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Transcrição:

Por uma definição da variante estigmatizada na concordância verbal no interior paulista: a atuação da variável gênero/sexo Cássio Florêncio Rubio Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas Universidade Estadual Paulista (UNESP) São José do Rio Preto Bolsista FAPESP proc. 05/58498-8 cassiorubio@yahoo.com.br, cassiorubio@hotmail.com Resumo. Buscamos, neste artigo, demonstrar que o fator sexo/gênero pode influenciar, em conjunto com outros fatores sociais e lingüísticos, a aplicação da regra de concordância verbal dos falantes do interior paulista, considerando a premissa de que falantes do sexo feminino são mais sensíveis ao significado social das variantes lingüísticas. Palavras-chave. concordância verbo-sujeito; variação lingüística; sexo/gênero Abstract. In this paper we demonstrate that the factor sex/gender can influence, together with other social and linguistic factors, the verbal agreement of the speakers from interior of São Paulo state, taking account of the premise that female speakers are more sensitive to the social meaning of the linguistic variants. Keywords. subject-verb agreement; language variation; sex/gender 0. Introdução Considerando a concordância verbal (CV, daqui em diante) como fenômeno variável do português falado brasileiro, investigamos fatores de ordem social e lingüística que influenciam a aplicação dessa regra variável, focalizando, principalmente, o comportamento lingüístico dos falantes em relação ao sexo/gênero. 1 Para procedermos a essa análise utilizamos como córpus amostras de fala pertencentes ao Banco de Dados Iboruna, constituído pelo Projeto ALIP (Amostra Lingüística do Interior Paulista), sediado na UNESP de São José do Rio Preto. As amostras de fala são provenientes da gravação de 152 informantes da região noroeste do Estado de São Paulo, mais precisamente da região de São José do Rio Preto. Ainda que o fenômeno da variação na CV já tenha sido investigado em vários outros dialetos, nossa pesquisa se justifica por não haver até então um banco de dados elaborado com rigores técnicos que permitisse o estudo do comportamento lingüístico de informantes representativos da fala riopretana. As entrevistas analisadas foram estratificadas de forma igualitária considerando o fator social sexo/gênero. Coube-nos verificar: 1. Se o apagamento de marcas formais do verbo, indicativas de concordância com o sujeito no plural correspondente, ocorre com a mesma freqüência e probabilidade para falantes do sexo masculino e feminino; 2. Se esse apagamento ocorre com as mesmas características para a 1ª pessoa do plural (1PP) e a 3ª pessoa do plural (3PP); 3. Quais fatores sociais e lingüísticos podem influenciar, Estudos Lingüísticos XXXVI(2), maio-agosto, 2007. p. 380 / 388

em conjunto com o fator sexo/gênero, positivamente ou negativamente os índices de aplicação da regra de CV. 1. Procedimentos metodológicos Estabelecemos, em nosso trabalho, como variável dependente a variante zero de plural nos verbos e a variante explícita de plural nos verbos, para a primeira e terceira pessoas, como mostram as ocorrências que seguem. 2 (1) eu fiz a prova... nós tava em:: em:: um uns trinta candida::to [AC-135, p.1, l.27] (2) nós namoramos já um BOM tempo (nossa) namoramos desde junho do ano passado [AC-022, p.1, l.5] (3) aí ela disse que entrou mais dois meninos... de manhã... [AC-006, p.10, l.416] (4) éh não houve assim nada de grave a não ser algumas pessoas que ficaram internadas até por alguns dias... [AC-113, p.3, l.88] Foram analisados todos os dados de CV extraídos das 10 entrevistas, que apresentam duração média de 40 minutos, perfazendo um total de 427 ocorrências. Do total de ocorrências, 359 apresentaram marcas explícitas de CV, 84% da amostra, e 68 ocorrências, 16% do total, apresentaram a variante zero de plural nos verbos. Para a verificação da correlação entre fatores lingüísticos e sociais atuantes no fenômeno em estudo, os dados foram codificados e analisados estatisticamente com o auxílio do pacote estatístico Varbrul. 2. Pressupostos teóricos Desde o estudo precursor de Fisher (1958), que estudou a influência de fatores sociais na fala de crianças de uma comunidade rural da Nova Inglaterra, Estados Unidos, sabe-se que a escolha das variantes lingüísticas é influenciada pelo sexo/ gênero. Fisher comprovou que, na variação entre o -ing e in, falantes do sexo feminino usam mais a forma de prestígio -ing que os falantes do sexo masculino, que optam com maior freqüência pela forma -in. Da mesma forma, Labov (1966) constatou que, no contexto variável de /r/ pós-vocálico, as mulheres empregam mais a forma padrão novaiorquina, a preservação do /r/, do que os homens. Em Wolfram (1969), Trudgill (1974), Laberge (1977), Sankoff & Thibault (1977), Guy (1981), Oliveira (1982), Silva (1982), é constatado que representantes do sexo feminino tem maior tendência a acompanhar as formas lingüísticas consideradas padrão em uma comunidade, ou seja, as mulheres se mostram mais preocupadas do que os homens com a norma imposta pela comunidade. Labov (1990, p.210-215) sumariza os resultados sobre a influência do fator social sexo/gênero por meio dos seguintes princípios: Princípio I: Em uma estratificação sociolingüística estável, homens fazem uso, com maior freqüência, de formas lingüísticas não-padrão do que mulheres. Estudos Lingüísticos XXXVI(2), maio-agosto, 2007. p. 381 / 388

Princípio Ia: Em fenômenos variáveis, mulheres são mais receptivas às formas de prestígio do que homens. Princípio II: Nas mudanças lingüísticas que privilegiam formas prestigiadas na comunidade, mulheres são mais inovadoras. Para Chambers (2001, p.427), a generalização elaborada por Labov, a respeito da comunidade de fala, pode ser questionada, pois o comportamento de uma comunidade depende da estratificação de suas classes sociais. Nas classes de trabalhadores, por exemplo, o uso das formas lingüísticas não-padrão, por representantes do sexo masculino, está associado à orientação das normas dessa comunidade, que associam esse comportamento lingüístico à masculinidade. Romaine (1999, apud Chambers, 2001, p.353) afirma que as mulheres possuem mais consciência da pressão exercida pelas normas locais e também acerca do status social. Os estudos de Callou (1979) e Silva (1982), envolvendo o PB, comprovam que as mulheres podem ser mais inovadoras que os representantes do sexo masculinos em fenômenos de mudança para uma forma que não seja desprestigiada na comunidade lingüística. 3 Para Rodrigues (1987), as mulheres são mais conscientes e mais sensíveis ao significado social das variáveis lingüísticas, o que faz com que sejam mais conservadoras quando as mudanças lingüísticas estão operando em direção oposta à da variedade de prestígio. Quando a mudança caminha em direção a uma forma prestigiada, ainda que não obedeça à forma padrão da comunidade, as mulheres tendem a ser mais inovadoras. Os resultados apresentados pela autora sobre a influência do fator sexo/gênero na aplicação da regra de CV para a comunidade pesquisada, contudo, demonstram que os homens aplicam mais a regra de CV para a 1PP do plural do que as mulheres, fato atribuído, segundo ela, à falta de acesso das mulheres, principalmente, ao mercado de trabalho. Para a 3PP os resultados apresentados demonstraram que o fator sexo resultou inoperante, já que os números para ambos os sexos foram praticamente homogêneos. Ao elaborar uma comparação entre a concordância de 1PP e 3PP, a autora constatou que os índices de não-aplicação da regra para a 3PP superaram em muito os índices de não-aplicação para a 1PP, pois, sob o ponto de vista social, principalmente nos grandes centros urbanos, a noção de erro é mais saliente para a falta de CV de 1PP do que de 3PP, estando aquela mais associada a falantes do interior ou de zona rural. Generalizando, isso equivale a dizer que a noção de erro associada à CV de 3PP não tem o mesmo peso social que tem a CV desviante de 1PP. Uma explicação plausível, segundo Chambers (2001, p.354), para resultados como esses, seria a divisão sócio-cultural do trabalho entre homens e mulheres. Em comunidades em que a mulher possui maior mobilidade social e se insere no mercado de trabalho, a discrepância entre a fala masculina e feminina é maior do que em comunidades onde a mulher não goza das mesmas condições de participação social que os homens. Nas condições de menor desigualdade de participação na comunidade o comportamento lingüístico entre homens e mulheres tende se assemelhar. 3. Análise Conforme mencionamos anteriormente, nas comunidades urbanas do mundo ocidental, há uma tendência de que falantes do sexo feminino usem mais as formas de Estudos Lingüísticos XXXVI(2), maio-agosto, 2007. p. 382 / 388

prestígio que falantes do sexo masculino, ou seja, as mulheres buscam aproximar sua fala da variedade padrão. Seguindo então essa tendência, nossa hipótese era a de que os informantes do sexo feminino apresentassem um maior índice de CV do que os informantes do sexo masculino. Apesar de não ter sido selecionado como relevante, esse grupo de fatores contrariou essa nossa expectativa inicial, uma vez que, para os homens, houve um maior índice de aplicação da regra (87% /.54) do que para as mulheres (82% /.47), embora, em termos de freqüência, a distância entre eles não seja grande. A diferença desse resultado em relação à maioria das pesquisas do PB sobre o mesmo assunto pode residir no fator origem geográfica dos informantes, uma região interiorana, na qual o modo de vida familiar difere, de certa forma, do modo de vida das grandes capitais, onde a mulher está mais inserida no mercado de trabalho, ocupando posições antes reservadas aos homens. É muito comum na comunidade investigada, que a mulher, diferentemente do homem, permaneça em casa, nos afazeres domésticos, não travando um contato maior com a norma culta, presente principalmente no ambiente de trabalho. Assim, o resultado de nossa pesquisa muito se aproxima ao apresentado por Rodrigues (1987), que também demonstrou que os homens entrevistados aplicam mais a regra de CV do que as mulheres, porque se inserem no mercado de trabalho mais facilmente e, assim, se adaptam às novas normas sociais da comunidade de fala. Além disso, ela constata também que os homens, em geral, não exercem sua atividade profissional no próprio bairro, ou seja, saem de sua comunidade e travam contato com outras comunidades, que exercem sobre ele maior pressão normativa, a fim de que se iguale lingüisticamente em relação aos moradores das grandes cidades. 4 Ao observarmos o quadro 1, que traz informações a respeito da profissão dos informantes da amostra analisada, fica nítida a tendência afirmada acima, já que os informantes do sexo masculino, em sua maioria, exercem profissões fora do ambiente familiar e, ainda, profissões nas quais é imprescindível o contato com o público, o que julgamos influenciar positivamente a implementação da norma culta. Por outro lado, as mulheres que compõem a amostra exercem profissões domésticas ou no próprio ambiente do lar, o que leva a um menor contato com outras comunidades de fala. A faixa etária mais jovem, tanto de integrantes do sexo feminino quanto de integrantes do sexo masculino, possui praticamente a mesma inserção na comunidade, já que se compõe basicamente de estudantes. Logo, julgamos que a não confirmação total da hipótese inicial pode ser atribuída às diferenças de inserção social dos diferentes informantes da amostra analisada. Nº do Informante idade sexo profissão 006 11 anos feminino estudante 022 16 anos feminino estudante 056 22 anos feminino estudante 102 45 anos feminino do lar 126 59 anos feminino costureira autônoma 001 11 anos masculino estudante 035 20 anos masculino músico 077 32 anos masculino gerente de linhas 113 56 anos masculino agente fiscal de vendas 135 55 anos masculino agente de segurança e recepção Quadro 1: Perfil social dos informantes com a inclusão da profissão Estudos Lingüísticos XXXVI(2), maio-agosto, 2007. p. 383 / 388

Ao cruzarmos o grupo de fatores sexo/gênero com o grupo de fatores pessoa verbal, chegamos a um fato interessante, que permite a prevalência da hipótese inicial de que as mulheres são mais sensíveis ao significado social das variedades lingüísticas. Apesar de o índice total de CV de informantes do sexo feminino não ter superado o de informantes do sexo masculino, observamos por meio do cruzamento de fatores que, para ocorrências de 1PP, o índice de CV de informantes do sexo feminino atinge os 91%, enquanto o índice para informantes do sexo masculino é de 86%. Para ocorrências de 3PP, a situação se inverte, e os percentuais são de 87% para o sexo masculino e 79% para o sexo feminino. Vejamos a tabela 1: Tabela 1: Resultado do cruzamento entre os fatores sexo/gênero e pessoa verbal Pessoa verbal/ Sexo masculino feminino Total 1PP 86% (18/21) 91% (52/57) 90% (70/78) 3PP 87% (151/174) 79% (138/175) 83% (289/349) Total 87% (169/195) 82% (190/232) 84% (359/427) As ocorrências de 1PP sem a aplicação da regra de CV (5a) são mais estigmatizadas na comunidade de fala que as ocorrências de 3PP sem a realização da CV (5b), fato que explica uma maior preocupação de informantes do sexo feminino com realização da CV em contextos de 1PP. (5) a. Nós era tudo pequeno... ela con::ta que ela sofreu mui::to b. Os primos tudo juntos né... andava po mato [AC-135, p.2, l.59] [AC-102, p.4, l.148] Inúmeros estudos sobre a CV investigaram o fator saliência fônica (v. Lemle e Naro, 1977; Naro 1981; Scherre e Naro 1997; Monghilhott e Coelho, 2001) e verificaram que diferenciações maiores entre as formas verbais singulares e plurais de verbos tendem a ser mais marcadas do que as menos salientes, ou seja, as oposições mais salientes entre singular e plural, sendo mais perceptíveis, contribuem para a aplicação da regra. Essa tendência correlaciona-se estreitamente com o fato de que as formas mais salientes, por serem mais perceptíveis aos ouvintes e ao próprio interlocutor, sofrem maior estigmatização por parte da sociedade e, assim, é natural que tanto as mulheres quanto os falantes mais escolarizados, em geral, evitem a não concordância verbal em situações de maior saliência fônica. Nos pares verbais singular/plural, as construções de 1PP, quando realizadas sem a marcação explícita de plural, recebem sempre a forma singular de terceira pessoa e não de primeira pessoa, conforme se observa na ocorrência (1). Dessa forma, em relação ao grau de saliência fônica, a oposição singular / plural é estabelecida entre a terceira pessoa do singular e a 1PP. Para os contextos de 3PP, essa mesma oposição se dá sempre entre as terceiras pessoas do singular e do plural (v. ocorrências (3) e (4)). A saliência fônica mínima evidenciada em contextos de 1PP, considerando os critérios acima descritos, é superior à saliência fônica mínima em contextos de 3PP. Para a primeira pessoa, a menor oposição possível entre a forma singular e a forma plural nos verbos é observada pelo acréscimo de segmentos fônicos à forma singular (cante/cantemos, ir/irmos). A oposição mínima verificada entre a forma singular e a forma plural nos verbos em terceira pessoa envolve apenas mudança na qualidade da vogal na forma plural (cantava/cantavam, sabe/sabem) (v. (5b)). Observamos ainda que as construções em primeira pessoa podem exigir, na forma plural, um vocábulo Estudos Lingüísticos XXXVI(2), maio-agosto, 2007. p. 384 / 388

proparoxítono em verbos regulares conjugados no Pretérito Imperfeito do Indicativo ou Subjuntivo e no Futuro do Pretérito do Indicativo (falava/falávamos, fosse/fôssemos, cantaria/ cataríamos), ou seja, com alta saliência fônica (v. (5a)). Para a terceira pessoa, a alta saliência fônica somente irá ocorrer com alguns verbos irregulares (é/são). Segundo Tomanin (2003), os falantes podem recorrer, em alguns casos, a estratégias diferentes a fim de evitarem a conjugação verbal na forma plural para a primeira pessoa nos tempos e modos citados. Os falantes pouco escolarizados, de modo geral, nãoaplicam a CV, enquanto os falantes mais escolarizados e as mulheres recorrem à substituição sistemática de nós por a gente, evitando, assim, o vocábulo esdrúxulo. Constata-se, portanto, que o fator saliência fônica pode influenciar a aplicação da regra em ocorrências de 1PP, por esses casos configurarem situações em que a nãoaplicação da regra envolveria maior estigmatização social, evitada por indivíduos do sexo feminino e com maiores índices de escolaridade. Os escolarizados dos grandes centros urbanos estigmatizam a não-aplicação da regra de CV de 1PP por ser esta uma regra que identifica, principalmente, falantes do interior e da zona rural, das diferentes regiões brasileiras. Para a 3PP, a não-aplicação da regra, ainda que seja estigmatizada, sugere apenas a baixa escolarização do falante, sem denunciar sua origem geográfica (v. Rodrigues, 1987). 5 Para o grupo de fatores escolaridade, a hipótese inicial era a de que um aumento da escolaridade do informante e, conseqüentemente, um maior contato com a norma culta presente no ambiente escolar, acarretariam um maior índice de aplicação da CV. Apesar de não relevantes, os percentuais apresentados confirmaram a hipótese, já que o maior índice foi apresentado por informantes que possuíam Curso Superior (95%). Para informantes do Ensino Médio, a média de CV foi de 84%. Informantes com escolaridade variável entre o 1º e 2º ciclo do Ensino Fundamental apresentaram 82% de marcação de plural nos verbos. Ao cruzarmos os grupos de fatores escolaridade e pessoa verbal verificamos, como mostra a tabela 2, que informantes de menor grau de escolaridade (1º e 2º ciclo do EF) realizam apenas 70% de CV para a 1PP e 82,5% para a 3PP, enquanto informantes com grau médio de escolaridade (EM) realizam 93% de CV para 1PP e 78% para 3PP. Informantes de nível superior apresentam percentuais mais altos de aplicação da regra (91% para a 1PP e 96% para a 3PP). Tabela 2: Resultado do cruzamento entre os fatores escolaridade e pessoa verbal Pessoa verbal / 1º e 2º ciclo do EF Ensino Médio Ensino Superior Escolaridade 1PP 70% (6/9) 93% (54/58) 91% (10/11) 3PP 82,5% (187/229) 78% (58/74) 96% (44/46) TOTAL 6 82% (193/238) 85% (112/132) 95% (54/57) Inicialmente, a hipótese apresentada era a de que construções do tipo nós vai, nós foi sofrem grande estigmatização por parte dos falantes escolarizados da comunidade, o que ocorre com menor intensidade para construções do tipo eles canta, eles vai. Portanto, os falantes tenderiam a aplicar a regra com maior freqüência em situações de fala com utilização de verbos em 1PP em relação às situações de fala com verbos em 3PP. Estudos Lingüísticos XXXVI(2), maio-agosto, 2007. p. 385 / 388

Os números demonstram que informantes com grau maior de escolaridade têm maior sensibilidade à estigmatização da não-aplicação da regra de 1PP do que os informantes de graus de escolaridade mais baixos. Nota-se um aumento na CV de 1PP que acompanha o aumento na escolaridade. Interessante observarmos o baixo índice de aplicação da regra para a 3PP, por parte de informantes de nível médio de escolaridade, fato que pode ser explicado pelo menor preconceito da não concordância em verbos de 3PP. Acreditamos que, assim como as mulheres são mais sensíveis ao significado social das variáveis lingüísticas, os falantes mais escolarizados também o são e, desse modo, buscam se adequar mais à norma culta, em situações de maior preconceito lingüístico, como é o caso da não-concordância de 1PP. 4. Conclusões Recorrendo às variáveis sociais investigadas neste trabalho, foi nos possível definir, para a comunidade de fala riopretana as variantes estigmatizadas no funcionamento da regra de CV de 1PP e 3PP. No geral, contrariamente aos resultados mais freqüentes em pesquisas de natureza variacionista, os homens aplicam mais a regra de CV do que as mulheres, resultado que se mantém para a 3PP, mas não para a 1PP, regra para a qual as mulheres são mais sensíveis, restabelecendo assim a premissa inicial da sensibilidade feminina às formas prestigiadas na comunidade de fala. Também a análise do fator escolaridade confirma o resultado obtido para a variante sexo/gênero. De modo geral, quanto maior o nível de escolaridade, maior a tendência de aplicação da regra de CV, como era de se esperar, em razão da pressão normativa exercida na e pela escola. Relativamente aos contextos de 1PP, é sensível a diferença que coloca de um lado falantes dos níveis de escolaridade mais elevados (Superior e Ensino Médio) e de outro, falantes menos escolarizados (Ensino Fundamental), diferença que não se reflete de igual maneira quando se trata da CV envolvendo a 3PP. O grupo de fatores pessoa verbal se mostrou correlacionado aos fatores sociais sexo e escolaridade e ao fator lingüístico saliência fônica. Com a constatação de que a saliência fônica opera em níveis diferentes para a 1PP e 3PP, foinos possível verificar que esta constitui uma forma de confirmação de que os níveis diferentes de aplicação da regra devem ser explicados levando-se em conta tanto fatores de ordem lingüística quanto de ordem social. Diante desses resultados, é possível concluir que, na comunidade de fala do interior paulista, seguramente há uma maior estigmatização da não aplicação da regra de CV nos contextos de 1PP do que nos de 3PP. Salientamos, por fim, que a presente pesquisa foi elaborada com o intuito de angariar subsídios para um trabalho maior que possa contribuir para a descrição do português falado no interior do Estado de São Paulo, no tocante à concordância verbal. Notas 1 Segundo Cheshire (2001), o termo sexo é normalmente usado para referir-se à distinção fisiológica entre homens e mulheres, já o termo gênero refere-se, normalmente, às diferenças sociais e culturais geradas pela diferença entre o sexo, ou seja, as restrições ou papéis sociais, oportunidades e expectativas de comportamento dos indivíduos. Acrescenta a autora que o termo gênero é, portanto, mais apropriado para o tratamento de fenômenos sociais. Estudos Lingüísticos XXXVI(2), maio-agosto, 2007. p. 386 / 388

2 No parêntese que segue cada ocorrência, está indicada a fonte de onde o dado foi extraído, com a seguinte referência: indicação da amostra (AC-XXX, que indica o número da amostra censo), o número da página da transcrição e a linha em que se encontra a ocorrência. 3 Como exemplo, podemos citar a variação entre as formas nós e a gente, que, segundo Silva & Paiva (1996), constitui um exemplo que revela que as mulheres e os jovens são responsáveis pela maior utilização da forma a gente, considerada não-padrão, apesar de não ser socialmente estigmatizada. 4 Rodrigues analisou amostras de fala de homens e mulheres analfabetos e semi-analfabetos de classe baixa, provenientes da zona rural. 5 Fenômeno semelhante pode ser observado com o chamado r retroflexo ou r caipira, fortemente estigmatizado pelos grandes centros urbanos, por denunciar a origem geográfica do falante. Observa-se freqüentemente a tentativa de alteração da fala, por parte dos indivíduos de regiões interioranas, como forma de evitar o preconceito social. 6 É de extrema relevância ressaltarmos que o percentual total não deve ser calculado por média aritmética simples entre o percentual de 1PP e o percentual de 3PP, já que há número de ocorrências diferentes. O total percentual por escolaridade é calculado levando-se em conta o número de ocorrências com aplicação de CV para o nível de escolaridade e o número total de ocorrências. Referências bibliográficas CHAMBERS, J. K. Patterns of Variation including Change. In: CHAMBERS, J. K.,TRUDGILL, P., SCHILLING-ESTES, N. The Handbook of Language Variation and Change. Oxford: British Library, 2001. CHESHIRE, J. Sex and Gender in Variationist Research. In: CHAMBERS, J. K., TRUDGILL, P., SCHILLING-ESTES, N. The Handbook of Language Variation and Change. Oxford: British Library, 2001. CALLOU, D. M. I. Variação e distribuição da vibrante na fala urbana culta do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, UFRJ, Faculdade de Letras, 1979. Tese de Doutorado, inédito. FISHER, J. L. Social influences on the choice of a linguistic variant. Word, 14: 47-56, 1958. GONÇALVES, S.C.L. O português falado na região de São José do Rio Preto: constituição de um banco de dados anotado para o seu estudo. Relatório Científico Parcial apresentado à FAPESP, 2005. GUY, G. R. Linguistic variantion in brasilian portuguese: aspects of the phonology, syntax and language history. University of Pennsylvania, 1981. Ph. D. Dissertation, mimeografado. LABERGE, S. Etudé de la variation des pronoms definis et indéfinis dans le français parlé à Montréal. Université de Montreal, Montreal, 1977. Thèse presentée à la Faculte des Études Superieures, mimeo. LABOV, W. The social stratification of English in New York city. Washington, D.C., Center for Applied Linguistics, 1966.. The intersection of sex and social class in the course of lingüist change. Language variation and change, n.2, 1990, p. 205-254. LEMLE, M., NARO, A. J. Competências básicas do português. Relatório final de pesquisa apresentado às instituições patrocinadoras Mobral e Fundação Ford, 1977. MONGUILHOTT, I. O. S., COELHO, I. L. Um estudo da concordância verbal de terceira pessoa em Florianópolis. In: VANDRESEN, P. (org.). Variação e mudança no português falado na região sul. Pelotas: Educat, 2002. Estudos Lingüísticos XXXVI(2), maio-agosto, 2007. p. 387 / 388

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