Explosão de pó. Explosão. Como sucedem as explosões. 5ª Edição Maio / 2016

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Transcrição:

Explosão de pó O objetivo do presente boletim consiste em demonstrar o risco de explosão de pó em silos de armazenamento, bem como indicar as medidas preventivas. Explosão Uma explosão é um processo caracterizado por súbito aumento de volume e grande liberação de energia, geralmente acompanhado por altas temperaturas e produção de gases. Uma explosão provoca ondas de pressão ao redor do local onde ocorre e se classifica de acordo com essas ondas: em caso de ondas subsônicas, tem-se uma deflagração; em caso de ondas supersônicas (ondas de choque), tem-se uma detonação. Como sucedem as explosões A explosão de pó dá-se por meio de uma combinação de fatores. As partículas sólidas em suspensão, quando confinadas num determinado espaço, ao atingirem seu limite de explosivo, tornam-se uma mistura ideal explosiva, composta de comburente (ar atmosférico) e combustível (pó), que ao encontrar uma fonte de ignição provoca a detonação. Nos Estados Unidos, onde se estudam as explosões de poeira de grãos há mais tempo, recomenda-se que a concentração máxima de poeira de grãos no ambiente de trabalho seja de 4 g/m 3 de ar. A faixa mais perigosa para gerar uma explosão varia entre 20 (limite inferior de explosividade) e 4.000 (limite superior de explosividade) g/m 3 de ar.

Além disso, a decomposição de grãos pode gerar vapores inflamáveis; se a umidade do grão for superior a 20%, poderá gerar metanol, propanol ou butanol. Os gases metano e etano, também produzidos pela decomposição de grãos, são igualmente inflamáveis e podem gerar explosões. A poeira de grão é formada por aproximadamente 75% de matéria orgânica e 25% de matéria inorgânica. O milho é considerado um dos grãos mais voláteis e perigosos, embora toda e qualquer poeira de grão seja muito perigosa. A poeira depositada ao longo do tempo nos mais diversos locais, quando agitada ou colocada em suspensão e na presença de uma fonte de ignição com energia suficiente para a primeira deflagração, poderá explodir, causando vibrações subsequentes pela onda de choque. A primeira explosão (primária) agita o pó acumulado em outros locais e, como consequência, mais poeira entra em suspensão e mais deflagrações (secundárias) ocorrem, aumentando o potencial destrutivo e mais explosões acontecem (terciárias), cada qual mais devastadora que a anterior.

Condicionantes para ocorrer a explosão: Dimensão das partículas (entre 1 a 100 µm * ); Concentração (entre 20 e 4.000 g/m³ de ar); *µm - micrometro Impurezas; Concentração de oxigênio; Potência da fonte de ignição. Origem da detonação: Eletricidade estática (9,0%); Fricção (9,0%); Fogo (8,0%); Superfície quente (6,5%); Autocombustão (6,0%); Solda (5,0%); Ponto incandescente (9,0%); Causas desconhecidas (11,5%); Equipamentos elétricos (3,5%); Faísca mecânica (30%); Outros (2,5%). Pontos de ignição de poeiras explosivas Eletricidade estática 9% Fricção 9% Ponto incandescente 9% Causas desconhecidas 11,5% Fogo 8% Equipamentos elétricos 3,5% Outros 2,5% Superfície quente 6,5% Autocombustão 6% Faísca mecânica 30% Solda elétrica 9% Fontes da revista STAHL Principais equipamentos ou locais de surgimento: Moinhos e trituradores (40%); Elevadores (35%); Transportadores (35%); Coletores de pó e silos (15%); Secadores (10%).

Configuração de unidade armazenadora: Moega (01); Elevador transportador vertical dos grãos (02); Máquina pré-limpeza (03); Secador (04); Transportador horizontal dos grãos (05); Fornalha queimador de lenhas (06); Silo armazenador de grãos (07); Silo expedição de grãos (08). Medidas mitigadoras: Todas as edificações e estruturas onde exista o risco de explosão de pó devem contar com dispositivos de alívio de explosão/pressão;

Os dutos de transporte de poeira deverão ser dotados de sistema de detecção e de extinção de faísca; Silos metálicos devem ser construídos com a solda enfraquecida entre a cobertura e o corpo, de forma a permitir a separação neste ponto, em caso de explosão no seu interior; Todas as luminárias da área de risco, inclusive a de emergência, devem ser à prova de explosão de pó; Todos os locais confinados devem ser providos de ventiladores à prova de explosão, com acionamento manual ou automático, devidamente dimensionados para permitir a retirada de poeira e gases e a renovação do ar; As unidades armazenadoras devem dispor de proteção contra descargas elétricas atmosféricas; Os silos e as estruturas metálicas devem ser convenientemente aterrados; São necessárias manutenções periódicas dos equipamentos eletromecânicos; A instalação deve contar com um constante programa de limpeza, para evitar a formação de acúmulos de poeira sobre equipamentos, estruturas e demais locais;

Utilização de canecas de PVC evita atrito de componentes metálicos (faíscas); Instalação de eletroímã para retirada de impurezas metálicas; Provisão de filtros de manga nos elevadores; Caneca de PVC Eletroímã Filtro de manga Os transportadores verticais e horizontais deverão ser dotados de sensores automáticos de movimento, que desligam automaticamente os motores ao ser detectado o escorregamento da correia ou corrente. Exemplo de acidente de explosão de pó Portanto, cabe à Seguradora observar e inspecionar se os Segurados possuem os meios que mitigam o risco acima mencionado. Seguem abaixo exemplos de explosão de pó, mostrando que esse tipo de evento não é tão raro. Paranaguá/PR (Nov/2001) Imperial Sugar nos Estados Unidos (Fev/2008) Cianorte/PR (Maio/2016)

@tokiomarine_cor /TokioMarineSeguradora tokiomarine.com.br