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Transcrição:

DOCUMENTAÇÃO DE APOIO ROTEIRO DE VISITA ATOUGUIA DA BALEIA ( DA IDADE MÉDIA AO SÉCULO XVII ) Professora - Ana Batalha CASTELO DE ATOUGUIA DA BALEIA Como indispensável segurança das pessoas e bens locais, face à eventualidade não só de novas arremetidas da parte das hostes muçulmanas, ávidas de poderem recuperar os domínios perdidos, como também de quaisquer sempre inoportunos e indesejáveis ataques da pirataria, tão habituais ao tempo, o castelo de Atouguia deverá ter sido começado a construir logo após a doação dos campos da região a D. Guilherme de Corni, isto é, por volta de 1148, primeiramente talvez urna primitiva paliçada, posteriormente transformada em muralha e reforçada com alguns torreões. Ao longo dos tempos e de acordo com necessidades e conservação ou de adaptação a novas estratégias defensivas, é de admitir que o primitivo castelo não teria deixado de sofrer naturais melhoramentos e alterações. D. Dinis, por exemplo, na sua impressionante actividade em prol da reorganização das defesas do reino e do impulso construtivo e reformador das fortificações existentes (e talvez por mercê desta sua intensa campanha tenha sido considerado, por alguns, como o monarca que o terá mandado construir), não terá ficado insensível à sua conservação, iniciativa que, em 1469, é também objecto da preocupação de D. Afonso V. IGREJA DE S. LEONARDO 1 A Igreja de S. Leonardo em Atouguia da Baleia, pelas suas características e pelo seu recheio, é o templo de maior interesse histórico de todo o Concelho. A sua época provável de construção - segundo o testemunham certas particularidades do interior - deve situar-se no séc. XIII. 1 Intervenções realizadas: 1970 - Intervenção nas pinturas quinhentistas, conservação do fresco que estivera tapado pelo retábulo, junto ao arco do cruzeiro, tratamento do relevo representando a natividade; 1971 - picagem do reboco sobre os paramentos da cantaria, tomada de juntas com argamassa hidráulica, picagem do reboco até à alvenaria e aplicação de novo reboco; demolição das guardas da escadaria interna em tijolo, demolição de alvenaria de pedra, do pavimento de cantaria da capela-mor, de 2 pilastras que suportam o coro alto demolido, da tribuna de madeira do altar-mor, incluindo o arranque do retábulo. Conservação do fresco e do relevo da natividade; demolição do pavimento em madeira da igreja e construção de novo pavimento em tijoleira; picagem dos rebocos internos para pesquisa de elementos de cantaria ou pinturas existentes sob os mesmos; 1980 - o relógio é retirado para ser electrificado; colocação de bancos na igreja. (Inventário da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais). Decorre ainda uma intervenção de restauro interior. Bibliografia : SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Inventário Artístico de Portugal, vol. V, Lisboa, 1955; Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, Selecções do Reader s Digest. 1982; DIAS, Pedro, O Gótico, in História da Arte em Portugal, vol IV, Lisboa, 1986; GIL, Júlio, As mais belas igrejas de Portugal, II, Lisboa, 1989; CALADO, Mariano, Peniche na História e na Lenda, Peniche, 1991. Guia de Portugal, Vol.II, Liaboa,Ed. Calouste Gulbenkian, 1983.

Templo cujas características se enquadram na transição do românico para o gótico, de planta de tipo mendicante, a sua frontaria é ladeada por uma original torre sineira encimada por duas pequenas pirâmides e o portal ducentista é constituído por três arquivoltas, que irrompem de pequenas colunas cujos capiteis são esculpidos e decorados com animais fantásticos. No frontão, encimando o pórtico, rasga-se uma rosácea. O interior é de três naves, em ogiva, sendo a cobertura em madeira, enquanto a da capela é abobadada, em pedra com nervuras. Na parede lateral da nave podem ser vistas cinco tábuas pintadas do séc. XVI, de grande valor, em especial a que representa o orago - S. Leonardo -, da oficina de Diogo Contreras. Existem duas capelas colaterais, sendo a do lado esquerdo guarnecida a azulejos policromos seiscentistas e ainda no lado da epístola um raro frontal de altar, constituído por um baixo relevo de calcário branco representando a Natividade, do séc. XIV. Chamamos ainda a atenção para: Presépio atribuído a Machado de Castro; Pia Baptismal quinhentista; Costela de Baleia proveniente do antigo travejamento de cobertura da igreja; Frescos Medievais ornamentando ainda alguns espaços da parede lateral direita; Epigrafia Tumular no interior e exterior da igreja. PAINEL DE S. LEONARDO 2 Do valioso recheio artístico da Igreja Matriz de S. Leonardo de Atouguia da Baleia, podemos admirar numa das paredes laterais da nave, um magnífico painel sobre madeira dos meados do séc. XVI, que representa o orago - S. Leonardo. A face do santo, aparece destacado sobre um fundo central de tapeçaria bordada com ornatos renascentistas. A arquitectura representada e as figurinhas dos segundos planos, certa rudeza típica das mãos e o denso sfumato do ambiente são características da oficina do Mestre Diogo Contreras. 2 Bibliografia: SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Inventário Artístico de Portugal, vol. V, Lisboa, 1955;

BAIXO - RELEVO DA NATIVIDADE 3 No interior da Igreja Matriz de S. Leonardo, em Atouguia da Baleia, podemos admirar uma das mais valiosas peças do templo, um raro frontal de altar, composto por um baixo-relevo de calcário fino representando a Natividade. Trata-se de uma obra muito realista da estatuária portuguesa do séc. XIV, embora reflectindo a influência da arte francesa. Do baixo-relevo, faz parte: A Virgem, com o véu caindo em duas pregas de cada lado da cabeça, os olhos sem pupilas, tem numa das mãos um livrinho, na outra uma rosa. Está deitada sobre um leito coberto dum manto que cai em largas pregas de grande estilo, a cabeça sobre uma almofada. Atrás do grupo sagrado, o burrinho e a vaca. De cada lado, deitados, anjos turiferários, de cabelos anelados. S. José, sentado aos pés da cama, apoiado a uma muleta, está coberto de barrete e tem cabelos e barba góticas. ( Reinaldo dos Santos, citado em - Guia de Portugal, op. Cit. p.570) PELOURINHO DE ATOUGUIA DA BALEIA 4 O pelourinho de Atouguia da Baleia, situa-se em frente à Igreja Matriz de S. Leonardo e aos antigos Paços do Concelho ( extinto em 1836), hoje sede da Junta de Freguesia de Atouguia da Baleia. Data dos inícios do século XVI e trata-se de um pelourinho de pinha, estilo manuelino, composto com as armas dos Condes de Atouguia, picadas a seguir à tentativa de assassinato de D. José, em 1759 por ordem do Marquês de Pombal. É ainda constituído por uma coluna assente numa base de três degraus, com um capitel facetado. 3 Bibliografia: SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Inventário Artístico de Portugal, vol. V, Lisboa, 1955; Guia de Portugal, Vol.II, Liaboa,Ed. Calouste Gulbenkian, 1983. 4 Bibliografia: SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Inventário Artístico de Portugal, vol. V, Lisboa, 1955; Guia de Portugal, Vol.II, Lisboa, Ed. Calouste Gulbenkian, 1983.

RUA DIREITA DE ATOUGUIA DA BALEIA Trata-se de uma sobrevivência de um conjunto arquitectónico, ainda coerente, da arquitectura urbana, tradicional da região, cuja curiosidade se conjuga com um traçado de origem medieval. Nascendo no espaço ocupado em tempos pelo castelo da vila, e prolongando-se em movimento expansionista em direcção ao largo de Nossa Senhora da Conceição, unindo como eixo viário e simbólico, esta devoção setecentista à Igreja e culto prestado a São Leonardo, bem no cerne da cultura religiosa medieval atouguiense na sua filiação francófila. Podemos detectar nesta rua ainda alguns vestígios da medievalidade do local, nas marcas de canteiro ostentadas pelos cunhais de pedra. FONTE GÓTICA ATOUGUIA DA BALEIA 5 Dando costas à Igreja de Nª Sr.ª da Conceição de Atouguia da Baleia, encontramos na berma direita, da rua com o mesmo nome, um breve mas significativo testemunho da arquitectura civil medieval. Trata-se da Fonte gótica ou fonte do Infante ( topónimo constatado em documentação setecentista) provavelmente do século XV, com estrutura lítica quadrangular, cuja serventia (hoje entaipada) é enquadrada por um arco em ogiva, coroado por um brasão ostentando as antigas armas da vila. Apresenta traços de uso como lavadouro, beneficiando hoje no seu repouso, do enquadramento vegetal de fazendas anexas e do ajardinamento que lhe foi oferecido. Está projectada uma intervenção de beneficiação do espaço envolvente. TOURIL 6 Junto ao terreiro fronteiro à Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Atouguia da Baleia encontramos um enigmático conjunto de esteios de pedra com perfurações rectangulares, regularmente alinhados. Se alongarmos a vista, de costas para a referida Igreja, identificaremos outro exemplar a pouco mais de 50 metros. Trata-se da reminiscência de um vetusto espaço tauromáquico, palco de festividades testemunhadas por documentos do terceiro quartel do século XVIII, que o dão como um espaço tradicional "onde há festas de Touros (1). Delimita uma área muito significativa e abre campo a diversas conjecturas acerca da origem do nome da povoação e do próprio Brasão de Armas (um touro com chifres enfeitados por duas torres). 5 Bibliografia: CALADO, Mariano, Peniche na História e na Lenda, Peniche, Ed. do Autor,1991. Guia de Portugal, Vol.II, Lisboa,Ed. Calouste Gulbenkian, 1983. SALVADOR, Francisco Manuel, Peniche, História da água - História de um povo, Peniche, S.M.A.S., 1997. (1) 6 Arquivo Paroquial de Nossa Senhora da Conceição de Atouguia da Baleia, INSC. doc. 66, cx. 4.

IGREJA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO 7 (I.I.P. - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 44 452, DG 152 de 05 Julho 1962.) Originalmente designada por Real Capela de Nª. Srª da Conceição, teve o inicio da sua construção em 1694. Corria o ano de 1696 quando, no dia 26 de Maio, a vila de Atouguia recebia a visita ilustre da Rainha de Portugal D. Maria Sofia (segunda mulher de D. Pedro II). Esta rainha ficaria associada para sempre à Real Capela, tendo contribuído com uma significativa esmola em dinheiro para as obras de construção da Igreja e ainda jóias preciosíssimas, brocados e paramentos. De tal forma foi determinante o envolvimento da rainha e a sua dádiva para a conclusão da Igreja que esta passou para o padroado real, cuja tutela dependia da Casa das Rainhas de Portugal. Trata-se de uma Igreja de planta longitudinal, composta pelos rectângulos justapostos da nave e da capela-mor à qual se adossam a sacristia e sala de reuniões. Dois torreões de planta quadrada salientes dos dois lados da fachada principal enquadram alpendradas que rodeiam a nave. Com cobertura em telhado de duas águas sobre a nave e a capela-mor, de quatro águas sobre os anexos, de uma sobre os alpendres e em cúpula sobre os torreões. A fachada é marcada pelos torreões em cantaria aparelhada, vazados por vãos rectangulares no 1º piso, por ventanas para sinos no 2º e ainda pelo alpendre de três arcos e colunas com forte entase que os une. Possui empena contracurvada, com moldura saliente rematada por frontão curvo. Às fachadas laterais adossam-se alpendradas de cinco arcadas, cobertas por abóbada de aresta, para as quais abrem portas de comunicação com os anexos. Cunhais em cantaria na igreja e anexos, cimalha envolvente. A autoria do projecto é atribuída a João Antunes, arquitecto da Casa Real. A nave única coberta por abóbada de berço caleada recebe luz de oito janelões das fachadas laterais, de três janelões e um óculo na fachada principal. Um arco triunfal de volta perfeita abre para a capela-mor, mais baixa, coberta por abóbada de aresta. Duas portas hoje entaipadas, com frontões redondos ligavam a nave aos dois átrios, que antecedem os anexos, cobertos por abóbadas de aresta. 7 FONTE: Inventário do Património Arquitectónico, DGEMN - Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, www.monumentos.pt, 1998.OUTRAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Inventário Artístico de Portugal, Vol. V, Lisboa, 1955; Tesouros artísticos de Portugal, Lisboa, 1976; PEREIRA, José Fernandes, Resistências e aceitação do espaço barroco, in História de Portugal, vol. 8, Lisboa, 1986; CALADO, Mariano, Peniche na História e na Lenda, Peniche, 1991.