PROCESSOS DE FABRICAÇÃO III SOLDAGEM MODOS DE TRANSFERÊNCIA METÁLICA MIG/MAG DEFEITOS EM SOLDAGEM E ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS

Documentos relacionados
SOLDAGEM DOS METAIS CAPÍTULO 10 DEFEITOS EM OPERAÇÕES DE SOLDAGEM

Avaliação das principais descontinuidades encontradas nas juntas soldadas, causas e possíveis soluções

SOLDAGEM Mig/Mag (GMAW) FCAW - Aula 05. Faculdade Pitágoras Núcleo de Engenharias Engenharia Mecânica 8º e 9º Período Barreiro, Setembro 2016

PROCESSOS DE FABRICAÇÃO III SOLDAGEM FORMAÇÃO DO CORDÃO DE SOLDA E CUSTOS DE SOLDAGEM

DESCONTINUIDADES NA SOLDAGEM

SOLDAGEM. Engenharia Mecânica Prof. Luis Fernando Maffeis Martins

Processos de Soldagem Soldagem a Arco com Arame Tubular

3. PROCESSO DE SOLDAGEM COM ELETRODO REVESTIDO

Processo d e soldagem

Exercício de Fixação Aula 06 MIG-MAG - TIG

SOLDAGEM MIG/MAG. Prof. Marcos Dorigão Manfrinato 1 MIG/MAG BIG MAC

Existem muitos termos relativos a soldagem, os quais devemos conhecer. A seguir, apresentamos alguns: - Chanfro - Junta - Solda

Processo de Soldagem Eletrodo Revestido

Processo, Consumíveis, Técnicas e Parâmetros, Defeitos e Causas

POR QUE ESTUDAR O ARCO ELÉTRICO?

Soldagem com Arame Sólido sob Proteção Gasosa - GMAW

PROCESSOS DE FABRICAÇÃO III SOLDAGEM METALURGIA DA SOLDAGEM

PROVA DE SELEÇÃO 2016 Página: 1 de 7

Processo de Soldagem MIG/MAG. Processo MIG / MAG Prof. Vilmar Senger

C R E E M SOLDAGEM DOS MATERIAIS. UNESP Campus de Ilha Solteira. Prof. Dr. Vicente A. Ventrella

Manufatura aditiva por LASER Metal Deposition e por Soldagem a Arco. Milton Pereira, Prof. Dr. Eng. Mec. 25/04/2018 FEIMEC São Paulo

Trabalho Prático N o :. Técnica Operatória da Soldagem SAW

SOLDAGEM COM PLASMA E FORA DA GRAVIDADE.

Rua Dário Freire Meireles, 541 Campo dos Amarais Campinas SP CEP:

Construção dos Navios. Seção B LIGAÇÃO DAS PEÇAS DE CONSTRUÇÃO

Processo de Soldagem Eletroescória HISTÓRICO

Trincas a Frio. Fissuração pelo Hidrogênio. Mecanismo de Formação. Trincas a Frio. Mecanismo de Formação Trincas a Frio

Características. Fundamentos. Histórico SOLDAGEM COM ARAME TUBULAR

SOLDAGEM DOS METAIS CAPÍTULO 6 SOLDAGEM A ARCO SUBMERSO

FONTES DE ENERGIA FONTES DE ENERGIA

Aula 13 e 14: Soldagem Eletrodo Revestido TIG MIG/MAG Arco Submerso

O tipo de Metal de Base (MB) escolhido é um aço ASTM A 36, de espessura 3/8 e

Processos de Soldagem Soldagem TIG

Técnica Operatória da Soldagem SAW

ANÁLISE DE SOLDA COM ELETRODO REVESTIDO EM AÇO SAE Acadêmico de Engenharia Mecânica, IFPI, Teresina-PI,

Processo, Tipos, Técnicas, Defeitos e Causas

GUIA DE SOLUÇÕES PARA SOLDAGEM COM ELETRODOS REVESTIDOS

Processo de soldagem: Os processos de soldagem podem ser classificados pelo tipo de fonte de energia ou pela natureza da união.

Descontinuidades na solda

Soldagem com Arame Sólido sob Proteção Gasosa - GMAW

NOÇÕES DE SOLDAGEM. aula 2 soldabilidade. Curso Debret / 2007 Annelise Zeemann. procedimento de soldagem LIGAS NÃO FERROSAS AÇOS.

DEFEITOS EM SOLDAGEM. Preparado por: Ramón S. C. Paredes, Dr. Engº.

MIG/MAG-Welding IV / Soldagem-MIG/MAG IV

Processo, Tipos e Classificação de Eletrodos, Técnicas, Defeitos e Causas

Eletrodos Revestidos

IDENTIFICAÇÃO DE REGIÕES OTIMIZADAS QUANTO AOS PARÂMETROS DE SOLDAGEM ATRAVÉS DO MAPA DE TRANSFERÊNCIA METÁLICA

Trabalho de solidificação. Soldagem. João Carlos Pedro Henrique Gomes Carritá Tainá Itacy Zanin de Souza

Tipos de Transferencia. Nebulizado Globular Pulsante

Descontinuidades e Defeitos na Soldagem 02/05/2013 2

Soldagem por Alta Frequência. Maire Portella Garcia -

LIGAÇÕES PERMANENTES. Processo de soldadura Introdução processo de soldadura

Soldagem TUBOxESPELHO em vasos de pressão do tipo trocador de calor casco e tubo

2.4- Monitoramento e Controle de Processos de Soldagem e de Linhas de Montagem. Prof. Dr. Rafael Laranja

PROCESSO DE SOLDAGEM TIG

Processo de Soldagem MIG/MAG. Processo MIG / MAG Prof. Vilmar Senger

GRSS. MIG Brazing BRITE EURAM III. MIG Brazing

Significância das descontinuidades na área de soldagem

Aços Alta Liga Resistentes a Corrosão IV

EPS 10 FACIULDADE SENAI NADIR DIAS DE FIGUEIREDO

Área de Educação e Treinamento

SOLDAGEM Aula 05. Faculdade Pitágoras Núcleo de Engenharias Engenharia Mecânica 9º Período Contagem, Setembro 2016

APLICAÇÃO DA SOLDAGEM FCAW-S EM CONDUTOS SAC 350 NA EMPRESA HISA GRUPO WEG.

DETERMINAÇÃO DOS MODOS DE TRANSFERÊNCIA METÁLICA NA SOLDAGEM MIG DE ALUMÍNIO

SOLDAGEM MANUAL A ARCO ELÉTRICO I. Felipe Chicoli Villar Leandro Peres Ferreira Raphael Oliveira Ferreira. Definição (De Acordo com DIN 1910 Parte 2)

Américo Scotti Vladimir Ponomarev SOLDAGEM MIG/MAG MELHOR ENTENDIMENTO MELHOR DESEMPENHO. 2ª edição Revisada e ampliada

Backings Cerâmicos e suas aplicações

INTRODUÇÃO A TECNOLOGIA DA SOLDAGEM.

Ensaio Visual e Dimensional Duração: 180 minutos. 1ª PARTE Inspeção Visual e Dimensional de Juntas. Preparadas Para Soldagem

Descontinuidades e Defeitos na Soldagem 25/11/2012 2

No que se refere a terminal services, no Windows 2000, julgue os itens seguintes.

APOSTILA SOLDAGEM É OBRIGATÓRIO O USO DESTA APOSTILA E DO ÓCULOS DE SEGURANÇA NAS AULAS DE LABORATÓRIO

Descontinuidades e Defeitos na Soldagem 06/05/2013 2

SOLDAGEM DE FLANGE EM TUBO DE ALUMÍNIO

SEM Elementos de Máquinas II

FUNDIÇÃO POR CENTRIFUGAÇÃO

CAPÍTULO V. 5.1 Introdução

Aula 6: Lista de Exercícios. Engrenagens Rolamentos Soldagem

O Arco. O eletrodo revestido é um eletrodo de produção de arco e metal de adição ao mesmo tempo.

Brasil 2017 SOLUÇÕES INTEGRADAS EM ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS

Ligações Soldadas Parte I

Trabalho Prático N o :. Técnica Operatória da Soldagem GTAW

(a) Representação esquemática da soldagem por fusão; (b) Macrografia de uma junta

CAPÍTULO 7 SOLDAGEM TIG

Norma Técnica Interna SABESP NTS 040

Contribuição técnica nº 33. Comprometimento da resistência de ligações soldadas devido a problemas operacionais na soldagem

Processo Eletrodos Revestidos 2 Tipos de eletrodos A especificação AWS A5.1

Processo Eletrodos Revestidos 1. Soldagem Elétrica Prof. Vilmar Senger

GUIA DE SOLUÇÕES ARAME SUPERCORED

Processo de Soldadura com Eléctrodo não consumível de Tungsténio e Protecção Gasosa Inerte TIG / GTAW / WIG / 141

Partículas Magnéticas

Terminologia de Soldagem Regiões e Geometria da Junta Soldada

FUNDIÇÃO POR CENTRIFUGAÇÃO

Soldagem I Lista de Exercícios

LIGAÇÕES PERMANENTES. Processo e processos de soldadura

FACULDADE DE TECNOLOGIA SENAI SP ESCOLA SENAI NADIR DIAS DE FIGUEIREDO. Curso de Inspeção e Automação em Soldagem AUGUSTO JOSÉ DA SILVA

I Curso de Especialização em Engenharia da Soldagem Turma CTA DEMEC-TC/UFPR

Soldagem de Alumínio MIG/TIG

Material Didático do Curso de Engenharia Mecânica da UniEVANGÉLICA

0 Introdução à Soldagem. Professor: Luiz Cláudio Furlan

Protegendo a solda. O processo de soldagem TIG é o assunto desta aula. Que sigla é essa?

Transcrição:

PROCESSOS DE FABRICAÇÃO III SOLDAGEM MODOS DE TRANSFERÊNCIA METÁLICA MIG/MAG E ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS Professor: Moisés Luiz Lagares Júnior 1

MODOS DE TRANSFERÊNCIA METÁLICA MIG/MAG Forças que governam a transferência metálica: Força gravitacional (Fg) Força associada à tensão superficial (Fγ) Força eletromagnética (Fem) Força de arraste (Fa) Força de reação por vaporização (Fv) 2 Scotti e Ponomarev, Soldagem MIG/MAG, 2008

3 Scotti e Ponomarev, Soldagem MIG/MAG, 2008

MODOS DE TRANSFERÊNCIA METÁLICA MIG/MAG Mapa de Transferência Metálica: 4 Scotti e Ponomarev, Soldagem MIG/MAG, 2008

MODOS DE TRANSFERÊNCIA METÁLICA MIG/MAG Transferência por curto-circuito Baixas tensões e correntes de soldagem (arco curto e baixa força eletromagnética) Frequência de transferência: 20 a 200 gotas por segundo 5 Scotti e Ponomarev, Soldagem MIG/MAG, 2008

MODOS DE TRANSFERÊNCIA METÁLICA MIG/MAG Transferência por curto-circuito Alta geração de respingos Baixos valores de corrente e tensão e a tendência do arco apagar no CC (baixo calor transferido) torna este tipo adequado para chapas finas e soldagem fora de posição plana Alta controlabilidade do processo em função de poça de fusão pequena e arco curto Em chapas grossas pode ocorrer Falta de Fusão e Mordedura Dificuldade em alumínio devido alta condutividade térmica (poça resfria e solidifica rapidamente), dificultando a fusão do metal de base e aprisionando gases (Porosidades) 6 Scotti e Ponomarev, Soldagem MIG/MAG, 2008

MODOS DE TRANSFERÊNCIA METÁLICA MIG/MAG Transferência globular Moderadas a altas tensões de arco e baixas correntes de soldagem (arcos longos para evitar curto circuito e força eletromagnética não significativa) Frequência de transferência: 1 a 10 gotas por segundo 7 Scotti e Ponomarev, Soldagem MIG/MAG, 2008

MODOS DE TRANSFERÊNCIA METÁLICA MIG/MAG Transferência globular Transferência irregular de gotas grandes (maiores que o diâmetro do eletrodo) Limitada à posição plana (força gravitacional dominante) Aspecto irregular do cordão de solda 8 Scotti e Ponomarev, Soldagem MIG/MAG, 2008

MODOS DE TRANSFERÊNCIA METÁLICA MIG/MAG Transferência goticular Transferência de pequenas gotas uniformes (diâmetro próximo do eletrodo), sequencial e em alta frequência (> 200 gotas por segundo) 9 Scotti e Ponomarev, Soldagem MIG/MAG, 2008

MODOS DE TRANSFERÊNCIA METÁLICA MIG/MAG Transferência goticular Ocorre em altas correntes (forças eletromagnéticas altas), polaridade positiva, tensões elevadas e atmosfera à base de Argônio A trajetória do vôo coincide com o eixo do eletrodo. Poderia ser empregada em qualquer posição Altas correntes (impondo alta energia) criam poças volumosas, dificultando soldagem fora de posição plana e chapas finas Aplicações principais: união e enchimento de chanfros em chapas grossas (acima de 3 mm), como é o caso de caldeirarias e construção naval Elevada estabildade do arco, pouco ou nenhum respingo, bom molhamento e boa penetração de solda, bom aspecto superficial, soldagem em alta velocidade e alta taxa de deposição Corrente de soldagem acima da Corrente de Transição - Itr 10 Scotti e Ponomarev, Soldagem MIG/MAG, 2008

MODOS DE TRANSFERÊNCIA METÁLICA MIG/MAG Corrente de Transição Acima da Itr, ocorre redução significativa e abrupta do tempo de formação da gota até o destacamento, com consequente aumento súbito da frequência de transferência Explicado pela mudança do fenômeno que governa a transferência (de Equilíbrio de Forças Estáticas para a Instabilidade Pinch Como regra prática, quanto maior a resistividade elétrica, menor o ponto de fusão, menor o diâmetro e maior o comprimento energizado do eletrodo, menor é a I tr Também depende do tipo de gás de proteção 11 Scotti e Ponomarev, Soldagem MIG/MAG, 2008

MODOS DE TRANSFERÊNCIA METÁLICA MIG/MAG 12 Scotti e Ponomarev, Soldagem MIG/MAG, 2008

Descontinuidade: interrupção da estrutura típica de um material como falta de homogeneidade de características mecânicas, metalúrgicas ou físicas Uma descontinuidade não é necessariamente um defeito Defeito: é uma descontinuidade que, pela natureza ou acúmulo, torna um produto inadequado por não atingir os requisitos mínimos de qualidade Uma solda com defeito possui uma ou mais descontinuidades Existe um grande número de definições em uso para cada defeito De acordo com o sistema de classificação estabelecido pelo International Institute of Welding IIW (Comissão V Non-destructive Testing and Quality Assurance of Welded Products doc IIS/11W-340-69), os defeitos são ordenados em seis grupos: 13 Modern Welding Technology, sixth edition

Série 100: Trincas Descontinuidade caracterizada por ter forma pontiaguda e alta razão entre comprimento e largura Um dos mais sérios defeitos devido a redução de resistência mecânica Agravada por carregamentos de impacto e baixas temperaturas Em geral, trincas indicam que o metal de solda (ou de base) apresenta baixa dutilidade e/ou alta restrição ao movimento. Contribuem: alta taxa de resfriamento, composição alta-liga, insuficiente calor imposto, preparação inadequada da junta e seleção incorreta do metal de adição 14 Modern Welding Technology, sixth edition

Série 100: Trincas Mecânica da Fratura: σm = 2σo(a/ρe)1/2 15

Série 100: Trincas Existem vários tipos de trincas Pode-se classificá-las como: a) Trincas de superfície b) Trincas internas 16 Modern Welding Technology, sixth edition

Série 100: Trincas Tipos de trinca de superfície: Transversal Longitudinal Trinca de cratera Trinca na margem ou Toe Crack (normalmente vem à superfície) 17

Série 100: Trincas Trincas de superfície: Transversal Longitudinal 18

Série 100: Trincas Trinca de superfície Trinca de cratera 19

Série 100: Trincas Trinca de superfície Trinca de cratera 20

Série 100: Trincas Trinca de superfície Toe Crack (trinca na margem do cordão) 21

Série 100: Trincas As trincas internas podem estar no cordão de solda ou na ZAC (underbead cracks) Pequenas trincas são também chamadas de microfissuras 22

Inspeção de trincas: Trincas de superfície: Inspeção Visual, Líquido Penetrante Trincas internas: Exame Ultrassom, Raio X, Partícula Magnética 23

END Ensaios Não Destrutivos: Inspeção Visual 24

END Ensaios Não Destrutivos: Líquido Penetrante 25

END Ensaios Não Destrutivos: Ultrassom 26

END Ensaios Não Destrutivos: Partícula Magnética 27

Série 200: Cavidades O tipo mais comum de cavidade é a porosidade definida como a descontinuidade formada pelo aprisionamento de gás durante a solidificação Pode-se classificá-la como: a) Porosidades de superfície b) Porosidades internas 28 Modern Welding Technology, sixth edition

Série 200: Cavidades Porosidades de superfície 29

Série 200: Cavidades Porosidades internas 30

Série 200: Cavidades Porosidades internas Carta de porosidade 31

Série 200: Cavidades Porosidades internas Srinkage cavity: Cavidade devido a contração na solidificação 32

Série 200: Cavidades Porosidades internas Porosidade Vermiforme 33

Série 300: Inclusões Normalmente são defeitos internos Qualquer material estranho no depósito de metal de solda O mais comum defeito é a inclusão de escória, definido como o aprisionamento de material sólido não-metálico no cordão de solda Também pode ocorrer: a) Inclusão de fluxo (SAW) b) Inclusão de óxidos (soldagem de alumínio) c) Inclusão de tungstênio (GTAW teste radiográfico) 34 Modern Welding Technology, sixth edition

Série 400: Falta de Fusão Fusão incompleta, penetração incompleta, falta de penetração Séria redução de resistência estática e pontos de concentração de tensão 35

Série 400: Falta de Fusão 36

Série 400: Falta de Fusão 37

Série 500: Defeito de forma Caracterizado pelo contorno impróprio do cordão, a morderura é um dos exemplos 38

Série 500: Defeito de forma 39 Sobreposição

Série 500: Defeito de forma 40

Série 600: Miscelânia Aparência ruim 41

Série 600: Miscelânia Aparência ruim 42

Série 600: Miscelânia Excesso de Respingos 43

Série 600: Miscelânia Excesso de Respingos 44

45

46

47 Modern Welding Technology, sixth edition