Análise fonética acústica das vogais orais da língua Sakurabiat

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Transcrição:

LETRAS DE HOJE LETRAS DE HOJE LETRAS DE HOJE LETRAS DE HOJE LETRAS DE HOJE Análise fonética acústica das vogais orais da língua Sakurabiat Ana Carolina Alves Universidade Federal do Pará Ana Vilacy Galucio Museu Paraense Emílio Goeldi, pesquisadora RESUMO Este trabalho apresenta a análise das estruturas fonéticas das vogais orais da língua Sakurabiat. Os principais correlatos acústicos observados foram as freqüências dos formantes e a duração. O valor médio da freqüência dos formantes demonstra a área de dispersão particular das vogais no espaço acústico, apresentada nos quadros de distribuição vocálica, e o valor médio do tempo de produção indica a existência de diferença relevante entre vogais longas e breves. Palavras-chave duração vocálica; formantes; dispersão das vogais. ABSTRACT This paper presents the analysis of phonetic structures of oral vowels in the Sakurabiat language. The main acoustic cues observed were the formants frequency and duration. The average values of formants frequency show the particular distribution of vowels in the acustic space, as shown in the vowel charts, whereas the average values of duration indicate that there are relevant differences between short and long vowels. Key words vowels duration; formants; vowel dispersion. 1 Introdução Sakurabiat, também conhecida como Mekens, é uma das cinco línguas vivas da família Tupari, tronco Tupi. Atualmente falada por apenas 23 pessoas, na área indígena Rio Mequens, Estado de Rondônia, está entre as línguas brasileiras mais ameaçadas. A partir da análise dos correlatos acústicos freqüência dos formantes e duração, é apresentada a análise das estruturas fonéticas das vogais orais da língua Sakurabiat, visando demonstrar o espaço de Letras de Hoje. Porto Alegre, v. 42, n. 3, p. 27-42, setembro 2007

ê distribuição de cada vogal e averiguar existência de diferenças relevantes na duração. O quadro vocálico desta língua é constituído de cinco vogais e, similarmente a outras línguas Tupi, como Munduruku e Karitiana (PICANÇO, 2005; DEMOLIN e STORTO, 2002), apresenta a raridade tipológica de não ter uma vogal posterior alta no seu inventário fonêmico (GALUCIO, 1994). Existe contraste fonológico entre vogais nasais e orais, longas e breves, porém, são objeto de estudo deste trabalho apenas as cinco vogais orais breves e as cinco orais longas, abaixo elencadas. i ˆ o E a i ˆ o E a Destaca-se que a vogal ˆ pode estar em vias de mudança, como se verificará no decorrer deste trabalho, e que a vogal anterior média se trata de uma vogal anterior média-baixa. 2 Análise acústica A análise acústica permite a observação de correlatos acústicos, isto é, de aspectos relevantes para a percepção de diferentes sons presentes no sinal acústico (LIBERMAN e BLUMSTEIN, 1988, p. 221). Os principais correlatos acústicos associados à qualidade vocálica de um segmento são os formantes e a duração. Os pulsos de ar que passam pelas cordas vocais vibram no trato vocal e as ressonâncias aí ocorridas são chamadas de FORMANTES (LADEFOGED, 2001, 33). As freqüências dos três primeiros formantes, F1, F2, F3, são suficientes para identificação das vogais e, de modo geral, a maior parte das vogais pode ser corretamente identificada apenas com os dois primeiros formantes (FANT, 1973 apud LIBERMAN e BLUMSTEIN, 1988, 221-222). Quanto à duração, as vogais são freqüentemente identificadas a partir de seus valores de duração relativos. O tempo de produção é relativo porque depende da velocidade da fala, do grau de estresse que a sílaba recebe na palavra, da posição desta na frase e até mesmo do contexto de discurso espontâneo ou de discurso lido (LIBERMAN e BLUMSTEIN, 1988). A análise acústica das vogais orais da língua Sakurabiat possibilita a obtenção das características fonéticas de cada segmento vocálico, o que pode ser utilizado para auxiliar a análise fonológica desta língua. 28 Letras de Hoje Alves, A. C. & Galucio, A. V.

3 Material e Método 3.1 Material Para realização da análise foram utilizados dados gravados por Galucio (2004, 2006) com Solid State Recorder PMD660, DAT (Digital Audio Tape) e microfone de cabeça Shure WH20XLR conexão XLR. Como ferramentas auxiliares da análise foram utilizados softwares específicos para estudos acústicos como Praat, Signal Explorer e Formant explorer, além dos programas Sound Forge e Transcriber. O corpus analisado constitui-se de repetições produzidas por três falantes nativos de Sakurabiat, uma mulher idosa e dois homens adultos, os quais, neste trabalho, serão referidos como falantes X, MY e OY. As mesmas palavras foram gravadas pelos três falantes e, sempre que possível, as palavras foram faladas na carrier sentence: te EkE é isso ; te EkE isso é e suas variantes. As palavras utilizadas são: Vogais breves Vogais longas pakori lua sigaap jenipapo pikat ponte soop paat te ele vai ver ainda kap caba paak paak garça branca otat lenha pege lagarta kwe t coisa;objeto qualquer asikep tucandeira pe ru maracanã otet meu nome pe tkwa lamber kereru cacau kirito aranha pi ba vassoura tipka assar pi p ninho okip meu irmão pi t quati kcptit mata Etˆ marico 1 taose pˆ k queixada kˆp piolho pˆ k preto kˆrit menino sepˆ kwat empretar-se kˆp kˆba tep folha de árvore ˆ tarumã kirito aranha tapo ingá otop meu pai po t velho pagop novo poga jabuti 1 Tipo de bolsa, tecida com fios de tucum (Bactris setosa). Análise fonética acústica das vogais orais... 29

3.2 Método O processo metodológico para a verificação da distribuição das vogais consistiu em medir os valores, em Hertz, dos dois primeiros formantes (F1 e F2) de cada vogal, calcular o valor médio de freqüência dos formantes e plotar as vogais nos gráficos (vowel charts). A medição dos formantes foi feita com o auxílio do programa Praat que permite a visualização simultânea da onda sonora e do espectrograma de som de cada vogal. Obtiveram-se os valores da freqüência dos formantes posicionando o cursor no centro da onda sonora, ponto mais estável e, portanto, livre de transições. No caso de dúvida na leitura das freqüências, também foi utilizado o programa Signal Explorer, o qual, assim como o Praat, possibilita a visualização tanto do espectrograma, quanto da onda sonora. Devido à aferição de valores de freqüência distintos dos valores prototípicos para uma vogal central, todas as repetições das vogais ˆ e ˆ foram medidas duas vezes, uma utilizando o programa Praat e outra utilizando o programa Signal Explorer, porém não se obteve diferença significativa entre as medições. O tempo de produção de cada vogal em milisegundos (ms) foi obtido medindo-se a onda sonora a partir do primeiro ciclo completo até o último ciclo completo, considerando-se o começo e fim dos formantes. As medições foram realizadas também com o auxílio do programa Praat. Devido às reais possibilidades de estudo e gravação das línguas indígenas, o que acarreta uma limitação dos dados disponíveis, não foi possível utilizar palavras sempre na mesma carrier sentence: te EkE. Para alguns poucos dados também utilizaram-se palavras isoladas. Da mesma forma, além da adoção do padrão silábico CVC, também se utilizou o padrão CV.C, em que a segunda consoante pertence à outra sílaba. O trabalho caracteriza-se como preliminar devido a essa limitação dos dados e ao número de repetições. 4 Resultados 4.1 Duração A média do tempo de duração (Md) e desvio padrão (Dp) das vogais são apresentados nas tabelas 1, 2 e 3. Por meio da comparação dos valores médios do tempo de produção das vogais verificou-se uma discrepância superior a 100% para os pares de vogais breves e longas, exceto para as vogais [i] e [o], da falante X, e [i], do falante MY, que apresentam uma discrepância de 82%, 87% e 98%, respectivamente. 30 Letras de Hoje Alves, A. C. & Galucio, A. V.

TABELA 1 Média do tempo de duração (Md) e desvio padrão (Dp) das vogais orais da falante X. 2 a a E E i i ˆ ˆ o o Md 71 171 90 194 101 184 88 197 82 154 p 15 27 19 40 11 21 20 48 8 0 TABELA 2 Média do tempo de duração (Md) e desvio padrão (Dp) do falante MY. 3 a a E E i i ˆ ˆ o o Md 101 211 108 237 76 151 82 206 97 214 Dp 9 5 3 1 13 24 4 4 19 9 TABELA 3 Média do tempo de duração (Md) e desvio padrão (Dp) do falante OY. 4 a a E E i i ˆ ˆ o o Md 108 218 87 233 91 232 75 191 76 245 Dp 12 12 8 7 20 1 8 35 5 31 Estes dados estatísticos mostram que todos os falantes em questão apresentam um contraste entre vogais longas e breves. Assim, apontase para a comprovação da análise preexistente da língua (Galucio, 1994), que distingue foneticamente vogais breves e longas: [a] [a ] [E] [E ] [i] [i ] [ˆ] [ˆ ] [o] [o ]. Este contraste pode ser melhor visualizado nas Figuras 1, 2 e 3, as quais apresentam os valores médios do tempo de produção de cada vogal. Em algumas vogais longas, se observou uma mudança de contorno da onda sonora, caracterizada por um aumento ou, em outros casos, diminuição de energia produzida pelos falantes, provavelmente, para enfatizar a duração, o que faz com que a onda, às vezes, apresente-se irregular, como se pode observar na Figura 4. É possível que, devido à ênfase relacionada à duração, esteja ocorrendo uma mudança de qualidade vocálica durante a realização dessas vogais, porém seria necessário um estudo mais específico para averiguar essa questão. 2 Número de medições das vogais {a, i = 4; a, E = 6; E = 3; i, o, o = 2; ˆ = 5; ˆ = 3}. 3 Número de medições das vogais { a = 6; a, E, i, o = 2; E, ˆ = 3; i; ˆ = 5, o = 4}. 4 Número de medições das vogais { a, E = 5; a = 6; E, i, o, ˆ = 2; i, ˆ, o = 4}. Análise fonética acústica das vogais orais... 31

300 Duração das vogais orais de X em Ms 250 200 150 171 194 184 197 154 100 71 90 101 88 82 50 0 aα?? a Ε E E?? iι i?? ˆ??? ˆ ο o o?? Figura 1. Média da duração em milisegundos de X. Duração das vogais orais de MY em Ms 300 250 200 211 237 251 206 214 150 100 101 108 76 82 97 50 0 α a?? a Ε E?? E ι i?? i? ˆ?? ˆ ο o?? o Figura 2. Média da duração em milisegundos de MY. 300 Duração das vogais orais de OY em M s 250 218 233 232 245 200 191 150 100 108 87 91 75 76 50 0 α a?? a Ε E?? E ι i?? i? ˆ?? ˆ oο o?? Figura 3. Média da duração em milisegundos de OY. 32 Letras de Hoje Alves, A. C. & Galucio, A. V.

Figura 4. Palavra velho (poot) realizada pelo falante MY na Carrier Sentence te EkE oro)n Ek poot. 4.2 Quadro de distribuição das vogais 4.2.1 Vogais breves A análise do material acústico permitiu a distribuição das vogais orais longas e breves de acordo com a qualidade vocálica de cada segmento. Figura 5. Dispersão das vogais orais breves. Análise fonética acústica das vogais orais... 33

O gráfico da dispersão das vogais orais breves, Figura 5, mostra várias sobreposições ou áreas de intercessão, destacando-se a área de [a] e de [o]. Isto se deve ao fato de os dados de todos os falantes em questão estarem agrupados. Este gráfico demonstra que a variação na produção de vogais realizadas por homens e mulheres é significativa, em Sakurabiat, e pode alterar os resultados. Os falantes produzem um conjunto de freqüências de formantes que é a escala de freqüência para o tamanho aproximado do trato vocal supralaringal de cada um (Lieberman e Blumstein, 1988; Ladefoged, 2001). Desta forma, mesmo falantes do mesmo sexo apresentam alguma variação nos valores de produção das freqüências dos formantes, embora menos significativa do que a diferença entre homens e mulheres. Observando os dados separados pelo sexo dos falantes, obtêm-se os seguintes gráficos, Figura 6 e 7. De acordo com as Figuras 6 e 7, a dispersão das vogais orais breves demonstra a existência de contraste entre as cinco vogais, pois há uma área de realização específica para cada uma delas. Figura 6. Gráfico da dispersão das vogais orais breves da mulher. 5 5 Número de medições das vogais/ a, E= 9 ; i=7 ; ˆ, o= 10. 34 Letras de Hoje Alves, A. C. & Galucio, A. V.

Figura 7. Gráfico da dispersão das vogais orais breves dos homens. 6 A falante X produz freqüências de formantes mais altas que as produzidas pelos falantes MY e OY (homens). No caso da vogal [a], por exemplo, enquanto os homens começam com a freqüência de F1 em 581 Hz, a falante X começa em F1 723 Hz, valor mais alto. Considerando que a altura da vogal possui uma relação de ordem inversa com o primeiro formante (F1), quanto mais baixa a vogal, maior o valor da freqüência de F1, a vogal [a] produzida pela falante X está mais baixa em relação à realização dessa mesma vogal produzida pelos homens. O mesmo padrão se observa em relação às freqüências de F2. Por exemplo, enquanto o valor de F2 da vogal [i], realizada pelos homens, começa em 2104 Hz, para a falante X, esse valor sobe para 2732 Hz. Isso indica que o [i] desta falante está menos posterior (ou mais anterior) em relação a essa mesma vogal produzida pelos homens, considerando que a posterioridade da língua é inversamente proporcional ao valor do segundo formante (F2). 6 Número de medições das vogais para cada falante / a, E= 9; i=7; ˆ, o= 10. Análise fonética acústica das vogais orais... 35

De modo geral, mulheres têm tendência a apresentar maiores valores para as freqüências formantes, pois elas, normalmente, possuem o trato vocal menor se comparado ao trato dos homens. Quanto menor o trato vocal maior a ressonância nesse espaço acústico, o que provoca o aumento dos valores de freqüência dos formantes (LIBERMAN e BLUMSTEIN, 1988; LADEFOGED, 2001). Assim, uma criança apresenta valores de freqüência maiores do que os de uma mulher adulta e esta, por sua vez, apresenta valores maiores do que os de um homem adulto. De modo especifico, as cinco vogais breves apresentam as seguintes características: O [i] apresenta-se na faixa esperada para uma vogal alta anterior, para todos os falantes, embora com diferenças entre homem e mulher. F1 é produzido na faixa de 300 a 384 Hz, para os homens, e de 352 a 470 Hz para a mulher. Da mesma forma, F2 ocorre na faixa de 2104 a 2597 Hz, para os homens, e na faixa de 2732 a 3159 Hz, para a mulher. Essa distribuição das freqüências dos formantes indica que a falante feminina realiza a vogal [i] mais anterior e mais baixa do que os homens o fazem. A área de produção de [E] é uniforme para todos os falantes, caracterizando uma vogal anterior média baixa, embora com pequenas variações de F2. Para os falantes homens, a média de freqüência de F1 é 535 Hz e de F2 é 2010 Hz, enquanto para a mulher, a média de freqüência de F1 é 683 Hz e F2 2600 Hz. O [a] mostra uma ampla área de distribuição no que se refere à altura, para todos os falantes, apresentando F1 na faixa de 581 a 899 Hz, para os homens, e de 723 a 944 Hz, para a mulher. Esta vogal apresenta-se também mais posterior do que o esperado quando realizado pelos homens, com valor médio de F2 em 1327 Hz, contra 1628 Hz, para a falante X. O [o] mostra uma variação atípica no que se refere ao segundo formante para todos os falantes. Para a falante X, embora F2 apresente uma ampla variação, indo de 880 a 1666 Hz, F1 é realizado na faixa esperada para uma vogal média alta, entre 524 e 637 Hz, sendo decisivo para a caracterização da vogal. Por outro lado, essa mesma vogal é produzida pelos homens em uma faixa de freqüência mais próxima de uma vogal alta, embora ainda seja relativamente mais baixa do que as vogais altas [i] e [ˆ]. F1 ocorre na faixa de 336 a 494 Hz e F2 entre 643 a 1266 Hz, para os dois homens, ou seja, esta vogal, produzida pelos homens, está na faixa de [o/u] O [ˆ] está sendo produzido mais baixo do que o esperado, para todos os falantes, mas ainda assim na faixa de uma vogal alta, apresentando F1 entre 421 e 518 Hz, para a falante X, e na faixa 36 Letras de Hoje Alves, A. C. & Galucio, A. V.

de 343 a 435 Hz, para os homens. Destaca-se na produção dessa vogal, uma ampla área de dispersão para o segundo formante, que vai de 1711 a 2780 Hz, para a falante X, e de 1345 a 2361 Hz, para os homens. Essa distribuição, embora atípica para uma única vogal, ocorre tanto na fala feminina quanto na masculina e é confirmada pela variação observada em repetições diferentes da mesma vogal, no mesmo contexto, produzida pelo mesmo falante, como se pode observar no quadro abaixo. TABELA 4 Variação nos valores de freqüência de F2 para vogal [ˆ]. Frase Glosa palavra analisada Rep Falante F1 F2 kˆp te EkE oanˆ)mo) piolho 1 falante X 458 2449 kˆp te EkE oanˆ)mo) piolho 2 falante X 487 1711 kˆptit te EkE mata, floresta 1 falante MY 370 2344 te EkE kˆptit mata, floresta 2 falante MY 387 1420 kˆptit te EkE mata, floresta 1 falante OY 397 1345 te EkE kˆptit mata, floresta 2 falante OY 405 2131 Esta variação nas freqüências de F2 causa a ampla dispersão observada nos gráficos de dispersão das vogais breves (Figuras 6 e 7) e evidencia também uma possível mudança em curso na qualidade fonética desta vogal, que está sendo produzida mais anterior do que central. 4.2.2. Vogais longas Quanto às vogais longas, a partir da média dos valores de freqüência dos dois primeiros formantes, obtiveram-se os resultados apresentados nas Figuras 8 e 9. Assim como no caso das vogais breves, há distinção entre cinco vogais longas, pois existem áreas diferenciadas de realização para cada uma delas. A vogal [i ], assim como ocorre com as vogais breves, está dentro do padrão esperado para uma vogal anterior alta, embora seja bem mais baixa para a falante X, que produz F1 na faixa de 340 a 417 Hz. Para os homens, F1 dessa vogal se distribui entre 279 e 347 Hz. Os valores de freqüência de F2 para essa vogal são bastante elevados, de 2845 a 3058 Hz para a falante X e de 2196 a 2649 para os homens, fato que contribui para sua caracterização como a vogal mais extrema em relação à anterioridade. Análise fonética acústica das vogais orais... 37

Figura 8. Gráfico da dispersão das vogais orais longas da mulher 7. Figura 9. Gráfico da dispersão das vogais orais longas dos homens. 8 7 Número de medições das vogais / a:=9; E:, i =5 ; ˆ = 6 ; o =7 8 Número de medições das vogais para cada falante / a =9 medições; E, i =5 medições; ˆ = 6 medições; o =7. 38 Letras de Hoje Alves, A. C. & Galucio, A. V.

A vogal [E ] também está dentro do padrão esperado para uma vogal anterior média-baixa. Relativamente ao [i ], o [E ] é uma vogal menos anterior. As freqüências de F1 ocorrem na faixa de 463 a 624 Hz para os homens e na faixa de 662 a 803 Hz para a falante X. F2 ocorre na faixa de 1815 a 2268 Hz para os homens e na faixa de 2467 a 2866 Hz para a falante X. A vogal [a ] mostra uma distribuição mais posterior quando realizada pelos homens. Assim como nas outras vogais, os valores de freqüência para F1 e F2 são consideravelmente mais baixos para os homens. F1 ocorre na faixa de 593 a 760 Hz, para os homens, e na faixa de 837 a 954 Hz para a mulher. Os valores de freqüência de F2 apresentam a mesma relação, de 1214 a 1464 Hz para os homens, enquanto que para a mulher, ocorrem na faixa de 1573 a 1955 Hz. O [o ] ocorre em uma faixa de altura prototípica para uma vogal posterior média-alta, quando realizada pela falante X. Para os homens, essa vogal é relativamente mais alta, como se pode observar pela faixa de freqüência de F1. A falante feminina produz o F1 dessa vogal em uma faixa de freqüência distribuída entre 540 e 624 Hz, enquanto os homens produzem a mesma vogal com F1 entre 320 e 469 Hz. Para todos os falantes, F2 é relativamente mais baixo do que o esperado. Assim como ocorre com as vogais breves, o [ˆ ] apresenta uma ampla distribuição no que se refere ao avanço ou anterioridade da língua e realiza-se também mais baixo do que o esperado, embora ainda na faixa de uma vogal alta. Os valores de freqüência de F1 se distribuem em uma faixa que vai de 332 a 403 Hz, para os homens, e de 422 a 491 Hz para a falante X. Em relação à anterioridade, ocorre a mesma variação com respeito a F2 descrita para as vogais breves (ver Tabela 4), o que ocasiona a ampla distribuição, observada nas Figuras 8 e 9, indo de uma vogal central a uma vogal anterior [ˆ ˆ /I ]. Os valores de F2 vão de 1590 a 2325 Hz para os homens, e de 2222 a 2713 para a falante X. Em geral, a falante X apresenta valores maiores de freqüência dos formantes, de modo que suas vogais são mais anteriores e mais baixas em relação às vogais dos homens. Porém, ao contrário do que ocorre com as vogais breves, a junção dos dados para ambos os sexos não acarreta sobreposições, embora resulte em uma ampla dispersão das vogais no espaço acústico, conforme apresenta a Figura 10. Análise fonética acústica das vogais orais... 39

Figura 10. Gráfico da dispersão das vogais longas com dados de todos os falantes. 4.2.3 Média de freqüência dos formantes Os valores médios da freqüência dos formantes das vogais longas e breves são apresentados na Tabela 5. TABELA 5. Valores médios da freqüência dos formantes F1 e F2 e o desvio padrão das vogais orais curtas e longas. Vogais Mulher Homens Vogais Mulher Homens Breves F1 F2 F1 F2 longas F1 F2 F1 F2 [a] 863 1628 681 1327 [a ] 904 1749 686 1345 79 147 83 88 35 130 53 71 [E] 683 2600 535 2010 [E ] 735 2638 548 2062 66 192 50 173 58 138 49 134 [i]/[i] 391 2934 325 2417 [i ]/[I ] 383 2976 309 2475 40 121 24 167 26 73 28 155 [ˆ] 470 2418 380 1980 [ˆ ] 458 2425 356 1945 28 300 25 293 25 175 18 203 [o] 588 1239 411 959 [o ] 552 979 408 980 39 261 39 176 32 81 43 114 40 Letras de Hoje Alves, A. C. & Galucio, A. V.

Por meio da comparação dos valores médios dos dois primeiros formantes das vogais longas e curtas (cf. Tabela 5) com os valores médios obtidos por G. E. Peterson and H. L. Barney (1954 apud Borden et al. 1994) em seus estudos pioneiros sobre vogais, observou-se principalmente que: As vogais [a] e [a ] apresentam média de freqüência de F2 mais baixa que o esperado, especialmente para os homens, o que indica uma vogal mais posterior. As vogais [E], [E ], [i], [i ] estão sendo produzidas de acordo com padrão geralmente encontrado nas línguas do mundo, em termos de altura e anterioridade, sendo que as vogais médias são relativamente menos anteriores do que as altas. Os valores médios de freqüência de F1 para as vogais [o] e [o ] estão na faixa prototípica de uma vogal média alta, porém com uma grande área de dispersão, especialmente para os homens. Os valores médios de freqüência de F2 são mais baixos do que o esperado. O [ˆ] está sendo produzido mais baixo e mais anterior do que o esperado, isto é, seus valores médios estão na faixa prototípica de uma vogal anterior alta relaxada ou [ ATR], [I]. O mesmo ocorre com sua contraparte longa, tanto para homens quanto para a falante feminina. 5 Conclusão A análise acústica das vogais orais da língua Sakurabiat possibilitou o estudo vertical das características fonéticas desses segmentos. Cada vogal ocupa uma área específica do espaço acústico, distinguindo-se cinco qualidades vocálicas, as quais, por sua vez, ocorrem de forma breve e longa, contabilizando um total de dez vogais orais. A análise da dispersão das vogais no espaço acústico confirmou a ausência de vogal posterior alta [u]/[u ], porém mostrou que as vogais [o]/[o ] são realizadas em uma faixa de freqüência mais alta, especialmente para os homens, os quais apresentam uma maior dispersão para F1. Destaca-se também a realização da vogal [ˆ]/[ˆ ] mais anterior e mais baixa do que o esperado, melhor caracterizada foneticamente como uma vogal alta anterior relaxada ou [ ATR], [I]/[I ]. Este estudo tem implicações para certos aspectos fonológicos da língua, pois se verifica uma variação entre [ˆ] e [I], o que poderia indicar a ocorrência de uma mudança em curso, com a tendência de desaparecimento da vogal alta central e surgimento da vogal [I], como no seguinte quadro fonético: Análise fonética acústica das vogais orais... 41

i o i o I I E a E a O prosseguimento do trabalho inclui a realização de teste de percepção entre os falantes para que seja possível obter informações mais conclusivas sobre a possível flutuação identificada entre [ˆ] e [I]. Além disso, tomar-se-á conhecimento se os falantes identificam a área da vogal posterior alta [u] como um espaço de provável realização de uma vogal Sakurabiat. De forma geral, esta análise contribui para o estudo completo da língua Sakurabiat, o que, por sua vez, possibilita a obtenção de maiores informações sobre a inter-relação e os processos de mudança existentes entre as outras línguas da família Tupari, contribuindo assim para o estudo diacrônico de reconstrução da proto-língua da família, o Proto-Tupari. Agradecimentos Agradecemos a Gessiane Picanço e Didier Demolin, pelas sugestões e orientações, e às seguintes instituições pelo apoio recebido: CNPq-Programa PIBIC/MPEG; CNPq N 401645/2006-1, ELDP/SOAS MDP 0020 e FUNAI autorização 036/CGEP/06. Referências ASHBY, Michael; MAIDMENT, John. Introducing Phonetic Science. USA: Cambridge University press, 2005. p. 70-83 BORDEN, Glória J.; HARRIS, Katherine S.; RAPHAEL, Lawrence J. Speech Science Primer: Physiology, Acoustics, and Perception of Speech. 3 rd ed. Baltimore: Lippincott Williams & Wilikins, 1994. p.104, 183-187. DEMOLIN, Didier; STORTO, Luciana R. Production and perception of vowels in Karitiana. In: Acoustical Society of America, 2002, Cancun. CD- Rom Paper Collection, 2002. GALUCIO, Ana Vilacy. Fonologia da língua Mekens. In: ENCONTRO NACIONAL DA ANPOLL LINGÜÍSTICA, IX., Caxambu, MG. Anais do... v. 2. p. 988-997. LADEFOGED, Peter. Vowels and consonants: an introduction to the sounds of languages. USA: Blackwell Publishers, 2001. LIBERMAND, Philip; BLUMENSTEIN, Sheila E. Speech physiology, speech perception and acoustic phonetics (Cambridge Studies in Speech Science and Communication). Cambridge, USA: Cambridge University Press, 1988. PICANÇO, Gessiane L. Mundurukú: phonetics, phonology, synchrony, diachrony. 2005. (PhD Thesis) The University of British Columbia. 42 Letras de Hoje Alves, A. C. & Galucio, A. V.