ph DE GRÃOS CRUS E TORRADOS DE SETE CULTIVARES DE CAFÉ (Coffea arabica L.) E SUAS VARIAÇÕES COM O PROCESSO DE TORRAÇÃO.

Documentos relacionados
PARÂMETROS BROMATOLÓGICOS DE GRÃOS CRUS E TORRADOS DE CULTIVARES DE CAFÉ ( Coffea arabica L.)

AÇÚCARES E SÓLIDOS SOLÚVEIS EM BEBIDAS E BLENDS DE CAFÉS TORRADOS TIPO EXPRESSO

AÇÚCARES TOTAIS, REDUTORES E NÃO-REDUTORES, EXTRATO ETÉREO E UMIDADE DE DIFERENTES PADRÕES DE BEBIDA DO CAFÉ ARÁBICA E DO CAFÉ CONILON

CULTIVARES DE CAFEEIRO Coffea arabica L.

POLIFENÓIS, ph, ACIDEZ TITULÁVEL TOTAL, SÓLIDOS SOLÚVEIS TOTAIS, FIBRA BRUTA E RESÍDUO MINERAL FIXO DE DIFERENTES ESPÉCIES DE CAFÉ ARÁBICA E CONILON

AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE CAFÉS (Coffea arabica L.) DA REGIÃO DO ALTO RIO GRANDE SUL DE MINAS GERAIS

POLIFENÓIS, SÓLIDOS SOLÚVEIS TOTAIS, AÇÚCARES TOTAIS, REDUTORES E NÃO REDUTORES EM GRÃOS DE CAFÉS ARÁBICA E CONILON

COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE GRÃOS DE CAFÉS (Coffea arabica L.) SUBMETIDOS A DIFERENTES TIPOS DE PRÉ-PROCESSAMENTO

EFEITO DO CALCÁRIO E GESSO NA ACIDEZ E LIXIVIAÇÃO DE CÁTIONS DO SOLO SOB CAFEEIROS NA BAHIA 1

AVALIAÇÃO QUÍMICA E SENSORIAL DE CAFÉS PRODUZIDOS EM CABO VERDE, MINAS GERAIS.

ANÁLISE DA QUALIDADE DO CAFÉ OBTIDO POR TORREFAÇÃO A VÁCUO

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DO CAFÉ ESPECIAL TORRADO EM GRÃOS EM DIFERENTES CONDIÇÕES DE ACONDICIONAMENTO

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE CINCO CULTIVARES DE MARACUJÁ AMARELO NA REGIÃO SUL DE MINAS GERAIS

AVALIAÇÃO DE PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS E SENSORIAL DE CAFÉS COMERCIALIZADOS COMO TRADICIONAL E EXTRAFORTE

Produtividade e qualidade de diferentes genótipos de Bourbon cultivados em Minas Gerais visando à produção de cafés especiais

Congresso Brasileiro de Fruticultura Natal/RN 17 a 22 de Outubro de 2010

Características físicas e físico-químicas de cultivares de milho-verde produzidos em sistemas de cultivo orgânico e convencional.

DESEMPENHO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE CAFEEIRO RESISTENTE A FERRUGEM SOB USO DE IRRIGAÇÃO EM MUZAMBINHO-MG

COMPOSIÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE SEMENTES DE CULTIVARES E LINHAGENS DE ALGODÃO HERBÁCEO.

PERFIL SENSORIAL DE CAFÉS TRADICIONAL E EXTRAFORTE

CARACTERIZAÇÃO DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE GRÃOS DE CAFÉS ARÁBICA (Coffea arabica L.) E CONILON (Coffea canephora P.)

Composição química do café submetido ao processo de descafeinação.

DIFERENTES PROPORÇÕES DE ARÁBICA (Coffea arabica L.), BEBIDA RIADA E CONILON (Coffea canephora Pierre).

DOIS TIPOS DE TORRAÇÃO E COM DIFERENTES FORMAS DE PROCESSAMENTO

CLUSTERING OF IRRIGATED COFFEE ACCESS WITH BEST ATTRIBUTES TO BEVERAGE

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE CAFÉS MADUROS DE DIFERENTES FLORAÇÕES EM LAVOURA A PLENO-SOL E LAVOURA SOMBREADA

AGRUPAMENTO E SELEÇÃO DE ACESSOS DE CAFÉS IRRIGADOS COM MELHORES ATRIBUTOS PARA BEBIDA 1

POTENCIAL DE RESPOSTA À ADUBAÇÃO EM LAVOURAS CAFEEIRAS DE QUATRO REGIÕES DO ESTADO DE MINAS GERAIS 1/

INFLUÊNCIA DE UM TRATAMENTO COM VAPOR E ÁCIDO NA ACIDEZ E TEORES DE CAFEÍNA DE GRÃOS DE CAFÉ CONILON

COMPARAÇÃO DE CUSTOS PARA DIFERENTES SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO EMPREGADOS NA CAFEICULTURA IRRIGADA EM ÁREAS DE CERRADO DE MINAS GERAIS 1

Qualidade de grãos de diferentes cultivares de cafeeiro (Coffea arabica L.)

Seleção de cultivares Bourbon visando à produção de cafés especiais

AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO CAFÉ (Cofeea arabica L.) SUBMETIDO A DIFERENTES TEMPOS DE FERMENTAÇÃO NATURAL E DOIS TIPOS DE TORRAÇÃO

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE ABÓBORA E MORANGA CRISTALIZADAS PELO PROCESSO DE AÇUCARAMENTO LENTO.

EFEITO DA IRRIGAÇÃO NA PRODUTIVIDADE DO CAFEEIRO (Coffea arabica L.) 1

Avaliação da qualidade nutricional de soja em Mato Grosso

Área de Atuação 2010/2011:

COMPOSIÇÃO BROMATOLÓGICA DE CAFÉS (Coffea arabica L.) EM DIFERENTES ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO ENSACADOS ANTES DA SECAGEM

CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E FÍSICO-QUÍMICA DOS CAFÉS ESPECIAIS DAS REGIÕES MATAS DE MINAS E SUL DE MINAS 1

RENDIMENTO E PRODUTIVIDADE DE CULTIVARES DE CAFÉ ARÁBICA EM BAIXA ALTITUDE

PRODUTIVIDADE DE 2ª SAFRA DE CULTIVARES DE CAFEEIRO RESISTENTES A FERRUGEM SOB IRRIGAÇÃO EM MUZAMBINHO

AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA E SENSORIAL DE ABACAXI PÉROLA CULTIVADO NO SISTEMA ORGÂNICO DE PRODUÇÃO

Qualidade do café (Coffea arabica L.) em coco colhido em diferentes porcentagens do estádio de maturação cereja

DE CULTIVARES DE CAFÉ CATUAÍ COM MUNDO NOVO 1

QUALIDADE DO CAFÉ EM FUNÇÃO DE DIFERENTES FORMAS DE PREPARO E TIPOS DE TERREIRO DE SECAGEM (I COMPOSIÇÃO QUÍMICA)

Efeitos da Temperatura de Secagem e do Tempo de Armazenamento na Composição Química de Sorgo Granífero

CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA E FÍSICO-QUÍMICA DE NOVOS HÍBRIDOS DE MARACUJÁ AMARELO

DESEMPENHO OPERACIONAL DE UM PROTÓTIPO DE ABANADOR DE CAFÉ

431 - AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE MILHO EM DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTIO EM SISTEMA ORGÂNICO DE PRODUÇÃO

XIII Congresso dos Pós-Graduandos da UFLA 14 a 17 de setembro de 2004

TÍTULO: AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE POLPAS DE FRUTAS COMERCIALIZADAS EM MONTES CLAROS-MG

AVALIAÇÃO BROMATOLÓGICA DE GRÃOS DE CULTIVARES DE Coffea arabica L. E SUA RELAÇÃO COM A QUALIDADE.

QUALIDADE DE MAMÃO TAINUNG 01 PRODUZIDO POR SECAMENTO PARCIAL DO SISTEMA RADICULAR

ATIVIDADE DA POLIFENOLOXIDASE, LIXIVIAÇÃO DE POTÁSSIO, ACIDEZ TITULÁVEL E QUALIDADE DE BEBIDA DO CAFÉ

TRANSFORMAÇÕES FÍSICAS E QUÍMICAS DE DIFERENTES VARIEDADES DE BANANA EM TRÊS ESTÁDIOS DE MATURAÇÃO

EFEITO DOS NÍVEIS DE SATURAÇÃO POR BASES NOS COMPONENTES DE ACIDEZ DE QUATRO LATOSSOLOS SOB CAFEEIROS NA BAHIA 1

CARACTERIZAÇÃO DE ACESSOS DE ACEROLEIRA COM BASE EM DESCRITORES DO FRUTO MATERIAL E MÉTODOS

Reação ao estresse hídrico em mudas de cafeeiros arábicos portadores de genes de Coffea racemosa, C. canephora e C. liberica

ACEITABILIDADE DE DEZ CULTIVARES E UMA LINHAGEM DE FEIJÃO- CAUPI (Vigna unguiculata ( L.) Walp) CRUS E PROCESSADOS

ESTUDO DO TEOR E COMPOSIÇÃO DO ÓLEO DE ALGUMAS VARIEDADES DE CAFÉ

ABSTRACT. Anais 1 o Congresso Brasileiro de Processamento mínimo e Pós-colheita de frutas, flores e hortaliças (CD ROM), Maio de 2015.

PIMENTA, C.J. 1 ; VILELA, E.R. 2

FORMAS DE PROCESSAMENTO E SECAGEM VISANDO A MELHORIA DA QUALIDADE DO CAFÉ PRODUZIDO EM PEQUENAS PROPRIEDADES AGRÍCOLAS

AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE MANGA VISANDO O MERCADO DE CONSUMO IN NATURA LAERTE SCANAVACA JUNIOR 1 ; NELSON FONSECA 2

Maximização de voláteis de impacto positivo em café conilon preto, verde e ardido pelo tratamento com vapor

Vitória da Conquista, 10 a 12 de Maio de 2017

CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DE CULTIVARES DE ALHO NO SUL DE MINAS GERAIS

ESTADO NUTRICIONAL DE CAFEZAIS DA REGIÃO NORTE FLUMINENSE EM FUNÇÃO DO ANO DE AMOSTRAGEM. II. MICRONUTRIENTES

ANÁLISE SENSORIAL DA BEBIDA DAS CULTIVARES OURO VERDE, TUPI E OBATÃ 1

AVALIAÇÃO DO PERÍODO DE COLHEITA DA SAFRA DE INVERNO CULTIVARES DE UVA Vitis labrusca EM MUZAMBINHO MG

QUALIDADE DE SEMENTES DE ALGODOEIRO, CULTIVARES BRS VERDE E CNPA 7H, ARMAZENADAS EM CÂMARA SECA

COMPOSIÇÃO QUÍMICA DE VARIEDADES DE CAFÉ (Coffea arabica)

CULTIVARES DE Coffea arabica, PARA AS REGIÕES BAIXAS, QUENTES, TECNIFICADAS E IRRIGADAS DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO 1

QUALIDADE DA SECAGEM EM DIFERENTES TIPOS DE TERREIRO

PRODUTIVIDADE DE VARIEDADES/LINHAGENS/SELEÇÕ ES DE CAFEEIROS EM REGIÃO DE ALTITUDE ELEVADA, EM SÃO GOTARDO-MG

COMPORTAMENTO DE CULTIVARES DE CAFÉ COM RESISTÊNCIA À FERRUGEM-DO- CAFEEIRO NO SUL DO ESTADO DE MINAS GERAIS 1

XIX CONGRESSO DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UFLA 27 de setembro a 01 de outubro de 2010

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DE DEZ ACESSOS DE

GIRASSOL EM SAFRINHA NO CERRADO DO DISTRITO FEDERAL: DESEMPENHO DE GENÓTIPOS EM

Cultivares de Café Arábica Desenvolvidas pela Epamig/UFV/UFLA

Origem. Características

EFEITO DO TIPO E ÉPOCA DE COLHEITA NA QUALIDADE DO CAFÉ (Coffea arabica L.)

VARIAÇÕES ANATÔMICAS FOLIARES DAS CULTIVARES DE CAFEEIRO DA EPAMIG EM FUNÇÃO DO AMBIENTE

AVALIAÇÃO DE DIFERENTES POPULAÇÕES DE CAFÉ EM PATROCÍNIO, ALTO PARANAÍBA, MINAS GERAIS 1

PALAVRAS-CHAVE: Sistemas Pressurizados de Irrigação, Evapotranspiração de Referência, Fruticultura Irrigada.

MATURAÇÃO E PRODUTIVIDADE DO CAFEEIRO CONILON SUBMETIDO Á DIFERENTES ÉPOCAS DE IRRIGAÇÃO 2º ANO AGRÍCOLA

ESTÁDIO DE MATURAÇÃO PARA COLHEITA DE PERAS ROCHA. Introdução

ELABORAÇÃO DE LICOR DE FRUTAS NATIVAS E TROPICAIS

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DO SUCO DE AMORA-PRETA (Rubus sp.) PASTEURIZADO

Efeito do tipo e época de colheira na qualidade do café (Coffea arabica L.)

EVALUATION OF PROGENIES RESULTING PROGÊNIES OF CROSSINGS OF CATUAI WITH HYBRID OF TIMOR, IN THE SÃO SEBASTIÃO DO PARAÍSO, SOUTH OF MINAS GERAIS

INFLUÊNCIA DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA E MATERIAL HÚMICO SOBRE A PRODUÇÃO DE ALFACE AMERICANA

AVALIAÇÃO SENSORIAL DE DIFERENTES PROCESSAMENTOS EM CAFÉS ESPECIAIS ATRAVES DE ANALISE MULTIVARIADA

COMPRIMENTO MÁXIMO DE LINHAS LATERAIS DE EMISSORES ALTERNATIVOS UTILIZADOS NA IRRIGAÇÃO LOCALIZADA DA CAFEICULTURA 1

APLICAÇÃO DE RECOBRIMENTOS À BASE DE CARBOIDRATOS CONTENDO DIFERENTES FONTES LIPÍDICAS EM MANGA TOMMY ATKINS

variables in evaluating a subsample of tomatoes in Minas Gerais.

QUALIDADE DA GOIABA COMERCIALIZADA NA FEIRA LIVRE E SUPERMERCADO DE POMBAL PB EM DIFERENTES DIAS DA SEMANA

Composição centesimal de cultivares de milho-verde produzidos em sistemas de cultivo orgânico e convencional.

Obtenção de cafés especiais

Transcrição:

Industrialização * TEOR DE SÓLIDOS SOLÚVEIS TOTAIS, ACIDEZ TOTAL TITULÁVEL E ph DE GRÃOS CRUS E TORRADOS DE SETE CULTIVARES DE CAFÉ (Coffea arabica L.) E SUAS VARIAÇÕES COM O PROCESSO DE TORRAÇÃO. Luciana Maria Vieira LOPES, lmvlopes@ufla.br, DCA/UFLA; Rosemary Gualberto Fonseca Alvarenga PEREIRA, rosegfap@ufla.br, DCA/UFLA; Antônio Nazareno Guimarães MENDES, DAG/UFLA. RESUMO: O objetivo deste trabalho foi verificar o teor de sólidos solúveis e medir a acidez total titulável e o ph de grãos crus e torrados de 7 cultivares mais plantadas na região Sul de Minas Gerais, assim como medir a variação destes com a torração. Para tal, frutos das cultivares Mundo Novo (LCMP-376-4), Topázio (MG 1189), Catuaí Vermelho (CH-2077-2-5-99), Catuaí Amarelo (CH-2077-2-5-62), Acaiá Cerrado (MG 1474), Rubi (MG 1192), Icatu Amarelo (LCG 3282) e Icatu Amarelo (H 2944) foram colhidos na FESP/EPAMIG. Os resultados obtidos demonstraram haver diferenças para o teor de sólidos solúveis totais e o ph dos grãos crus e torrados das cultivares. A acidez total titulável apresentou diferenças apenas nos grãos torrados. Com a torração, a acidez apresentou um aumento e o ph e o teor de sólidos solúveis uma redução, que mostraram-se variáveis entre as cultivares. PALAVRAS CHAVE: Café, cultivares, composição química, torração, sólidos solúveis, acidez, ph. ABSTRACT: The objective of this present work was to verify the levels to soluble solids, total titratable acidity and ph in raw and toasted grains of seven cultivars most planted in the Sul de Minas, and measure variation these compounds with roasting. Fruits at Mundo Novo (LCMP-376-4); Topázio (MG 1189) Catuaí Vermelho (CH-2077-2-5-99); Catuaí Amarelo (CH-2077-2-5-62); Acaiá Cerrado (MG 1474); Rubi (MG 1192); Icatu Amarelo (LCG 3282) and Icatu Amarelo (H 2944) were collected in FESP/EPAMIG). The results obtained demonstrated differences in the levels of soluble solids and ph for all the variable studied, in raw and toasted grains. The total titratable showed diffences only in toasted grains. With roasting, there was na increase in acidity and decrease in ph and total contents of soluble solids, which presented variations among cultivars. KEYWORDS: coffee, cultivar, chemical composition, roasting, soluble solids, acidity, ph. INTRODUÇÃO O café é uma das principais atividades agroindustriais do país. Em estudo realizado pela ABIC (Associação Brasileira das Indústrias do Café), o café foi lembrado por 51% dos consumidores questionados e ocupou a quarta posição entre as bebidas mais consumidas, depois da água, refrigerantes e sucos naturais (Qualidade...,1999). O café é um dos poucos produtos agrícolas, no Brasil, que tem seu preço associado a parâmetros qualitativos; assim seu valor é acrescido com a melhoria da qualidade (Souza, 1996). A influência de fatores como a composição química dos grãos, determinada por fatores genéticos, ambientais e culturais, os métodos de colheita, processamento e armazenamento, são importantes por afetarem diretamente a qualidade da bebida do café. A torração e o preparo da bebida modificam a constituição química dos grãos, no entanto, essas alterações são dependentes da composição original dos mesmos. Uma maior quantidade de sólidos solúveis é desejada tanto pelo ponto de vista do rendimento industrial, quanto pela sua contribuição para assegurar o corpo da bebida, sendo interessante a utilização de cultivares que apresentem maior conteúdo desta fração, propiciando a obtenção de bebida de boa qualidade. Durante a torração, estes sólidos sofrem diminuições que são relatadas por Sabbagh e Yokomizo (1976), como conseqüência da perda de ácidos orgânicos e da volatilização de alguns compostos no processo pirolítico de torração. A intensidade da acidez da bebida varia predominantemente em função das condições climáticas durante a colheita e secagem, do local de origem, tipo de processamento e estádio de maturação dos frutos (Chagas, 1994; Leite, 1991; Giranda, 1998 e Pimenta 1995). Frutos secos na árvore e cerejas maduras processadas * Projeto financiado pelo CONSÓRCIO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DO CAFÉ 748

Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil tradicionalmente apresentaram ph mais ácido, para as cultivares Catuaí Amarelo e Mundo Novo, respectivamente, confirmando diferenças entre cultivares conduzidas sob as mesmas condições (OIC, 1992). A distinção entre os ácidos voláteis e não voláteis do café é desejável, pois os ácidos orgânicos são quimicamente estáveis e os aldeídos podem ser oxidados a ácidos, assim como o ácido clorogênico, quando aquecido, quebra-se em ácido caféico e quínico. Estas são as principais mudanças que ocorrem na bebida do café. Muitas vezes, o aumento e mudança são também acompanhados por alterações detectáveis no sabor. Devido à escassez de trabalhos que caracterizem a composição química entre diferentes cultivares de café, o objetivo deste trabalho foi verificar o teor de sólidos solúveis e medir a acidez total titulável e o ph de grãos crus e torrados das 7 cultivares mais plantadas na região Sul de Minas Gerais. MATERIAL E MÉTODO Frutos das cultivares Mundo Novo (LCMP-376-4), Topázio (MG 1189), Catuaí Vermelho (CH-2077-2-5-99), Catuaí Amarelo (CH-2077-2-5-62), Acaiá Cerrado (MG 1474), Rubi (MG 1192), Icatu Amarelo (LCG 3282) e Icatu Amarelo (H 2944) da espécie Coffea arabica L. foram colhidas na FESP/EPAMIG, município de São Sebastião do Paraíso, região Sul de Minas Gerais. A colheita foi realizada em três repetições, na safra 1998/1999, em três épocas durante o período de colheita. Após secagem e beneficiamento, as 3 repetições das amostras de grãos crus foram devidamente moídas e preparadas para a medição das variáveis. Os grãos torrados foram obtidos por torração clara ou americana, em torrador da marca Probat, moídos e peneirados em 20 mesh. A determinação do teor de sólidos solúveis totais foi realizada em refratômetro de bancada Abbe, conforme normas da AOAC (1990). A acidez foi medida por titulação com NaOH 0,1N e expressa em ml de NaOH 0,1N por 100g de amostra (AOAC, 1990). A partir do mesmo extrato o ph foi medido com phmetro, (AOAC, 1990). Os dados obtidos foram comparados pelo software Estat usando o teste de Tukey a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os teores de sólidos solúveis encontrados para as diferentes cultivares, apresentados nas tabelas 1 e 2, situam-se na faixa de variação citada para o cafeeiro arábica que é de 24 a 31% para o grão cru, com teor de umidade entre 11 a 13% (Pimenta, 1995). Os resultados apresentados demonstram também a existência de diferenças significativas entre os teores de sólidos solúveis totais dos grãos crus e torrados das cultivares estudadas e na redução dos valores desta variável com a torração. As cultivares Mundo Novo, Catuaí Vermelho, Catuaí Amarelo, Acaiá Cerrado, Icatu Amarelo (LGC 3282) e Icatu Amarelo (H 2944) apresentaram os maiores teores de sólidos solúveis no grão cru, enquanto Topázio e Rubi mostraram menores valores para essa variável. Para os grãos torrados, as cultivares Mundo Novo e Rubi apresentaram os maiores teores e Catuaí Amarelo, Acaiá Cerrado e Icatu Amarelo (H 2944), os menores valores. Catuaí Vermelho e Icatu Amarelo (LGC 3282) se postaram intermediariamente entre os maiores e menores valores. Contudo, quando se observam as modificações que ocorrem durante a torração, verifica-se um comportamento diferenciado entre as distintas cultivares, com diminuições significativas para todas. Rubi, Icatu Amarelo (H 2944) e Mundo Novo, apresentaram as menores perdas de sólidos solúveis totais. As cultivares estudadas não apresentaram diferenças significativas quanto à acidez titulável total dos grãos crus e os resultados obtidos são próximos aos apresentados por Souza (1996), o qual, ao avaliar a qualidade e composição química do café arábica, proveniente de diferentes municípios produtores da região Sul de Minas, observou que o café de São Sebastião do Paraíso apresentou os mais baixos teores de acidez. Esses resultados confirmam que a qualidade da bebida, quando se observam aspectos químicos do grão cru, é influenciada também pelo local de cultivo. A maior acidez em grãos torrados foi encontrada na cultivar Rubi e as menores nas cultivares Mundo Novo e Catuaí Amarelo. As demais cultivares apresentaram uma tendência a valores intermediários. Estas diferenças devem-se possivelmente à variação da composição química dos grãos das distintas cultivares que propiciariam a formação de diferentes compostos com a torração, o que resultou em uma elevação diferenciada da acidez do grão. A acidez titulável aumenta em função da formação de ácidos, principalmente, a partir de carboidratos quando estes são submetidos à decomposição térmica e reduzidos a ácidos carboxílicos e CO 2. Tabela 1. Teor de sólidos solúveis totais (%), valores de acidez titulável total (ml de NaOH 0,1 N) e ph de grãos crus e torrados de diferentes cultivares de Coffea arabica L. Lavras-MG, UFLA, 2000. 749

Industrialização Cultivar Sólidos Solúveis totais (% MS) Acidez Titulável Total (ml de NaOH 0,1N/100g ph (MS) Cru Torrado Cru Torrado Cru Torrado Mundo Novo 33,44 ab 27,89 a 224,06 a 270,38 b 6,61 abc 5,46 b Topázio 32,87 bc 25,43 bc 220,67 a 306,04 ab 6,44 bc 5,27 e Catuaí Vermelho 34,67 a 25,11 bc 229,15 a 306,39 ab 6,53 ab 5,37 c Catuaí Amarelo 33,54 ab 24,05 c 220,20 a 260,53 b 6,50 abc 5,56 a Acaiá Cerrado 33,07 ab 24,18 c 224,79 a 312,77 ab 6,62 a 5,30 de Rubi 31,16 c 27,07 ab 229,42 a 357,78 a 6,39 c 5,33 cd Icatu Amarelo (LGC 3282) 33,15 ab 25,40 bc 237,64 a 314,05 ab 6,43 bc 5,26 e Icatu Amarelo (H 2944) 33,82 ab 23,77 c 198,42 a 283,15 b 6,59 a 5,15 f C.V.(%) 3,48 5,79 12,41 13,75 1,38 0,71 * médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si, ao nível de 1% de probabilidade, pelo teste de Tukey. Tabela 2. Porcentual de aumento da acidez titulável total e redução do teor de sólidos solúveis totais e do ph, com a torração, de grãos de diferentes cultivares de Coffea arabica L. Lavras-MG, UFLA, 2000. Acidez titulável total Sólidos solúveis totais ph Cultivar Aumento com a Redução com a Redução com a Mundo Novo 26,11 ab 16,60 cd 15,89 bc Topázio 39,21 ab 22,63 bc 18,17 b Catuaí Vermelho 33,71 ab 27,56 ab 17,92 b Catuaí Amarelo 18,32 b 28,28 ab 14,46 c Acaiá Cerrado 39,14 ab 26,87 ab 19,94 a Rubi 55,95 a 13,11 d 16,59 bc Icatu Amarelo (LGC 3282) 33,31 ab 23,36 abc 18,20 b Icatu Amarelo (H 2944) 42,70 ab 29,71 a 21,85 a C.V.(%) 65,40 21,88 7,40 * médias seguidas pela mesma letra na coluna, não diferem entre si, ao nível de 1% de probabilidade, pelo teste de Tukey. As cultivares Icatu Amarelo (H 2944) e Acaiá Cerrado que tiveram, em seus grãos crus, os maiores valores de ph, nos grãos torrados apresentam os menores, pois revelaram as maiores diminuições com a torração, provavelmente pela formação de uma maior quantidade de ácidos no processo de pirólise do grão. Catuaí Vermelho, que apresentou para o grão cru um ph entre os mais elevados, apresenta no grão torrado valores intermediários. Os grãos crus e torrados das cultivares Icatu Amarelo (LGC 3282) e Topázio apresentaram valores similares para o ph e semelhante percentual de redução com a torração. As cultivares Catuaí Amarelo e Mundo Novo revelaram os maiores valores de ph nos grãos crus, os quais mantiveram-se elevados nos grãos torrados, indicando que ocorreu uma redução menor desta variável com a torração. Os valores de ph 5,63 e 5,31 foram observados pela OIC (1992) em grãos torrados da cultivar Mundo Novo e Catuaí Amarelo, respectivamente, provenientes de frutos lavados no estádio verde e cultivados na Região de Apucarana, PR. Estes dados são aproximadamente iguais aos encontrados no presente trabalho, apesar destes grãos terem sido processados via seca. Estas diferenças são associadas às características climatológicas e de localização da região onde se produziram as diferentes amostras, demonstrando que mesmo em se tratando de mesma cultivar as origens distintas propiciam características únicas ao café. A cultivar Rubi apresentou nos grãos crus e nos torrados uma tendência a menores valores para ph, com redução pela torração, intermediária em relação às demais. 750

Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil CONCLUSÕES Os resultados obtidos permitiram concluir que existe uma variação no teor de sólidos solúveis, acidez total titulável e no ph de diferentes cultivares de café, submetidas a um mesmo tratamento, tanto para os grãos crus quanto para os grãos torrados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTS. Official methods of analysis of the Association of Official Analytical Chemists. 15 ed. Washington, 1990. 2v. CHAGAS, S.J. de R. Caracterização química e qualitativa de cafés de alguns municípios de três regiões produtoras de Minas Gerais. Lavras: UFLA, 1994. 83p. (Dissertação - Mestrado em Ciência dos Alimentos). GIRANDA, R. do N. Aspectos qualitativos de cafés (Coffea arabica L.) submetidos a diferentes processos de secagem. Lavras: UFLA, 1998. 83p. (Dissertação - Mestrado em Ciência dos Alimentos ). LEITE, I.P. Influência do local de cultivo e do tipo de colheita nas características físicas, composição química do grão e qualidade do café (Coffea arabica L. ). Lavras: UFLA, 1991. 135p. (Dissertação - Mestrado em Ciência dos Alimentos). ORGANIZACION INTERNACIONAL DEL CAFÉ. El despulpado del café por medio de desmucilaginadoras mecánicas sin proceso de fermentación y su efecto en la calidad de bebida de café producido en la región de Apucarana en el estado de Paraná en Brasil. Londres, 1992. n.p. (Reporte de Evaluación Sensorial). PIMENTA, C.J. Qualidade do café (Coffea arabica L.) originado de frutos colhidos de quatro estádios de maturação. Lavras: UFLA, 1995. 94p. (Dissertação - Mestrado em Ciência dos Alimentos ). QUALIDADE e marketing: as armas para manter o crescimento. Jornal do Café, Rio de Janeiro, v.8, n.90, p. 12-16, fev. 1999a. SABBAGH, N.K.; YOKOMIZO, Y. Efeito da torração sobre algumas propriedades químicas de cafés Arábica e Robusta. Coletânea do Instituto de Tecnologia de Alimentos, Campinas, v.7, p. 147-161, 1976. SOUZA, S.M.C. de. O café (Coffea arabica L.) na Região Sul de Minas Gerais: relação da qualidade com fatores ambientais, estruturais e tecnológicos. Lavras: UFLA, 1996. 171p. (Tese - Doutorado em Fitotecnia). 751

AVISO ESTA PUBLICAÇÃO PODE SER ADQUIRIDA NOS SEGUINTES ENDEREÇOS: FUNDAÇÃO ARTHUR BERNARDES Edifico Sede, s/nº. - Campus Universitário da UFV Viçosa - MG Cep: 36571-000 Tels: (31) 3891-3204 / 3899-2485 Fax : (31) 3891-3911 EMBRAPA CAFÉ Parque Estação Biológica - PqEB - Av. W3 Norte (Final) Edifício Sede da Embrapa - sala 321 Brasília - DF Cep: 70770-901 Tel: (61) 448-4378 Fax: (61) 448-4425