Projecto de regulamentação - Algumas estruturas de governação dos fundos de pensões

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Transcrição:

Projecto de regulamentação - Algumas estruturas de governação dos fundos de pensões CAPÍTULO I Depositários Artigo 1.º Contrato de depósito 1. O contrato efectuado entre a entidade gestora e o depositário deve conter, para além das comissões acordadas, as obrigações das partes e os mecanismos de controlo, comunicação e informação necessários a uma boa gestão do fundo. 2. Em caso algum os contratos de depósito podem conter claúsulas que limitem: a) O direito do fundo de pensões à propriedade e à livre disposição dos activos sob depósito; b) O exercício das funções de supervisão. Artigo 2.º Contas de depósito dos fundos de pensões Nas contas de depósito dos fundos de pensões só podem ser efectuados movimentos relacionados com operações realizadas por conta do fundo. CAPÍTULO II Entidades comercializadoras Artigo 3.º Meios materiais, técnicos e humanos As entidades comercializadoras devem dispor de meios materiais, técnicos e humanos 1

adequados à comercialização de unidades de participação de fundos de pensões abertos, por forma a fornecerem toda a informação necessária para que os clientes tomem decisões de investimento esclarecidas. Artigo 4.º Prestação de informação No caso da comercialização dos fundos de pensões ser efectuada por entidade distinta da entidade gestora dos respectivos fundos, compete a esta última assegurar-se de que a entidade comercializadora disponibiliza todos os elementos informativos, e que faz prova da sua efectiva disponibilização ao contribuinte, independentemente do canal de distribuição empregue. Artigo 5.º Adequação ao perfil de risco As entidades comercializadoras de unidades de participação de fundos de pensões abertos devem procurar obter do cliente a informação apropriada à identificação do seu perfil de risco, por forma a poder aconselhar-lhe, de modo correcto e pormenorizado, o fundo que mais se adequa a esse perfil. CAPÍTULO III Comissão de acompanhamento Artigo 6.º Disposições contratuais O contrato de gestão ou o contrato de adesão colectiva devem estabelecer, no mínimo: a) As funções da comissão de acompanhamento; b) O número e a distribuição dos representantes dos associados e dos participantes e beneficiários nessa comissão; 2

c) A duração do mandato dos representantes na comissão; d) O modo de convocação das reuniões da comissão; e) O prazo para a designação dos representantes dos associados e dos participantes e beneficiários. Artigo 7.º Regras de designação 1. A entidade gestora tem o prazo de 20 dias, após a assinatura do contrato de gestão ou do contrato de adesão colectiva, para informar os participantes e beneficiários das regras de designação e representação dos membros da comissão de acompanhamento e das funções dessa comissão, e instar a comissão de trabalhadores ou, caso esta não exista, os participantes e beneficiários do fundo ou da adesão, e o associado, para designarem os respectivos representantes na comissão de acompanhamento. 2. Nas situações em que a designação dos representantes dos participantes e beneficiários para a comissão de acompanhamento seja efectuada por recurso a eleição, o voto deve ser livre, pessoal e secreto. 3. Previamente à realização da eleição, deve ser divulgada ao universo de participantes e beneficiários aplicável a informação necessária a uma efectiva compreensão das funções, composição e funcionamento da comissão de acompanhamento, bem como o prazo para apresentação de candidaturas, o local para a realização da eleição e o quorum necessário à mesma, o qual não pode ser inferior à maioria dos participantes e beneficiários existentes no fundo ou na adesão. Artigo 8.º Regras de funcionamento 1. As regras de funcionamento da comissão de acompanhamento, previstas no contrato de gestão ou no contrato de adesão colectiva, não podem pôr em causa o 3

cumprimento dos objectivos e funções dessa comissão estabelecidos na legislação em vigor. 2. Se não estiver presente a totalidade dos membros da comissão de acompanhamento, esta só pode deliberar em maioria se pelo menos um terço dessa maioria corresponder à representação dos participantes e beneficiários. 3. Os membros da comissão de acompanhamento podem ser designados por um período máximo de 5 anos, podendo, no entanto, ser redesignados ou reeleitos. 4. A comissão de acompanhamento deve reunir-se, no mínimo, anualmente. 5. As despesas inerentes à representação dos membros na comissão de acompanhamento são assumidas pelas entidades a quem compete essa representação. 6. As restantes despesas inerentes ao funcionamento da comissão de acompanhamento são assumidas nos termos estabelecidos pelos membros dessa comissão, não podendo, em caso algum, ser imputadas ao fundo de pensões. Artigo 9.º Casos especiais Mediante acordo entre o(s) associado(s) e o(s) representante(s) dos participantes e beneficiários, e desde que seja cumprida a regra de proporcionalidade prevista no n.º 2 do Artigo 53.º do Decreto-Lei n.º 12/2006, de 20 de Janeiro, pode ser constituída uma única comissão de acompanhamento nas seguintes situações: a) Planos de pensões financiados pelo mesmo associado, através de um fundo de pensões fechado ou de uma adesão colectiva a um fundo de pensões aberto; b) Plano(s) de pensões financiado(s) por mais do que um associado, através de um fundo de pensões fechado ou de uma adesão colectiva a um fundo de pensões aberto; 4

c) Plano(s) de pensões financiado(s) por um ou mais associados, através de fundos de pensões fechados ou adesões colectivas a fundos de pensões abertos distintos, no âmbito do mesmo grupo económico. CAPÍTULO IV Provedor Artigo 10.º Deveres de comunicação 1. O provedor efectuará a sua apreciação no prazo máximo de dois meses a contar da apresentação da reclamação, devendo comunicar ao reclamante, por escrito, essa apreciação e a respectiva fundamentação, incluindo, se for o caso, as recomendações que decida efectuar à entidade gestora. 2. O provedor deve dar conhecimento à entidade gestora das reclamações recebidas e da respectiva apreciação fundamentada, incluindo, se for o caso, as recomendações que decida efectuar a essa entidade. 3. A entidade gestora deve informar o provedor sobre a decisão tomada quanto ao acatamento das recomendações por ele efectuadas, no prazo máximo de dois meses a contar do recebimento da recomendação. 4. O provedor deve informar o reclamante, por escrito, da decisão tomada pela entidade gestora quanto à sua recomendação. Artigo 11.º Deveres de divulgação 1. A divulgação das recomendações do provedor deve ser efectuada através de um dos seguintes meios: a) Sítio da «Internet» do Instituto de Seguros de Portugal; b) Sítio da «Internet» da entidade gestora ou, se esta não dispuser de sítio 5

autónomo, área expressamente reservada e devidamente assinalada em sítio institucional de grupo empresarial do qual a entidade faça parte; c) Sítio da «Internet» da associação de entidades gestoras de fundos de pensões, caso o provedor seja nomeado por esta. 2. Até ao final de Janeiro de cada ano o provedor deve remeter ao Instituto de Seguros de Portugal e à(s) entidade(s) gestora(s) em causa a informação a divulgar relativamente às recomendações efectuadas durante o exercício anterior, a qual deve conter, de forma clara e sucinta, os seguintes elementos: a) Designação da entidade gestora; b) Designação do fundo de pensões; c) Objecto da reclamação; d) Recomendação do provedor; e) Menção da adopção da recomendação pela entidade gestora. 6