Luis Felipe Soares Cherem¹ Antônio Pereira Magalhães Júnior²

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Transcrição:

O uso de imagens CBERS no monitoramento da expansão de atividades extrativas de rochas carbonáticas em Minas Gerais: o caso da província cárstica de Arcos-Pains Luis Felipe Soares Cherem¹ Antônio Pereira Magalhães Júnior² ¹ Universidade Federal de Minas Gerais Departamento de Geografia Graduando Rua Flor de Guambé, 70 apto.301 União 31.160-290 - Belo Horizonte MG, Brasil luis.cherem@gmail.com ² Universidade Federal de Minas Gerais Departamento de Geografia Prof. Adjunto Caixa Postal 719 - Av. Antônio Carlos, 6627 - Pampulha 31270-901 Belo Horizonte MG, Brasil magalhaesufmg@yahoo.com.br Abstract. This paper introduces an application for the sensor CCD of CERBS-2 satellite on monitoring the evolution of carbonatics minerals extraction in Minas Gerais state, specially at Arcos/Pains karstic region. It helps constraining the spreading of the illegal cavas focusing the balance of the karst environment. Palavras-chave: remote sensing, image processing, geology, sensoriamento remoto, processamento de imagens, geologia. 1. Introdução A ação em cadeia proporcionada pela dinamização da produção agrícola e da construção civil no Brasil tende a impulsionar a expansão da indústria cimenteira e de corretivos agrícolas o que, subsequentemente, pressiona as áreas com ocorrência de rochas carbonáticas de onde é extraída a matéria prima para esses insumos: o calcário. O estado de Minas Gerais é particularmente rico em rochas calcárias, as quais proporcionam, certas vezes, o desenvolvimento de feições cársticas como grutas e cavernas. Uma destas áreas cársticas naturalmente frágeis ocorre a SW do estado, na Província Cárstica Arcos-Pains. Nesta região, além de ser extraído por grandes empresas nacionais e multinacionais, como a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e a LAFARGE, o calcário é também extraído por pequenas e médias empresas, muitas delas ilegais. O calcário extraído em cavas superficiais apresenta uma assinatura espectral característica e, portanto, de fácil reconhecimento em imagens de satélites. No sensor CCD-CBERS2 sua refletância é maior nas bandas 2 e 3, sendo bem próxima de zero na banda 4. Aliada à boa resolução espacial e temporal desse sensor, a disponibilização gratuita deste tipo de material possibilita o monitoramento da expansão das atividades extrativas do calcário, um mineral não metálico que é a matéria prima para insumos com diversas aplicações industriais como a cal hidratada e o pó de calcáreo. Essa característica do sensor CCD-CBERS2 possibilitou, neste trabalho, sua aplicação na análise do processo de evolução da indústria de extração do calcário em uma porção da província cárstica Arcos-Pains, quando associada às imagens produzidas pelos sistemas imageadores LANDSAT-5 e LANDSAT-7. Tais imagens, foram obtidas junto ao website do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) para os anos 1988 e 2000, sensores TM e 807

ETM+, respectivamente. Portanto, é o objetivo desse trabalho apresentar os resultados do estudo dessa dinâmica temporal por meio da interpretação das imagens obtidas (Tabela 1). Tabela 1 Imagens utilizadas na avaliação da expansão das áreas de extração de calcário ANO 1988 2000 2006 Satélite LANDSAT 5 LANDSAT 7 CBERS 2 Sensor TM ETM+ CCD Data 24-06-1988 20-08-2000 12-04-2006 Órbita 219 74 154 Ponto 219 74 123 Bandas 3, 4, 5 3, 4, 5 2, 3, 4 Cobertura máxima de nuvens 0% 0% 10% Para tanto, as imagens tiveram todos os seus alvos interpretados e, em seguida, foram extraídas as áreas que corresponderam ao tema ext_calc. Por fim, as classes assim denominadas nas três imagens interpretadas compuseram um mapa temático no qual as classes foram denominadas ext_1988, ext_2000 e ext_2006. Essas classes foram medidas e sua evolução temporal comparada. O software utilizado foi o Spring (CAMARA et. al., 1996) versão 4.11. 2. Localização da Área de Estudo A maior parte das ocorrências calcáreas e das atividades de mineração na Província Cárstica Arcos-Pains situa-se na bacia do rio São Miguel, a qual ilustra, deste modo, as particularidades geológicas e industriais da região. A bacia faz parte do alto curso do rio São Francisco em Minas Gerais e tem seu retângulo envolvente enquadrado pelos pontos de coordenadas -45 44' 30", -20 30' 10" e -45 28' 36", -20 8' 21". A extensão do curso principal é de aproximadamente 40 quilômetros, com direção S-N. Essa bacia abrange cinco municípios: Arcos, a nordeste e leste; Córrego Fundo, a sudeste; Formiga, a sul; Iguatama, a noroeste; e Pains, a oeste e centro. A cabeceira do rio São Miguel corresponde à porção noroeste do município de Formiga. O restante do curso principal do São Miguel e seus afluentes orientais e ocidentais pertencem ao município de Pains. O baixo curso do rio divide os municípios de Iguatama e Arcos, havendo nesse ponto, a confluência com o rio Candongas que está quase totalmente inserido no município de Arcos nos seus 17km de extensão Uma peculiaridade local é a baixa proporção entre a área total da bacia, 523 km², e o total de sua área urbana, 5,7 km², relação essa que corresponde à cifra de 1,1% enquanto a média nacional é de 5%. As demais áreas ocupadas com usos não agrícolas são o distrito industrial de Calciolândia e as industrias de calcinação distribuídas ao longo das vias de acesso à área urbana de Pains. No extremo leste da bacia destaca-se a calcinação em pequenas indústrias. Essa atividade se estende ao longo da via que liga o município de Pains à Córrego Fundo e segue para Formiga, ficando fora da bacia. O uso do solo para cultivo de eucaliptos, atividade que tem ganhado importância e despertado o interesse de agricultores locais, está intrinsecamente relacionado à indústria do calcário, que tem na madeira um ótimo combustível para queima da matéria prima e geração de cal virgem. 808

Figura 1 Mapa de localização da área em estudo 2. Comparação do Comportamento Espectral dos Alvos com Pontencial de Confusão Para que fosse possível uma classificação que obtivesse a menor confusão entre classes possível, os alvos que poderiam apresentar o comportamento espectral próximo foram identificados e georreferenciados em campo e em seguida identificados na imagem CBERS2. A classe de uso do solo foco desse trabalho - áreas de extração de calcário - apresentou o comportamento apresentado na Tabela 2. Os alvos que potencialmente poderiam apresentar algum tipo de similaridade são: afloramento de calcário recoberto por mata seca, afloramento de calcário não recoberto, área de solo exposto e área urbana. Nas tabelas a seguir (Tabela 3, Tabela 4, Tabela 5 e Tabela 6), observa-se que a maior confusão do alvo ext-calc seria com área de solo exposto e área urbana. Essa confusão não é elevada, pois no primeiro (Tabela 5), há média reflectância na banda 4 e no segundo, ela é média na banda 2 (Tabela 6). Tabela 2 - Leitura de pixel para área com extração de calcário Long = o 45:35:40.901 Lat = s 20:19:8.728 X = 437914.7 m Y = 7753067.2 m Col: 756 Lin: 979 809

230 255 255 255 255 255 255 255 255 249 255 255 255 255 240 249 255 255 255 255 238 255 255 255 255 Tabela 3 - Leitura de pixel para afloramento de calcário recoberto por mata seca Long = o 45:34:52.247 Lat = s 20:19:29.782 X = 439328.0 m Y = 7752425.0 m Col: 827 Lin: 1011 25 30 30 30 30 30 35 35 30 30 39 39 39 39 30 39 43 43 39 30 39 43 49 39 35 34 34 42 34 34 51 42 42 42 34 51 51 42 42 42 51 42 42 42 34 51 51 51 51 51 36 43 48 52 52 59 55 55 50 45 80 82 87 78 62 73 80 89 89 75 75 82 84 84 75 Tabela 4 - Leitura de pixel para afloramento de calcário não recoberto Long = o 45:38:54.797 Lat = s 20:20:28.757 X = 432301.3 m Y = 7750585.8 m Col: 476 Lin: 1103 810

39 43 49 49 53 43 49 49 49 49 39 43 43 43 35 20 25 25 30 30 1 6 12 16 20 59 68 68 68 76 59 85 68 76 68 51 68 59 59 68 42 42 51 51 59 25 34 42 42 42 25 29 27 18 16 20 16 18 16 16 9 9 13 20 18 1 1 9 18 18 1 1 1 4 11 Tabela 5 - Leitura de pixel para área de solo exposto Long = o 45:40:5.856 Lat = s 20:11:4.475 X = 430170.8 m Y = 7767924.7 m Col: 369 Lin: 236 255 255 255 255 249 236 255 255 255 255 222 255 255 255 255 110 107 105 105 105 114 117 112 114 114 114 121 121 119 114 117 117 119 119 114 121 124 130 130 126 Tabela 6 - Leitura de pixel para área urbana Long = o 45:39:43.122 Lat = s 20:22:13.423 X = 430913.0 m Y = 7747362.5 m Col: 406 Lin: 1264 811

132 132 147 165 174 151 142 165 198 203 137 132 151 165 156 114 114 151 170 151 118 128 165 193 174 178 178 195 195 221 187 187 204 229 229 187 178 195 221 221 161 161 195 221 204 161 161 195 221 212 1 1 4 20 22 1 1 1 1 4 1 1 6 13 9 Para as bandas homólogas das imagens LANDSAT5 e 7, o comportamento espectral dos alvos analisados foi bem próximo do encontrado na imagem CBERS2, embora a interpretação daquelas tenha sido realizada a partir das bandas 453. Deste modo, a classificação ocorreu sem problemas. 4. Classificação das Imagens As imagens classificadas têm como retângulo envolvente as coordenadas planas X1:421.328,Y1:7.731.848, X2:453.452 e Y2: 7.773.834, na projeção UTM/CorregoAlegre. A Classificação foi realizada no software SPRING (CAMARA et. al., 1996). O método utilizado foi o supervisionado, sendo a segmentação realizada por crescimento de regiões e a classificação pelo método Battacharya. Para tanto, foram utilizadas as classes de uso e ocupação do solo definidas em CPRM (1994), que mapeou áreas cársticas, embora tenha havido adaptação para a resolução espacial do sensor. As classes são: água, vegetação densa, plantação de eucalipto, maciços recobertos com mata seca, maciços rochosos não recobertos, pastagens (campos), solo exposto, solo preparado, solo em pousio, solo plantado, área urbana, nuvem e sombra. O desempenho médio das amostras de teste alcançado para a imagem LANDSAT5 foi de 85,38%, para a imagem LANDSAT7 foi de 89,04% e para a imagem CBERS2 foi de 79,38%, sendo a confusão média 18,63% entre as amostras de água e solo em pousio e solo exposto e nuvens majoritariamente. Na verificação de campo realizada no meio da estação seca (final de julho) para a imagem CBERS2, os pontos amostrados para validação da imagem obtiveram 93% de equivalência. Os dois pontos em que não houve equivalência encontram-se fora dos limites da bacia de rochas carbonáticas (carbonatadas), pois as áreas sombreadas do relevo foram classificadas como maciço recoberto com mata seca, embora sejam áreas de cerrado, erro esse corrigido com o suporte do modelo topográfico da área. Após a composição do mapa temático com a classe ext_calc dos três períodos (1988, 2000 e 2006) (Figura 2), essas foram desagrupadas por municípios Arcos, Pains e Córrego Fundo e medidas (Tabela7). Observou-se que a distribuição espacial da extração de calcário, historicamente, se concentra em Arcos, fato explicado em grande parte pela presença da cava da CSN que se instalou no município ainda na década de 1960, embora sua expansão anual tenha sido de 1,2% e 3,7% para os períodos 1988-2000 e 2000-2006, respectivamente. Em contrapartida, entre os anos de 1988 e 2000, foi em Córrego Fundo que a taxa anual de 812

expansão foi mais intensa (17%), já que a atividade inexistia antes da década de 1990. Ainda entre 1988-2000, Pains apresentou expansão de 15%. Já entre 2000 e 2006, a taxa anual foi de 3,7%; 5,2% e 12,1% para Arcos, Pains e Córrego Fundo, respectivamente. Tabela 7 - Área com ocupação industrial na bacia do rio São Miguel, por município (Km²) ANO 1988 2000 2006 Arcos 4,08 4,69 5,91 Pains 0,55 1,60 2,19 Córrego Fundo 0,11 0,34 0,63 FONTE: Dados gerados pelos autores no software SPRING (CAMARA et. Al, 1994) através da medida espacial das classes. A análise espacial realizada sobre o mapa elaborado (Figura 2), demonstra que as cavas mais antigas estão localizadas em Arcos e próximas à área urbana de Pains. Já no ano de 2000, a expansão se concentra ao longo da MG-439 que liga Pains à BR-170, a qual corta a sede de Arcos. Assim, observa-se que a dinâmica da exploração do calcário na região está intrinsecamente relacionada às políticas territoriais dos municípios e à rede viária. O uso de imagens de satélites para o monitoramento da expansão da extração de rochas carbonáticas é potencialmente útil como ferramenta para o planejamento e a gestão ambiental, subsidiando, dentre outros, a localização de extrações clandestinas e de pequeno porte, muito comuns na região em estudo. A sua fiscalização é dificultada por diversos fatores que englobam a escassez de ferramentas de apoio como bases geográficas derivadas da interpretação de imagens de satélite, o que pode ser suprido quando usadas as imagens do sensor CCD do satélite CBERS2. 813

Figura 2 Expansão da extração de rochas carbonáticas Referências CAMARA, G; SOUZA, RCM; FREITAS, UM; GARRIDO, J. SPRING: Integrating remote sensing and GIS by object-oriented data modeling. Computers & Graphics, 20: (3) 395-403, May-Jun 1996. COMPANHIA DE PESQUISA DE RECURSOS MINERAIS (BRASIL); PROJETO VIDA - VIABILIDADE INDUSTRIAL E DEFESA AMBIENTAL. Informações básicas para a gestão territorial: Região de Sete Lagoas-Lagoa Santa, Minas Gerais. Belo Horizonte :CPRM, 1994 v. (Ordenamento territorial) 814