Anais do 6º Encontro Celsul - Círculo de Estudos Lingüísticos do Sul



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Transcrição:

Anais do 6º Encontro Celsul - Círculo de Estudos Lingüísticos do Sul PRETÉRITO PERFEITO SIMPLES E COMPOSTO: DIFERENÇAS ASPECTUAIS Juliana Bertucci BARBOSA (CNPq - PG / UNESP- Araraquara / UFU - Instituto de Letras e Lingüística) ABSTRACT: An analysis of pretérito perfeito simples (simple past tense) and pretérito perfeito composto (compound past tense) in Brazilian Portuguese showed that such tenses must be distinguished according to features other than temporal. KEYWORDS: aspect; tense; semantics 0. Introdução As línguas não constituem uma realidade estática, elas são heterogêneas e mudam com o passar do tempo. O processo de mudança emerge da heterogeneidade, na medida em que duas ou mais variantes passam a se confrontar dialeticamente no universo das relações entre os diferentes grupos. Por isso, a lingüística histórica afirma que nem toda variação significa uma mudança, mas que, para haver mudança, é necessário haver variação. Segundo Mollica e Braga (2003), a partir de um estudo da mudança no tempo real pode-se identificar o momento de aparecimento ou desaparecimento de uma determinada variante lingüística e verificar a regularidade na ação dos princípios que regem a variação e subjazem à implementação da mudança (Mollica & Braga, 2003, p. 182) Atualmente, vários fenômenos de variação têm merecido a atenção dos estudiosos: o preenchimento da posição do sujeito por pronomes plenos, a manutenção dos sintagmas interrogativos in situ, o aumento na ocorrência dos objetos nulos, na sintaxe; a perda de sufixos e flexões, com o conseqüente surgimento de formas verbais analít icas a partir da gramaticalização de verbos auxiliares, e com o recurso mais freqüente à recategorização de itens, na morfologia (cf. Silva, 1997; Duarte, 1996; Cyrino, 1997; Longo, 2000). Quanto aos modos e tempos, também houve rearranjos: as formas mais estudadas são as flexões de Futuro do Presente, que atualmente só ocorrem em contextos muito específicos, estando restritas, de acordo com pesquisas recentes (cf. Silva, 1997; Mota 1998; Barbosa, 1999; e Barbosa e Longo, 2001), a textos altamente formais, de teor preditivo ou injuntivo. Nos demais casos, o futuro flexionado é substituído pelo Presente do Indicativo ou por perífrases, das quais a mais gramaticalizada é ir + infinitivo. Tudo isso parece indicar que o sistema de tempos verbais do português está passando por uma reorganização, que ainda se configura como tendência, mas já pode ser entrevista, e que deve levar ao desaparecimento de certas formas, ao surgimento de outras, e a um deslocamento de funções. É baseando-se nessa hipótese que estudaremos o Pretérito Perfeito Simples (PPS) e Composto (PPC). Para definir os tempos verbais, baseamos-nos em Corôa (1985), que procurou atribuir a cada tempo verbal do português uma definição única e não-ambígua. Fundamentadas nos estudos de Reichenbach (1980), as representações elaboradas pela autora não levam em conta a interação verbo/adjunto temporal, nem o uso de auxiliares na expressão do tempo, centrando-se na interpretação fornecida pelo morfema modo-temporal do verbo. Partindo das possibilidades combinatórias dos três pontos temporais reichenbachianos - que ela denomina momentos do evento (ME), da fala (MF) e da referência (MR) - tenta verificar quais delas estão gramaticalizadas em nossa língua, admitindo graus diferentes de abstração para os momentos: Dos três momentos, é o ME que se manifesta mais concretamente por ter um referente definido e captar mais objetivamente o intervalo de tempo em que decorre o processo, evento, ação ou estado descrito. É, como diz Ilari (1981), o tempo da realização do predicado. O MF, por estar ligado mais diretamente ao ato de comunicação e à pessoa do discurso, tem seus limites um pouco mais ambiguamente colocados (...). Entretanto, é o MR o mais complexo desses construtos. Sua natureza quase que estritamente teórica faz com que esteja mais afastado do ato de comunicação do que o MF e que seus contornos sejam ainda menos concretamente percebidos. (Corôa, 1985, p. 42) Desse reconhecimento da não concretude dos momentos resulta uma grande riqueza de possibilidades para o aproveitamento do esquema de Corôa na explicação dos diferentes usos e valores dos tempos verbais. Aceitando-se a não concretude dos momentos, elimina-se a necessidade de derivar contextualmente a sua interpretação. Pode-se considerar que a localização dos momentos já está contida

nos morfemas flexionais isolados. Caso contrário, a fixação dos momentos seria parte das implicaturas 1 dos tempos verbais, e não do seu significado. Corôa apresenta as seguintes definições para os tempos do indicativo português (as vírgulas indicam simultaneidade e os hífens, anterioridade): Presente: ME, MF, MR Imperfeito: ME, MR MF Perfeito: ME MR, MF Mais -Que-Perfeito: ME MR MF Futuro do Presente: MR, MF ME Futuro do Pretérito: MR MF ME Futuro do Presente Composto: MF ME MR Corôa (1985) afirma que os momentos são conjuntos de pontos ou intervalos de tempo, e que entre ME, MR e MF não é preciso haver coincidência extensional para que os consideremos simultâneos; basta que haja um ponto de coincidência. Por exemp lo, nos casos de presente histórico ou dramático, o MR se amplia, deslocando-se para o passado e abrangendo-o de tal modo que tanto o MF como o ME se incluem no MR.( ) ME e MF não têm necessariamente pontos em comum, mas ambos o têm como o MR (Coroa, 1985, p.47). 1. O Pretérito Perfeito: diferenças aspectuais Em Barbosa (2003), aproveitando as representações elaboradas por Corôa, concluímos que o Pretérito Perfeito Simples (PPS) e o Pretérito Perfeito Composto (PPC) não se distinguem devido os seus valores temporais, mas sim segundo os valores aspectuais e pragmáticos. Portanto, essas duas formas do Pretérito possuem a mesma definição temporal [ME MR, MF], sendo que as diferenças devem ser buscadas em outros componentes de seu significado. Cabe ressaltar que essa definição temporal permite explicar os usos registrados nas gramáticas e manuais: para descrever o passado tal como aparece a um observador situado no presente e que o considera do presente (Cunha, 1972, p. 434); Iniciamos um estudo mais aprofundado sobre os valores aspectuais dessas formas, e uma solução possível nos é indicada por Ilari (s/d), que analisando frases com o PPC no português brasileiro, aponta várias características dessa forma, das quais destacamos as seguintes: expressa iteração, independentemente de estar presente na oração um adjunto de freqüência, podendo eventualmente assumir valor de continuidade: (01) Ele nos visitou. (= uma vez ou várias vezes) (02) Ele nos visitou várias vezes. (= várias vezes) (03) Ele nos tem visitado. (= mais de uma vez) a distinção entre o valor iterativo e o durativo tem a ver com características aspectuais do predicado: (04) O Fernando tem publicado na série Novos Escritores da Editora Ática. (05) A este governo tem faltado vontade política para a solução dos problemas. não pode ser usado para expressar um período de tempo que começa e se conclui no passado, para descrever fatos que se processam uma única vez, ou um número definido de vezes: (06)* Eles têm vindo três vezes. (07) Eles têm vindo muitas vezes / milhares de vezes a iteração, que o autor compara à pluralização de eventos, pode ser entendida como um escalonamento de eventos no tempo, não necessariamente regular: (08) Alberto tem voltado de Rio Claro no trem das 8,12. (nessa oração não ficamos sabendo quais os dias ou quantas vezes Alberto voltou de Rio Claro.) Na tentativa de explicar de maneira unitária tais propriedades, Ilari sugere que o PPC seja tratado como uma função que se aplica a diferentes tipos de predicados, de maneira semelhante a certos 1 Com base em Comrie (1986), definimos implicatura como a parte do significado que extrapola o núcleo semântico.

operadores quantificacionais do português, que podem incidir sobre nomes indicativos de quantidade contínua ou descontínua (muitos livros vs. muito açúcar). Aplicando tal proposta ao PPC, poderíamos dizer que além de gramaticalizar tempo pretérito e aspecto perfectivo, constitui-se em operador de aspecto quantificacional, que atuando sobre predicados de natureza diversa 2 produz como resultado eventos plurais relacionáveis à continuidade (duração) ou descontinuidade (iteração). Aproveitando a sugestão de Mira Mateus et al. (1989), podemos propor para esse aspecto a representação [p n em I t ], em que p simboliza o evento e I t o intervalo de tempo em que esse evento se realiza (de maneira ilimitada e contínua ou descontínua). O PPS também pode expressar a pluralização de eventos, mas não a assinala explicitamente como a forma composta. Atribui-se então ao PPS o valor de forma não marcada em relação aos PPC 3. Desse modo, a explicitação estaria condicionada à interação com adjuntos: (09) As crianças choraram (várias vezes) (durante a viagem). Em vista disso, concluímos que é possível distinguir os pretéritos do ponto de vista aspectual. Para tanto, aproveitamos a conceituação de Corôa (1985, p. 74), segundo a qual o aspecto é a quantificação dos subeventos de um evento. Um subevento é qualquer dos estágios intermediários de um evento, inclusive o inicial e o terminal. O Perfeito Simples se opõe ao Imperfeito porque no primeiro todos os estágios se realizam no intervalo de tempo compreendido pelo evento em questão, e no segundo ao menos um estágio se localiza nesse intervalo de tempo. Conciliando a distinção de Corôa com a função de pluralização de eventos atribuída por Ilari ao Perfeito Composto, podemos dizer que no Perfeito Composto mais de um estágio está necessariamente incluído no I t.. Essa concepção ajuda a entender por que os (sub)eventos expressos pelo PPC podem ser interpretados como estendendo-se até o presente ou futuro: o fato de certos estágios se localizarem no intervalo de tempo em questão deixa aberta a possibilidade de que outros estágios venham a se realizar fora desse I t. Como se verifica, a análise aspectual nos permite distinguir semanticamente o PPS do PPC. Vejamos o emprego dessas formas no século XIX e XX no português escrito brasileiro, literatura jornalística e oratória. 2. O uso do pretérito perfeito no português brasileiro No exame desses tempos verbais em amostras do português brasileiro, a primeira constatação é que tanto a forma simples como a composta têm baixo índice de freqüência na língua falada. Cano (1998), em estudo de inquéritos do Projeto NURC / São Paulo, encontrou número pouco significativo de ocorrências dos tempos do pretérito. Em análise de perífrases aspectuais e temporais ocorrentes em inquéritos de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador (Projeto NURC/Brasil), Longo e Altmann (1998) registraram 34/ 208 (20%) ocorrências de Perfeito Composto. Dessas, 32 aparecem no DID/SP 234, em que a informante discorre sobre suas atividades de lazer. Esse inquérito parece fugir ao padrão, pois a locutora seleciona o PPC, enquanto a maioria dos informantes escolhe o presente ou presente contínuo para discorrer a respeito de atividades rotineiras. Entretanto, a análise do conteúdo do inquérito ajuda a esclarecer a opção. A informante quer falar de hábitos que abandonou num passado recente. Com o uso freqüente do PPC, ela dissimula o fato de que não teria muito a dizer sobre o tema, pois suas atividades (presentes) de lazer são muito limitadas. A conclusão é que o emprego da forma composta confere a esse inquérito um valor de atenuação. Se a baixa freqüência do PPS já era esperada, visto que se trata de um tempo característico do modo narrativo, a do PPC surpreendeu, pois esperávamos, como será visto na análise dos grupos de correlações em nosso córpus, que essa forma fosse mais freqüente, por expressar as experiências vividas pelos falantes. Considerando que, à exceção do inquérito 234 do projeto NURC / SP, o emprego do PPC é numericamente irrelevante na modalidade falada de linguagem, procuramos ampliar a pesquisa de córpus, complementando-a com dados da língua escrita. Mota (1999), que utilizou uma amostra extraída do banco de dados do Laboratório de Lexicografia da Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara (Universidade Estadual Paulista), pesquisou 100 verbos em extratos de literatura romanesca, oratória, técnica, jornalística e dramática (décadas de cinqüenta a noventa). Mota explorou o córpus principal do bando de dados que contava na 2 Não nos vamos deter nessa questão, que será retomada no desenvolvimento da pesquisa. A hipótese inicial é que a interpretação preferencialmente durativa ou freqüentativa pode estar condicionada ao conteúdo lexical da base ou a certos adjuntos. Para maiores detalhes, ver llari (s/d) ou Cano (1998). 3 Da mesma forma como se considera o singular e o masculino não marcados em relação ao plural a ao feminino.

época da pesquisa com 5.000.000 de ocorrências, encontrando 125.000 formas verbais. Dentre essas formas verbais, a autora verificou que a freqüência de PPC também não é significativa: registraram-se 26.103 ocorrências de PPS e apenas 325 de PPC. Tais resultados sugerem que a forma composta não tem grande vitalidade no sistema verbal do português brasileiro, ao contrário do que ocorre em outras línguas românicas. Foi com base nesses resultados que verificamos a necessidade de um estudo mais aprofundado, que contemplasse a variação diacrônica e o conjunto de tempos, podendo assim trazer mais força às hipóteses aqui aventadas e levar-nos a estabelecer com mais clareza as diretrizes que norteiam as mudanças no sistema verbal do português brasileiro. Para realizar esta pesquisa montamos um córpus de língua escrita, constituído de textos em prosa do português brasileiro (PB), compreendendo os séculos XIX e XX, e os gêneros jornalístico e oratório. O córpus correspondente aos textos da literatura oratória do século XX, escritos a partir dos anos 50, e os textos da literatura jornalística dos séculos XIX e XX foram extraídos do material do Laboratório de Lexicografia (FL) da Faculdade de Ciências e Letras (FCL) de Araraquara,UNESP. A parte do córpus correspondente à literatura oratória do século XIX 4, montamos a partir do site http://wwwcrl.uchicago.edu/info/brazil, com a colaboração de dois bolsistas 5 do Programa de Auxílio ao Estudante PAE. Neste trabalho iremos discutir apenas os resultados obtidos da análise de dois itens 6 : a) tempo real: na evolução das línguas românicas, com exceção do português, o Pretérito Perfeito Simples perdeu seu o valor temporal de passado, ficando o Pretérito Perfeito Composto com essa função (por exemplo, no francês). No português o PPC parece ter-se especializado, adquirindo valor de freqüentativo / durativo. Com a inclusão desse fator tempo pretendemos verificar se a essa especialização correspondeu um decréscimo na freqüência do PPC; b) valor aspectual: a análise desse fator buscou identificar que valor aspectual pode associar-se mais comumente a cada forma. Dessa forma, com os resultados encontrados nesta pesquisa, tentamos chegar a algumas conclusões sobre as funções desses tempos que pudesse explicar seus usos e distribuição no português brasileiro atual. Selecionamos nos textos do córpus as ocorrências de Pretérito Perfeito e chegamos a um total de 2634 formas, cuja distribuição se apresenta, a seguir, na Tabela I: - TABELA I- Perfeito Simples Perfeito Composto Nº % Nº % Literatura Século XIX 334 14% 81 29% Jornalística Século XX 607 26% 35 12% Literatura Oratória Século XIX 89 25% 144 51% Século XX 822 35% 22 8% TOTAL 2352 100% 282 100% 3. A análise dos córpus Podemos observar (Tabela I), de uma perspectiva diacrônica, que o número de formas simples foi predominante em ambos os séculos, nos dois tipos de literatura. Entretanto, verificamos também que ocorre uma inversão: o número de ocorrências do PC diminuiu do século XIX (80%) para o século XX (20%), mostrando que essa forma está deixando de ser uma forma produtiva no português do Brasil, diferentemente do que ocorre nas outras línguas românicas. O contrário ocorre com as formas do Perfeito Simples, que teve índice de ocorrências mais alto no século XX (60%). Observe a Tabela II abaixo: 4 A amo stra será, posteriormente, inserida no banco de dados do Laboratório de Lexicografia da FCL de Araraquara. 5 Levi Henrique Merinciano e Regina Alves do Mendes, alunos do Curso de Letras da FCL de Araraquara / UNESP. 6 Em Barbosa (2003), foram analisados os seguintes fatores (itens) de correlação: grau de formalidade, tempo real, gramaticalização, tipologia do verbo e valor aspectual.

Séculos - TABELA II - PPS PPC N % Nº % XIX 920 40% 225 80% XX 1432 60% 57 20% Essa relação inversa (o número de ocorrências do PPC diminuiu e as do PPS aumentou a partir do século XIX) pode ser visualizada claramente no Gráfico I abaixo: - GRÁFICO I - Ocorrências do Pretérito Perfeito Simples e Composto nos Século XIX e XX Século XX 20% 60% Século XIX 40% 80% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Perfeito Composto Perfeito Simples Fazendo a leitura horizontal da Tabela II e Gráfico I, verificamos que a ocorrência do Pretérito Perfeito, numa visão geral, aumentou do século XIX para o XX. Salvi (2001), que analisou textos da literatura jornalística traduzidos para o português, chegou a resultados comparáveis aos nossos. Em sua pesquisa, a autora evidenciou, comparando amostras de revistas publicadas em inglês com suas edições em português, que o Present Perfect do inglês é sistematicamente traduzido pelo PPS, mesmo quando o valor é nitidamente iterativo. Nessa situação, Salvi observou que na tradução se opta pelo PPS + adjunto adverbial. Observe um exemplo encontrado por Salvi (2001, p. 14): (10) After that, the sales have grown 40 percent and, even more importantly, the main buyers are, once again, teenagers. (10 )De lá para cá as vendas já cresceram 40%, e muito mais importante que isso, suas maiores compradoras são de novo teenagers. Observa-se claramente que nesse fragmento em inglês o Present Perfect expressa a idéia de que depois de uma certa situação as vendas não pararam de crescer. Na frase em português o verbo é traduzido para a forma simples do Perfeito mantendo-se essa idéia de continuidade por meio da locução adverbial de lá para cá.

Cabe destacar também que entre as ocorrências da forma composta, 4% apareceram, na literatura do século XIX, expressando passado, e não valor aspectual. Veja alguns exemplos: (11) Já me tenho referido a esse assunto. (12) Com esse intuito já se tem feito bastante para tranqüilizá-los. (13) Que já se tem operado nesses dois últimos anos passados (147) A humanidade, como o temos já dito, realizou Isso evidencia que no século XIX o PC ainda era usado, em algumas situações, exprimindo seu valor temporal, como ocorre nas outras línguas românicas. No século XX, encontramos a seguinte ocorrência (15) Você marca ali a data de morrer que tem definida (Grifo nosso) É possível utilizar o PPS no lugar da construção tem definida: Você marca ali a data de morrer que definiu. Porém, parece que em (18) temos um emprego semelhante ao que deu origem ao PPC: Você tem a data de morrer definida. Nesse caso, não se pode afirmar que es tamos diante de uma forma composta 5% das ocorrências do PPS (100% / 2352), todas na literatura do século XX, mostraram que esta forma, como já havíamos mencionado em capítulos anteriores, pode ser empregada com valor durativo, sempre acompanhadas de adjunto adverbial: (16) Sempre vivestes sob o signo da síntese (17) A Europa foi sempre a grande amante (18) Permaneceu tão fielmente ligado á sua terra (...) até os dias de hoje (19) Que sempre caracterizaram esta que é uma instituição Tais resultados sugerem que a forma composta não tem grande vitalidade no sistema verbal do português brasileiro, ao contrário do que ocorre em outras línguas românicas. Motivações relacionadas à complexidade morfológica do PPC não se sustentam quando o opomos a outras formas, principalmente ao mais -que-perfeito-composto, que ocupa um espaço relevante nesse mesmo sistema. Para explicar o baixo rendimento do PPC, deve-se então recorrer a restrições de ordem semântica e/ ou discursiva. A principal delas se relaciona às categorias funcionais traduzidas por essa forma, que gramaticaliza tempo pretérito somado aos aspectos perfectivo e quantificacional. Portanto, só pode ser utilizada quando se quer exprimir a pluralidade de eventos. Observe-se, além disso, que a aproximação proposta por Ilari se faz entre o PPC e a quantificação indefinida. Isso sugere que o conteúdo semântico veiculado pelos pretéritos do português brasileiro também pode ser correlacionado a outras unidades semânticas, como genericidade e definitude 7. Comparemos alguns exemplos de PPC, do jornal Folha de S. Paulo (20-22), com seus correspondentes no PPS (23-25): (20) Desde a noite de quinta-feira ele tem conseguido evitar a imprensa. (21) Temos buscado melhorar o funcionamento da organização social. (22) O consumo de linho tem crescido no Brasil por causa da abertura do mercado. (23) Desde a noite de quinta-feira ele conseguiu evitar a imprensa. (24) Buscamos melhorar o funcionamento da organização social. (25) O consumo de linho cresceu no Brasil por causa da abertura de mercado. A possibilidade de substituição não significa que ambas as formas sejam semântica ou funcionalmente idênticas. Parece-nos que a diferença está em que o PPC exprime necessariamente a pluralidade dos eventos, além de assumir valor genérico e indefinido, ao passo que a forma simples, como membro não-marcado do par opositivo, pode ou não comportar esses valores. Assim, em (14-16) os eventos podem ter-se realizado uma única vez ou várias vezes, num período de tempo definido ou não, como se pode observar com o acréscimo de adjuntos: (26) Desde a noite de quinta-feira ele conseguiu sempre/ uma única vez evitar a imprensa. 7 Para Chafe (1979, p. 173-174), manifestam-se no nome ou no verbo unidades semânticas cuja presença não pode ser predita, dada uma determinada unidade lexical. Como exemplo, temos passado, genérico, perfectivo, inferencial, progressivo, etc.

(27) Buscamos melhorar o funcionamento da organização social desde que assumimos o cargo/ no ano passado. (28) O consumo de linho cresceu no Brasil ultimamente/ em 2001. Já o PPC, por seu caráter quantificacional, genérico e indefinido, é incompatível com períodos delimitados ou com a semelfactividade: (29) Desde a noite de quinta-feira ele tem conseguido sempre/ *uma única vez evitar a imprensa. (30) Temos buscado melhorar o funcionamento da organização social desde que assumimos o cargo/ * o ano passado. (31) O consumo de linho tem crescido no Brasil ultimamente / *em 2001 8. Essas são as propriedades que distinguem as duas formas verbais, e não o seu caráter temporal nem a (im)perfectividade aspectual. O PPC não pode ser empregado com adjuntos de passado devido a seu valor indefinido, incompatível com intervalos de tempo fechados, e não porque as situações que expressa se estendam até o momento presente ou mesmo o ultrapassem. Do mesmo modo, os eventos gramaticalizados por esse tempo, por não terem os seu limites definidos, implicam a possibilidade mas não a obrigatoriedade de reiteração a qualquer tempo. Concluímos assim que o PPS, por ser menos determinado do ponto de vista semântico 9, acaba por preencher um espaço discursivo mais amplo, ocorrendo em contextos interditados ao PPC e invadindo terreno que poderia ser ocupado pela forma composta. A esse respeito, parece interessante citar os resultados obtidos por Salvi (2001), em estudo de textos de literatura jornalística traduzidos do inglês para o português. Comparando amostras de revistas publicadas em inglês com suas edições em português brasileiro, a autora evidenciou que o Present Perfect do inglês é sistematicamente traduzido pelo PPS, mesmo quando o valor carreado é nitidamente iterativo, caso em que se opta pela forma simples + adjunto de freqüência. 4. Conclusões finais Finalizando, podemos dizer que os resultados do trabalho mostram que o PPC do português brasileiro situa-se, ao menos atualmente, em desvantagem em relação PPS, por estar mais sujeito a restrições de ordem semântico-discursiva. Um estudo mais aprofundado, que contemple a variação diacrônica e todo o conjunto de tempos, poderá trazer mais força às hipóteses aqui aventadas e levar-nos a estabelecer com mais clareza as diretrizes que norteiam as mudanças no sistema verbal do português brasileiro. RESUMO: Realizou-se um estudo a respeito do significado e do uso do perfeito simples (PPS) e do perfeito composto (PPC) do modo indicativo no português brasileiro. Observou-se, em exemplos da modalidade escrita, que a distinção entre esses tempos deve ser buscada em seus traços semânticos e/ou pragmático.. PALA VRAS-CHAVE: aspecto; tempo; valor semântico REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, J. B. Os tempos do pretérito no português brasileiro: perfeito simples e perfeito composto. Dissertação de Mestrado. Araraquara: UNESP, 2003. CAMPOS, O. G. L. A. S. & LONGO, B. N. O. (1998) Perífrases de tempo e de aspecto no português brasileiro falado. Araraquara, Unesp, ms. CANO, W. M. (1998) O emprego do perfeito composto na linguagem jornalística. Araraquara, Unesp, ms. CHAFE, W. L. (1979) Significado e estrutura lingüística. Trad. de M. H. M. Neves et alii. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos. COMRIE, B. (1986) Tense. 2ª ed. Cambridge, CUP. 8 O exemplo não é aceitável porque o ano de 2001 corresponde a um período de tempo já terminado. O fato de uma frase como O consumo de linho tem crescido até hoje ser aceitável não invalida a hipótese, uma vez que o adjunto hoje tem como referente um intervalo de tempo aberto. 9 Sobre a determinação semântica do aspecto perfectivo no português e no inglês, consulte-se Monteiro et al. (1980)

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