A reviravolta russa. Nesta aula vamos estudar as origens da crise

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Transcrição:

A UU L AL A A reviravolta russa Nesta aula vamos estudar as origens da crise econômica e as razões da desestruturação política da União Soviética. Vamos estudar também as principais mudanças ocorridas após a crise de dezembro de 1991 e avaliar a atual importância econômica e política da Comunidade dos Estados Independentes (CEI ). Rosa mostra a Ana sua proposta de abertura para um caderno especial sobre a ex-união Soviética. A manchete que ela sugere é: Rússia ainda controla as ex-repúblicas. Destacaria o fortalecimento político da Rússia, a principal república da CEI. Ana gosta da idéia, mas comenta que a proposta lembra a divisão da Guerra Fria, uma idéia muito velha nesses tempos de economia globalizada. As duas, buscando uma solução melhor, mergulharam no noticiário recebido das agências internacionais. Ana sugere Revolta na Chechênia, um artigo que analisa o movimento separatista que se instalou no território russo e que já dura três anos. Mas as duas concluem que a idéia, apesar de sugestiva, ficaria muito limitada. - Achei! - diz Rosa. - Podemos abrir nosso caderno especial com um artigo chamado Um confronto entre potências nucleares. É uma análise da divisão do poder nuclear soviético entre Rússia, Ucrânia e Cazaquistão, mostrando as tensões existentes entre os três países e as possibilidades de conflito entre eles. Pelo poder de fogo dos três, acho que é um bom assunto - completa. Ana encontrou uma notícia muito boa sob o título Futuro incerto para as cinco mulçumanas. O artigo, excelente, fazia uma avaliação sobre as cinco repúblicas muçulmanas da Ásia Central e as incertezas políticas que as ameaçam. E o título estava ótimo... Mas, no fim, as duas acabam optando por O Império contra-ataca. É um artigo que analisa as questões econômicas e políticas que envolvem a Rússia e os seus parceiros da CEI. O artigo traz um mapa bem ilustrativo, e o título atrairia facilmente os leitores.

A U L A Acesse: http://fuvestibular.com.br/ O período de tensão da Guerra Fria marcou a ordem mundial do final da Segunda Guerra Mundial até 1990. A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) tinha sido o centro do bloco socialista e constituiu um poderoso conjunto econômico-político antagônico ao Ocidente. Em 1989, com a queda do muro de Berlim, que era um dos símbolos da divisão leste-oeste, o império soviético começou a se desintegrar. A cortina de ferro, que dividia a Europa em dois blocos, não tinha mais razão se existir. A União Soviética desapareceu em dezembro de 1991. O presidente Mikhail Gorbachev se demitiu. A bandeira vermelha com a foice e o martelo foi retirada do alto do Kremlin e substituída pela bandeira branca, azul e vermelha que havia sido, até 1917, o símbolo da Rússia czarista. O Partido Comunista perdeu a hegemonia das decisões e a união se desestruturou diante dos movimentos nacionalistas. A herdeira da União Soviética é a Rússia, que adota cada vez mais o modelo ocidental, estimulando a economia de mercado e a democracia parlamentar. O processo de expansão territorial, iniciado pelos russos que habitavam as florestas da região de Moscou, foi incorporando novas áreas até atingir as montanhas localizadas ao sul, as margens do Ártico, ao norte, e do Pacífico, a leste. A imensidão do território foi um dos fundamentos do império russo e também da União Soviética. Mas, bloqueado pelas águas congeladas do Ártico e do Pacífico e pelo arco montanhoso ao sul, o espaço russo foi sempre marcado pelo isolamento. A saída para as águas livres do gelo foi uma obsessão tanto dos czares quanto das lideranças soviéticas. A história da Rússia e da União Soviética é feita de avanços e recuos na direção do Ocidente, isto é, da Europa. A maior expansão ocorreu a partir de 19, quando a cortina de ferro dividia a Alemanha e marcava o limite da expansão soviética para oeste. A partir de 1989, a reunificação da Alemanha, a redemocratização dos países do Leste europeu e a saída das três repúblicas bálticas (Lituânia, Letônia e Estônia) da União Soviética marcaram o recuo da influência russa. O espaço russo, de dimensões continentais, está situado, na sua maior parte, em latitudes elevadas. Em conseqüência de sua localização, ele é dominado por um clima frio rigoroso. As temperaturas permanecem abaixo de zero por vários meses,e uma espessa camada de neve recobre todo o território. O frio do inverno congela a água do solo, impede a agricultura em grande parte do território e bloqueia o escoamento das águas dos rios durante vários meses. A camada de neve que recobre grande parte do território nesse período dificulta, também, a circulação dos homens. Outro traço característico do espaço russo é a imensidão das áreas planas. As vastas planícies e o planalto siberiano cobrem mais de 80% da área total. Esse relevo quase horizontal, cortado por rios gigantescos, é limitado ao sul por um arco montanhoso que, em alguns pontos, ultrapassa 7.000 metros de altitude. As diferenças marcantes entre uma região e outra são dadas pelas condições bioclimáticas. Segundo a posição em latitude e no sentido norte-sul, sucedem-se diferentes formações vegetais: a tundra é a vegetação das regiões árticas; a taiga é uma floresta aberta, com pequeno número de espécies; a estepe é uma vegetação rasteira que ocorre em áreas de solos muito férteis; no interior do território, à medida que as chuvas se tornam muito raras, passa a predominar a vegetação do deserto.

A U L A O território russo tem recursos minerais e energéticos excepcionais. Mas grande parte desses recursos está localizada a leste, principalmente na Sibéria, muito distante dos mercados de consumo, situados na parte ocidental. A utilização desses recursos é um grande desafio, porque vai exigir pesados investimentos na compra de equipamentos que permitam a extração e na construção de estradas e dutos que tornem possível o escoamento da produção. A antiga denominação União Soviética indicava o conjunto de quinze repúblicas que tinham o mesmo regime econômico, social e político. Embora houvesse um predomínio do grupo eslavo, os grupos minoritários não-eslavos eram respeitados. Com a desestruturação política da União Soviética, os movimentos nacionalistas afloraram e, em 1991, as repúblicas proclamaram-se independentes. Algumas ficaram fora da Comunidade dos Estados Independentes (CEI), que se constituiu a seguir. Dos 285 milhões de habitantes da antiga União Soviética, aproximadamente 200 milhões vivem na parte ocidental do território. Na parte siberiana, onde o clima é mais rigoroso, a população se concentra ao longo dos eixos de circulação e nas cidades pioneiras surgidas com a mineração ou a exploração de petróleo.

A U L A Acesse: http://fuvestibular.com.br/ Devido à acelerada industrialização, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, a população rural diminuiu muito: hoje, mais de 80% da população vivem nas cidades. As migrações internas, que antes eram direcionadas pelos interesses e necessidades do planejamento centralizado, hoje se realizam segundo as necessidades da economia de mercado. Os problemas da geografia do trabalho permanecem. Há excedentes de mão-de-obra nas regiões econômicas da parte ocidental, enquanto na Sibéria há falta de mão-de-obra. Mas o fato mais grave é o declínio da produtividade do trabalho nos últimos trinta anos. Em grande parte, as reformas econômicas iniciadas por Gorbachev procuravam resolver esse problema. Mas a transição para uma economia de mercado mais eficiente, com adoção de técnicas mais avançadas de produção e conseqüente aumento da produtividade do trabalho, significou um aumento do desemprego. A agricultura soviética dobrou sua produção entre 19 e 1965. Mas, de 1970 a 1990, ela cresceu mais lentamente, mesmo tendo sido beneficiada com 35% de todos os recursos aplicados na economia. A explicação para esse fraco desempenho pode ser dada pelo baixo rendimento das fazendas estatais e pela ineficiência das máquinas utilizadas. As tentativas de mudanças surgidas na agricultura entre 1990 e 1991, que possibilitavam a propriedade privada da terra, não tiveram êxito. Os camponeses resistiram às mudanças. Naquele momento, as grandes cidades viveram uma crise de abastecimento. As máfias que se organizaram após 1990, aproveitando-se da crise, estocaram grande quantidade de alimentos e os negociavam, no mercado negro, com grandes lucros. O setor industrial também viveu uma situação de crise, porque as reformas empreendidas não mudaram em profundidade a organização herdada dos planos quinqüenais. A União Soviética, em alguns momentos da Guerra Fria, realizou excepcionais proezas tecnológicas, principalmente na pesquisa espacial e na corrida armamentista. Mas o setor industrial, eficiente quando atendia à economia de guerra, mostrava-se incapaz de atender às necessidades de bens de consumo da população e de competir na economia globalizada. A produção industrial soviética era realizada por duas estruturas diferentes: de um lado, o complexo industrial-militar, que empregava 15 milhões de assalariados e era responsável por 60% do valor da produção industrial. Além dos armamentos, esse setor era responsável pelos produtos de alta tecnologia. De outro lado havia o setor voltado para o atendimento do mercado interno. O atraso dos procedimentos de fabricação, a irregularidade de abastecimento de matérias-primas e energia, o desestímulo da mão-de-obra, entre outros problemas, davam origem a produtos de qualidade inferior. As reformas realizadas antes da chegada de Gorbachev ao poder não tinham abalado os fundamentos do sistema industrial: planificação centralizada, fixação dos preços e controle do mercado. As mudanças adotadas em 1986 - a perestroika, palavra russa que significa abertura - foram profundas: previam um novo papel das empresas nos planos de desenvolvimento, uma lei que permitia o surgimento de cooperativas privadas de prestação de serviços e um programa de privatização.

A terapia de choque adotada em 1991 - preços liberados, aceleração das privatizações, reestruturação de setores inteiros da economia com a participação de capital externo - provocou uma queda de 30% na produção e desempregou 30 milhões de trabalhadores. A União Soviética enfrentou a partir daí uma profunda crise social. Quebrar a inércia do sistema industrial, até então isolado do mercado mundial, introduzir os princípios de produção flexível e a necessidade de inovação tecnológica passaram a ser os objetivos das reformas. Mas tudo isso é uma tarefa de longo prazo... Se o desastre do setor industrial em matéria de produção é evidente, os grandes conjuntos industriais herdados da União Soviética, particularmente na Rússia, dispõem de um enorme potencial. A U L A As fronteiras da CEI com a Europa ainda estão mal-definidas. A Ucrânia e a Bielorrússia se uniram à Rússia e formaram a União Eslava, que é o núcleo básico da CEI, mas as três repúblicas do Báltico tornaram-se independentes. Os três países bálticos são apresentados como a vitrine desenvolvida da ex- União Soviética. Possuem base industrial de alto nível técnico, mão-de-obra qualificada e boa infra-estrutura. Os investimentos de capital externo podem liberar os países bálticos da dependência da Rússia, da qual eles recebem matérias-primas e energia. Isso poderia transformar a Letônia, a Estônia e a Lituânia em tigres europeus. Na fronteira ao sul, na região do Cáucaso, vivem numerosos grupos étnicos que, a partir da desarticulação do poder central soviético, assumiram posições nacionalistas e independentes. A Geórgia, a Armênia e o Azerbaijão vivem hoje um clima de tensão que reacende ódios e divergências muito antigas. Na Geórgia, um nacionalismo extremado despertou velhos demônios. A república não aceitou participar da CEI, em 1991, tornando-se independente. Seguiram-se violentas lutas separatistas, por razões religiosas, e a instabilidade política generalizou-se.

A U L A Acesse: http://fuvestibular.com.br/ O Azerbaijão volta-se cada vez mais para a Ásia Central muçulmana. Participou da Conferência Islâmica, em 1991, e sua população, majoritariamente xiita, identifica-se cada vez mais com os movimentos religiosos fundamentalistas do Irã. No Azerbaijão, na bacia do mar Cáspio, são encontradas grandes reservas de petróleo, mas os equipamentos e métodos de produção são ultrapassados. A abertura para os investimentos de capital externo pode revitalizar a produção, transformando o Azerbaijão, em futuro próximo, num grande produtor de petróleo. A partir daí, sua importância econômica e os movimentos xiitas poderiam complicar mais o quadro político do Cáucaso. Na Ásia Central, os elementos unificadores são a religião islâmica e o mesmo sentimento de rejeição ao colonialismo russo, seja ele czarista ou soviético. A adesão das cinco repúblicas da Ásia Central à CEI não diminui as incertezas em relação ao futuro. Na Ásia Central, os movimentos antieslavos se multiplicam e as manifestações religiosas fundamentalistas pregam um retorno ao islamismo. A intervenção russa na Chechênia é uma tentativa de controlar a região, cujo projeto político oscila entre a unidade e a fragmentação. As repúblicas da Ásia Central formavam uma periferia econômica dentro da União Soviética. Suas funções essenciais eram fornecer matérias-primas às repúblicas mais desenvolvidas e consumir produtos industrializados. A rede de transportes instalada na região viabilizava essa relação de dependência. Mesmo participando da CEI, as repúblicas da Ásia procuram novos parceiros, como o Paquistão e o Irã. O Cazaquistão é a mais importante república da Ásia Central, graças às novas áreas agrícolas e à instalação de indústrias. Tem também posição estratégica destacada, devido à base espacial de Baikonur e a uma área de testes nucleares. O Império contra-ataca Moldávia: A Rússia exige a concessão de dupla cidadania aos cidadãos de origem russa para ratificar um tratado de 1990 em que reconheceu a integridade do território moldavo. Ucrânia: Além da disputa pela Criméia e pela Frota do Mar Negro, agora a Rússia quer assumir o controle de oleodutos e gasodutos que atravessam o país. A Ucrânia exige que a Rússia abra mão de suas reivindicações territoriais; Moscou resiste. Bielorrúsia: Os comandos militares dos dois países assinaram acordo para coordenar as ações nas suas fronteiras com a Ucrânia e realizar manobras militares visando a defesa dessas fronteiras e das com a Polônia, Letônia e Litânia, que também podem ser incluídas na área de ações coordenadas. Rússia Estônia: A Rússia está demarcando a fronteira comum, mas está incluindo 2 mil km 2 de territórios anexados depois da ocupação soviética, em 1940. Geórgia: A Rússia não reconhece as fronteiras enquanto não forem resolvidos os conflitos separatistas. Armênia: Um acordo garantindo a manutenção das bases russas no país está para ser assinado. Baseiam-se na submissão econômica, comercial e militar armênia. Azerbaijão: A Rússia não aceita a exploração do petróleo azerbaijano por um consórcio ocidental e propõe um acordo sobre o uso conjunto das reservas. Cazaquistão, Turcomenistão, Tajiquistão, Quirguistão e Uzbequistão: A Rússia se considera no direito de garantir a segurança das ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central. As repúblicas também se mantêm dependentes economicamente.

Antes da constituição da Comunidade dos Estados Independentes (CEI), a União Soviética era uma potência em dificuldades. Sua economia apresentava três bloqueios: a baixa produtividade, a ineficiência dos serviços e uma crônica crise de abastecimento. A U L A Essas dificuldades eram justificadas pela estrutura da planificação centralizada. As reformas propostas pela perestroika procuraram mudar o sistema que não funcionava mais, mas a privatização e a desregulamentação multiplicaram as dificuldades, e a União Soviética se desestruturou. Em dezembro de 1991, onze das quinze repúblicas da ex-urss constituíram a CEI. Cada república é soberana, mas aceita manter numerosas formas de cooperação. A Rússia é a principal herdeira do gigantismo soviético. Enquanto as repúblicas a oeste tornaram-se independentes, as da fronteira sul têm futuro incerto, porque no Cáucaso os nacionalismos são uma ameaça à estabilidade. Exercício 1 Apresente duas limitações na utilização do território russo que sejam decorrentes da sua posição em latitude. Exercício 2 Cite duas mudanças propostas pela perestroika para a economia soviética. Exercício 3 Assinale com F as afirmativas falsas e com V as verdadeiras: ( ) O continente russo está bloqueado pelas águas congeladas do Ártico e do Pacífico e pelo arco montanhoso que se estende, no sentido oesteleste, na fronteira sul. ( ) O inverno russo é o período da imobilização da vida das plantas, da angústia dos animais à procura de alimento e da longa espera dos homens. ( ) Os movimentos nacionalistas que afloraram em 1991 mostravam a estabilidade da organização política da União Soviética. ( ) A Sibéria permanece como uma fronteira de recursos ; seu aproveitamento vai depender de investimentos na construção de estradas e dutos e também em equipamentos. Exercício 4 Apresente duas características da economia soviética. Compare-as com as da Rússia pós-1991.