Caracterização dos polímeros presentes em telas de LCD de matriz ativa provenientes de aparelhos celulares



Documentos relacionados
Monitores. Introdução

Tecnologias e Sistemas de Informação

Monitores. Tecnologias de Computadores. Trabalho realizado por: Universidade da Beira Interior. Prof.Pedro Araújo. -Diogo Fernandes nº27097

Ideal Qualificação Profissional

III-206 RECURSOS NATURAIS E RESÍDUOS TECNOLÓGICOS: ANÁLISE DO CONSUMO PARA FABRICAÇÃO DE ELETROELETRÔNICOS (ESTUDO DE CASO)

Degradação de Polímeros

TECNOLOGIAS PARA CARACTERIZAÇÃO E RECUPERAÇÃO DE METAIS EM REEE. Prof. Dr. Jorge Alberto Soares Tenório

Questões ENADE QUESTÃO 11 (Componente específico comum)

Perícia forense computacional aplicada a dispositivos de armazenamento e smartphones android

Caracterização de LCDs de aparelhos celulares obsoletos visando a reciclagem

Corrente elétrica corrente elétrica.

OBTENÇÃO DE ÓXIDO DE ESTANHO ATRAVÉS DE HIDRÓLISE CONTROLADA SnCl 2 A.G. RAMALHÃO (1), E.R. LEITE (1), E. LONGO (1), J.A.

aceitável. A própria imagem nestes monitores apresenta uma qualidade inferior, devido ao baixo contraste. Os LCDs de matriz ativa já apresentam uma

III CARACTERIZAÇÃO E PROCESSAMENTO MECÂNICO DE PLACAS DE CIRCUITO IMPRESSO DE TELEFONES CELULARES

DETERMINAÇÃO DO TEOR DE OURO, PRATA E COBRE EM SUCATA DE ORIGEM ELETRO-ELETRÔNICA

Nesse sistema de aquecimento,

CARACTERIZAÇÃO DE POLÍMEROS PRESENTES EM RESÍDUOS DE EQUIPAMENTOS ELETROELETRÔNICOS: ESTUDO DE CASO COM CARCAÇAS DE TELEFONES CELULARES

Atualmente trabalha como Analista de Suporte em Telecomunicações no Teleco.

Aula 6 Fundamentos da fotografia digital

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA QUÍMICA I TRIMESTRE CIÊNCIAS NATURAIS SABRINA PARENTE

Prof. Paulo Medeiros

Introdução aos Sistemas de Informação Geográfica

Entenda as vantagens dos chips de quatro núcleos

CARACTERIZAÇÃO DE TELAS DE LCD: EXTRAÇÃO DE ÍNDIO

Conceitos básicos de Componentes SMD. Eng. Décio Rennó de Mendonça Faria

A VARIAÇÃO DOS PREÇOS DO MATERIAL SELETIVO COMERCIALIZADO NO BRASIL

Tópicos em Meio Ambiente e Ciências Atmosféricas

Capítulo 4. Resultados e Discussão

3º Congresso Internacional de Tecnologias para o Meio Ambiente. Bento Gonçalves RS, Brasil, 25 a 27 de Abril de 2012

XIX Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica. SENDI a 26 de novembro. São Paulo - SP - Brasil

Prof. Rogério Eletrônica Geral 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA GRADUAÇÃO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO DEPARTAMENTO DE INFORMÁTICA E ESTATÍSTICA DATA MINING EM VÍDEOS

Atividade experimental Gerando energia elétrica com a luz do Sol

Análise em aparelhos de telefonia celular

Instrumentação para Espectroscopia Óptica. CQ122 Química Analítica Instrumental II 2º sem Prof. Claudio Antonio Tonegutti

DIODO SEMICONDUTOR. Conceitos Básicos. Prof. Marcelo Wendling Ago/2011

COMISSÃO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO.

Estratégia de Racionalização de Energia nos Laboratórios de Informática do Curso de Automação Industrial - Campus Ouro Preto - IFMG

ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS PLATAFORMAS ARDUINO E PIC

Analisador de Espectros

AbineeTec Seminário Sustentabilidade. Gestão e Tecnologias Disponíveis para. Logística Reversa e Reciclagem UMICORE BRASIL LTDA.

PROFESSOR LOURIVAL NETO

MÁQUINAS TÉRMICAS AT-101

I Simpósio dos Pós Graduandos em Engenharia Civil e Ambiental da UNESP

Tecnologia e Sustentabilidade

-Estrutura, composição, características. -Aplicações e processamento. -Tecnologias associadas às aplicações industriais.

O cliente é a razão do nosso trabalho, a fim de inseri-lo em um novo contexto social de competitividade e empregabilidade.

ENSINO DE QUÍMICA: VIVÊNCIA DOCENTE E ESTUDO DA RECICLAGEM COMO TEMA TRANSVERSAL

IMPORTANTE. Guia Rápido de Instalação. Utilizando seu projetor AIPTEK V10 Pro para projetar imagens a partir do seu Notebook/PC.

CADERNO DE EXERCÍCIOS 1D

I Congresso Baiano de Engenharia Sanitária e Ambiental I COBESA

Tecnologia de faixa para falha

LIXO ELETRÔNICO: UMA QUESTÃO AMBIENTAL

RECICLAGEM DE ALUMÍNIO: PREPARAÇÃO DA SUCATA PARA REFUSÃO

INFORMÁTICA PARA ADMINISTRAÇÃO I

FICHA TÉCNICA Energia Solar Painéis Fotovoltaicos

Megôhmetro Digital de 12kV

Prof. Célio Conrado 1

Experiência 06 Resistores e Propriedades dos Semicondutores

RESULTADOS E DISCUSSÂO

A Solução de Reciclagem de Residuos de Eletrônicos da USP Perspectiva CEDIR & LASSU

Fábrica de Vassoura. São Domingos do Norte ES

CONHECENDO ALGUNS PIGMENTOS MINERAIS DE MINAS GERAIS PARTE II

COLETA DE LIXO TECNOLÓGICO

LEI DE OHM. Professor João Luiz Cesarino Ferreira. Conceitos fundamentais

INTRODUÇÃO REDUZIR OS IMPACTOS AMBIENTAIS. POR OUTRO

Proposta de Trabalho para a Disciplina de Introdução à Engenharia de Computação PESQUISADOR DE ENERGIA

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS TECNOLÓGICAS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA TÉCNICAS DE ANÁLISE

3º Congresso Internacional de Tecnologias para o Meio Ambiente. Bento Gonçalves RS, Brasil, 25 a 27 de Abril de 2012

RESÍDUOS COMO ALTERNATIVA DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO SÓCIO-AMBIENTAL

Heraeus Noblelight Aquecimento infravermelho na indústria plástica

COMO OS LIVROS DIDÁTICOS DE ENSINO MÉDIO ABORDAM O EFEITO ESTUFA

IX Congresso Brasileiro de Análise Térmica e Calorimetria 09 a 12 de novembro de 2014 Serra Negra SP - Brasil

RESUMOS TEÓRICOS de QUÍMICA GERAL e EXPERIMENTAL

Congresso TIC Verde 2ª. Edição 12 e 13 de Agosto de 2009

PRÊMIO ESTANDE SUSTENTÁVEL ABF EXPO 2014

Química. Resolução das atividades complementares. Q42 Ligação metálica

PREPARAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE BLENDAS POLIMÉRICAS A BASE DE PET RECICLADO E POLIÉSTER DERIVADO DO ÁCIDO TEREFTÁLICO

REDUÇÃO DA TAXA DE POUPANÇA E AS EMPRESAS NÃO FINANCEIRAS:

Catalisadores. Substâncias que aumentam a velocidade de uma reacção sem serem consumidas

Oficina prática sobre desmontagem de computadores e os aspectos tecnológicos e financeiros a considerar na reciclagem

Análise Térmica. Universidade Federal de Juiz de Fora. Instituto de Ciências Exatas Departamento de Química. Metodologia Analítica

1) MANUAL DO INTEGRADOR Este documento, destinado aos instaladores do sistema, com informações de configuração.

VEJA AS NORMAS VIGENTES NO SETOR VIDREIRO

Tecnologia e Informática

BT QCC 1000 Quadro elétrico para câmaras frigoríficas até 3HP 220V2F

CONCEITOS. Prof. Roberto Monteiro de Barros Filho. Prof. Roberto Monteiro de Barros Filho

Excel Planilhas Eletrônicas

EXTRAÇÃO DE ÍNDIO DE TELAS DE LCD*

Sistema Básico de Inspeção Termográfica

Estudo da reciclagem das Blendas PC+ABS e PC+ABS+EPÓXI provenientes de sucatas eletrônicas

A influência das. lâmpadas na gravação

GERAÇÃO E DESTINO DOS RESÍDUOS ELETRO-ELETRÔNICOS

RESPOSTA TÉCNICA. Preciso de informações sobre reciclagem de thinner, fabricante de máquinas para reciclagem e viabilidade.

TIPOS DE termômetros. e termômetros ESPECIAIS. Pirômetros ópticos

CAPACIDADE TÉRMICA E CALOR ESPECÍFICO 612EE T E O R I A 1 O QUE É TEMPERATURA?

Difração. Espectrometria por Raios X 28/10/2009. Walmor Cardoso Godoi, M.Sc.

INTERFACE WEB DE COMUNICAÇÃO ENTRE PESSOAS JURÍDICAS E EMPRESAS DE RECICLAGEM DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL RESUMO

Introdução. Em se tratando de computador, entendemos que memória são dispositivos que armazenam dados com os quais o processador trabalha.

Transcrição:

Caracterização dos polímeros presentes em telas de LCD de matriz ativa provenientes de aparelhos celulares Guilherme B. T. Berselli 1, Angela C. Kasper 1, Hugo M. Veit ¹ 1 DEMAT/ EE/ UFRGS (guilherme.berselli@ufrgs.br) Resumo As telas de LCD (Liquid Cristal Display) são paineis finos usados para exibir informações por via eletrônica, elas estão presentes em diversos dispositivos eletrônicos como telefones celulares, máquinas fotográficas, calculadoras, televisores, aparelhos de gps, dentre outros. A cada ano são produzidos e descartados milhares de aparelhos de telefones celulares que possuem cada um, ao menos um display de cristal líquido. Estes displays, por sua composição, quando descartados de forma incorreta acarretam riscos ao meio ambiente, à saúde humana e perdas econômicas. Desta forma, a caracterização dos materiais que compõem estes dispositivos torna-se importante para que se possa reciclar ou reutilizar estes materiais. Este trabalho apresenta uma caracterização dos polímeros presentes nas telas de LCD de matriz ativa presentes em aparelhos de telefones celulares. Após a desmontagem destas telas estes polímeros foram caracterizados por infravermelho (FTIR) e análise térmica (DSC). Os resultados obtidos indicam a presença de quatro tipos de polímeros: policarbonato, usado na carcaça polimérica e no polímero guia de luz; poliésteres aromáticos, no polímero refletor; e poliésteres no polímero espalhador; e poliéster orto oftálico, nos polímeros de prisma. Palavras-chave: Telefones celulares, Telas de LCD, Caracterização, Polímeros, Cristal líquido. Área Temática: Resíduos Sólidos Abstract The screens LCD's (Liquid Crystal Display) are panels fine used for display information electronically, it are present in various electronic devices like mobile phones, cameras, calculators, televisions, GPS, among others. Each year thousands of equipments of mobile phones are produced and disposed, and each mobile phone has at least one liquid crystal display. These displays, due to its composition, when improperly disposed, result in risks to the environment, human health and economic losses. Therefore, the characterization of materials that are presents in these devices it is important in order to recycle or reuse the materials. This work presents a characterization of the polymers present in the LCD screens found in active matrix devices of mobile phones. After disassembly of these screens the polymers were characterized by infrared (FTIR) and thermal analysis (DSC). The results indicate the presence of four polymers: polycarbonate, used in the frame and in the light guide polymer; aromatic polyesters, used in the reflector polymer; polyester, used in the spreader polymer; polyester ortho-oftálico, used in the polymers of the prism. Keywords: Mobile phones, LCD screens, Characterization, Polymer, Liquid Crystal. Theme Area: Solid waste

1 Introdução A geração e o descarte de resíduos eletrônicos vêm aumentando a cada ano, sendo que grande parte destes resíduos é descartada juntamente com o lixo doméstico, ocasionando perda de materiais e poluição ambiental [1]. Estes resíduos correspondem atualmente a cerca de 5% de todos os resíduos gerados no mundo [2]. Dentre estes resíduos eletrônicos estão uma infinidade de aparelhos que apresentam telas de cristal líquido, do inglês liquid cristal display (LCD) em sua composição, tais como: aparelhos celulares, tocadores de áudio portáteis, GPS, televisores LCD, notebooks, netbooks, tablets, dentre outros. Este tipo de tela é muito utilizado devido ao baixo consumo de energia elétrica e por serem mais leves e mais finas que os antigos monitores de CRT (tubos de raios catódicos). Segundo a empresa americana de consultoria em tecnologia da informação Gartner, somente no ano de 2009 foram vendidos 1,2 bilhões de aparelhos celulares no mundo e no mesmo ano foram vendidos no Brasil 45,5 milhões de novas unidades [3]. Dos celulares fabricados no Brasil, entre 10 e 20% entram em inatividade a cada ano [4]. Como cada aparelho de telefone celular possui uma tela ou display de LCD [5], a quantidade de telas de LCD em desuso aumenta proporcionalmente aos descartes de aparelhos celulares. As telas de matriz ativa necessitam de iluminação de fundo para tornar as imagens coloridas. Essa iluminação de fundo é também conhecida como retroiluminação, ou backligth. A retroiluminação é uma estrutura de funcionamento complexo, utilizada para modificar os feixes luminosos que formarão as imagens, ela é composta por polímeros na forma de filmes sobrepostos em camadas [6]. Cristais líquidos são líquidos que apresentam moléculas ordenadas em pequenos intervalos formando um intermediário entre as fases líquidas e cristalinas. Alguns destes compostos alteram seu plano de polarização da luz quando submetidos a campos elétricos [7]. O cristal líquido é responsável por modificar o feixe de luz recebido, e juntamente com polarizadores são responsáveis por formar as imagens. Os filmes finos de índio e estanho, também chamados de indium tin oxide (ITO), são utilizados no vidro na forma de óxidos de índio e estanho e são os responsáveis por criar o campo elétrico que causa a distorção espacial do cristal líquido [8]. Nas telas de LCD de matriz ativa são encontrados polímeros na carcaça externa, na estrutura de retroiluminação e nos polarizadores. O vidro apresenta-se na forma de lâminas sobrepostas entre os filmes finos condutores e uma camada de cristal líquido. As telas de LCD são muito utilizadas atualmente sendo necessárias medidas para reutilizar os materiais que as compõe. Neste trabalho foram caracterizados os polímeros que compõe a carcaça, sistema de retroiluminação e o cristal líquido de telas de LCD provenientes de aparelhos celulares. 2 Materiais e Métodos A caracterização foi feita a partir das sucatas de 15 aparelhos celulares. As telas foram removidas e pesadas. Após a desmontagem das telas, cada componente foi pesado individualmente e analisado pelos métodos de FTIR e DSC. As etapas desenvolvidas no trabalho encontram-se no fluxograma mostrado na figura 1:

Figura 1 Fluxograma do trabalho 2.1 Desmontagem das telas As telas de matriz ativa coletadas de aparelhos de telefones celulares foram desmontadas manualmente e seus componentes foram pesados e separados em grupos. Estes grupos foram formados juntando os polímeros com funções idênticas. A carcaça polimérica está representada pela letra A. Os polímeros numerados de 1 a 5 são respectivamente: refletor, guia de luz, espalhador, prisma 1 e prisma 2. O número 6 representa o vidro com polarizadores e cristal líquido. Figura 2 Tela de LCD desmontada 6 5 4 3 2 1 A 2.2 Caracterização dos polímeros Neste trabalho foram utilizados dois métodos de caracterização de polímeros, o infravermelho por transformada de Fourier (FTIR) e a descrição do seu comportamento térmico sob variação da temperatura [9]. O comportamento térmico foi analisado por calorimetria exploratória de varredura (DSC). Foram analisadas amostras de cada um dos polímeros. Na obtenção das curvas de DSC foi utilizado o equipamento modelo DSC Q20, marca TA instruments. Os espectros de infravermelho foram obtidos em janelas de KBr, utilizando um equipamento modelo Spectrum 1000, marca Perkin Elmer. 2.3 Caracterização do cristal líquido As telas de vidro foram abertas e o cristal líquido foi extraído com solubilização em hexano PA (marca Quimex). O material obtido da extração foi colocado em estufa a 40 durante 60 min para evaporação do solvente e coleta do cristal líquido que, posteriormente, foi depositado sobre uma pastilha virgem de KBr e analisado por FTIR no mesmo equipamento da caracterização dos polímeros.

3 Resultados e Discussão A pesagem das telas foi feita selecionando telas com tamanho semelhantes e de diversas marcas e modelos de aparelhos celulares. Os valores médios obtidos estão apresentados na tabela 1. Conforme pode ser observado na tabela 1, o vidro e os polarizadores são os principais constituintes. Dentre os materiais caracterizados neste trabalho, o espalhador corresponde a cerca de 20% do peso de uma tela de LCD, a carcaça corresponde a cerca de 11% do peso, enquanto que os demais componentes correspondem cada um a menos de 2% do peso de uma tela de LCD. Tabela 1 Valores de pesos e percentuais correspondentes obtidos na pesagem das telas Componente Massa (g) % Tela inteira 5,500 100,00 Vidro* e Polarizadores 3,385 61,56 1 Refletor 0,098 1,78 2 Espalhador 1,100 20,00 3 Guia de Luz 0,085 1,56 4 Prisma 1 0,086 1,56 5 Prisma 2 0,105 1,91 6 Carcaça 0,640 11,64 * O cristal líquido está contido no vidro. 3.1 Caracterização da Carcaça polimérica No espectro de infravermelho mostrado na figura 3, obtido do polímero da carcaça das telas de LCD, podem ser vistos picos na região 1080-1100 cm-¹ correspondente ao estiramento de ligações C-O, pico central forte com estiramento em 1700 cm-¹ correspondente a ligação carbonila C=O. Estes picos são característicos do polímero policarbonato. Figura 3 Espectro de FTIR da Carcaça polimérica 80 70 60 50 %T 40 30 20 10 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 cm-¹ 3.2 Polímero Refletor No espectro de infravermelho mostrado na figura 4, obtido do polímero refletor, podem ser vistos um pico em 1700 cm-¹, correspondente ao estiramento da ligação entre C=O. Além de picos na região entre 1150 1250 cm-¹ correspondentes às vibrações de átomos de hidrogênio fora do plano da ligação. Estes picos são características de poliésteres aromáticos.

Figura 4 Espectro de FTIR Polímero refletor 3.3 Polímero Guia de luz No espectro de infravermelho mostrado na figura 5, obtido do polímero guia de luz, podem ser vistos picos na região de 1750 cm-¹ e picos na região de 1500 cm-¹ e de 1080 cm-¹, característicos de policarbonato. Figura 5 Espectro de FTIR Polímero guia de luz A análise das curvas de DSC da figura 6, obtida a partir de material do polímero guia de luz, mostra uma temperatura de transição vítrea em 145,13 C, também característica do policarbonato. Figura 6 Calorimetria diferencial exploratória (DSC) - Curva para o polímero guia de luz

3.4 Polímero Espalhador O espectro de infravermelho obtido do material do polímero espalhador (figura 7) mostra um forte estiramento em 1740 cm-¹ que pode ser associada a ligação C=O da carbonila. Os estiramentos em 1080 cm-¹e 1250 cm-¹ são característicos da ligação C-O de éster. Já o pico em 740 cm-¹ é característico de anel aromático para substituído. Essas bandas observadas são características de poliéster. Figura 7 Espectro de FTIR Polímero espalhador Na figura 8 podem ser vistas as curvas de DSC obtido do material do polímero espalhador. Nestas curvas é possível observar uma temperatura de fusão em 255,63 C, o que é uma característica do Poli(teraftalato de etileno) (PET). Neste gráfico não é possível verificar fase vítrea, implicando na composição predominante cristalina do polímero. Figura 8 - Calorimetria diferencial exploratória (DSC) - Curva para o polímero espalhador 3.5 Polímeros Prisma Da mesma forma que no polímero espalhador, no espectro de infravermelho dos polímeros de prima (figura 9), podem ser vistos o estiramento em 1732 cm-¹ de ligação C=O. Os estiramentos em 1053 cm-¹ e 1168 cm-¹ relativos a ligação C-O de éster e os estiramentos em 670 e 691 cm-¹ de anel aromático com orto subtituído. Estes picos são característicos de poliéster orto oftálico. As curvas de DSC obtidas a partir do material do polímero de prisma (figura 10) mostra uma temperatura de fusão em 254,99 C também característica de poliéster aromático. Verifica-se também uma pequena temperatura de transição vítrea em 64,73 C, o que indica uma fase amorfa no polímero.

Figura 9 Espectro de FTIR Polímero prisma Figura 10 Calorimetria diferencial exploratória (DSC) Curva para o polímero prisma 3.6 Cristal líquido No espectro de infravermelho obtido da amostra de cristal líquido extraída das telas de LCD (figura 11) podemos ver que os picos em 1018, 1039 e 1087 cm-¹ são relativos às ligações Si-O-Si. Já o pico 1260 cm-¹ é relativo à ligação Si-CH3 e os estiramentos em 799 e 2227 cm-¹ representam as ligação Si-H. Este conjunto de estiramentos das ligações é característico de silicone. Figura 11 Espectro de FTIR do Cristal líquido

4 Conclusões A pesagem das telas mostrou que apesar de formarem uma estrutura complexa os polímeros que compõe o sistema de retroiluminação e a carcaça polimérica representam cerca de 38,5% da massa total de uma tela de LCD proveniente de aparelho celular, não levando em conta a massa de cristal líquido; Os polímeros que compõe a carcaça e o guia de luz apresentaram respectivamente espectro infravermelho e temperatura de transição vítrea características de policarbonato; Segundo o espectro FTIR, o polímero refletor de luz é um poliéster tipo orto oftálico; Os polímeros, espalhador e prisma, apresentaram estiramentos em infravermelho e temperaturas de fusão características de PET, sendo que o primeiro não apresentou fase vítrea; As bandas de absorção obtidas no espectro de infravermelho da amostra de cristal líquido extraída das telas de LCD apresentaram estiramentos característicos de silicone; Referências [1] ZHANG, S., FORSSBERG, E. (1998) Mechanical recycling of electronics scrap - The current status and prospects. Waste Management e Research, 16, 119 128. [2] HUISMAN, J., MAGALINI, F., KUEHR, R., MAURER, C., OGILVIE, S., POLL, J., DELGADO, C., ARTIM, E., SZLEZAK, J., STEVELS, A. (2008) Review of Directive 2002/96 on waste electrical and electronic equipment (WEEE). Bonn: United Nations University, 2007. [3] GARTNER. Gartner says worldwide mobile phone sales to end users grew 8 per cent in fourth quarter 2009. Disponível em: http://www.gartner.com. Acesso em: Novembro de 2010. [4] MAWAKDIYE, A. (2007) Meio ambiente - Poluição eletrônica. Revista da Indústria, 129 (7), p. 50-53, jun. 2007. [5] KASPER, A. C., Caracterização e reciclagem de materiais presentes em sucatas de telefones celulares. 2011. 105p. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Fevereiro de 2011. [6] G. Cianfrini, Liquid Cristal Display Technology [Online]. Acesso em 10/2011. Disponível: www.ee.buffalo.edu/faculty/cartwright/teaching/ee494s99/presentations/lcd_di splays.pdf [7] TOKUMOTO, S. Síntese e Caracterização de Copolímero de Poliisopreno e Cristal Líquido. Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 1996. [8] TAVARES, V. Caracterização e processamento de telas de cristal líquido visando à reciclagem. 2006. 90 p. Dissertação (Mestrado) Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2006. [9] CANEVAROLO JR, S.V. Técnicas de caracterização de polímeros. São Paulo: Artlibles Editora, 2003.