«RESPONSABILIDADE COMUNITÁRIA»

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Transcrição:

«RESPONSABILIDADE COMUNITÁRIA» A liturgia deste domingo sugere-nos uma reflexão sobre a nossa responsabilidade face aos irmãos que nos rodeiam. Afirma, claramente, que ninguém pode ficar indiferente diante daquilo que ameaça a vida e a felicidade de um irmão e que todos somos responsáveis uns pelos outros. A 1ª leitura fala-nos do profeta como uma sentinela, que Deus colocou a vigiar a cidade dos homens. Atento aos projectos de Deus e à realidade do mundo, o profeta apercebe-se daquilo que está a subverter os planos de Deus e a impedir a felicidade dos homens. Como sentinela responsável alerta, então, a comunidade para os perigos que a ameaçam. Na 2ª leitura, Paulo convida os cristãos de Roma (e de todos os lugares e tempos) a colocar no centro da existência cristã o mandamento do amor. Trata-se de uma dívida que temos para com todos os nossos irmãos, e que nunca estará completamente saldada. O Evangelho deixa clara a nossa responsabilidade em ajudar cada irmão a tomar consciência dos seus erros. Trata-se de um dever que resulta do mandamento do amor. Jesus ensina, no entanto, que o caminho correcto para atingir esse objectivo não passa pela humilhação ou pela condenação de quem falhou, mas pelo diálogo fraterno, leal, amigo, que revela ao irmão que a nossa intervenção resulta do amor. LEITURA I Leitura da Profecia de Ezequiel «Ez 33,7-9» "Se não falares ao ímpio, pedir-te-ei contas do seu sangue" Eis o que diz o Senhor: «Filho do homem, coloquei-te como sentinela na casa de Israel. Quando ouvires a palavra da minha boca, deves avisá-los da minha parte. Sempre que Eu disser ao ímpio: Ímpio, hás-de morrer, e tu não falares ao ímpio para o afastar do seu caminho, LITURGIA DA PALAVRA

o ímpio morrerá por causa da sua iniquidade, mas Eu pedir-te-ei contas da sua morte. Se tu, porém, avisares o ímpio, para que se converta do seu caminho, e ele não se converter, morrerá nos seus pecados, mas tu salvarás a tua vida» Palavra do Senhor SALMO RESPONSORIAL Salmo «94 (95), 1-2.6-7.8-9 (R. cf. 8)» Refrão: "Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações" Vinde, exultemos de alegria no Senhor, aclamemos a Deus, nosso Salvador. Vamos à sua presença e dêmos graças, ao som de cânticos aclamemos o Senhor. Vinde, prostremo-nos em terra, adoremos o Senhor que nos criou. Pois Ele é o nosso Deus e nós o seu povo, as ovelhas do seu rebanho. Quem dera ouvísseis hoje a sua voz: «Não endureçais os vossos corações, como em Meriba, no dia de Massa no deserto, onde vossos pais Me tentaram e provocaram, apesar de terem visto as minhas obras». LEITURA II Leitura da Epístola do Apóstolo São Paulo aos Romanos «Rom 13,8-10» "A caridade é o pleno cumprimento da lei" Irmãos: Não devais a ninguém coisa alguma, a não ser o amor de uns para com os outros, pois, quem ama o próximo, cumpre a lei. De facto, os mandamentos que dizem: «Não cometerás adultério, não matarás, não furtarás, não cobiçarás», e todos os outros mandamentos, resumem-se nestas palavras: «Amarás ao próximo como a ti mesmo». A caridade não faz mal ao próximo. A caridade é o pleno cumprimento da lei. Palavra do Senhor. ACLAMAÇÃO AO EVANGELHO ALELUIA «2 Cor 5, 19»

"Em Cristo, Deus reconcilia o mundo consigo e confiou-nos a palavra da reconciliação" Refrão: Aleluia. Aleluia. Aleluia. EVANGELHO Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus «Mt 18, 15-20» "Se te escutar, terás ganho o teu irmão" Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se o teu irmão te ofender, vai ter com ele e repreende-o a sós. Se te escutar, terás ganho o teu irmão. Se não te escutar, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda a questão fique resolvida pela palavra de duas ou três testemunhas. Mas se ele não lhes der ouvidos, comunica o caso à Igreja; e se também não der ouvidos à Igreja, considera-o como um pagão ou um publicano. Em verdade vos digo: Tudo o que ligardes na terra será ligado no Céu; e tudo o que desligardes na terra será desligado no Céu. Digo-vos ainda: Se dois de vós se unirem na terra para pedirem qualquer coisa, ser-lhes-á concedida por meu Pai que está nos Céus. Na verdade, onde estão dois ou três reunidos em meu nome, Eu estou no meio deles». Palavra da Salvação REFLEXÃO HOMILÉTICA Nossa meditação da Palavra do Senhor neste Domingo pode ser desenvolvida em cinco afirmações. Ei-las: 1. Cristo está presente na sua Igreja; jamais a deixará, "pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles". 2. Essa Igreja é uma Comunidade de amor. 3. Essa Comunidade de amor é Comunidade de compromisso, de responsabilidade no seguimento de Cristo. 4. Na Comunidade de amor às vezes pode ser necessária a punição. 5. Qual o fruto de uma comunidade assim? 1. Cristo está presente na sua Igreja; jamais a deixará, "pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles". Caríssimos, quantas vezes tal afirmação foi distorcida como se bastasse que uns quatro gatos pingados se reunissem com a Bíblia e aí estaria Jesus. Nada disso! O sentido é exactamente o contrário. Aqui, neste capítulo 18 de São Mateus, Jesus fala sobre a vida da Igreja, comunidade que Ele fundou e entregou aos apóstolos, tendo Pedro por chefe. Os dois ou três aos quais se refere o Senhor são os líderes da Comunidade que vão decidir a questão do irmão que não quer ouvir os outros e divide a Comunidade! O que a Igreja liga ou desliga na terra e são os pastores (os Bispos com o Papa) que têm, em última análise, essa responsabilidade o Senhor o ratifica no céu: "Em verdade vos digo, tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra, será desligado no céu!" A autoridade que Cristo deu a Pedro de um modo especial, deu-a aos demais Bispos, os pastores autênticos da

sua Igreja, em comunhão com Pedro. Pois bem, onde dois ou três, como Igreja, estiverem reunidos em nome do Senhor, ele estará ali, ratificando as suas decisões. Que fique claro: não se pode agradar a Cristo, ser-lhe fiel, rompendo com a sua Igreja! Ela, por mais que seja frágil por causa da nossa fragilidade, é a Comunidade que o Senhor reuniu, sustenta e na qual se faz presente e actuante! 2. Essa Igreja é uma Comunidade de amor. O amor cristão não é simplesmente amizade ou simpatia humana, mas o fruto da presença do próprio Espírito de Amor, o Espírito Santo em nós: "O amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito que nos foi dado!" (Rm 5,5) É desse amor que fala São Paulo no capítulo 13 da Primeira Carta aos Coríntios; é esse amor que "cobre uma multidão de pecados" (Tg 5,20), é esse amor que é "a plenitude da Lei". Só ama assim quem se abre para o amor de Cristo, deixando-se guiar e impregnar pelo seu Espírito de amor! Ora, a Igreja deve ser o ambiente impregnado desse amor, mais forte que as nossas diferenças de temperamento, de opiniões, de modo de agir... Onde está o amor, a caridade, aí está Deus; onde o amor reina, o Reino de Deus está presente neste mundo! A Igreja deve ser o lugar do amor, o lugar do Reino! 3. Essa Comunidade de amor é Comunidade de compromisso, de responsabilidade no seguimento de Cristo. Por isso, não se pode usar o amor para encobrir a covardia, a tibieza, a frieza para com o Senhor e os irmãos e os desvios na Comunidade! O amor é exigente: "O amor de Cristo nos impele" (cf. 2Cor 5,14). A infidelidade ao amor a Cristo e aos irmãos é, precisamente, o pecado, que gera a divisão, a desunião, que faz sangrar a Igreja. Por isso Jesus exorta-nos à correcção fraterna, desde aquela simples, feita entre irmãos, até a correcção formal e mais solene, feita pelo Bispo ou até mesmo pelo Papa, como Chefe Supremo da Igreja de Cristo neste mundo: "Se o teu irmão pecar contra ti, vai corrigilo; se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas; se ele não der ouvidos, comunica o caso à Igreja". Muitas vezes, vê-se confundir amor e misericórdia com a covardia ou o comodismo de não corrigir. Ora, a correcção é um modo de amar, é um modo de preocupar-se com o outro e com a Comunidade que é ferida pelo pecado e o mau exemplo. A correcção pode salvar o irmão. Quantos escândalos nas nossas Comunidades poderiam ter sido evitados se tivesse havido a correcção no momento oportuno e do modo discreto e sincero que Jesus nos recomenda. Isso vale para a Igreja mais pequenina, que é nossa família doméstica, vale para o grupo do qual participamos, vale para a paróquia, a diocese e a Igreja universal (não a "do Reino de Deus", mas a de Cristo!), espalhada por toda a terra. A omissão em corrigir é covardia, é falta de amor à Comunidade que é a Igreja, é pecado de omissão e desatenção pelo irmão. Certamente, tal correcção deverá ser feita sempre com amor, com discernimento, com caridade fraterna. São Bento, na sua Regra, dá um preceito encantador: "In tribulationem subvenire" que poderíamos traduzir assim: "socorrer na tribulação". Mas, a palavra latina é subvenire: vir por baixo, vir de baixo. Ou seja, socorrer sim, corrigir sim, mas com a humildade de quem vem por baixo para sustentar, amparar e ajudar, para salvar; não vem com a soberba de quem está por cima para massacrar! Corrigir, sim, mas como Deus, que em Jesus, veio por baixo, na pobreza do presépio e na humilhação da cruz! Aí a correcção terá mais hipóteses de surtir efeito! 4. Na Comunidade de amor às vezes pode ser necessária a punição. Pode ser que não surta efeito a correcção fraterna; pode ser que aquele que é corrigido teime na sua dureza de propósito e repouse no erro. O próprio Jesus prevê tal possibilidade no Evangelho de hoje. E, então, o Senhor exorta a que tal irmão seja punido. Que escândalo para a nossa mentalidade actual! O pobre do Papa Bento XVI, antigo Cardeal Ratzinger, sabe o quanto foi difamado porque teve que impor penalidades a teólogos ou outros irmãos que, após a correcção, não se emendaram! A nossa tendência é só recordar do Senhor as palavras que agradam! No entanto, a punição na Igreja não é pela vingança ou o desafogo, mas deverá ser sempre medicinal, isto é, para produzir o arrependimento e a correcção, restabelecendo a paz na Comunidade e a salvação do irmão. Que os pais tenham a coragem de corrigir, os Bispos e o Santo Padre também. Aliás, de João Paulo II e Bento XVI, sabemos que a têm, graças a Deus! 5. Qual o fruto de uma comunidade assim? A saúde fraterna: a alegria de viver como irmãos: "Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão!" Oh, que palavra tão doce: ganhar o irmão! Eis aqui o motivo último da correcção fraterna! Pensemos bem, caríssimos: a Igreja não é um clube de amigos, mas uma família de irmãos em Cristo! É o amor do Senhor Jesus Cristo que nos une. A alegria da comunhão fraterna só será experimentada na sinceridade das nossas relações. Correcção, sim; crítica destrutiva, murmuração, difamação, não! Neste sentido, todos nós precisamos fazer um sério exame de consciência, seja a nível de família, seja num grupos paroquial e, até, mesmo na paróquia!

São estes os aspectos que a Palavra de Deus hoje nos propõe para rezarmos. Recordemos a exortação do Senhor pela boca de Ezequiel: se não corrigirmos o irmão e ele morrer no seu pecado, a culpa é nossa; se ele se corrigir, ganhamos o irmão: viveremos nós e viverá ele eis a marca do Reino de Deus neste mundo! Que ele aconteça nas nossas famílias e na nossa comunidade! PALAVRA PARA O CAMINHO Ser sentinela - A religião cristã não é um simples assunto pessoal que só a nós diz respeito e que nos desinteressa dos outros. - Sentinela : qual é o cuidado missionário que está em nós para transmitir a Palavra do Senhor aos nossos irmãos? - O nosso amor para com eles é suficientemente forte para os convidar a uma mudança de conduta, se necessário? - Sentinelas : o amor ao próximo é para nós uma dinâmica de conversão pessoal e comunitária? {Transcrito por Avelino Seixas} Quarta-Feira, VI-IX-MMXVII