARDA-PARQUES DO AMAPÁ INICIA ATIVIDADES DE MONITORAMENTO DE CASOS DE PREDAÇÃO ENVOLVENDO ONÇAS E OUTROS ANIMAIS SILVESTRES NA APA DO RIO CURIAÚ. A Associação de Guarda-Parques do Amapá inicia neste mês de julho uma atividade de monitoramento dos casos de predação envolvendo onças e outros animais silvestres na Área de Proteção Ambiental do Rio Curiaú. O trabalho dará continuidade a um projeto iniciado no ano passado, quando a instituição promoveu em parceria com a Associação de Moradores do Quilombo do Curiaú e demais instituições parceiras, o I Curso de Monitoramento, Rastreamento e Manejo de Fauna Silvestre, com o objetivo de capacitar profissionais para atuarem no monitoramento dos ataques de carnívoros ás criações de bovinos, eqüinos, suínos e caprinos, que vem ocorrendo com certa frequência na APA desde 2006. A situação se tornou alarmante e pública quando em 2007 uma onça parda (Puma concolor) foi abatida pelos moradores da APA sob alegação de que este animal representava uma ameaça aos mesmos e estaria atacando o gado da região. O objetivo desta atividade, no entanto, é contribuir para a conservação dos animais silvestres dentro da APA, de modo que a comunidade não saia prejudicada e não continue a ter suas criações atacadas por animais silvestres. O trabalho de monitoramento será realizado pelas Guarda-Parques Rayssa Barros e Dayse Ferreira, ambas também acadêmicas do curso de Biologia da Universidade Federal do Amapá. A primeira etapa da atividade já teve início, onde as mesmas vêm entrevistado moradores de várias comunidades existentes dentro da APA com o intuito de divulgar o trabalho e conseguirem grandes aliados no fornecimento de informações. O monitoramento acontecerá até julho do ano que vem, onde a comunidade será a grande chave do sucesso
deste trabalho, pois só será possível monitorar os casos de ataques por onça e outros animais silvestres se a comunidade estiver avisando sempre que encontrar um animal morto dentro da APA. Figura I. Guarda-Parque Rayssa Barros Entrevistando os moradores da APA do Curiaú. Foto: Dayse Ferreira O trabalho será pioneiro no estado, haja vista de na APA do Curiaú, não existem dados sobre este assunto, nem mesmo sobre a fauna de mamíferos existente no local. O fornecimento desses dados possibilitará a realização de futuros projetos por parte das autoridades para trabalharem na redução dos conflitos entre animais silvestres e seres humanos, bem como na implantação de políticas públicas que visem o desenvolvimento de atividades sustentáveis e conservacionistas para a comunidade, de modo a aproveitar as riquezas faunísticas como um atrativo turístico para o local.
A APA do Curiaú é a Unidade de Conservação mais próxima da Capital. Está localizada á 8 Km de Macapá e é visitada constantemente por turistas e banhistas da cidade, que visitam o local em busca de sossego e lazer, além de contemplar a beleza natural deste ambiente. Apresenta uma diversidade muito grande de espécies de animais, plantas e outros seres vivos, servindo como um grande berçário ecológico de grande importância para o Amapá e para o Brasil. Figura II. Rastreamento por pegadas de Dasyprocta spp. Foto: Rayssa Barros Por ser a Unidade de Conservação mais próxima da cidade sofre grande pressão antrópica, como a expansão da cidade e degradação do meio-ambiente. Problemas como o despejo de lixo na rodovia e caça predatória são constantes. Tais problemas podem estar diretamente relacionados aos ataques de animais silvestres ás criações de animais. Em contrapartida, a comunidade sem ter o apoio das autoridades locais em ações de vigilância e fiscalização constantes dentro da APA, acabam por agir sozinha e isto implica na eliminação dos animais problemáticos a eles.
Figura III. Guarda-Parque Dayse Ferreira registrando o despejo de lixo na rodovia do Curiaú. Foto: Rayssa Barros As atividades de monitoramento também terão como objetivo trabalhar na tentativa de redução desses problemas, haja vista que os Guarda-Parques estarão atuando de forma voluntária na vigilância das propriedades que serão percorridas durante o monitoramento. O maior desafio, no entanto tem sido na execução dos trabalhos, pois as mesmas não possuem nenhum apoio institucional das autoridades estaduais, contando somente com o apoio da AGPA na disponibilização de alguns equipamentos, como GPS e câmera fotográfica. No momento tentam conseguir o apoio da Universidade onde estudam no sentido de conseguir um veículo que possa deslocá-las até as comunidades. As visitas ás comunidades tem sido uma verdadeira aventura, pois temos que pedir carona na rodovia para nos deslocarmos até o local, entretanto, em nenhum momento isso nos desanima!. Comenta Rayssa. Dayse e Rayssa estão otimistas sobre como a realização desta atividade pode repercutir de forma positiva para a comunidade do Curiaú, sobretudo para a conservação dos grandes carnívoros, que são considerados espécies guarda-chuvas atuando como
controladores de populações de outras espécies e impedindo que as mesmas causem desequilíbrio ecológico dentro de um ecossistema. A atividade faz parte da tese de conclusão de curso das mesmas, que adaptaram o projeto para que outros guarda-parques possam ajudar no monitoramento de forma voluntária. Esperamos que dê certo e que futuramente possamos estar apresentando os resultados desse trabalho a todos vocês que nos prestigiam nesse momento! Obrigada por sua atenção! Atenciosamente, Dayse Ferreira e Rayssa Barros, Guarda-Parques brasileiras e estudantes da Universidade Federal do Amapá UNIFAP!